Academia Real de Marinha de Lisboa: diferenças entre revisões

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Primeira Aula: 145.
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Primeira Aula: 120.
Segunda; 19
Terceira: 14





Revisão das 14h16min de 22 de setembro de 2022


Academia Real de Marinha de Lisboa
(valor desconhecido)
Outras denominações Academia Real de Marinha e Comércio, Academia de Marinha de Lisboa, Academia das Reais Aulas da Marinha, Real Academia de Marinha e Comércio
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 5 agosto 1779
Data de extinção 11 janeiro 1837
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Colégio Real dos Nobres, Lisboa,-
Início: outubro de 1779
Fim: 11 de janeiro de 1837
Antecessora Aula de Fortificação de Lisboa

Sucessora Escola Politécnica de Lisboa, Escola Naval


História

Foi criada por Carta de Lei de D. Maria I a 5 de Agosto de 1779 e regulamentada em 1796[1], ano em que o presidente do Conselho do Almirantado fica encarregado de inspeccionar tudo o que a esta academia diga respeito e "fazer executar tudo o que se acha estabelecido para promover os Estudos, e instrução do Corpo dos Guardas Marinhas", devendo também propor à coroa tudo "o que julgar convir para melhorar" o estabelecimento, além de implementar os "Cruzeiros Regulares das Curvetas, para o ensino e prática dos Guardas Marinhas."[2]

Também em 1796, no mesmo decreto, manda D. Maria criar o Corpo de Engenheiros Construtores navais, cujo primeiro Construtor em Chefe será igualmente Primeiro Mestre da Escola de Construção, Desenho e Traçamento das Formas[3]. A Sala das Formas, onde se traçava e armazenava os desenhos de construção naval, partilhava o espaço com a Casa do Risco, no Arsenal da Marinha[4].


Frequência de alunos em 1792[5]:

Primeira Aula: 145.

Segunda; 20.

Terceira: 14.

Frequência de alunos em 1789[6]:

Primeira Aula: 120.

Segunda; 19

Terceira: 14




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Margarida: Mas, na verdade, sabemos ainda muito pouco acerca do modo como as reformas curriculares de 1763 foram efectivamente aplicadas na Aula de Lisboa, bem como o grau de influência que tiveram na própria extinção da Aula de Fortificação em 1779, aparentemente dando lugar à Real Academia da Marinha, também mencionada como Academia das Reais Aulas da Marinha e, em 1811, como Real Academia de Marinha e Comércio. De início, terá funcionado nas instalações do Real Colégio dos Nobres. Em 1780 registava-se aí a docência de Custódio Gomes de Vilas Boas, que publicou Curso de Matematicas (Lisboa, 1786), tradução do tratado de mecânica de Étienne Bezout. Em 1796 o curso tinha a duração de três anos lectivos e, observando as matérias leccionadas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria linear e esférica, aplicações matemáticas à ciência náutica, construções navais e portuárias, táctica naval), com lições e prática de laboratório diárias, conclui-se que se tratava de uma formação completa em matemáticas puras e aplicadas (Delson, 1999: 238). Enquanto lente desta academia, Mateus Valente do Couto publicou Breve tratado de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1803) e Tratado de Trigonometria Rectilínea e de Trigonometria Esférica (Lisboa, 1819). Paralelamente, e não sem criar alguns equívocos na destrinça das várias academias, cada vez com conteúdos mais particularizados, regista-se em 1782 a criação da Academia de Guardas Marinhas, mais vocacionada para a marinha de guerra, onde foi lente entre 1791 e 1811 Eusédio Dias Azedo que publicou Construção e analyse das proposições geometricas e experiencias praticas, que servem de fundamento à Architectura Naval (Lisboa,1798). Nesse mesmo período destaca-se a docência de António Pires da Silva Pontes, natural de Minas Gerais, Doutor em Matemtática pela Universidade de Coimbra, sócio da Academia das Ciências e que assinou a já citada Carta Geographica do Brasil…, (Araujo, 2000:), um currículo muito abreviado, mas que demonstra bem a complexidade da rede de academias, denunciando ao mesmo tempo a dificuldade de levar à prática a especialização institucionalmente determinada, sendo por demais evidente uma efectiva polivalência profissional, em última análise induzida pelo próprio espírito enciclopédico.

Verifica-se assim que, uma vez extinta a velha Aula de Fortificação em 1779, tardou a organizar-se uma instituição de inequívoca orientação militar, já que a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho apenas foi decretada em 1790 (transformada em Escola do Exército na reforma de 1837). A estrutura do curso incluía toda a gama das matemáticas, bem como hidráulica e construção de edifícios, etc. (ver esquema das disciplinas), revelando até que ponto foi complexa e lenta a separação entre a ciência militar tout court, a engenharia e a arquitectura. Aspecto visível numa brevíssima amostra dos manuais adoptados e escritos pelos próprios lentes: Compêndio de Minas de José António Rosa, de leitura obrigatória entre 1791 e 1834; Regras de Desenho para a delineação das plantas, perfis e perspectivas pertencentes à architectura militar e civil…, por Antonio José Moreira (Lisboa, 1793); Compendio Militar, escripto segundo a doutrina dos melhores auctores … (Lisboa, 1796, 3 tomos), de Matias José Dias Azedo, o autor do plano defensivo (e vitorioso) das Linhas de Torres, que tinha coordenado a monumental tradução, realizada por um colectivo de professores, do manual de artilharia de Alessandro d’Antoni, publicado sob o título Architectura Militar (Lisboa, 1790, 9 tomos), que conheceu sucessivas edições.

Outras informações

Professores

Professor: Custódio Gomes de Vilas Boas (1.º Tenente) (1780)[7].

Professor de matemática: Francisco de Borja Garção Stockler (Tenente-general)[8].

Curricula

Corpo docente em 1792 e 1793[9]:

Primeira Aula: Aritmética, Geometria, Trigonometria, e princípios de Álgebra

- Professor proprietário: Custódio Gomes Vilas-Boas (Sargento-mor de Artilharia)[10].

- Professor substituto: João Manuel de Abreu (Bacharel)[11].

Segunda Aula: Álgebra, Cálculo, e Mecânica

- Professor proprietário: Francisco de Borga Garção Stockler (Capitão de Artilharia)[12].

- Professor substituto: Manuel Jacinto Nogueira da Gama (Bacharel)[13].

Terceira Aula: Elementos de Astronomia, e Teoria da Navegação

- Professor proprietário: Francisco António Ciéra[14].

- Professor substituto: Manuel do Espírito Santo Limpo[15].


Corpo docente em 1789:

Primeira Aula: Aritmética, Geometria, Trigonometria, e princípios de Álgebra

- Professor proprietário: João Angelo Brunelli[16].

- Professor substituto: Francisco de Borga Garção Stockler (Capitão de Artilharia)[17].

Segunda Aula: Álgebra, Cálculo, e Mecânica

- Professor proprietário: Miguel Franzini[18].

- Professor substituto: Manuel do Espírito Santo Limpo[19].

Terceira Aula: Elementos de Astronomia, e Teoria da Navegação

- Professor proprietário: Francisco António Ciéra[14].

- Professor substituto: Custódio Gomes de Vilas-Boas (Capitão)[20].

Notas

  1. Regimento provisional para o serviço, e disciplina das esquadras, e navios da Armada Real que por ordem de Sua Majestade deve servir de regulamento., [1]
  2. "Lei de 26 de Outubro de 1796. Dando nova forma ao Conselho do Almirantado, e criando uma Junta de Fazenda da Marinha, e novo Corpo de Engenheiros Construtores" in Silva, António Delgado da. Collecção da legislação Portugueza desde a ultima compilação das ordenações: Legislação de 1791 a 1801. Vol. 4. Lisboa: Na tipografia Maigrense, 1828, p.307. [2].
  3. "Lei de 26 de Outubro de 1796. Dando nova forma ao Conselho do Almirantado, e criando uma Junta de Fazenda da Marinha, e novo Corpo de Engenheiros Construtores" in Silva, António Delgado da. Collecção da legislação Portugueza desde a ultima compilação das ordenações: Legislação de 1791 a 1801. Vol. 4. Lisboa: Na tipografia Maigrense, 1828, p.306 e pp.311-312. [3].
  4. Silva, Augusto Vieira da. Dispersos. 2ª. Vol. Vol 1. Biblioteca de Estudos Olisiponenses. Lisboa: Câmara Municipal, 1968, p. 401.
  5. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 446.
  6. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  7. Vieira, "O ensino científico-militar em Portugal", 13.
  8. Vieira, "O ensino científico-militar em Portugal", 13.
  9. Almanach para o anno de M. DCC. XCIII., 469-470.
  10. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  11. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  12. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 446.
  13. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 446.
  14. 14,0 14,1 Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 446.
  15. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 446.
  16. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  17. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  18. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  19. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  20. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.

Fontes

Almanach para o anno de M. DCC. XCII.. Lisboa: Officina da Academia Real das Sciencias, 1792.

Almanach para o anno de M. DCC. XCIII.. Lisboa: Officina da Academia Real das Sciencias, 1793.

Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX.. Lisboa: Officina da Academia Real das Sciencias, 1799.

Regimento provisional para o serviço, e disciplina das esquadras, e navios da Armada Real que por ordem de Sua Majestade deve servir de regulamento. Lisboa: na Officina de António Rodrigues Galhardo, Impressor do Conselho do Almirantado, 1796. [http://id.bnportugal.gov.pt/bib/catbnp/544639].

Regulamento provisional do Real Corpo de Engenheiros. Lisboa: Imp. Régia, 1812. [http://id.bnportugal.gov.pt/bib/catbnp/721189].

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 32-36.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 220-221.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, p. 14.

Bibliografia

Vieira, Belchior. “O ensino científico-militar em Portugal no século XVIII – Anastácio da Cunha, discípulo da Aula de Artilharia da Praça de Valença do Minho.” Em Anastácio da Cunha. 1744/1787. O matemático e o poeta. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990.

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Categoria:Academia Real de Marinha de Lisboa

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Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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