Mitra: diferenças entre revisões

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Mitra ou mithra. Diz Scaliger que é palavra siríaca que responde ao diadema dos gregos e à banda, fita ou touca que nos antigos sacrifícios da gentilidade romana, os sacerdotes e as vítimas traziam na cabeça e a que os latinos chamam ''vitta''. Foi a mitra ornamento da cabeça das mulheres da Lídia, Frígia, Egipto e Síria (...) Hoje a mitra é insígnia da prelazia que os bispos, arcebispos, abades e alguns priores regulares trazem na cabeça em actos pontificais. Antes do ano 1000 não fazem os autores menção alguma de mitras. Também os cardeais trouxeram mitras, primeiro que usassem de capelo que lhes foi concedido no Concílio Lugdunense do ano de 1245. A divisão da mitra em duas partes tem muitas significações e entre outras significa a notícia que o prelado que a traz deve ter de um e outro Testamento. Também significa ser suprema a dignidade episcopal, por isso o bispo tendo-a na cabeça fica eminente a todos. Usam os bispos de três mitras diferentes, conforme a diferença dos tempos e festas do ano. Uma se chama mitra simples, outra mitra aurofregiata ou auriphrigiata e outra mitra preciosa. A mitra simples não tem ouro algum, pode ser de damasco ou tafetá ou de um pano muito alvo de linho fino como cambrai e acairelada ao redor de retrós vermelho com franjas também vermelhas, nas pontas das fitas que caem para trás e todas hão-de ser vermelhas. Mitra aurofregiata não tem bordados nem pedraria de valor, mas tem alguma coisa bordada de ouro ligeira de algum lavor nela ou de tela de ouro ligeira, acairelada de ouro ao redor. A mitra preciosa é toda bordada de ouro e com pedras preciosas de valor e pérolas ou ornada de peças e lâminas de ouro ou prata, de maneira que corresponda ao nome que se lhe dá de preciosa. Aos cónegos de algumas catedrais concedeu o papa o privilégio de trazer mitras, entre outros os cónegos da igreja catedral de Lyon em França, têm título de condes e assistem na igreja com mitras na cabeça<ref>Bluteau, ''Vocabulario Portuguez e latino'' (Tomo V: M), 516-517.</ref>.
Mitra ou mithra. Diz Scaliger que é palavra siríaca que responde ao diadema dos gregos e à banda, fita ou touca que nos antigos sacrifícios da gentilidade romana, os sacerdotes e as vítimas traziam na cabeça e a que os latinos chamam ''vitta''. Foi a mitra ornamento da cabeça das mulheres da Lídia, Frígia, Egipto e Síria (...) Hoje a mitra é insígnia da prelazia que os bispos, arcebispos, abades e alguns priores regulares trazem na cabeça em actos pontificais. Antes do ano 1000 não fazem os autores menção alguma de mitras. Também os cardeais trouxeram mitras, primeiro que usassem de capelo que lhes foi concedido no Concílio Lugdunense do ano de 1245. A divisão da mitra em duas partes tem muitas significações e entre outras significa a notícia que o prelado que a traz deve ter de um e outro Testamento. Também significa ser suprema a dignidade episcopal, por isso o bispo tendo-a na cabeça fica eminente a todos. Usam os bispos de três mitras diferentes, conforme a diferença dos tempos e festas do ano. Uma se chama mitra simples, outra mitra aurofregiata ou auriphrigiata e outra mitra preciosa. A mitra simples não tem ouro algum, pode ser de damasco ou tafetá ou de um pano muito alvo de linho fino como cambrai e acairelada ao redor de [[retrós]] vermelho com franjas também vermelhas, nas pontas das fitas que caem para trás e todas hão-de ser vermelhas. Mitra aurofregiata não tem bordados nem pedraria de valor, mas tem alguma coisa bordada de ouro ligeira de algum lavor nela ou de tela de ouro ligeira, acairelada de ouro ao redor. A mitra preciosa é toda bordada de ouro e com pedras preciosas de valor e pérolas ou ornada de peças e lâminas de ouro ou prata, de maneira que corresponda ao nome que se lhe dá de preciosa. Aos cónegos de algumas catedrais concedeu o papa o privilégio de trazer mitras, entre outros os cónegos da igreja catedral de Lyon em França, têm título de condes e assistem na igreja com mitras na cabeça<ref>Bluteau, ''Vocabulario Portuguez e latino'' (Tomo V: M), 516-517.</ref>.


==Referências bibliográficas==
==Referências bibliográficas==

Revisão das 01h41min de 21 de setembro de 2019

Mitra ou mithra. Diz Scaliger que é palavra siríaca que responde ao diadema dos gregos e à banda, fita ou touca que nos antigos sacrifícios da gentilidade romana, os sacerdotes e as vítimas traziam na cabeça e a que os latinos chamam vitta. Foi a mitra ornamento da cabeça das mulheres da Lídia, Frígia, Egipto e Síria (...) Hoje a mitra é insígnia da prelazia que os bispos, arcebispos, abades e alguns priores regulares trazem na cabeça em actos pontificais. Antes do ano 1000 não fazem os autores menção alguma de mitras. Também os cardeais trouxeram mitras, primeiro que usassem de capelo que lhes foi concedido no Concílio Lugdunense do ano de 1245. A divisão da mitra em duas partes tem muitas significações e entre outras significa a notícia que o prelado que a traz deve ter de um e outro Testamento. Também significa ser suprema a dignidade episcopal, por isso o bispo tendo-a na cabeça fica eminente a todos. Usam os bispos de três mitras diferentes, conforme a diferença dos tempos e festas do ano. Uma se chama mitra simples, outra mitra aurofregiata ou auriphrigiata e outra mitra preciosa. A mitra simples não tem ouro algum, pode ser de damasco ou tafetá ou de um pano muito alvo de linho fino como cambrai e acairelada ao redor de retrós vermelho com franjas também vermelhas, nas pontas das fitas que caem para trás e todas hão-de ser vermelhas. Mitra aurofregiata não tem bordados nem pedraria de valor, mas tem alguma coisa bordada de ouro ligeira de algum lavor nela ou de tela de ouro ligeira, acairelada de ouro ao redor. A mitra preciosa é toda bordada de ouro e com pedras preciosas de valor e pérolas ou ornada de peças e lâminas de ouro ou prata, de maneira que corresponda ao nome que se lhe dá de preciosa. Aos cónegos de algumas catedrais concedeu o papa o privilégio de trazer mitras, entre outros os cónegos da igreja catedral de Lyon em França, têm título de condes e assistem na igreja com mitras na cabeça[1].

Referências bibliográficas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo V: M), 516-517.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo V: Letra K-NYS. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1716.