Manuel Cardoso de Saldanha: diferenças entre revisões

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===Dados biográficos===
===Dados biográficos===
Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha nasceu em Estremoz, onde foi baptizado no dia 15 de Novembro de 1703, na freguesia de Santo André<ref>Arquivo Distrital de Évora, ''Paróquia de Santo André'', ''Livro de Baptismos'', Liv. 18, cx. 6, fl. 19v.</ref>. Em Março de 1767, viria a falecer na Bahia aos 64 anos de idade<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participa o falecimento do Tenente Coronel Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha'', 26 de Março de 1767, Cx. 40, Doc. 7549.</ref>. Era filho de Domingos Ribeiro, natural e baptizado no dia 27 de Novembro de 1678 na Vila de Torrozelo (concelho de Seia), na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, e de Luísa da Cruz, natural e baptizada em Estremoz, na freguesia de Santo André. Tinha como avós paternos Romão Antunes, natural da Vila de Sandomil (concelho de Seia), e Maria Ribeiro, natural e baptizada na vila de Torrozelo, na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, em 2 de Fevereiro de 1635. Pela via materna era neto do capitão Francisco Roiz e de Maria Cardosa, ambos naturais e moradores na vila de Estremoz, na Rua de Santa Catarina<ref name=":1">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Tribunal do Santo Ofício'', Conselho Geral, Habilitações Incompletas, Doc. 3933.</ref>.  
Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha nasceu em Estremoz, onde foi baptizado, mais precisamente na freguesia de Santo André em 15 de Novembro de 1703<ref>Arquivo Distrital de Évora, ''Paróquia de Santo André'', ''Livro de Baptismos'', Liv. 18, cx. 6, fl. 19v.</ref>. Era filho de Domingos Ribeiro, natural e baptizado no dia 27 de Novembro de 1678 na Vila de Torrozelo (concelho de Seia), na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, e de Luísa da Cruz, natural e baptizada em Estremoz, na freguesia de Santo André. Tinha como avós paternos Romão Antunes, natural da Vila de Sandomil (concelho de Seia), e Maria Ribeiro, natural e baptizada na vila de Torrozelo, na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, em 2 de Fevereiro de 1635. Pela via materna era neto do capitão Francisco Roiz e de Maria Cardosa, ambos naturais e moradores na vila de Estremoz, na Rua de Santa Catarina<ref name=":1">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Tribunal do Santo Ofício'', Conselho Geral, Habilitações Incompletas, Doc. 3933.</ref>.  


Aos 17 anos de idade (no ano de 1720) submeteu uma candidatura de habilitação “''de genere''”, para ser admitido à Prima Tonsura e Ordens Menores<ref>Arquivo Distrital de Évora, ''Habilitações de Ordens Menores'', Proc. 1535, Mç. 101.</ref>. Vinte anos depois, em 1741 e com 38 anos de idade, apresentou outra candidatura para ingressar no cargo de familiar do Santo Ofício de Évora<ref name=":1" />. Estas duas candidaturas foram inviabilizadas numa primeira decisão, por suspeita de impureza de sangue por parte da avó paterna, Maria Ribeiro, acusada de cristã nova. Todavia, e após requerimentos e entrega de nova documentação por parte do habilitando, entre as quais constam a árvore genealógica da ascendência da sua avó paterna e do seu primo Manuel Ribeiro Campos, habilitado de ordens menores, foi deferido que Manuel Cardoso Saldanha poderia prosseguir com as diligências para obter as ordens requeridas. Porém, o habilitando acabou por falecer antes do parecer favorável.
Aos 17 anos de idade, no ano de 1720, submeteu uma candidatura de habilitação “''de genere''” para ser admitido à Prima Tonsura e Ordens Menores<ref>Arquivo Distrital de Évora, ''Habilitações de Ordens Menores'', Proc. 1535, Mç. 101.</ref>. Vinte anos depois, em 1741 e com 38 anos de idade, apresentou outra candidatura para ingressar no cargo de familiar do Santo Ofício de Évora<ref name=":1" />. Estas duas candidaturas foram inviabilizadas numa primeira decisão, por suspeita de impureza de sangue por parte da avó paterna, Maria Ribeiro, acusada de cristã nova. Todavia, e após requerimentos e entrega de nova documentação por parte do habilitando, entre as quais constam a árvore genealógica da ascendência da sua avó paterna e do seu primo Manuel Ribeiro Campos, habilitado de ordens menores, foi deferido que Manuel Cardoso Saldanha poderia prosseguir com as diligências para obter as ordens requeridas. Porém, o habilitando acabou por falecer antes do parecer favorável.


Saldanha seguiu a carreira militar do seu avô materno e chegou mesmo a obter, aos 58 anos, a patente de Tenente Coronel de Infantaria com exercício de Engenheiro<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta Régia promovendo o posto de Tenente Coronel o Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha'', 19 de Abril de 1761, Cx. 29, Doc. 5412.</ref>. No cumprimento das suas funções militares rumou ao Brasil, mais precisamente à Bahia, no ano de 1749, com 46 anos, e aí permaneceu até à data da sua morte.
Saldanha seguiu a carreira militar do seu avô materno e chegou mesmo a obter, aos 58 anos, a patente de tenente coronel de Infantaria com exercício de engenheiro<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta Régia promovendo o posto de Tenente Coronel o Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha'', 19 de Abril de 1761, Cx. 29, Doc. 5412.</ref>. No cumprimento das suas funções militares, rumou ao Brasil, mais precisamente à Bahia, no ano de 1749, com 46 anos, e aí permaneceu até à data da sua morte.


Aquando o seu destacamento para a Bahia, foi-lhe dada a hipótese de regressar ao Reino ao fim de oito anos. No entanto, e decorridos esses oito anos, essa possibilidade foi-lhe negada sucessivas vezes, sob parecer do vice-rei Conde dos Arcos D. Marcos de Noronha, no qual refere que “''não era justo deixar esta Praça'' [Bahia] ''sem um oficial de Engenheiro com a capacidade necessária para cuidar no reparo das fortificações dela, e para assistir às medições das obras que se costumam fazer por conta da Real Fazenda''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da C. Corte Real, expondo os motivos por que negara por duas vezes licença ao sargento-mor engenheiro Manuel Cardoso Saldanha, para se retirar para o reino'', 18 de Dezembro de 1758, AHU_ACL_CU_005, Cx. 21, Doc. 3886.</ref>. Manuel Cardoso Saldanha solicitou por diversas vezes o regresso ao Reino, apresentando sempre argumentos que validassem e justificassem a tão desejada aprovação, de entre os motivos elencados destacamos a sua débil saúde e o seu desempenho na formação e criação de discípulos que, segundo o próprio, “''bem podem servir de Engenheiros''”<ref name=":2">Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta de Manuel Cardoso Saldanha para Tomé J. da Costa Corte Real, instando pela licença régia que lhe permitisse regressar ao Reino e pedindo que lhe fosse dada a patente de Coronel Engenheiro'', 29 de Julho de 1759, AHU_ACL_CU_005, Cx. 24, Doc. 4472.</ref>. A determinação de Saldanha em regressar ao Reino levou-o a avançar prontamente com dois nomes aptos para o substituir, a saber: [[José António Caldas]] (1725-1782) e [[Manuel de Oliveira Mendes]]. Após contínuas recusas, a 28 de Junho de 1766 é-lhe finalmente concedida a licença para regressar<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, em que se refere à licença concedida a Manuel Cardoso de Saldanha para recolher ao Reino'', 28 de Junho de 1766, Cx. 38, Doc. 7085.</ref>, no entanto, Manuel Cardoso Saldanha acabou por falecer meses depois, sem ter tido a oportunidade de concretizar o seu desejo.  
Aquando do seu destacamento, foi-lhe dada a hipótese de regressar ao Reino ao fim de oito anos. No entanto, e decorridos esses oito anos, essa possibilidade foi-lhe negada por sucessivas vezes, sob parecer do vice-rei Conde dos Arcos D. Marcos de Noronha, no qual refere que “''não era justo deixar esta Praça'' [Bahia] ''sem um oficial de Engenheiro com a capacidade necessária para cuidar no reparo das fortificações dela, e para assistir às medições das obras que se costumam fazer por conta da Real Fazenda''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da C. Corte Real, expondo os motivos por que negara por duas vezes licença ao sargento-mor engenheiro Manuel Cardoso Saldanha, para se retirar para o reino'', 18 de Dezembro de 1758, AHU_ACL_CU_005, Cx. 21, Doc. 3886.</ref>. Manuel Cardoso Saldanha solicitou por diversas vezes o regresso ao Reino, apresentando sempre argumentos que validassem e justificassem a tão desejada aprovação, de entre os motivos elencados destacamos a sua débil saúde, e o seu desempenho na formação e criação de discípulos que, segundo o próprio, “''bem podem servir de Engenheiros''”<ref name=":2">Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta de Manuel Cardoso Saldanha para Tomé J. da Costa Corte Real, instando pela licença régia que lhe permitisse regressar ao Reino e pedindo que lhe fosse dada a patente de Coronel Engenheiro'', 29 de Julho de 1759, AHU_ACL_CU_005, Cx. 24, Doc. 4472.</ref>. A determinação de Saldanha em regressar ao Reino levou-o a avançar, prontamente, com dois nomes aptos para o substituir, a saber: [[José António Caldas]] (1725-1782) e [[Manuel de Oliveira Mendes]]. Após contínuas recusas, a 28 de Junho de 1766, foi-lhe finalmente concedida a licença para regressar<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, em que se refere à licença concedida a Manuel Cardoso de Saldanha para recolher ao Reino'', 28 de Junho de 1766, Cx. 38, Doc. 7085.</ref>, no entanto, Manuel Cardoso Saldanha acabou por falecer meses depois, sem ter tido a oportunidade de concretizar o seu desejo. Faleceu em Março de 1767 na Bahia aos 64 anos de idade<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participa o falecimento do Tenente Coronel Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha'', 26 de Março de 1767, Cx. 40, Doc. 7549.</ref>.  


===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  


Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha ingressou na carreira militar, no posto de Ajudante do Terço de Infantaria Auxiliar da Praça de Estremoz, e foi nomeado em 1735 Capitão da Companhia de Infantaria Auxiliar dessa Praça<ref>Arquivo Histórico Militar, ''Carta de Patentes'', ''Manuel Cardoso Saldanha'', CF. 482.</ref>. Em 1741, como atesta a sua diligência de habilitação ao Santo Ofício, ainda exercia esse cargo na Praça de Estremoz. Manuel Cardoso Saldanha permaneceu no Alentejo até 1749, data em que foi promovido ao posto de Sargento-Mor Engenheiro da Praça da Bahia, no Brasil<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. João V'', Lv. 40, fl. 408. Sousa Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 1:162-163.</ref>. Na Bahia, além das actividades inerentes ao posto de sargento-mor e engenheiro, Manuel Cardoso Saldanha foi também destacado para dirigir a aula militar enquanto ''Lente da Academia Militar''<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Vedoria Geral de Artilharia, Requerimento Decreto e Patente do Conselho Ultramarino porque Sua Majestade provê no posto de Sargento Maior do Estado da Bahia por tempo de oito anos a Manuel Cardoso Saldanha'', fl. 226.</ref>. Ao fim de doze anos a exercer no Brasil é-lhe concedida a patente de Tenente Coronel de Infantaria com exercício de Engenheiro, cuja carta foi lavrada a 21 de Abril de 1761<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. José I'', Lv. 15, fl. 432. Sousa Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 1:162-163.</ref>.  
Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha ingressou na carreira militar no posto de ajudante do Terço de Infantaria Auxiliar da Praça de Estremoz, e foi nomeado capitão da Companhia de Infantaria Auxiliar dessa Praça em 1735<ref>Arquivo Histórico Militar, ''Carta de Patentes'', ''Manuel Cardoso Saldanha'', CF. 482.</ref>. Em 1741, como atesta a sua diligência de habilitação ao Santo Ofício, ainda exercia esse cargo. Manuel Cardoso Saldanha permaneceu no Alentejo até 1749, data em que foi promovido ao posto de sargento-mor engenheiro da Praça da Bahia, no Brasil<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. João V'', Lv. 40, fl. 408. Sousa Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 1:162-163.</ref>. Na Bahia, além das actividades inerentes ao posto de sargento-mor e engenheiro, Manuel Cardoso Saldanha foi também destacado para dirigir a aula militar enquanto ''Lente da Academia Militar''<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Vedoria Geral de Artilharia, Requerimento Decreto e Patente do Conselho Ultramarino porque Sua Majestade provê no posto de Sargento Maior do Estado da Bahia por tempo de oito anos a Manuel Cardoso Saldanha'', fl. 226.</ref>. Ao fim de doze anos a exercer no Brasil, é-lhe concedida a patente de tenente coronel de Infantaria com exercício de engenheiro, cuja carta foi lavrada a 21 de Abril de 1761<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. José I'', Lv. 15, fl. 432. Sousa Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 1:162-163.</ref>.  


Pouco se conhece acerca da sua actividade no Alentejo, no entanto, e a julgar pela nomeação e subsequente transferência para a praça militar da Bahia em 1749, no cumprimento das funções de Sargento-Mor Engenheiro e Lente da Academia Militar da Bahia, é bastante provável que tenha frequentado não só aulas de fortificação no Reino, como também tenha exercido actividade no cargo de ajudante de engenheiro. Se atentarmos no decreto de nomeação e atribuição da patente de Sargento-mor Engenheiro da Praça da Bahia, verificamos que o mesmo reconhece o “''préstimo e inteligência''” de Manuel Cardoso Saldanha<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. João V'', Lv. 40, fl. 408.</ref>. Ao contrário das escassas informações sobre a sua actividade no Alentejo, o seu desempenho e percurso profissional na Bahia está relativamente bem documentado. Após uma viagem de quarenta e cinco dias, desde 30 de Outubro até 14 de Dezembro de 1749, Saldanha atracou na Bahia e assumiu as funções para as quais foi destacado<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Requerimento do Sargento-Mor Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha e do ajudante da artilharia da cidade da Bahia Pedro Rosa ao Rei (D. José) solicitando se lhes paguem os soldos desde o dia em que embarcaram'', AHU_ACL_CU_005, Cx. 104, Doc. 8190.</ref>. Na Bahia, os seus contributos profissionais destacaram-se em diversas vertentes, desde a formação de discípulos na Academia Militar, às vistorias e propostas de intervenção em equipamentos civis e militares, até às importantes missões de exploração e produção de salitre na Serra dos Montes Altos, no Sertão da Bahia, que lhe valeram entusiásticos louvores reais<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta Régia louvando os serviços prestados por João Pedro Henriques da Silva, Manuel Cardoso de Saldanha e Francisco da Cunha Araújo, na comissão que desempenharam na Serra dos Montes Altos'', 18 de Abril de 1764, Cx. 29, Doc. 5416.</ref>.  
Pouco se conhece acerca da sua actividade no Alentejo, no entanto, - e a julgar pela nomeação e subsequente transferência para a praça militar da Bahia em 1749, no cumprimento das funções de sargento-mor engenheiro e lente da Academia Militar da Bahia - é bastante provável que tenha frequentado não só aulas de fortificação no Reino, como também tenha exercido actividade no cargo de ajudante de engenheiro. Se atentarmos no decreto de nomeação e atribuição da patente de sargento-mor engenheiro da Praça da Bahia, verificamos que o mesmo reconhece o “''préstimo e inteligência''” de Manuel Cardoso Saldanha<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ''Registo Geral de Mercês'', ''Mercês de D. João V'', Lv. 40, fl. 408.</ref>. Ao contrário das escassas informações sobre a sua actividade no Alentejo, o seu desempenho e percurso profissional na Bahia está, relativamente, bem documentado. Após uma viagem de quarenta e cinco dias, desde 30 de Outubro até 14 de Dezembro de 1749, Saldanha atracou na Bahia e assumiu as funções para as quais foi destacado<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Requerimento do Sargento-Mor Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha e do ajudante da artilharia da cidade da Bahia Pedro Rosa ao Rei (D. José) solicitando se lhes paguem os soldos desde o dia em que embarcaram'', AHU_ACL_CU_005, Cx. 104, Doc. 8190.</ref>. Na Bahia, os seus contributos profissionais destacaram-se em diversas vertentes, desde a formação de discípulos na Academia Militar, às vistorias e propostas de intervenção em equipamentos civis e militares, até às importantes missões de exploração e produção de salitre na Serra dos Montes Altos, no Sertão da Bahia, que lhe valeram entusiásticos louvores reais<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta Régia louvando os serviços prestados por João Pedro Henriques da Silva, Manuel Cardoso de Saldanha e Francisco da Cunha Araújo, na comissão que desempenharam na Serra dos Montes Altos'', 18 de Abril de 1764, Cx. 29, Doc. 5416.</ref>.  


Manuel Cardoso Saldanha foi o autor de um dos projectos arquitectónicos mais inovadores e complexos do Brasil, a afamada Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Bahia, cujo projecto data da década de 1750. Esta nova igreja, que substituiu a anterior, foi construída por iniciativa das irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia. A autoria do projecto da nova Igreja é revelada nas ''Memórias'' dessas irmandades, que são categóricas ao afirmar que: “''principiaram a dispor todas as coisas para em tempo próximo dar começo à obra, encarregando o Tenente Coronel de Engenheiros, Manuel Cardoso de Saldanha de delinear o risco: e sendo pronto e apresentado, consultou a Mesa, sobre eles os homens mais entendidos da matéria, e merecendo de todos plena aprovação''”<ref>Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Braga, João José Lopes, “Memórias e mais papéis pertencentes às Irmandades do Ss. Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia”, ''Anais da Biblioteca Nacional'', vol. 68. </ref>.  
Manuel Cardoso Saldanha foi o autor de um dos projectos arquitectónicos mais inovadores e complexos do Brasil, a afamada Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Bahia, cujo projecto data da década de 1750. Esta nova igreja, que substituiu a anterior, foi construída por iniciativa das irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia. A autoria do projecto da nova Igreja é revelada nas ''Memórias'' dessas irmandades, que são categóricas ao afirmar que: “''principiaram a dispor todas as coisas para em tempo próximo dar começo à obra, encarregando o Tenente Coronel de Engenheiros, Manuel Cardoso de Saldanha de delinear o risco: e sendo pronto e apresentado, consultou a Mesa, sobre eles os homens mais entendidos da matéria, e merecendo de todos plena aprovação''”<ref>Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Braga, João José Lopes, “Memórias e mais papéis pertencentes às Irmandades do Ss. Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia”, ''Anais da Biblioteca Nacional'', vol. 68. </ref>.  


Todavia, hoje a autoria do engenheiro militar estremocense não é consensual. Alguns investigadores questionam a veracidade da informação constante nas ''Memórias'' das irmandades, pois as obras de demolição da antiga igreja tiveram lugar no ano de 1739. Ora, nesse ano, nem Manuel Cardoso Saldanha estava no Brasil, nem tão-pouco tinha a patente de Tenente Coronel. Apesar destas afirmações serem verdadeiras, parece-nos que não são suficientes para negar a autoria ao engenheiro militar português. Primeiro, se as ''Memórias'' foram escritas em data posterior à construção da igreja, é natural que identifiquem Saldanha pelo cargo mais alto que este atingiu no Brasil, o de Tenente-Coronel. Segundo, o facto de a antiga igreja ter sido demolida em 1739, após aprovação do novo risco em 1736, não quer necessariamente dizer que esse risco não tenha sofrido alterações aquando da chegada de Saldanha ao Brasil. Recorde-se que as obras da nova igreja estiveram paradas durante largos anos, por falta de liquidez das irmandades, e só em 1758, mediante donativo régio de D. José I, se retomaram os trabalhos, concluídos, em parte, em 1765, no ano da sacralização da Igreja<ref>Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, ''Ordens Régias'', ''Provisões'', ''Alvarás'', Provedoria da Fazenda da Bahia, 1625-1769, colecção 537, fl. 127.</ref>. Deste modo, aceitamos como verosímil a informação compilada nas ''Memórias'' das irmandades e que atribuem a autoria do risco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia ao engenheiro militar Manuel Cardoso Saldanha<ref>Sobre este assunto ver: Smith, “Nossa Senhora da Conceição da Praia and the joanine style in Brazil”. </ref>.  
Todavia, hoje a autoria do engenheiro militar estremocense não é consensual. Alguns investigadores questionam a veracidade da informação constante nas ''Memórias'' das irmandades, pois as obras de demolição da antiga igreja tiveram lugar no ano de 1739. Ora, nesse ano, nem Manuel Cardoso Saldanha estava no Brasil, nem tão-pouco tinha a patente de Tenente Coronel. Apesar destas afirmações serem verdadeiras, parece-nos que não são suficientes para negar a autoria ao engenheiro militar português. Primeiro, se as ''Memórias'' foram escritas em data posterior à construção da igreja, é natural que identifiquem Saldanha pelo cargo mais alto que este atingiu no Brasil, o de tenente-coronel. Segundo, o facto de a antiga igreja ter sido demolida em 1739, após aprovação do novo risco em 1736, não quer necessariamente dizer que esse risco não tenha sofrido alterações aquando da chegada de Saldanha ao Brasil. Recorde-se que as obras da nova igreja estiveram paradas durante largos anos, por falta de liquidez das irmandades, e só em 1758, mediante donativo régio de D. José I, se retomaram os trabalhos, concluídos, em parte, em 1765, no ano da sacralização da Igreja<ref>Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, ''Ordens Régias'', ''Provisões'', ''Alvarás'', Provedoria da Fazenda da Bahia, 1625-1769, colecção 537, fl. 127.</ref>. Deste modo, aceitamos como verosímil a informação compilada nas ''Memórias'' das irmandades e que atribuem a autoria do risco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia ao engenheiro militar Manuel Cardoso Saldanha<ref>Sobre este assunto ver: Smith, “Nossa Senhora da Conceição da Praia and the joanine style in Brazil”. </ref>.  


No ano de 1751 Manuel Cardoso Saldanha apresentou o projecto para o seminário jesuíta de Nossa Senhora da Conceição (no Bairro da Saúde e localizado na Bahia), pensado por si e desenhado por um dos seus alunos mais proeminentes da Academia Militar da Bahia - José António Caldas. Trata-se de um projecto, na esteira da Igreja da Conceição da Praia, que gira em torno de soluções geométricas centralizadas. Para o seminário Saldanha propôs uma igreja, também ela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, em formato hexagonal e disposta no centro dos edifícios seminaristas. Infelizmente este projecto nunca chegou a ser concretizado<ref>Smith, “Jesuit buildings in Brazil”, 187-213.</ref>.  
No ano de 1751, Manuel Cardoso Saldanha apresentou o projecto para o seminário jesuíta de Nossa Senhora da Conceição, situado no Bairro da Saúde em Bahia, pensado por si e desenhado por um dos seus alunos mais proeminentes da Academia Militar da Bahia, José António Caldas. Trata-se de um projecto, na esteira da Igreja da Conceição da Praia, que gira em torno de soluções geométricas centralizadas. Para o seminário, Saldanha propôs uma igreja, também ela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, em formato hexagonal e disposta no centro dos edifícios seminaristas. Infelizmente, este projecto nunca chegou a ser concretizado<ref>Smith, “Jesuit buildings in Brazil”, 187-213.</ref>.  


Em 1754, examinou e elaborou um parecer acerca da necessidade de ampliação da Casa da Moeda da Bahia, cujas obras foram requeridas pelo então provedor da Casa da Moeda. Neste parecer, acompanhado do devido desenho, considerou desnecessárias as obras de ampliação e propôs somente alguns trabalhos de remodelação, impedindo, segundo o próprio, gastos desnecessários e dispendiosos à Fazenda Real de Sua Majestade<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta de Manuel Cardoso de Saldanha ao Rei [D. José] sobre o parecer das obras de ampliação da Casa da Moeda da cidade da Bahia'', 17 de Maio de 1754, AHU_ACL_CU_005, Cx. 119, Doc. 9325.</ref>.  
Em 1754, examinou e elaborou um parecer acerca da necessidade de ampliação da Casa da Moeda da Bahia, cujas obras foram requeridas pelo, então, provedor da Casa da Moeda. Neste parecer, acompanhado do devido desenho, considerou desnecessárias as obras de ampliação e propôs somente alguns trabalhos de remodelação, impedindo, segundo o próprio, gastos desnecessários e dispendiosos à Fazenda Real de Sua Majestade<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta de Manuel Cardoso de Saldanha ao Rei [D. José] sobre o parecer das obras de ampliação da Casa da Moeda da cidade da Bahia'', 17 de Maio de 1754, AHU_ACL_CU_005, Cx. 119, Doc. 9325.</ref>.  


No ano de 1756, encontramos Manuel Cardoso Saldanha envolvido em três projectos: a Casa da Pólvora dos Aflitos, os quartéis da Piedade e os quartéis de Nossa Senhora da Palma, todos na Bahia. Nestes três projectos Saldanha contou, uma vez mais, com a colaboração do seu discípulo José António Caldas, autor dos desenhos<ref>Oliveira, As ''fortificações portuguesas de Salvador'', 121-122.</ref>. Na Casa dos Aflitos, realizaram apenas um levantamento arquitectónico acompanhado do devido relatório<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, perfil, fachada e a metade da casa em que se fabricou a pólvora na cidade da Bahia'', D-259-V.</ref>. Nos quartéis da Piedade, sitos defronte do convento dos religiosos barbadinhos italianos, os dois engenheiros militares apresentaram uma proposta de ampliação dos ditos quartéis, conforme é especificado na legenda do levantamento arquitectónico realizado por Caldas<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, fachada, perfil para cento e vinte quartéis desenhados no sítio de Nossa Senhora da Piedade'', D-203-A. </ref>. No que concerne aos quartéis de Nossa Senhora da Palma, a par do levantamento arquitectónico realizado (de oito quartéis e da Igreja de Nossa Senhora da Palma) foram apresentadas algumas melhorias ao nível das acessibilidades (rampas e escadas) e uma proposta para a construção de novos quartéis, aptos para aquartelarem mais militares<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, perfil, fachadas dos quartéis que se acham fabricados no sítio de Nossa Senhora da Palma'', D-204-A.</ref>.  
No ano de 1756, encontramos Manuel Cardoso Saldanha envolvido em três projectos: a Casa da Pólvora dos Aflitos, os quartéis da Piedade e os quartéis de Nossa Senhora da Palma, todos na Bahia. Nestes três projectos Saldanha contou, uma vez mais, com a colaboração do seu discípulo José António Caldas, autor dos desenhos<ref>Oliveira, As ''fortificações portuguesas de Salvador'', 121-122.</ref>. Na Casa dos Aflitos, realizaram apenas um levantamento arquitectónico acompanhado do devido relatório<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, perfil, fachada e a metade da casa em que se fabricou a pólvora na cidade da Bahia'', D-259-V.</ref>. Nos quartéis da Piedade, sitos defronte do convento dos religiosos barbadinhos italianos, os dois engenheiros militares apresentaram uma proposta de ampliação dos ditos quartéis, conforme é especificado na legenda do levantamento arquitectónico realizado por Caldas<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, fachada, perfil para cento e vinte quartéis desenhados no sítio de Nossa Senhora da Piedade'', D-203-A. </ref>. No que concerne aos quartéis de Nossa Senhora da Palma, a par do levantamento arquitectónico realizado, de oito quartéis e da Igreja de Nossa Senhora da Palma, foram apresentadas algumas melhorias ao nível das acessibilidades (rampas e escadas) e uma proposta para a construção de novos quartéis, aptos para aquartelarem mais militares<ref>Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, ''Planta, perfil, fachadas dos quartéis que se acham fabricados no sítio de Nossa Senhora da Palma'', D-204-A.</ref>.  


No ano seguinte, em 1757, Manuel Cardoso Saldanha foi destacado para realizar a primeira expedição à Serra dos Montes Altos, com o objectivo de fazer “''as mais exactas averiguações assim a respeito da posição das terras, como das demarcações do caminho, que for mais direito, breve e praticável para a condução do salitre até à cidade da Bahia''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre a exploração do salitre na Serra dos Montes Altos'', 4 de Setembro de 1757, Cx. 14, Doc. 2640; Idem, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, em que participa ter nomeado, em virtude das ordens que recebera, o Desembargador João pedro Henriques da Silva, o Alferes de Infantaria Francisco da Cunha de Araújo e o Sargento Maior Engenheiro Manuel Cardoso Saldanha para irem à Serra dos Montes Altos'', 19 de Maio de 1758, Cx. 19, Doc. 3428.</ref>. Em 1758, em resultado desta expedição, apresentou duas plantas: uma planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos e uma planta corográfica da estrada que ia da Serra dos Montes Altos até à cidade da Bahia<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos, na qual se mostram os lugares examinados pelos comissários encarregados da exploração do salitre. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar desta cidade e comissário dos exames da sobredita Serra para averiguação do salitre que nela existe e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar da mesma cidade da Bahia'', 19 de Setembro de 1758, Cx. 19. Doc. 3607; Idem, ''Planta corográfica da estrada que principiando na Serra dos Montes Altos, vem finalizar no Porto de S. Felix, defronte da Vila da Cachoeira, no Rio Paraguassú, que vem fazer barra no mar defronte da Ilha de Itaparica na enseada, em que o mar se recolhe a fazer o porto da Cidade da Bahia. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar desta cidade da Bahia,'' 16 de Setembro de 1758, Cx. 19, Doc. 3608.</ref>. Estas plantas foram observadas por Manuel Cardoso Saldanha e realizadas por José António Caldas, conforme legendas constante nas mesmas.
No ano seguinte, em 1757, Manuel Cardoso Saldanha foi destacado para realizar a primeira expedição à Serra dos Montes Altos, com o objectivo de fazer “''as mais exactas averiguações assim a respeito da posição das terras, como das demarcações do caminho, que for mais direito, breve e praticável para a condução do salitre até à cidade da Bahia''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre a exploração do salitre na Serra dos Montes Altos'', 4 de Setembro de 1757, Cx. 14, Doc. 2640; Idem, ''Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, em que participa ter nomeado, em virtude das ordens que recebera, o Desembargador João pedro Henriques da Silva, o Alferes de Infantaria Francisco da Cunha de Araújo e o Sargento Maior Engenheiro Manuel Cardoso Saldanha para irem à Serra dos Montes Altos'', 19 de Maio de 1758, Cx. 19, Doc. 3428.</ref>. Em 1758, em resultado desta expedição, apresentou duas plantas: uma planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos e uma planta corográfica da estrada que ia da Serra dos Montes Altos até à cidade da Bahia<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos, na qual se mostram os lugares examinados pelos comissários encarregados da exploração do salitre. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar desta cidade e comissário dos exames da sobredita Serra para averiguação do salitre que nela existe e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar da mesma cidade da Bahia'', 19 de Setembro de 1758, Cx. 19. Doc. 3607; Idem, ''Planta corográfica da estrada que principiando na Serra dos Montes Altos, vem finalizar no Porto de S. Felix, defronte da Vila da Cachoeira, no Rio Paraguassú, que vem fazer barra no mar defronte da Ilha de Itaparica na enseada, em que o mar se recolhe a fazer o porto da Cidade da Bahia. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar desta cidade da Bahia,'' 16 de Setembro de 1758, Cx. 19, Doc. 3608.</ref>. Estas plantas foram observadas por Manuel Cardoso Saldanha e realizadas por José António Caldas, conforme legendas constante nas mesmas.
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Regressado à Bahia, em 1761, é chamado, uma vez mais, a examinar e a propor obras de intervenção num importante edifício religioso - a antiga Sé Catedral da Bahia. Após exame minucioso do edifício, novamente com a colaboração de José António Caldas, identificou as obras necessárias e urgentes e remeteu o desenho ao Conselho do Ultramar, acompanhado da seguinte indicação: “''parece-nos que a obra de reedificação é muito precisa, e a não se lhe acudir prontamente poderão as chuvas do inverno e a altíssima eminência em que está a fazer muito maior ruína e depois o reparo dela é mais custoso''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício dos Governadores interinos para Francisco Xavier Mendonça. No qual informa acerca da representação do tesoureiro mor da Sé, João Borges de Barros, sobre as reparações de que carecia o edifício da Catedral e participando que o Tenente Coronel Manuel Cardoso Saldanha e o Capitão José António Caldas haviam elaborado o projecto das obras a fazer'', 4 de Setembro de 1761, AHU_ACL_CU_005, Cx. 28, Doc. 5378.</ref>.  
Regressado à Bahia, em 1761, é chamado, uma vez mais, a examinar e a propor obras de intervenção num importante edifício religioso - a antiga Sé Catedral da Bahia. Após exame minucioso do edifício, novamente com a colaboração de José António Caldas, identificou as obras necessárias e urgentes e remeteu o desenho ao Conselho do Ultramar, acompanhado da seguinte indicação: “''parece-nos que a obra de reedificação é muito precisa, e a não se lhe acudir prontamente poderão as chuvas do inverno e a altíssima eminência em que está a fazer muito maior ruína e depois o reparo dela é mais custoso''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício dos Governadores interinos para Francisco Xavier Mendonça. No qual informa acerca da representação do tesoureiro mor da Sé, João Borges de Barros, sobre as reparações de que carecia o edifício da Catedral e participando que o Tenente Coronel Manuel Cardoso Saldanha e o Capitão José António Caldas haviam elaborado o projecto das obras a fazer'', 4 de Setembro de 1761, AHU_ACL_CU_005, Cx. 28, Doc. 5378.</ref>.  


Em 1762, após uma carta régia lavrada a 19 de Abril de 1761, Manuel Cardoso Saldanha regressou à Serra dos Montes Altos para estabelecer as fábricas do salitre<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta régia dirigida ao Governo interino da Bahia, ordenando que Manuel Cardoso de Saldanha e Luís de Almeida Pimentel fossem à Serra dos Montes Altos estabelecer as fábricas do salitre'', 19 de Abril de 1761, Cx. 32, Doc. 6011.</ref>. Aí permaneceu até 1763, onde, durante a sua estada, realizou diversos relatórios<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta particular de Manuel Cardoso Saldanha para o Conde de Oeiras em que o informa acerca da comissão de serviço que fora desempenhar à Serra dos Montes Altos para a exploração do salitre'', 16 de Setembro de 1762, Cx. 32, Doc. 6010; Idem, ''Carta de Manuel Cardoso de Saldanha para o Conde de Oeiras em que se refere à produção da fábrica de salitre da Serra dos Montes Altos e ao seu regresso à Bahia, onde chegara a 26 de Março''. 30 de Abril de 1763, Cx. 33, Doc. 6084. </ref>. Em 1766, é encarregado de realizar um levantamento sobre as fortificações da Capitania do Espírito Santo, “''para que com todo o cuidado vá por todas as fortificações daquela Capitania (quando lhe for possível), defensáveis e dar conta de tudo quando entender lhe é preciso''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do governo interino para Francisco Xavier de Mendonça Furtado'', Cx. 37, Doc. 7006.</ref>. No ano seguinte, a 26 de Março de 1767, o governador Conde da Azambuja emitiu um ofício para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participou o falecimento do Tenente Coronel Engenheiro Manuel Cardoso Saldanha e transmitiu a falta que havia de engenheiros para dirigirem as obras de fortificação da Bahia<ref name=":0" />.
Em 1762, após uma carta régia lavrada a 19 de Abril de 1761, Manuel Cardoso Saldanha regressou à Serra dos Montes Altos para estabelecer as fábricas do salitre<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta régia dirigida ao Governo interino da Bahia, ordenando que Manuel Cardoso de Saldanha e Luís de Almeida Pimentel fossem à Serra dos Montes Altos estabelecer as fábricas do salitre'', 19 de Abril de 1761, Cx. 32, Doc. 6011.</ref>. Aí permaneceu até 1763, onde, durante a sua estada, realizou diversos relatórios<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Carta particular de Manuel Cardoso Saldanha para o Conde de Oeiras em que o informa acerca da comissão de serviço que fora desempenhar à Serra dos Montes Altos para a exploração do salitre'', 16 de Setembro de 1762, Cx. 32, Doc. 6010; Idem, ''Carta de Manuel Cardoso de Saldanha para o Conde de Oeiras em que se refere à produção da fábrica de salitre da Serra dos Montes Altos e ao seu regresso à Bahia, onde chegara a 26 de Março''. 30 de Abril de 1763, Cx. 33, Doc. 6084. </ref>. Em 1766, é encarregado de realizar um levantamento sobre as fortificações da Capitania do Espírito Santo, “''para que com todo o cuidado vá por todas as fortificações daquela Capitania (quando lhe for possível), defensáveis e dar conta de tudo quando entender lhe é preciso''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, ''Ofício do governo interino para Francisco Xavier de Mendonça Furtado'', Cx. 37, Doc. 7006.</ref>. No ano seguinte, a 26 de Março de 1767, o governador Conde da Azambuja emitiu um ofício para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participou o falecimento do tenente coronel engenheiro Manuel Cardoso Saldanha e transmitiu a falta que havia de engenheiros para dirigirem as obras de fortificação da Bahia<ref name=":0" />.


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Revisão das 16h50min de 29 de maio de 2023


Manuel Cardoso de Saldanha
Nome completo Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha
Outras Grafias valor desconhecido
Pai Domingos Ribeiro
Mãe Luísa da Cruz
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 15 novembro 1703
Estremoz, Évora, Portugal
Morte março 1767
Bahia, Brasil
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Estremoz, Évora, Portugal
Data Início: 15 de novembro de 1703
Fim: 30 de outubro de 1749

Residência Bahia, Brasil
Data Início: 14 de dezembro de 1749
Fim: março de 1767
Postos
Posto Capitão
Data Início: 1735
Fim: 1749
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor
Data Início: 14 de dezembro de 1749
Fim: 21 de abril de 1761
Arma Engenharia

Data Início: 21 de abril de 1761
Fim: março de 1767
Arma Infantaria
Cargos
Cargo Professor
Data Início: 14 de dezembro de 1749
Fim: março de 1767

Cargo Engenheiro
Data Início: 14 de dezembro de 1749
Fim: março de 1767
Actividade
Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1750
Fim: 1765
Local de Actividade Bahia, Brasil

Actividade Expedição
Data Início: 1757
Fim: 1758
Local de Actividade Bahia, Brasil

Actividade Missão
Data Início: 1762
Fim: 1763
Local de Actividade Bahia, Brasil

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1766
Fim: 1766
Local de Actividade Espírito Santo, Brasil

Actividade Reparação
Data Início: 1754
Fim: 1756
Local de Actividade Bahia, Brasil


Biografia

Dados biográficos

Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha nasceu em Estremoz, onde foi baptizado, mais precisamente na freguesia de Santo André em 15 de Novembro de 1703[1]. Era filho de Domingos Ribeiro, natural e baptizado no dia 27 de Novembro de 1678 na Vila de Torrozelo (concelho de Seia), na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, e de Luísa da Cruz, natural e baptizada em Estremoz, na freguesia de Santo André. Tinha como avós paternos Romão Antunes, natural da Vila de Sandomil (concelho de Seia), e Maria Ribeiro, natural e baptizada na vila de Torrozelo, na freguesia de Nossa Senhora do Rosário, em 2 de Fevereiro de 1635. Pela via materna era neto do capitão Francisco Roiz e de Maria Cardosa, ambos naturais e moradores na vila de Estremoz, na Rua de Santa Catarina[2].

Aos 17 anos de idade, no ano de 1720, submeteu uma candidatura de habilitação “de genere” para ser admitido à Prima Tonsura e Ordens Menores[3]. Vinte anos depois, em 1741 e com 38 anos de idade, apresentou outra candidatura para ingressar no cargo de familiar do Santo Ofício de Évora[2]. Estas duas candidaturas foram inviabilizadas numa primeira decisão, por suspeita de impureza de sangue por parte da avó paterna, Maria Ribeiro, acusada de cristã nova. Todavia, e após requerimentos e entrega de nova documentação por parte do habilitando, entre as quais constam a árvore genealógica da ascendência da sua avó paterna e do seu primo Manuel Ribeiro Campos, habilitado de ordens menores, foi deferido que Manuel Cardoso Saldanha poderia prosseguir com as diligências para obter as ordens requeridas. Porém, o habilitando acabou por falecer antes do parecer favorável.

Saldanha seguiu a carreira militar do seu avô materno e chegou mesmo a obter, aos 58 anos, a patente de tenente coronel de Infantaria com exercício de engenheiro[4]. No cumprimento das suas funções militares, rumou ao Brasil, mais precisamente à Bahia, no ano de 1749, com 46 anos, e aí permaneceu até à data da sua morte.

Aquando do seu destacamento, foi-lhe dada a hipótese de regressar ao Reino ao fim de oito anos. No entanto, e decorridos esses oito anos, essa possibilidade foi-lhe negada por sucessivas vezes, sob parecer do vice-rei Conde dos Arcos D. Marcos de Noronha, no qual refere que “não era justo deixar esta Praça [Bahia] sem um oficial de Engenheiro com a capacidade necessária para cuidar no reparo das fortificações dela, e para assistir às medições das obras que se costumam fazer por conta da Real Fazenda[5]. Manuel Cardoso Saldanha solicitou por diversas vezes o regresso ao Reino, apresentando sempre argumentos que validassem e justificassem a tão desejada aprovação, de entre os motivos elencados destacamos a sua débil saúde, e o seu desempenho na formação e criação de discípulos que, segundo o próprio, “bem podem servir de Engenheiros[6]. A determinação de Saldanha em regressar ao Reino levou-o a avançar, prontamente, com dois nomes aptos para o substituir, a saber: José António Caldas (1725-1782) e Manuel de Oliveira Mendes. Após contínuas recusas, a 28 de Junho de 1766, foi-lhe finalmente concedida a licença para regressar[7], no entanto, Manuel Cardoso Saldanha acabou por falecer meses depois, sem ter tido a oportunidade de concretizar o seu desejo. Faleceu em Março de 1767 na Bahia aos 64 anos de idade[8].

Carreira

Manuel Cardoso Ribeiro de Saldanha ingressou na carreira militar no posto de ajudante do Terço de Infantaria Auxiliar da Praça de Estremoz, e foi nomeado capitão da Companhia de Infantaria Auxiliar dessa Praça em 1735[9]. Em 1741, como atesta a sua diligência de habilitação ao Santo Ofício, ainda exercia esse cargo. Manuel Cardoso Saldanha permaneceu no Alentejo até 1749, data em que foi promovido ao posto de sargento-mor engenheiro da Praça da Bahia, no Brasil[10]. Na Bahia, além das actividades inerentes ao posto de sargento-mor e engenheiro, Manuel Cardoso Saldanha foi também destacado para dirigir a aula militar enquanto Lente da Academia Militar[11]. Ao fim de doze anos a exercer no Brasil, é-lhe concedida a patente de tenente coronel de Infantaria com exercício de engenheiro, cuja carta foi lavrada a 21 de Abril de 1761[12].

Pouco se conhece acerca da sua actividade no Alentejo, no entanto, - e a julgar pela nomeação e subsequente transferência para a praça militar da Bahia em 1749, no cumprimento das funções de sargento-mor engenheiro e lente da Academia Militar da Bahia - é bastante provável que tenha frequentado não só aulas de fortificação no Reino, como também tenha exercido actividade no cargo de ajudante de engenheiro. Se atentarmos no decreto de nomeação e atribuição da patente de sargento-mor engenheiro da Praça da Bahia, verificamos que o mesmo reconhece o “préstimo e inteligência” de Manuel Cardoso Saldanha[13]. Ao contrário das escassas informações sobre a sua actividade no Alentejo, o seu desempenho e percurso profissional na Bahia está, relativamente, bem documentado. Após uma viagem de quarenta e cinco dias, desde 30 de Outubro até 14 de Dezembro de 1749, Saldanha atracou na Bahia e assumiu as funções para as quais foi destacado[14]. Na Bahia, os seus contributos profissionais destacaram-se em diversas vertentes, desde a formação de discípulos na Academia Militar, às vistorias e propostas de intervenção em equipamentos civis e militares, até às importantes missões de exploração e produção de salitre na Serra dos Montes Altos, no Sertão da Bahia, que lhe valeram entusiásticos louvores reais[15].

Manuel Cardoso Saldanha foi o autor de um dos projectos arquitectónicos mais inovadores e complexos do Brasil, a afamada Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Bahia, cujo projecto data da década de 1750. Esta nova igreja, que substituiu a anterior, foi construída por iniciativa das irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia. A autoria do projecto da nova Igreja é revelada nas Memórias dessas irmandades, que são categóricas ao afirmar que: “principiaram a dispor todas as coisas para em tempo próximo dar começo à obra, encarregando o Tenente Coronel de Engenheiros, Manuel Cardoso de Saldanha de delinear o risco: e sendo pronto e apresentado, consultou a Mesa, sobre eles os homens mais entendidos da matéria, e merecendo de todos plena aprovação[16].

Todavia, hoje a autoria do engenheiro militar estremocense não é consensual. Alguns investigadores questionam a veracidade da informação constante nas Memórias das irmandades, pois as obras de demolição da antiga igreja tiveram lugar no ano de 1739. Ora, nesse ano, nem Manuel Cardoso Saldanha estava no Brasil, nem tão-pouco tinha a patente de Tenente Coronel. Apesar destas afirmações serem verdadeiras, parece-nos que não são suficientes para negar a autoria ao engenheiro militar português. Primeiro, se as Memórias foram escritas em data posterior à construção da igreja, é natural que identifiquem Saldanha pelo cargo mais alto que este atingiu no Brasil, o de tenente-coronel. Segundo, o facto de a antiga igreja ter sido demolida em 1739, após aprovação do novo risco em 1736, não quer necessariamente dizer que esse risco não tenha sofrido alterações aquando da chegada de Saldanha ao Brasil. Recorde-se que as obras da nova igreja estiveram paradas durante largos anos, por falta de liquidez das irmandades, e só em 1758, mediante donativo régio de D. José I, se retomaram os trabalhos, concluídos, em parte, em 1765, no ano da sacralização da Igreja[17]. Deste modo, aceitamos como verosímil a informação compilada nas Memórias das irmandades e que atribuem a autoria do risco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia ao engenheiro militar Manuel Cardoso Saldanha[18].

No ano de 1751, Manuel Cardoso Saldanha apresentou o projecto para o seminário jesuíta de Nossa Senhora da Conceição, situado no Bairro da Saúde em Bahia, pensado por si e desenhado por um dos seus alunos mais proeminentes da Academia Militar da Bahia, José António Caldas. Trata-se de um projecto, na esteira da Igreja da Conceição da Praia, que gira em torno de soluções geométricas centralizadas. Para o seminário, Saldanha propôs uma igreja, também ela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, em formato hexagonal e disposta no centro dos edifícios seminaristas. Infelizmente, este projecto nunca chegou a ser concretizado[19].

Em 1754, examinou e elaborou um parecer acerca da necessidade de ampliação da Casa da Moeda da Bahia, cujas obras foram requeridas pelo, então, provedor da Casa da Moeda. Neste parecer, acompanhado do devido desenho, considerou desnecessárias as obras de ampliação e propôs somente alguns trabalhos de remodelação, impedindo, segundo o próprio, gastos desnecessários e dispendiosos à Fazenda Real de Sua Majestade[20].

No ano de 1756, encontramos Manuel Cardoso Saldanha envolvido em três projectos: a Casa da Pólvora dos Aflitos, os quartéis da Piedade e os quartéis de Nossa Senhora da Palma, todos na Bahia. Nestes três projectos Saldanha contou, uma vez mais, com a colaboração do seu discípulo José António Caldas, autor dos desenhos[21]. Na Casa dos Aflitos, realizaram apenas um levantamento arquitectónico acompanhado do devido relatório[22]. Nos quartéis da Piedade, sitos defronte do convento dos religiosos barbadinhos italianos, os dois engenheiros militares apresentaram uma proposta de ampliação dos ditos quartéis, conforme é especificado na legenda do levantamento arquitectónico realizado por Caldas[23]. No que concerne aos quartéis de Nossa Senhora da Palma, a par do levantamento arquitectónico realizado, de oito quartéis e da Igreja de Nossa Senhora da Palma, foram apresentadas algumas melhorias ao nível das acessibilidades (rampas e escadas) e uma proposta para a construção de novos quartéis, aptos para aquartelarem mais militares[24].

No ano seguinte, em 1757, Manuel Cardoso Saldanha foi destacado para realizar a primeira expedição à Serra dos Montes Altos, com o objectivo de fazer “as mais exactas averiguações assim a respeito da posição das terras, como das demarcações do caminho, que for mais direito, breve e praticável para a condução do salitre até à cidade da Bahia[25]. Em 1758, em resultado desta expedição, apresentou duas plantas: uma planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos e uma planta corográfica da estrada que ia da Serra dos Montes Altos até à cidade da Bahia[26]. Estas plantas foram observadas por Manuel Cardoso Saldanha e realizadas por José António Caldas, conforme legendas constante nas mesmas.

Regressado à Bahia, em 1761, é chamado, uma vez mais, a examinar e a propor obras de intervenção num importante edifício religioso - a antiga Sé Catedral da Bahia. Após exame minucioso do edifício, novamente com a colaboração de José António Caldas, identificou as obras necessárias e urgentes e remeteu o desenho ao Conselho do Ultramar, acompanhado da seguinte indicação: “parece-nos que a obra de reedificação é muito precisa, e a não se lhe acudir prontamente poderão as chuvas do inverno e a altíssima eminência em que está a fazer muito maior ruína e depois o reparo dela é mais custoso[27].

Em 1762, após uma carta régia lavrada a 19 de Abril de 1761, Manuel Cardoso Saldanha regressou à Serra dos Montes Altos para estabelecer as fábricas do salitre[28]. Aí permaneceu até 1763, onde, durante a sua estada, realizou diversos relatórios[29]. Em 1766, é encarregado de realizar um levantamento sobre as fortificações da Capitania do Espírito Santo, “para que com todo o cuidado vá por todas as fortificações daquela Capitania (quando lhe for possível), defensáveis e dar conta de tudo quando entender lhe é preciso[30]. No ano seguinte, a 26 de Março de 1767, o governador Conde da Azambuja emitiu um ofício para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participou o falecimento do tenente coronel engenheiro Manuel Cardoso Saldanha e transmitiu a falta que havia de engenheiros para dirigirem as obras de fortificação da Bahia[8].

Outras informações

Os testemunhos deixados pelo engenheiro Manuel Cardoso Saldanha permitem-nos aferir os métodos de ensino que empreendia nas suas aulas na Academia Militar da Bahia, cuja metodologia se fundava na alternância entre a teoria e a prática conforme o próprio nos relata: “por ter com sumo desvelo criado discípulos, que bem podem servir de Engenheiros, ditando-lhes 15 tratados com as doutrinas mais modernas e especiais, ensinando-os a desenhar e a configurar terrenos”[6]. Noticia-nos também que se mantinha actualizado com as mais modernas matérias referentes à engenharia militar, às quais se entregava com “excessivo desvelo dos meus empregos e estudos para instruir os meus discípulos com as doutrinas dos mais famigerados autores franceses, que têm escrito; afim de que nas suas postilhas tenham tudo o que se acha em muitos livros”[6]. Este depoimento revela-nos que a base teórica das suas aulas era consolidada pelos métodos franceses de fortificação militar.

Obras

1750/65 – Projecto e construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Bahia.

1751 – Projecto do Seminário Jesuíta de Nossa Senhora da Conceição, no Bairro da Saúde na Bahia, com colaboração de José António Caldas (nunca executado).

1754 – Parecer e proposta de ampliação da Casa da Moeda da Bahia, Brasil.

1756 – Levantamento e relatório da Casa da Pólvora dos Aflitos, Bahia, com colaboração de José António Caldas.

1756 – Projecto de ampliação dos quartéis da Piedade, Bahia, com colaboração de José António Caldas.

1756 – Levantamento arquitectónico e proposta de intervenção e ampliação dos quartéis de Nossa Senhora da Palma, Bahia, com colaboração de José António Caldas.

1757/58 – Missão de reconhecimento e exploração de salitre à Serra dos Montes Altos, no Sertão da Bahia.

1761 – Relatório do estado de conservação da antiga Sé Catedral da Bahia e proposta de intervenção, com colaboração de José António Caldas.

1762/63 – Comissão de serviço na Serra dos Montes Altos para a exploração do salitre e estabelecimento das respectivas fábricas.

1766 – Levantamento e proposta de intervenção das fortificações da Capitania do Espírito Santo.

Referências bibliográficas

  1. Arquivo Distrital de Évora, Paróquia de Santo André, Livro de Baptismos, Liv. 18, cx. 6, fl. 19v.
  2. 2,0 2,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações Incompletas, Doc. 3933.
  3. Arquivo Distrital de Évora, Habilitações de Ordens Menores, Proc. 1535, Mç. 101.
  4. Arquivo Histórico Ultramarino, Carta Régia promovendo o posto de Tenente Coronel o Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha, 19 de Abril de 1761, Cx. 29, Doc. 5412.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da C. Corte Real, expondo os motivos por que negara por duas vezes licença ao sargento-mor engenheiro Manuel Cardoso Saldanha, para se retirar para o reino, 18 de Dezembro de 1758, AHU_ACL_CU_005, Cx. 21, Doc. 3886.
  6. 6,0 6,1 6,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Carta de Manuel Cardoso Saldanha para Tomé J. da Costa Corte Real, instando pela licença régia que lhe permitisse regressar ao Reino e pedindo que lhe fosse dada a patente de Coronel Engenheiro, 29 de Julho de 1759, AHU_ACL_CU_005, Cx. 24, Doc. 4472.
  7. Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, em que se refere à licença concedida a Manuel Cardoso de Saldanha para recolher ao Reino, 28 de Junho de 1766, Cx. 38, Doc. 7085.
  8. 8,0 8,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participa o falecimento do Tenente Coronel Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha, 26 de Março de 1767, Cx. 40, Doc. 7549.
  9. Arquivo Histórico Militar, Carta de Patentes, Manuel Cardoso Saldanha, CF. 482.
  10. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, Lv. 40, fl. 408. Sousa Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 1:162-163.
  11. Arquivo Histórico Ultramarino, Vedoria Geral de Artilharia, Requerimento Decreto e Patente do Conselho Ultramarino porque Sua Majestade provê no posto de Sargento Maior do Estado da Bahia por tempo de oito anos a Manuel Cardoso Saldanha, fl. 226.
  12. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. José I, Lv. 15, fl. 432. Sousa Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 1:162-163.
  13. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, Lv. 40, fl. 408.
  14. Arquivo Histórico Ultramarino, Requerimento do Sargento-Mor Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha e do ajudante da artilharia da cidade da Bahia Pedro Rosa ao Rei (D. José) solicitando se lhes paguem os soldos desde o dia em que embarcaram, AHU_ACL_CU_005, Cx. 104, Doc. 8190.
  15. Arquivo Histórico Ultramarino, Carta Régia louvando os serviços prestados por João Pedro Henriques da Silva, Manuel Cardoso de Saldanha e Francisco da Cunha Araújo, na comissão que desempenharam na Serra dos Montes Altos, 18 de Abril de 1764, Cx. 29, Doc. 5416.
  16. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Braga, João José Lopes, “Memórias e mais papéis pertencentes às Irmandades do Ss. Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia”, Anais da Biblioteca Nacional, vol. 68.
  17. Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Ordens Régias, Provisões, Alvarás, Provedoria da Fazenda da Bahia, 1625-1769, colecção 537, fl. 127.
  18. Sobre este assunto ver: Smith, “Nossa Senhora da Conceição da Praia and the joanine style in Brazil”.
  19. Smith, “Jesuit buildings in Brazil”, 187-213.
  20. Arquivo Histórico Ultramarino, Carta de Manuel Cardoso de Saldanha ao Rei [D. José] sobre o parecer das obras de ampliação da Casa da Moeda da cidade da Bahia, 17 de Maio de 1754, AHU_ACL_CU_005, Cx. 119, Doc. 9325.
  21. Oliveira, As fortificações portuguesas de Salvador, 121-122.
  22. Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, perfil, fachada e a metade da casa em que se fabricou a pólvora na cidade da Bahia, D-259-V.
  23. Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, fachada, perfil para cento e vinte quartéis desenhados no sítio de Nossa Senhora da Piedade, D-203-A.
  24. Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, perfil, fachadas dos quartéis que se acham fabricados no sítio de Nossa Senhora da Palma, D-204-A.
  25. Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre a exploração do salitre na Serra dos Montes Altos, 4 de Setembro de 1757, Cx. 14, Doc. 2640; Idem, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, em que participa ter nomeado, em virtude das ordens que recebera, o Desembargador João pedro Henriques da Silva, o Alferes de Infantaria Francisco da Cunha de Araújo e o Sargento Maior Engenheiro Manuel Cardoso Saldanha para irem à Serra dos Montes Altos, 19 de Maio de 1758, Cx. 19, Doc. 3428.
  26. Arquivo Histórico Ultramarino, Planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos, na qual se mostram os lugares examinados pelos comissários encarregados da exploração do salitre. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar desta cidade e comissário dos exames da sobredita Serra para averiguação do salitre que nela existe e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar da mesma cidade da Bahia, 19 de Setembro de 1758, Cx. 19. Doc. 3607; Idem, Planta corográfica da estrada que principiando na Serra dos Montes Altos, vem finalizar no Porto de S. Felix, defronte da Vila da Cachoeira, no Rio Paraguassú, que vem fazer barra no mar defronte da Ilha de Itaparica na enseada, em que o mar se recolhe a fazer o porto da Cidade da Bahia. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar desta cidade da Bahia, 16 de Setembro de 1758, Cx. 19, Doc. 3608.
  27. Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício dos Governadores interinos para Francisco Xavier Mendonça. No qual informa acerca da representação do tesoureiro mor da Sé, João Borges de Barros, sobre as reparações de que carecia o edifício da Catedral e participando que o Tenente Coronel Manuel Cardoso Saldanha e o Capitão José António Caldas haviam elaborado o projecto das obras a fazer, 4 de Setembro de 1761, AHU_ACL_CU_005, Cx. 28, Doc. 5378.
  28. Arquivo Histórico Ultramarino, Carta régia dirigida ao Governo interino da Bahia, ordenando que Manuel Cardoso de Saldanha e Luís de Almeida Pimentel fossem à Serra dos Montes Altos estabelecer as fábricas do salitre, 19 de Abril de 1761, Cx. 32, Doc. 6011.
  29. Arquivo Histórico Ultramarino, Carta particular de Manuel Cardoso Saldanha para o Conde de Oeiras em que o informa acerca da comissão de serviço que fora desempenhar à Serra dos Montes Altos para a exploração do salitre, 16 de Setembro de 1762, Cx. 32, Doc. 6010; Idem, Carta de Manuel Cardoso de Saldanha para o Conde de Oeiras em que se refere à produção da fábrica de salitre da Serra dos Montes Altos e ao seu regresso à Bahia, onde chegara a 26 de Março. 30 de Abril de 1763, Cx. 33, Doc. 6084.
  30. Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do governo interino para Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Cx. 37, Doc. 7006.

Fontes

Arquivo Distrital de Évora, Paróquia de Santo André, Livro de Baptismos, Liv. 18, cx. 6, fl. 19v.

Arquivo Distrital de Évora, Habilitações de Ordens Menores, Proc. 1535, Mç. 101.

Arquivo Histórico Militar, Carta de Patentes, Manuel Cardoso Saldanha, CF. 482.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, no qual participa o falecimento do Tenente Coronel Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha, 26 de Março de 1767, Cx. 40, Doc. 7549.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta Régia promovendo o posto de Tenente Coronel o Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha, 19 de Abril de 1761, Cx. 29, Doc. 5412.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da C. Corte Real, expondo os motivos por que negara por duas vezes licença ao sargento-mor engenheiro Manuel Cardoso Saldanha, para se retirar para o reino, 18 de Dezembro de 1758, AHU_ACL_CU_005, Cx. 21, Doc. 3886.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta de Manuel Cardoso Saldanha para Tomé J. da Costa Corte Real, instando pela licença régia que lhe permitisse regressar ao Reino e pedindo que lhe fosse dada a patente de Coronel Engenheiro, 29 de Julho de 1759, AHU_ACL_CU_005, Cx. 24, Doc. 4472.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Governador Conde da Azambuja para Francisco Xavier de Mendonça, em que se refere à licença concedida a Manuel Cardoso de Saldanha para recolher ao Reino, 28 de Junho de 1766, Cx. 38, Doc. 7085.

Arquivo Histórico Ultramarino, Vedoria Geral de Artilharia, Requerimento Decreto e Patente do Conselho Ultramarino porque Sua Majestade provê no posto de Sargento Maior do Estado da Bahia por tempo de oito anos a Manuel Cardoso Saldanha, fl. 226.

Arquivo Histórico Ultramarino, Requerimento do Sargento-Mor Engenheiro Manuel Cardoso de Saldanha e do ajudante da artilharia da cidade da Bahia Pedro Rosa ao Rei (D. José) solicitando se lhes paguem os soldos desde o dia em que embarcaram, AHU_ACL_CU_005, Cx. 104, Doc. 8190.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta Régia louvando os serviços prestados por João Pedro Henriques da Silva, Manuel Cardoso de Saldanha e Francisco da Cunha Araújo, na comissão que desempenharam na Serra dos Montes Altos, 18 de Abril de 1764, Cx. 29, Doc. 5416.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta de Manuel Cardoso de Saldanha ao Rei [D. José] sobre o parecer das obras de ampliação da Casa da Moeda da cidade da Bahia, 17 de Maio de 1754, AHU_ACL_CU_005, Cx. 119, Doc. 9325.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre a exploração do salitre na Serra dos Montes Altos, 4 de Setembro de 1757, Cx. 14, Doc. 2640.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do Vice-Rei Conde dos Arcos para Tomé Joaquim da Costa Corte Real, em que participa ter nomeado, em virtude das ordens que recebera, o Desembargador João pedro Henriques da Silva, o Alferes de Infantaria Francisco da Cunha de Araújo e o Sargento Maior Engenheiro Manuel Cardoso Saldanha para irem à Serra dos Montes Altos, 19 de Maio de 1758, Cx. 19, Doc. 3428.

Arquivo Histórico Ultramarino, Planta topográfica e prospectos da Serra dos Montes Altos, na qual se mostram os lugares examinados pelos comissários encarregados da exploração do salitre. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente da Academia Militar desta cidade e comissário dos exames da sobredita Serra para averiguação do salitre que nela existe e feita por José António Caldas, académico numerário da Academia Militar da mesma cidade da Bahia, 19 de Setembro de 1758, Cx. 19. Doc. 3607.

Arquivo Histórico Ultramarino, Planta chorográfica da estrada que principiando na Serra dos Montes Altos, vem finalizar no porto de São Félix, defronte da Vila da Cachoeira, no Rio Paraguassú, que vem fazer barra no mar defronte da Ilha de Itaparicana enseada, em que o mar se recolhe a fazer o porto da Cidade da Bahia. Observada e delineada por Manuel Cardoso Saldanha, sargento-mor de infantaria com exercício de Engenheiro. Lente actual da Academia Militar e feita por José António Caldas, Académico da Academia Militar desta cidade da Bahia, 16 de Setembro de 1758, Cx. 19. Doc. 3608.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício dos Governadores interinos para Francisco Xavier Mendonça. No qual informa acerca da representação do tesoureiro mor da Sé, João Borges de Barros, sobre as reparações de que carecia o edifício da Catedral e participando que o Tenente Coronel Manuel Cardoso Saldanha e o Capitão José António Caldas haviam elaborado o projecto das obras a fazer, 4 de Setembro de 1761, AHU_ACL_CU_005, Cx. 28, Doc. 5378.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta régia dirigida ao Governo interino da Bahia, ordenando que Manuel Cardoso de Saldanha e Luís de Almeida Pimentel fossem à Serra dos Montes Altos estabelecer as fábricas do salitre, 19 de Abril de 1761, Cx. 32, Doc. 6011.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta particular de Manuel Cardoso Saldanha para o Conde de Oeiras em que o informa acerca da comissão de serviço que fora desempenhar à Serra dos Montes Altos para a exploração do salitre, 16 de Setembro de 1762, Cx. 32, Doc. 6010.

Arquivo Histórico Ultramarino, Carta de Manuel Cardoso de Saldanha para o Conde de Oeiras em que se refere à produção da fábrica de salitre da Serra dos Montes Altos e ao seu regresso à Bahia, onde chegara a 26 de Março. 30 de Abril de 1763, Cx. 33, Doc. 6084.

Arquivo Histórico Ultramarino, Ofício do governo interino para Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Cx. 37, Doc. 7006.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações Incompletas, Doc. 3933.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, Lv. 40, fl. 408.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. José I, Lv. 15, fl. 432.

Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Braga, João José Lopes, “Memórias e mais papéis pertencentes às Irmandades do Ss. Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição da Praia”, Anais da Biblioteca Nacional, vol. 68.

Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Ordens Régias, Provisões, Alvarás, Provedoria da Fazenda da Bahia, 1625-1769, colecção 537, fl. 127.

Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, fachada, perfil para cento e vinte quartéis desenhados no sítio de Nossa Senhora da Piedade, D-203-A.

Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, perfil, fachada e a metade da casa em que se fabricou a pólvora na cidade da Bahia, D-259-V.

Biblioteca Nacional de Portugal, Caldas, José António, Planta, perfil, fachadas dos quartéis que se acham fabricados no sítio de Nossa Senhora da Palma, D-204-A.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Bibliografia

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Oliveira, Mário Mendonça de. As fortificações portuguesas de Salvador quando Cabeça do Brasil. Salvador da Bahia: Fundação Gregório de Matos, 2004.

Oliveira, Myriam Andrade Ribeiro. Rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2003.

Seixas, Raquel. “O barroco na arquitectura religiosa: entre Portugal e o Brasil. O modelo das torres oblíquas.” Em Universo Barroco Iberoamericano: espácios y muros del Barroco Iberoamericano, 259-278. Vol. 6. Santiago de Compsotela e Sevilha: Andavira Editora, 2019.

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Smith, Robert. Arquitectura colonial baiana: alguns aspectos da sua história. Salvador: SciELO – EDUFBA, 2010.

Smith, Robert. Robert Smith e o Brasil. Arquitectura e Urbanismo. Vol. 1. [s.l.]: Iphan, 2012.

Ligações Externas

Manuel Cardoso de Saldanha In Wikipédia.

Manuel Cardoso de Saldanha In Fortalezas.

Manuel Cardoso de Saldanha In Rede Memória.

Autor(es) do artigo

Raquel Seixas

IHA - Instituto de História de Arte, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

https://orcid.org/0000-0003-2776-4644

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/.34619/z7al-k1kl

Citar este artigo

Seixas, Raquel. "Manuel Cardoso de Saldanha", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 29/05/2023). Consultado a 28 de março de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Manuel_Cardoso_de_Saldanha. DOI: https://doi.org/.34619/z7al-k1kl