Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho: diferenças entre revisões

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==História== <!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
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Margarida: Mas, na verdade, sabemos ainda muito pouco acerca do modo como as reformas curriculares de 1763 foram efectivamente aplicadas na Aula de Lisboa, bem como o grau de influência que tiveram na própria extinção da Aula de Fortificação em 1779, aparentemente dando lugar à Real Academia da Marinha, também mencionada como Academia das Reais Aulas da Marinha e, em 1811, como Real Academia de Marinha e Comércio. De início, terá funcionado nas instalações do Real Colégio dos Nobres. Em 1780 registava-se aí a docência de Custódio Gomes de Vilas Boas, que publicou Curso de Matematicas (Lisboa, 1786), tradução do tratado de mecânica de Étienne Bezout. Em 1796 o curso tinha a duração de três anos lectivos e, observando as matérias leccionadas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria linear e esférica, aplicações matemáticas à ciência náutica, construções navais e portuárias, táctica naval), com lições e prática de laboratório diárias, conclui-se que se tratava de uma formação completa em matemáticas puras e aplicadas (Delson, 1999: 238). Enquanto lente desta academia, Mateus Valente do Couto publicou Breve tratado de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1803) e Tratado de Trigonometria Rectilínea e de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1819). Paralelamente, e não sem criar alguns equívocos na destrinça das várias academias, cada vez com conteúdos mais particularizados, regista-se em 1782 a criação da Academia de Guardas Marinhas, mais vocacionada para a marinha de guerra, onde foi lente entre 1791 e 1811 Eusédio Dias Azedo que publicou Construção e analyse das proposições geometricas e experiencias praticas, que servem de fundamento à Architectura Naval (Lisboa,1798). Nesse mesmo período destaca-se a docência de António Pires da Silva Pontes, natural de Minas Gerais, Doutor em Matemtática pela Universidade de Coimbra, sócio da Academia das Ciências e que assinou a já citada Carta Geographica do Brasil…, (Araujo, 2000:), um currículo muito abreviado, mas que demonstra bem a complexidade da rede de academias, denunciando ao mesmo tempo a dificuldade de levar à prática a especialização institucionalmente determinada, sendo por demais evidente uma efectiva polivalência profissional, em última análise induzida pelo próprio espírito enciclopédico.
Verifica-se assim que, uma vez extinta a velha Aula de Fortificação em 1779, tardou a organizar-se uma instituição de inequívoca orientação militar, já que a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho apenas foi decretada em 1790 (transformada em Escola do Exército na reforma de 1837). A estrutura do curso incluía toda a gama das matemáticas, bem como hidráulica e construção de edifícios, etc. (ver esquema das disciplinas), revelando até que ponto foi complexa e lenta a separação entre a ciência militar tout court, a engenharia e a arquitectura. Aspecto visível numa brevíssima amostra dos manuais adoptados e escritos pelos próprios lentes: Compêndio de Minas de José António Rosa, de leitura obrigatória entre 1791 e 1834; Regras de Desenho para a delineação das plantas, perfis e perspectivas pertencentes à architectura militar e civil…, por Antonio José Moreira (Lisboa, 1793); Compendio Militar, escripto segundo a doutrina dos melhores auctores … (Lisboa, 1796, 3 tomos), de Matias José Dias Azedo, o autor do plano defensivo (e vitorioso) das Linhas de Torres, que tinha coordenado a monumental tradução, realizada por um colectivo de professores, do manual de artilharia de Alessandro d’Antoni, publicado sob o título Architectura Militar (Lisboa, 1790, 9 tomos), que conheceu sucessivas edições.


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Revisão das 15h08min de 17 de agosto de 2022


Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho
(A.R.F.A.D.)
Outras denominações Academia Real de Fortificação, Academia de Fortificação‎, Academia de Fortificação de Lisboa‎
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 2 fevereiro 1790
Data de extinção 12 janeiro 1837
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Arsenal do Exército, Lisboa,-
Início: 02 de fevereiro de 1790
Fim: 18 de junho de 1793

Localização Palácio da Regência, Lisboa,-
Início: 18 de julho de 1793
Fim: 1795

Localização Lisboa, Lisboa, Portugal
Início: 1795
Fim: 1796

Localização Palácio Calhariz-Palmela, Lisboa,-
Início: 1796
Fim: 1810
Localização Lisboa, Lisboa, Portugal
Início: 1810
Fim: 1811

Localização Palácio Calhariz-Palmela, Lisboa,-
Início: 1811
Fim: 1823

Localização
Lisboa, Lisboa, Portugal
Início: 1823
Fim: 1825
Localização Palácio Calhariz-Palmela, Lisboa,-
Início: 1825
Fim: 27 de dezembro de 1836
Antecessora Aula de Fortificação de Lisboa

Sucessora Escola do Exército


História

Margarida: Mas, na verdade, sabemos ainda muito pouco acerca do modo como as reformas curriculares de 1763 foram efectivamente aplicadas na Aula de Lisboa, bem como o grau de influência que tiveram na própria extinção da Aula de Fortificação em 1779, aparentemente dando lugar à Real Academia da Marinha, também mencionada como Academia das Reais Aulas da Marinha e, em 1811, como Real Academia de Marinha e Comércio. De início, terá funcionado nas instalações do Real Colégio dos Nobres. Em 1780 registava-se aí a docência de Custódio Gomes de Vilas Boas, que publicou Curso de Matematicas (Lisboa, 1786), tradução do tratado de mecânica de Étienne Bezout. Em 1796 o curso tinha a duração de três anos lectivos e, observando as matérias leccionadas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria linear e esférica, aplicações matemáticas à ciência náutica, construções navais e portuárias, táctica naval), com lições e prática de laboratório diárias, conclui-se que se tratava de uma formação completa em matemáticas puras e aplicadas (Delson, 1999: 238). Enquanto lente desta academia, Mateus Valente do Couto publicou Breve tratado de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1803) e Tratado de Trigonometria Rectilínea e de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1819). Paralelamente, e não sem criar alguns equívocos na destrinça das várias academias, cada vez com conteúdos mais particularizados, regista-se em 1782 a criação da Academia de Guardas Marinhas, mais vocacionada para a marinha de guerra, onde foi lente entre 1791 e 1811 Eusédio Dias Azedo que publicou Construção e analyse das proposições geometricas e experiencias praticas, que servem de fundamento à Architectura Naval (Lisboa,1798). Nesse mesmo período destaca-se a docência de António Pires da Silva Pontes, natural de Minas Gerais, Doutor em Matemtática pela Universidade de Coimbra, sócio da Academia das Ciências e que assinou a já citada Carta Geographica do Brasil…, (Araujo, 2000:), um currículo muito abreviado, mas que demonstra bem a complexidade da rede de academias, denunciando ao mesmo tempo a dificuldade de levar à prática a especialização institucionalmente determinada, sendo por demais evidente uma efectiva polivalência profissional, em última análise induzida pelo próprio espírito enciclopédico.

Verifica-se assim que, uma vez extinta a velha Aula de Fortificação em 1779, tardou a organizar-se uma instituição de inequívoca orientação militar, já que a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho apenas foi decretada em 1790 (transformada em Escola do Exército na reforma de 1837). A estrutura do curso incluía toda a gama das matemáticas, bem como hidráulica e construção de edifícios, etc. (ver esquema das disciplinas), revelando até que ponto foi complexa e lenta a separação entre a ciência militar tout court, a engenharia e a arquitectura. Aspecto visível numa brevíssima amostra dos manuais adoptados e escritos pelos próprios lentes: Compêndio de Minas de José António Rosa, de leitura obrigatória entre 1791 e 1834; Regras de Desenho para a delineação das plantas, perfis e perspectivas pertencentes à architectura militar e civil…, por Antonio José Moreira (Lisboa, 1793); Compendio Militar, escripto segundo a doutrina dos melhores auctores … (Lisboa, 1796, 3 tomos), de Matias José Dias Azedo, o autor do plano defensivo (e vitorioso) das Linhas de Torres, que tinha coordenado a monumental tradução, realizada por um colectivo de professores, do manual de artilharia de Alessandro d’Antoni, publicado sob o título Architectura Militar (Lisboa, 1790, 9 tomos), que conheceu sucessivas edições.

Outras informações

Professores

Curricula

Notas


Fontes

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 27-32.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1886, pp. 218-220.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1886, pp. 196-198.

Bibliografia

Ligações Internas

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Financiamento

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DOI

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