Academia Real de Marinha e Comércio do Porto: diferenças entre revisões
Sem resumo de edição |
|||
Linha 45: | Linha 45: | ||
==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário--> | ==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário--> | ||
A [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto]] foi criada em 9 de Fevereiro de 1803<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 20-21.</ref> no rescaldo da extinção da [[Aula de Náutica do Porto]], também criada por iniciativa da Junta da Administração da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e a [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto]]. Surge em consequência das petições da referida Junta aos poderes régios com fim de a cidade do Porto ser dotada de aulas de comércio, matemática, inglês e francês, que remontavam a 1785<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:387.</ref><ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 21.</ref>. Nestas, arguia a Junta pela necessidade de educação segundo o volume comercial da cidade suscitava, de forma que sem elas não podia "aquela profissão vir a ser exercida com o primor e perfeição que os interesses do estado demandam". A mais, os proveitos resultantes do estabelecimento da Aula Náutica do Porto para o comércio com os portos do Báltico, que se avolumou, tornavam necessário o "''conhecimento das línguas vivas'' (...) ''não havendo até então na referida cidade do Porto estabelecimento algum, no qual fosse ensinados aqueles idiomas''"<ref>Ribeiro, 2:388.</ref>. | A [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto]] foi criada em 9 de Fevereiro de 1803<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 20-21.</ref> no rescaldo da extinção da [[Aula de Náutica do Porto]], também criada por iniciativa da Junta da Administração da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e a [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto]]. Surge em consequência das petições da referida Junta aos poderes régios com fim de a cidade do Porto ser dotada de aulas de comércio, matemática, inglês e francês, que remontavam a 1785<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:387.</ref><ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 21.</ref>. Nestas, arguia a Junta pela necessidade de educação segundo o volume comercial da cidade suscitava, de forma que sem elas não podia "aquela profissão vir a ser exercida com o primor e perfeição que os interesses do estado demandam". A mais, os proveitos resultantes do estabelecimento da Aula Náutica do Porto para o comércio com os portos do Báltico, que se avolumou, tornavam necessário o "''conhecimento das línguas vivas'' (...) ''não havendo até então na referida cidade do Porto estabelecimento algum, no qual fosse ensinados aqueles idiomas''"<ref>Ribeiro, 2:388.</ref>. | ||
Por resolução régia de 26 de Abril de 1824 era requerida a apresentação de um plano de reforma da instituição à Junta de Administração da Companhia<ref>Ribeiro, 2:396-397.</ref>. O plano apresentado data de 21 de Maio de 1825<ref>Ribeiro, 2:399.</ref>. | |||
No mesmo ano foram tomadas disposições para assegurar a manutenção financeira da Academia Real aumentando para efeito o imposto sobre o quartilho de vinho, "''devendo o seu producto ser aplicado às despesas ordinárias da academia, à continuação do seu edifício, e ao desempenho da considerável dívida, com que se acha onerada''"<ref>Ribeiro, 2:399.</ref>. | |||
Academia Real de Marinha e Comércio do Porto | Academia Real de Marinha e Comércio do Porto | ||
Linha 52: | Linha 56: | ||
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores--> | ===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores--> | ||
As aulas da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foram estabelecidas provisoriamente no edifício do Colégio dos Meninos Órfãos, aquando da sua criação. Em consequência, em alvará de 1803, recomendava o poder régio ao Senado da cidade do Porto que atendesse aos proveitos resultantes da frequência das aulas da Academia Real pelos órfãos do Colégio, para que não se "''distraírem com a assistência aos enterros, e muito menos a pedir esmolas''"<ref>Ribeiro, 2:390.</ref>. Determinava-se, simultaneamente, a edificação de uma casa naqueles terrenos que viria a albergar as referidas Aulas, a ser financiado pelo "''producto da contribuição de um real em cada quartilho de vinho, que se vendesse na cidade do Porto, e districto do privilégio exclusivo da companhia, nos meses de julho a novembro; contribuição - explicava José Silvestre Ribeiro, esta'' (...) ''que duraria por tempo de dez anos''"<ref>Ribeiro, 2:389.</ref>. A referida contribuição seria estendida por | As aulas da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foram estabelecidas provisoriamente no edifício do Colégio dos Meninos Órfãos, aquando da sua criação. Em consequência, em alvará de 1803, recomendava o poder régio ao Senado da cidade do Porto que atendesse aos proveitos resultantes da frequência das aulas da Academia Real pelos órfãos do Colégio, para que não se "''distraírem com a assistência aos enterros, e muito menos a pedir esmolas''"<ref>Ribeiro, 2:390.</ref>. Determinava-se, simultaneamente, a edificação de uma casa naqueles terrenos que viria a albergar as referidas Aulas, a ser financiado pelo "''producto da contribuição de um real em cada quartilho de vinho, que se vendesse na cidade do Porto, e districto do privilégio exclusivo da companhia, nos meses de julho a novembro; contribuição - explicava José Silvestre Ribeiro, esta'' (...) ''que duraria por tempo de dez anos''"<ref>Ribeiro, 2:389.</ref>. A referida contribuição seria estendida por mais dez anos, em 1813, e novamente em 1825<ref>Ribeiro, 2:390.</ref>. | ||
As aulas da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foram inauguradas em 4 de Novembro de 1803<ref>Ribeiro, 2:393.</ref>. | |||
Em 1803 era criado o lugar de vice-inspector cuja primeira nomeação recaiu em Manuel José Sarmento, e que, em 1824, já se considerava extinto face à despesa gerada e à inutilidade do mesmo lugar. De igual forma, se encontrava o lugar de diretor da aula de desenho<ref>Ribeiro, 2:397-398.</ref>. Em 1817, era criado o lugar de Director literário da Academia Real de Marinha e Comércio, segundo a necessidade que se fazia da inspecção dos estudos<ref>Ribeiro, 2:395.</ref>. Foi provido no lugar Joaquim Navarro de Andrade, decano da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra<ref>Ribeiro, 2:396.</ref>. | |||
==Professores== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino--> | |||
O corpo docente da Academia Real, obrigatoriamente com o curso de licenciados pela Universidade de Coimbra ou aprovação na Aula do Comércio de Lisboa<ref>Ribeiro, 2:392.</ref>, totalizava oito professores proprietários, estando três afectos à aula de matemática, dois para cada uma das línguas, um para a aula de comércio e um para ensinar desenho. Acresciam ainda professores substitutos, em igual número, e ainda um mestre de aparelho e manobra naval<ref>Ribeiro, 2:391.</ref>. | |||
Em 1825 sendo aplicadas novas disposições tendentes à redução da despesa com a instituição era suprimido um lugar de professor substituto na aula de matemática, e reduzidos os ordenados dos restantes professores<ref>Ribeiro, 2:399.</ref>. | |||
{| class="wikitable" | {| class="wikitable" | ||
Linha 70: | Linha 77: | ||
|- | |- | ||
| | | | ||
|Matemática | |Matemática<ref name=":0">Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos,'' 2:389.</ref> | ||
| | |"''No primeiro ano: aritmética, geometria, trigonometria plana, seu uso prático, e princípios elementares de álgebra, até às equações do segundo grau inclusivamente, sendo precedidas as respectivas lições de uma introdução, destinada a mostrar o objecto e as divisões da matemática, com referência a cada uma das aulas''"<ref name=":1">Ribeiro, 2:391.</ref>. | ||
"''No segundo ano: continuação da álgebra, sua aplicação à geometria, cálculo diferencial e integral, e explicação dos princípios fundamentais de estática, dinâmica, hidrostática, hidráulica e óptica;''" | |||
"''No terceiro ano: trigonometria esférica, e arte de navegação teórica e prática, seguida das noções de manobra, e do conhecimento e uso prático dos instrumentos astronómicos e marítimos.''"<ref>Ribeiro, 2:391.</ref>. | |||
| | | | ||
|Professor, em | |Professor, em 1803: José Pinto Rebelo (Capitão tenente do mar)<ref>''Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX.'', 342.</ref>. | ||
Professor proprietário do terceiro ano matemático, em 1803: João Batista Fétal da Silva Lisboa<ref>Ribeiro, 2:394.</ref>. | |||
|- | |||
| | |||
|Comércio<ref name=":0" /> | |||
| | |||
| | |||
| | |||
|- | |||
| | |||
|Inglês<ref name=":0" /> | |||
| | |||
| | |||
| | |||
|- | |||
| | |||
|Francês<ref name=":0" /> | |||
| | |||
| | |||
|Professor proprietário, em 1812: Hugo Lacroix<ref name=":2">Ribeiro, 2:395.</ref>. | |||
|- | |||
| | |||
|Agricultura<ref name=":0" /> | |||
| | |||
| | |||
| | |||
|- | |||
| | |||
|Filosofia racional e moral<ref name=":0" /> | |||
|"Devia ser regulado em tudo pelo que estivesse em uso na Universidade de Coimbra a tal respeito"<ref>Ribeiro, 2:392.</ref>. | |||
| | |||
| | |||
|- | |||
| | |||
|Desenho<ref name=":1" /> | |||
|"''um curso completo de desenho, compreensivo dos diferentes ramos'' (...) ''explicando distinctamente os princípios da perspectiva, o modo de preparar as tintas e de dar as aguadas. Devia ensinar mui positiva e eficazmente o desenho de marinha, fazendo copiar e reduzir as plantas de costas, baías, enseadas e portos, e representar as vistas de ilhas, cabos e promontórios, e també os navios considerados em diferentes posições e manobras, e, ultimamente, habilitando os seus discípulos na praxe do risco das cartas geográficas e topográficas''"<ref>Ribeiro, 2:391.</ref>. | |||
| | |||
|Professor proprietário, em 1812: Raimundo José da Costa<ref name=":2" />. | |||
Professor substituto, em 1812: João Batista Ribeiro<ref name=":2" />. | |||
|} | |} | ||
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino--> | ==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino--> | ||
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente--> | <!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente--> | ||
Aquando da sua criação, na Academia Real de Marinha e Comércio do Porto ministravam-se quatro aulas, a saber, de matemática, de comércio, de inglês e de francês. De imediato, por alvará de 29 de Julho de 1803, o programa era alargado com o acréscimo das aulas de filosofia racional e moral, e de agricultura<ref>Ribeiro, 2:390.</ref>. | Aquando da sua criação, na Academia Real de Marinha e Comércio do Porto ministravam-se quatro aulas, a saber, de matemática, de comércio, de inglês e de francês. De imediato, por alvará de 29 de Julho de 1803, o programa era alargado com o acréscimo das aulas de filosofia racional e moral, e de agricultura<ref>Ribeiro, 2:390.</ref>. O curso de matemática tinha a duração de três anos. Não obstante, segundo memória do primeiro mestre botânico português contemporâneo, Félix de Avelar Brotero, citado por José Silvestre Ribeiro, a constituição prática da cadeira de agricultura não se verificaria de imediato. Isto não obstante a disponibilidade da Junta de Adinistração em "''fazer todos os gastos necessários com o ordenado do Professor, com os instrumentos e máquinas novas, e mesmo comprar um terreno para experiências; mas o não ter nesse tempo aparecido um Professor com as circunstâncias que ela exigia, fez demorar este desígnio, até ficar sufocado com os contratempos da guerra''". O lugar de professor só veio a ser ocupado em 1818<ref>Ribeiro, 2:398.</ref>. | ||
Segundo edital de 22 de Outubro de 1803, uma vez aprovados nas patentes de Sota-pilotos ou Pilotos, os alunos deveriam "''requerer à sobredita Junta Inspetora a sua admissão a ouvir as lições do 3.º ano de Matemática e Náutica da mesa Academia, até o último dia do presente mês; na certeza de que todos aqueles que não frequentarem este ano a sobredita Aula, não serão reconhecidos Aulistas de Náutica, nem nomeados para embarque, sem que tenham feito o curso completo de todos os estudos determinados nos referidos estatutos''"<ref>Ribeiro, 2:393.</ref>. | |||
A partir de 1825, por decreto de 3 de Novembro, os alunos eram dotados com a mesma faculdade dos alunos do Colégio Militar em prosseguirem os estudos no segundo ano da Academia Real de Marinha de Lisboa, uma vez concluído o primeiro ano de matemática, desta feita, na Academia Real de Marinhe e Comércio<ref>Ribeiro, 2:400.</ref>. | |||
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography--> | ==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography--> | ||
<references /> | <references /> |
Revisão das 17h26min de 4 de outubro de 2022
Academia Real de Marinha e Comércio do Porto | |
---|---|
(ARMCCP) | |
Outras denominações | Academia Real de Marinha e Comércio, Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto |
Tipo de Instituição | Ensino civil |
Data de fundação | 9 fevereiro 1803 |
Data de extinção | 13 janeiro 1837 |
Paralisação | Início: 1832 Fim: 1834 |
Localização | |
Localização | Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, Porto,- Início: 09 de fevereiro de 1803 Fim: 13 de janeiro de 1837 |
Antecessora | Aula de Náutica do Porto |
Sucessora | Academia Politécnica do Porto |
História
A Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foi criada em 9 de Fevereiro de 1803[1] no rescaldo da extinção da Aula de Náutica do Porto, também criada por iniciativa da Junta da Administração da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e a Aula de Desenho e Debuxo do Porto. Surge em consequência das petições da referida Junta aos poderes régios com fim de a cidade do Porto ser dotada de aulas de comércio, matemática, inglês e francês, que remontavam a 1785[2][3]. Nestas, arguia a Junta pela necessidade de educação segundo o volume comercial da cidade suscitava, de forma que sem elas não podia "aquela profissão vir a ser exercida com o primor e perfeição que os interesses do estado demandam". A mais, os proveitos resultantes do estabelecimento da Aula Náutica do Porto para o comércio com os portos do Báltico, que se avolumou, tornavam necessário o "conhecimento das línguas vivas (...) não havendo até então na referida cidade do Porto estabelecimento algum, no qual fosse ensinados aqueles idiomas"[4].
Por resolução régia de 26 de Abril de 1824 era requerida a apresentação de um plano de reforma da instituição à Junta de Administração da Companhia[5]. O plano apresentado data de 21 de Maio de 1825[6].
No mesmo ano foram tomadas disposições para assegurar a manutenção financeira da Academia Real aumentando para efeito o imposto sobre o quartilho de vinho, "devendo o seu producto ser aplicado às despesas ordinárias da academia, à continuação do seu edifício, e ao desempenho da considerável dívida, com que se acha onerada"[7].
Academia Real de Marinha e Comércio do Porto 2:387.
5:221-224; 346-350.
Outras informações
As aulas da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foram estabelecidas provisoriamente no edifício do Colégio dos Meninos Órfãos, aquando da sua criação. Em consequência, em alvará de 1803, recomendava o poder régio ao Senado da cidade do Porto que atendesse aos proveitos resultantes da frequência das aulas da Academia Real pelos órfãos do Colégio, para que não se "distraírem com a assistência aos enterros, e muito menos a pedir esmolas"[8]. Determinava-se, simultaneamente, a edificação de uma casa naqueles terrenos que viria a albergar as referidas Aulas, a ser financiado pelo "producto da contribuição de um real em cada quartilho de vinho, que se vendesse na cidade do Porto, e districto do privilégio exclusivo da companhia, nos meses de julho a novembro; contribuição - explicava José Silvestre Ribeiro, esta (...) que duraria por tempo de dez anos"[9]. A referida contribuição seria estendida por mais dez anos, em 1813, e novamente em 1825[10].
As aulas da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto foram inauguradas em 4 de Novembro de 1803[11].
Em 1803 era criado o lugar de vice-inspector cuja primeira nomeação recaiu em Manuel José Sarmento, e que, em 1824, já se considerava extinto face à despesa gerada e à inutilidade do mesmo lugar. De igual forma, se encontrava o lugar de diretor da aula de desenho[12]. Em 1817, era criado o lugar de Director literário da Academia Real de Marinha e Comércio, segundo a necessidade que se fazia da inspecção dos estudos[13]. Foi provido no lugar Joaquim Navarro de Andrade, decano da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra[14].
Professores
O corpo docente da Academia Real, obrigatoriamente com o curso de licenciados pela Universidade de Coimbra ou aprovação na Aula do Comércio de Lisboa[15], totalizava oito professores proprietários, estando três afectos à aula de matemática, dois para cada uma das línguas, um para a aula de comércio e um para ensinar desenho. Acresciam ainda professores substitutos, em igual número, e ainda um mestre de aparelho e manobra naval[16].
Em 1825 sendo aplicadas novas disposições tendentes à redução da despesa com a instituição era suprimido um lugar de professor substituto na aula de matemática, e reduzidos os ordenados dos restantes professores[17].
1789-1798 | ||||
Ano | Nome da Cadeira | Matérias | Livros | Professores |
Matemática[18] | "No primeiro ano: aritmética, geometria, trigonometria plana, seu uso prático, e princípios elementares de álgebra, até às equações do segundo grau inclusivamente, sendo precedidas as respectivas lições de uma introdução, destinada a mostrar o objecto e as divisões da matemática, com referência a cada uma das aulas"[19].
"No segundo ano: continuação da álgebra, sua aplicação à geometria, cálculo diferencial e integral, e explicação dos princípios fundamentais de estática, dinâmica, hidrostática, hidráulica e óptica;" "No terceiro ano: trigonometria esférica, e arte de navegação teórica e prática, seguida das noções de manobra, e do conhecimento e uso prático dos instrumentos astronómicos e marítimos."[20]. |
Professor, em 1803: José Pinto Rebelo (Capitão tenente do mar)[21].
Professor proprietário do terceiro ano matemático, em 1803: João Batista Fétal da Silva Lisboa[22].
| ||
Comércio[18] | ||||
Inglês[18] | ||||
Francês[18] | Professor proprietário, em 1812: Hugo Lacroix[23]. | |||
Agricultura[18] | ||||
Filosofia racional e moral[18] | "Devia ser regulado em tudo pelo que estivesse em uso na Universidade de Coimbra a tal respeito"[24]. | |||
Desenho[19] | "um curso completo de desenho, compreensivo dos diferentes ramos (...) explicando distinctamente os princípios da perspectiva, o modo de preparar as tintas e de dar as aguadas. Devia ensinar mui positiva e eficazmente o desenho de marinha, fazendo copiar e reduzir as plantas de costas, baías, enseadas e portos, e representar as vistas de ilhas, cabos e promontórios, e també os navios considerados em diferentes posições e manobras, e, ultimamente, habilitando os seus discípulos na praxe do risco das cartas geográficas e topográficas"[25]. | Professor proprietário, em 1812: Raimundo José da Costa[23].
Professor substituto, em 1812: João Batista Ribeiro[23]. |
Curricula
Aquando da sua criação, na Academia Real de Marinha e Comércio do Porto ministravam-se quatro aulas, a saber, de matemática, de comércio, de inglês e de francês. De imediato, por alvará de 29 de Julho de 1803, o programa era alargado com o acréscimo das aulas de filosofia racional e moral, e de agricultura[26]. O curso de matemática tinha a duração de três anos. Não obstante, segundo memória do primeiro mestre botânico português contemporâneo, Félix de Avelar Brotero, citado por José Silvestre Ribeiro, a constituição prática da cadeira de agricultura não se verificaria de imediato. Isto não obstante a disponibilidade da Junta de Adinistração em "fazer todos os gastos necessários com o ordenado do Professor, com os instrumentos e máquinas novas, e mesmo comprar um terreno para experiências; mas o não ter nesse tempo aparecido um Professor com as circunstâncias que ela exigia, fez demorar este desígnio, até ficar sufocado com os contratempos da guerra". O lugar de professor só veio a ser ocupado em 1818[27].
Segundo edital de 22 de Outubro de 1803, uma vez aprovados nas patentes de Sota-pilotos ou Pilotos, os alunos deveriam "requerer à sobredita Junta Inspetora a sua admissão a ouvir as lições do 3.º ano de Matemática e Náutica da mesa Academia, até o último dia do presente mês; na certeza de que todos aqueles que não frequentarem este ano a sobredita Aula, não serão reconhecidos Aulistas de Náutica, nem nomeados para embarque, sem que tenham feito o curso completo de todos os estudos determinados nos referidos estatutos"[28].
A partir de 1825, por decreto de 3 de Novembro, os alunos eram dotados com a mesma faculdade dos alunos do Colégio Militar em prosseguirem os estudos no segundo ano da Academia Real de Marinha de Lisboa, uma vez concluído o primeiro ano de matemática, desta feita, na Academia Real de Marinhe e Comércio[29].
Notas
- ↑ Araújo, 250 anos da criação, 20-21.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:387.
- ↑ Araújo, 250 anos da criação, 21.
- ↑ Ribeiro, 2:388.
- ↑ Ribeiro, 2:396-397.
- ↑ Ribeiro, 2:399.
- ↑ Ribeiro, 2:399.
- ↑ Ribeiro, 2:390.
- ↑ Ribeiro, 2:389.
- ↑ Ribeiro, 2:390.
- ↑ Ribeiro, 2:393.
- ↑ Ribeiro, 2:397-398.
- ↑ Ribeiro, 2:395.
- ↑ Ribeiro, 2:396.
- ↑ Ribeiro, 2:392.
- ↑ Ribeiro, 2:391.
- ↑ Ribeiro, 2:399.
- ↑ 18,0 18,1 18,2 18,3 18,4 18,5 Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:389.
- ↑ 19,0 19,1 Ribeiro, 2:391.
- ↑ Ribeiro, 2:391.
- ↑ Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
- ↑ Ribeiro, 2:394.
- ↑ 23,0 23,1 23,2 Ribeiro, 2:395.
- ↑ Ribeiro, 2:392.
- ↑ Ribeiro, 2:391.
- ↑ Ribeiro, 2:390.
- ↑ Ribeiro, 2:398.
- ↑ Ribeiro, 2:393.
- ↑ Ribeiro, 2:400.
Fontes
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 387-427.
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 221-224, 346-350.
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 150-151.
Bibliografia
Araújo, José Moreira de, Bernardo, Luís Miguel, Monteiro, Marisa. 250 anos da criação da Aula Náutica do Porto. Porto: Universidade do Porto, 2012.
Ligações Internas
Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:
Ligações Externas
Autor(es) do artigo
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
DOI
Citar este artigo
- Academia Real de Marinha e Comércio do Porto (última modificação: 04/10/2022). eViterbo. Visitado em 28 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Academia_Real_de_Marinha_e_Com%C3%A9rcio_do_Porto