Manuel Álvares Calheiros

Fonte: eViterbo
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Manuel Álvares Calheiros
Nome completo valor desconhecido
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte 1768
Belém, Pará, Brasil
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Fim: outubro de 1757

Residência Belém, Pará, Brasil
Data Início: outubro de 1757
Fim: 1768
Formação
Data Fim: 1751
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante com exercício de Engenheiro
Data Início: 16 de maio de 1751
Arma Infantaria

Data Fim: 15 de julho de 1757
Arma Infantaria
Cargos
Cargo Professor
Actividade
Actividade Desenho urbano
Data Início: 1756
Fim: 1756
Local de Actividade Lisboa, Lisboa, Portugal

Actividade Desenho hidrográfico
Data Início: 1759
Fim: 1759
Local de Actividade Rio Negro, Amazônia


Biografia

Dados biográficos

Não se conhece a data ou o local de nascimento de Manuel Álvares Calheiros. Sousa Viterbo diz que cursou com distinção as Academias da Corte e do Alentejo[1], mas é provável que tenha cursado apenas a Aula de Fortificação de Lisboa, tendo concluído os estudos em 1751. Estava de algum modo ligado à família de Francisco Xavier de Mendonça Furtado - irmão de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal -, pois em uma carta identifica-se como “criado da sua casa[2]. Morreu em Belém do Pará em 1768.

Carreira

Manuel Álvares Calheiros foi nomeado ajudante de infantaria com exercício de engenheiro, em 16 de Maio de 1751, juntamente com Luís Afonso Cabral. O decreto refere que recebiam o posto atendendo à aplicação com que ambos se tinham distinguido nos estudos das Academia militares da corte e do Alentejo, provavelmente um em cada[1].

Esteve, seguramente, envolvido nos trabalhos de reconstrução de Lisboa, tendo assinado uma planta parcial da cidade mandada delinear por Manuel da Maia em 1756. Junto à margem, na parte inferior da planta, consta uma inscrição que esclarece o processo: “Desta diligência foi encarregado o Sargento Mor Filipe Rodrigues de Oliveira em 12 de Abril de 1756, para o que acompanhado dos quatro ajudantes Manoel Alvares Calheiros, Pedro Gualter da Fonseca, Lourenço José Botelho, e Tomás Rodrigues da Costa, e de alguns Discípulos da Academia Militar, balizasse, e delineasse sobre o terreno os sítios expressados nesta planta, que entregou ao Engenheiro Mor desenhada como aqui se vê em 5 de Novembro do dito ano[3].

Em 15 de Julho de 1757, um decreto de D. José I determina que os capitães de infantaria com exercício de engenheiros Manuel Álvares Calheiros e Tomás Rodrigues da Costa deveriam passar a sargentos-mores de infantaria com exercício de engenheiro para servirem no Grão Pará, com soldo dobrado[4][5]. Ambos chegaram ao Pará em Outubro deste ano. O Governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado determina que Calheiros seja o mestre da Aula de Fortificação de Belém[6].

Em 29 de Novembro de 1757, Calheiros escreve de Belém a Tomé Joaquim da Costa Real, agradecendo o seu beneplácito. Diz, contudo, que, cumprindo as ordens do rei, tinha saído do reino “sem mais patente que a promessa que havia de ser diferido”[7]. Com efeito, em 1759, Corte Real determina que os soldos dobrados devidos a Calheiros fossem pagos, em Lisboa, ao seu procurador António Rocha Payal[8]. Há dois recibos: um datado de outubro de 1759 confirmando o pagamento da quantia de 663 mil reis correspondentes a 26 mil reis por mês desde 16 de julho de 1757 até o final de agosto de 1759. O segundo recibo atesta que foi pago ao mesmo procurador a quantia de 140 mil reis desde setembro de 1759 até 14 de novembro de 1760.

Em 1764, Calheiros faz um requerimento dirigido a Francisco Xavier de Mendonça Furtado enquanto Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, que conta com o beneplácito do governador Fernando da Costa de Ataíde Teive, mas que se desconhece o conteúdo[9].

É provável que Calheiros se tenha mantido como mestre da aula de fortificação durante todo tempo que esteve no Pará, até a sua morte em 1768. Mas esteve também envolvido, como os outros técnicos que foram enviados para as Demarcações, em várias outras tarefas. Sabe-se que foi, em 1759, com seus discípulos em viagem ao rio Negro para o levantamento de coordenadas e desenho de mapas, assim como que participou, em 1761, com Henrique António Galuzzi e Manuel Fritz Gotz da escolha do local da instalação do arsenal em Belém[10].  

Outras informações

Em 1768, Manuel Álvares Calheiros fez um testamento determinando seu herdeiro o seu sobrinho Francisco José Calheiros, filho de João Gonçalves Calheiros. Este, enquanto tutor do menor e testador, ficava com a obrigação de lhe mandar dizer por seis anos em cada ano uma missa a N.Sra do Monte do Carmo, no seu dia, e a Nossa Senhora das Candeias também no seu dia. O legado incluía as terras que Calheiros possuía no Maguari por título de compra e duas léguas de terra de frente com duas de fundo (no termo das terras do Una e do sítio de Val de Caens) que tinha por carta de data de sesmaria. A carta de sesmaria foi passada por Fernando da Costa de Ataíde Teive em 10 de julho de 1768[11]. O pedido de confirmação foi encaminhado ao reino ainda em 1768 e a confirmação foi emitida em 13 de abril de 1769[12]. Contudo, em 6 de setembro de 1768, João Gonçalves Calheiros assina em seu nome e do seu filho menor um termo em que “fazia a abstenção de toda a herança que lhe deixou o defunto Manuel Alvares Calheiros”[13]. É provável que assim o tenha feito porque havia em curso um processo de cobrança de pagamento de dívidas de Manuel Álvares Calheiros, cujos credores reivindicavam, inclusive, os soldos que não tinham sido pagos em vida do sargento-mor[14].

Obras

No Museu da Cidade de Lisboa consta a seguinte planta, de cujo levantamento Manuel Álvares Calheiros participou: Filipe Rodrigues de Oliveira, Manuel Alvares Calheiros, Pedro Gualter  da Fonseca, Lourenço José Botelho, Tomás Rodrigues da Costa. 1756. Planta que compreende os terrenos das partes contiguas de Lisboa desde o Largo do Convento do Rato, Rua da nova Colonia de S. Bento, Poço dos Negros, Rua Direita da Esperança, Quartéis de Alcântara, até topar na sua Ribeira continuando por ella até encontrar a direcção do Arco do Carvalhão; e dahi proseguindo pello muro, e Cazas junto a S. João dos Bem Cazados, Bica Agoa Livre de Bellas, Largo do Rato, até fenecer por junto da Orta do Conde de Soure, e parte do nascente da Rua da Nova Colonia de S. Bento; a qual mandou delinear o Mestre de Campo General, e Engenheiro Mor do Reyno Manoel da Maya em virtude de huma ordem de S. Magestade a elle dirigida e comunicada ao Illustrissimo e Excellentissimo Duque Regedor das Justiças em 6 de Abril de 1756. Desenho a tinta da china, aguarelado. Museu da Cidade, MC. DES. 0982.

No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, consta a seguinte planta desenhada por Manuel Álvares Calheiros:

Mapa do Rio Negro desde a Villa de Barcellos, até o rio Caxiquiari, que desagua no mesmo rio e dos mais que confundem as suas águas no dito Rio Negro – Colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com convenções, com rosa dos ventos, escala em léguas, papel canson, telado, 173cm x 80cm. Inclui à volta desenhos relativos às novas povoações e tabela com Relação do Numero de Gente de que se compõem as novas Povoações. AHE_04.17.3532.

Na mapoteca do Itamaraty consta:

Manuel Álvares Calheiros (175-). Carta do rio Marajó-Assu da Ilha Grande de Joanes e das fazendas de Gado que nele se achavam situadas em que se contemplaram as pessas seguintes conforme as ordens de S. M. F.  MI, Ms. 771.553a -CI1752534

É provável que também sejam de sua autoria estas plantas que constam no Arquivo Histórico Ultramarino:

Carta do lago, e cabeceiras do Rio Ararí, e das cabeceiras do Rio Anajaz do Tajiperú e das Fazendas que se achão situadas nas dittas terras e das que de novo se achão de situar conforme a Ordem de S.M.F. - Escala [ca. 1: 200.000]. - [ca. 1761]. - 1 carta ms.: color., desenho a tinta ; 20,7 x 33,7cm em folha 24 x 37cm. AHU_CARTm_013, D. 0802

Carta de parte da costa da Ilha Grande de Joannes, desde o Igarapé Grande, ate o Rio Cambu e das villas, e fazendas que se achão situadas entre os ditos rios. - . Escala [ca. 1: 200.000]. - [ca. 1761]. - 1 carta m s . : color., desenho a tinta ferrogálica ; 29,9 x 33,6cm em folha 24 x 35,9cm. AHU_CARTm_013, D. 0801

Notas

  1. 1,0 1,1 Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 1:159-160.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 61, D. 5397.
  3. Museu da Cidade, MC. DES. 0982.
  4. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 2:404.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 42, D. 3887.
  6. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 44, D. 4039.
  7. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 43, D. 3922.
  8. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 44, D. 4072.
  9. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx.57, D. 5161.
  10. Araujo, As Cidades da Amazónia no século XVIII, 11; 313; 321.  
  11. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 61, D. 5471.
  12. Arquivo Nacional Torre do Tombo. ANTT_ PT/TT/RGM/D/0022/70826.
  13. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 65, D. 5633.
  14. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 64, D. 5569.

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 42, D. 3887. 1757, Julho, 15, Lisboa. Decreto do rei D. José I ordenando que a Manuel Álvares Calheiros  e Tomás Rodrigues da Costa, lhes sejam contadas a antiguidade dos capitães de infantaria com exercício de engenheiros, para se puderem atribuir as patentes de sargento-mor de infantaria com  o mesmo exercício, no Estado do Pará. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, Cx. 43, D. 3922. 1757, Novembro, 29, Pará. Ofício de Manuel Álvares Calheiros para o secretário de Estado da marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 44, D. 4039. 1759, Fevereiro, 21, Pará. Ofício do Governador do Estado do Grão Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, para o secretario de estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre o envio de dois sargentos-mores para o Reino, para que pudessem aperfeiçoar–se no seu ofício; solicitando também o envio de livros para que se possa proceder ao estabelecimento de uma Aula de Fortificação na capitania do Pará.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 44, D. 4072. 1759, maio, 14. Aviso do secretario de estado da Marinha e Ultramar Tomé Joaquim da Costa Corte Real, para o conselheiro do conselho Ultramarino Alexandre Metelo de Sousa e Meneses, solicitando que se satisfaçam os soldos devidos a Manuel Álvares Calheiros pelo exercício das funções de engenheiro na capitania do Pará.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 45, D. 4138. [1759, Novembro, 20, Pará] Representação dos astrónomos e oficiais engenheiros das reais demarcações para o [secretario de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real ], solicitando o envio de instrumentos necessários para a realização das demarcações no Estado do Pará.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_ 013, cx. 47, D. 4319. 1760, Outubro, 21, Pará. Ofício do governador e capitão general do Estado do Pará e Maranhão, Manuel Bernardo de Melo e Castro para o [secretario de Estado de Marinha e Ultramar] Francisco Xavier de Mendonça Furtado, sobre a entrega de alguns livros e instrumentos matemáticos ao sargento mor Manuel Álvares Calheiros, lente da aula de engenharia na capitania.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_ 013, cx. , D. 4365. 1760, Novembro,10, Pará. Ofício do sargento-mor engenheiro Manuel Álvares Calheiros para o [secretario de Estado da Marinha e Ultramar] Francisco Xavier de Mendonça Furtado, sobre as peças de artilharia que se encontram danificadas nas fortalezas da capitania do Pará e a necessidade de se adquirir outras novas.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx.57, D. 5161. 1764, Agosto, 15, Pará. Ofício de Fernando da Costa de Ataíde Teive Sousa Coutinho para FXMF, sobre requerimento aprsentado pelo sargento-mor Manuel Álvares Calheiros solicitando o seu deferimento.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 61, D. 5397. 1767, outubro, 223, Pará. Ofício de Manuel Álvares Calheiros para o Secretario de Estado da Marinha e Ultramar FXMF remetendo cumprimentos.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 61, D. 5471. [Ant 1768, outubro, 20] requerimento de Manuel Álvares Calheiros para o rei D. José I, solicitando a confirmação de carta de data de sesmaria de terras localizadas  [no termo das terras do lugar do Una e do sítio de Val de Cães], no Estado do Pará.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 64, D. 5569. [Ant 1769, setembro, 26] requerimento de Manuel Alvares Viana para o rei  [D.José I],solicitando que se junte o presente requerimento ao precatório que fez para penhora dos soldos vencido pelo falecido sargento-mor com exercício de engenheiro Manuel Alvares Calheiros.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, cx. 65, D. 5633.  [Ant. 1770, Abril, 6]. Requerimento do sargento-mor Manuel José de Lima para o rei D. José I, solicitando licença para recorrer da sentença contra o testamenteiro do sargento-mor Manuel Álvares Calheiros.

Arquivo Nacional Torre do Tombo. ANTT_ PT/TT/RGM/D/0015/70825. Manuel Álvares Calheiros. Carta Patente. Sargento Mor de Infantaria (1763-09-16). Registo Geral de Mercês de D. José I, liv. 15, f. 186.

Arquivo Nacional Torre do Tombo. ANTT_ PT/TT/RGM/D/0022/70826. Manuel Álvares Calheiros. Carta de Sesmaria.(1769-04-13). Registo Geral de Mercês de D. José I, liv. 22, f. 319.

Biblioteca Nacional de Portugal. BNP_POMB. 159 a 163. Registos das Cartas em geral das duas Capitanias do Pará e Rio Negro, que escreve o IH.mo e Ex.mo Sr. Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Governador e Capitão General do Estado do Grão Pará e Maranhão.—Correspondência official.—1754-1758.

Bibliografia

Araujo, Renata. As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup, 1998.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/szsl-jv1d

Citar este artigo

Araújo, Renata. "Manuel Álvares Calheiros", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 29/05/2023). Consultado a 28 de março de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Manuel_%C3%81lvares_Calheiros. DOI: https://doi.org/10.34619/szsl-jv1d