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==Definição==
==Definição==


===Glossário=== 
 
Ou pano de frisa. Pano de lã a modo de baeta, mas mais corpulento. Chamaram-lhe assim porque antigamente se tecia este pano em Frisa de Alemanha, porque em autores antigos se acha em latim bárbaro ''fresonica'' ou ''frisonica''. O monge de S. Gal. Livro 2 da vida de Carlos magno diz ''Palla Frisonica alba, cana, vermiculata, vel Saphyrina'' ou se deriva frisa do francês ''Frise'' que vale o mesmo que crespo porque tem a frisa o pêlo de la, como retorcido e crespo. No cap. 19 do livro 24 Adversarias, diz Turnebo que os antigos chamavam ''Phrixianas vestes'' aos vestidos de pano felpudo e crespo, como o velo de ouro que era chamado ''Phrixianum vellus'' por amor de ''Phrixo'' que foi o primeiro possuidor dele, ''sunt autem'' (diz este autor) ''phrixianae vestes quae phrixaea velleris crispos et eminentes villos imitantur''. O que ele prova com este lugar de Séneca, Livro I, cap. 3. ''Debenefici. Inveniam alium poetam; apud quem praecinguanitur, et spissis, aut Phrixianis prodeat'' e esta casta de pano é o contrário de outra que é raza de uma e outra faz Plínio menção no cap. 48 do livro 8, onde diz ''Togas rasas phrigianasque Divo Augusto novissimis temporibus cepisse scribit Fenestella''. Neste lugar (segundo o dito Turnebo) se há-de ler ''Phrixianas'' em lugar de ''Phrigianas''. Poderia ser que de ''Phrixiana vestis'' se derivasse ''frisa'' já que a qualidade do pano vem ser a mesma. Frisa . ''Pannus laneaus crispis'' ou ''intortis vilis''.
Ou pano de frisa. Pano de lã a modo de baeta, mas mais corpulento. Chamaram-lhe assim porque antigamente se tecia este pano em Frisa de Alemanha, porque em autores antigos se acha em latim bárbaro ''fresonica'' ou ''frisonica''. O monge de S. Gal. Livro 2 da vida de Carlos magno diz ''Palla Frisonica alba, cana, vermiculata, vel Saphyrina'' ou se deriva frisa do francês ''Frise'' que vale o mesmo que crespo porque tem a frisa o pêlo de la, como retorcido e crespo. No cap. 19 do livro 24 Adversarias, diz Turnebo que os antigos chamavam ''Phrixianas vestes'' aos vestidos de pano felpudo e crespo, como o velo de ouro que era chamado ''Phrixianum vellus'' por amor de ''Phrixo'' que foi o primeiro possuidor dele, ''sunt autem'' (diz este autor) ''phrixianae vestes quae phrixaea velleris crispos et eminentes villos imitantur''. O que ele prova com este lugar de Séneca, Livro I, cap. 3. ''Debenefici. Inveniam alium poetam; apud quem praecinguanitur, et spissis, aut Phrixianis prodeat'' e esta casta de pano é o contrário de outra que é raza de uma e outra faz Plínio menção no cap. 48 do livro 8, onde diz ''Togas rasas phrigianasque Divo Augusto novissimis temporibus cepisse scribit Fenestella''. Neste lugar (segundo o dito Turnebo) se há-de ler ''Phrixianas'' em lugar de ''Phrigianas''. Poderia ser que de ''Phrixiana vestis'' se derivasse ''frisa'' já que a qualidade do pano vem ser a mesma. Frisa . ''Pannus laneaus crispis'' ou ''intortis vilis''.


Frisa de pano. O pêlo que no pano cobre os fios. ''Flocus, i. Masc.'' Sobre esta palavra diz Calepino. ''In vestibus item flocci dicuntur lanae particulae eminentiores quae filum tegunt. Unde celsus signa morti feri morbi esse scribit si quis in febre et acuto morbo, manibus in veste floccos legit fimbriasque diducit''. Também lhe poderás chamar ''Panni villus, i. Masc.'' Limpando o cotão e arrancando a frisa do vestido. Lobo, Corte na Aldeia, Dial. 8, pág. 170. Com cotão ou frisa por cima alveitar do rego, 229.
Frisa de pano. O pêlo que no pano cobre os fios. ''Flocus, i. Masc.'' Sobre esta palavra diz Calepino. ''In vestibus item flocci dicuntur lanae particulae eminentiores quae filum tegunt. Unde celsus signa morti feri morbi esse scribit si quis in febre et acuto morbo, manibus in veste floccos legit fimbriasque diducit''. Também lhe poderás chamar ''Panni villus, i. Masc.'' Limpando o cotão e arrancando a frisa do vestido. Lobo, Corte na Aldeia, Dial. 8, pág. 170. Com cotão ou frisa por cima alveitar do rego, 229.


Cavalinho ou cavalo de Frisa. Termo de fortificação ''Vid.'' Cavalo em português temos declarado no seu lugar a construção e uso deste engenho militar. (...)<ref>Bluteau, ''Vocabulario Portuguez e latino'' (Tomo IV: F), 216-217.</ref>.
Cavalinho ou cavalo de Frisa. Termo de fortificação ''Vid.'' Cavalo em português temos declarado no seu lugar a construção e uso deste engenho militar. (...)<ref>Bluteau, ''Vocabulário Português e Latino,'' letra F: 216-217.</ref>.


Tecido grosseiro de lã oriundo da Frísia, região do norte da Holanda com a qual Portugal manteve contactos comerciais ; o pêlo do pano ; tecido grosso de lã, semelhante à [[baeta]] ; pêlos encrespados de um pano ; pêlos que num tecido cobrem os fios. (Cf. Glossário Portas Adentro).


O pêlo do pano. Pano que tem frisa ou pêlo. Tecido grosseiro de lã. Pêlo encrespado, existente no pano. Lã grosseira usada para calafetar embarcações<ref name=":0">Costa, "Glossário", 147.</ref>.


Tecido grosseiro de lã oriundo da Frísia, região do norte da Holanda com a qual Portugal manteve contactos comerciais ; o pêlo do pano ; tecido grosso de lã, semelhante à [[baeta]] ; pêlos encrespados de um pano ; pêlos que num tecido cobrem os fios. [http://www.portasadentro.ics.uminho.pt/f.asp Cf. Glossário Portas Adentro, ICS-uMinho]
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===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
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Pelas suas características este tecido era usado para calafetar embarcações<ref name=":0" />.


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==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
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==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Bluteau, Rafael, ''Vocabulário Português e Latino…'', 8 vols. e 2 Suplementos. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.
Bluteau, Rafael. ''Vocabulário Português e Latino…'' Vol. 4. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.
 
Dias, Aida Fernanda. ''Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.'' Vol. 6. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2003.


Dias, Aida Fernanda, ''Cancioneiro Geral de Garcia de Resende'', vol. VI. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2003.
Manuela Pinto da Costa, "Glossário de termos têxteis e afins". ''Revista da Faculdade de Letras. Ciências e técnicas do património'' 3, I. ª s. (2004): 137-161.


Moraes, António de, ''Dicionário da Língua Portuguesa'', 2.ª ed., 2 vols. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813.
Moraes, António de. ''Dicionário da Língua Portuguesa'', 2.ª ed. Vol. 2. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813.


Moraes, António de, ''Grande Dicionário da Língua Portuguesa'', 10.ª ed., 12 vols. Lisboa: Confluência, 1949-1957.
Moraes, António de. ''Grande Dicionário da Língua Portuguesa'', 10.ª ed. Vol. 5. Lisboa: Confluência, 1949-1957.


==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->[http://www.portasadentro.ics.uminho.pt/f.asp Glossário Portas Adentro, ICS-uMinho]


==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
André Filipe Neto e Maria Teresa Oliveira ; Andreia Fontenete Louro
 
* André Filipe Neto e Maria Teresa Oliveira (bolseiros de iniciação à investigação)
 
Projeto eViterbo, CHAM - Centro de Humanidades NOVA FCSH, 2017-18;
 
* Andreia Fontenete Louro (bolseira de iniciação à investigação)
 
Projeto DRESS, 2019;
 
* Inês Amaral Canhão (bolseira de iniciação à investigação)
 
Projeto Verão com Ciência, 2022;


==Financiamento==
==Financiamento==
Fundação Calouste Gulbenkian - Projetos de Investigação em Língua e Cultura Portuguesa 2019, Ref.: 227751.
VESTE _ Vestir a corte: traje, género e identidade(s), Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito da Norma Transitória - DL 57/2016/CP1453/CT0069.
 
DRESS _ Desenhar a moda das fontes quinhentistas, Fundação Calouste Gulbenkian, Projetos de Investigação em Língua e Cultura Portuguesa 2018, Ref.: 227751.
 
Verão com Ciência FCT, 2022.


==DOI==
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==Citar este artigo==
==Citar este artigo==
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[[Categoria: DRESS]]
[[Categoria: DRESS]]
[[Categoria: Glossário]]
[[Categoria: Materiais]]
[[Categoria: Holanda]]
[[Categoria:Têxteis]]
[[Categoria: Lã]]
[[Categoria: Objectos]]
[[Categoria: Tecidos]]
[[Categoria: Têxteis]]
[[Categoria: Arquitectura]]

Edição atual desde as 14h41min de 4 de setembro de 2022

Definição

Ou pano de frisa. Pano de lã a modo de baeta, mas mais corpulento. Chamaram-lhe assim porque antigamente se tecia este pano em Frisa de Alemanha, porque em autores antigos se acha em latim bárbaro fresonica ou frisonica. O monge de S. Gal. Livro 2 da vida de Carlos magno diz Palla Frisonica alba, cana, vermiculata, vel Saphyrina ou se deriva frisa do francês Frise que vale o mesmo que crespo porque tem a frisa o pêlo de la, como retorcido e crespo. No cap. 19 do livro 24 Adversarias, diz Turnebo que os antigos chamavam Phrixianas vestes aos vestidos de pano felpudo e crespo, como o velo de ouro que era chamado Phrixianum vellus por amor de Phrixo que foi o primeiro possuidor dele, sunt autem (diz este autor) phrixianae vestes quae phrixaea velleris crispos et eminentes villos imitantur. O que ele prova com este lugar de Séneca, Livro I, cap. 3. Debenefici. Inveniam alium poetam; apud quem praecinguanitur, et spissis, aut Phrixianis prodeat e esta casta de pano é o contrário de outra que é raza de uma e outra faz Plínio menção no cap. 48 do livro 8, onde diz Togas rasas phrigianasque Divo Augusto novissimis temporibus cepisse scribit Fenestella. Neste lugar (segundo o dito Turnebo) se há-de ler Phrixianas em lugar de Phrigianas. Poderia ser que de Phrixiana vestis se derivasse frisa já que a qualidade do pano vem ser a mesma. Frisa . Pannus laneaus crispis ou intortis vilis.

Frisa de pano. O pêlo que no pano cobre os fios. Flocus, i. Masc. Sobre esta palavra diz Calepino. In vestibus item flocci dicuntur lanae particulae eminentiores quae filum tegunt. Unde celsus signa morti feri morbi esse scribit si quis in febre et acuto morbo, manibus in veste floccos legit fimbriasque diducit. Também lhe poderás chamar Panni villus, i. Masc. Limpando o cotão e arrancando a frisa do vestido. Lobo, Corte na Aldeia, Dial. 8, pág. 170. Com cotão ou frisa por cima alveitar do rego, 229.

Cavalinho ou cavalo de Frisa. Termo de fortificação Vid. Cavalo em português temos declarado no seu lugar a construção e uso deste engenho militar. (...)[1].

Tecido grosseiro de lã oriundo da Frísia, região do norte da Holanda com a qual Portugal manteve contactos comerciais ; o pêlo do pano ; tecido grosso de lã, semelhante à baeta ; pêlos encrespados de um pano ; pêlos que num tecido cobrem os fios. (Cf. Glossário Portas Adentro).

O pêlo do pano. Pano que tem frisa ou pêlo. Tecido grosseiro de lã. Pêlo encrespado, existente no pano. Lã grosseira usada para calafetar embarcações[2].

Referências documentais

Outras informações

Pelas suas características este tecido era usado para calafetar embarcações[2].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulário Português e Latino, letra F: 216-217.
  2. 2,0 2,1 Costa, "Glossário", 147.

Fontes

Bibliografia

Bluteau, Rafael. Vocabulário Português e Latino… Vol. 4. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.

Dias, Aida Fernanda. Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Vol. 6. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2003.

Manuela Pinto da Costa, "Glossário de termos têxteis e afins". Revista da Faculdade de Letras. Ciências e técnicas do património 3, I. ª s. (2004): 137-161.

Moraes, António de. Dicionário da Língua Portuguesa, 2.ª ed. Vol. 2. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813.

Moraes, António de. Grande Dicionário da Língua Portuguesa, 10.ª ed. Vol. 5. Lisboa: Confluência, 1949-1957.

Ligações Externas

Glossário Portas Adentro, ICS-uMinho

Autor(es) do artigo

  • André Filipe Neto e Maria Teresa Oliveira (bolseiros de iniciação à investigação)

Projeto eViterbo, CHAM - Centro de Humanidades NOVA FCSH, 2017-18;

  • Andreia Fontenete Louro (bolseira de iniciação à investigação)

Projeto DRESS, 2019;

  • Inês Amaral Canhão (bolseira de iniciação à investigação)

Projeto Verão com Ciência, 2022;

Financiamento

VESTE _ Vestir a corte: traje, género e identidade(s), Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito da Norma Transitória - DL 57/2016/CP1453/CT0069.

DRESS _ Desenhar a moda das fontes quinhentistas, Fundação Calouste Gulbenkian, Projetos de Investigação em Língua e Cultura Portuguesa 2018, Ref.: 227751.

Verão com Ciência FCT, 2022.

DOI

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