Colégio Real dos Nobres: diferenças entre revisões

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Os Estatutos foram reformulados em 1767 e a partir de 1771, a Real Mesa Censória passa a superintender a administração e direção dos estudos, acumulando com a inspecção de que já estava incumbida. Ribeiro, I, 288. O estado de "decaimento do Colégio" motivava em 1772 a publicação de dois alvarás providenciando à reformulação dos órgãos de gestão interna e à instituição de novas medidas disciplinares por forma a "restaurar o bem ordenado regime do estabelecimento" e a "combater a relaxação, em que tinha caído a administração literária, económica e policial do Colégio" Ribeiro, I, 289-292. Ainda em 1772 os estudos matemáticos foram abolidos no Real Colégio após a reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra que tornavam aqueles estudos seu exclusivo. Ribeiro, I, 292. Em 1779, o edifício do Colégio passava a albergar os estudos da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia de Marinha de Lisboa]] os quais podiam ser assistidos pelos colegiais. Ribeiro, II, 97. Por decreto de 16 de Junho de 1792 as aulas antes exclusivas aos colegiais puderam ser frequentadas por alunos externos, razão pela qual em Setembro do mesmo ano se faz deslocar as aulas da Academia de Marinha de Lisboa. Ribeiro, II, 101.   
Os Estatutos foram reformulados em 1767 e a partir de 1771, a Real Mesa Censória passa a superintender a administração e direção dos estudos, acumulando com a inspecção de que já estava incumbida. Ribeiro, I, 288. O estado de "decaimento do Colégio" motivava em 1772 a publicação de dois alvarás providenciando à reformulação dos órgãos de gestão interna e à instituição de novas medidas disciplinares por forma a "restaurar o bem ordenado regime do estabelecimento" e a "combater a relaxação, em que tinha caído a administração literária, económica e policial do Colégio" Ribeiro, I, 289-292. Ainda em 1772 os estudos matemáticos foram abolidos no Real Colégio após a reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra que tornavam aqueles estudos seu exclusivo. Ribeiro, I, 292. Em 1779, o edifício do Colégio passava a albergar os estudos da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia de Marinha de Lisboa]] os quais podiam ser assistidos pelos colegiais. Ribeiro, II, 97. Por decreto de 16 de Junho de 1792 as aulas antes exclusivas aos colegiais puderam ser frequentadas por alunos externos, razão pela qual em Setembro do mesmo ano se faz deslocar as aulas da Academia de Marinha de Lisboa. Ribeiro, II, 101.   


Após as incursões militares francesas e a Revolução de 1820 a viabilidade do Colégio Real dos Nobres foi posta em causa enquanto instituição de privilégio, como dá conta Silvestre Ribeiro com a transcrição de um debate nas cortes, decorrido em 1823, sobre a dotação orçamental do corpo docente da instituição. Atente-se nas palavras exemplificativas de Borges Carneiro: "«Isto de colégio dos nobres é também direito feudal, porque para alguém entrar nele, é necessário ter foro de fidalgo. Há aqui um monopólio de certas ciências só para tais fidalgos. (...) Logo, esses tais nobres, se querem estudá-las, porque não hão de ir onde vão os mais? (...) Porém o mais notávél é pagar-se pelo subsídio literário estas escolas privativas do feudalismo (...)". Ribeiro, III, 130.   
Após as incursões militares francesas e a Revolução de 1820 a viabilidade do Colégio Real dos Nobres foi posta em causa enquanto instituição de privilégio, como dá conta Silvestre Ribeiro com a transcrição de um debate nas cortes, decorrido em 1823, sobre a dotação orçamental do corpo docente da instituição. Atente-se nas palavras exemplificativas de Borges Carneiro: "«Isto de colégio dos nobres é também direito feudal, porque para alguém entrar nele, é necessário ter foro de fidalgo. Há aqui um monopólio de certas ciências só para tais fidalgos. (...) Logo, esses tais nobres, se querem estudá-las, porque não hão de ir onde vão os mais? (...) Porém o mais notávél é pagar-se pelo subsídio literário estas escolas privativas do feudalismo (...)". As cortes decidiriam que a existência do Colégio era contrária à Constituição, criando uma comissão para propor a reforma do estabelecimento, devendo a despesa com o corpo docente ser sustentada pelas rendas do próprio Colégio. Ribeiro, III, 130-132.   





Revisão das 19h05min de 4 de agosto de 2022


Colégio Real dos Nobres
(valor desconhecido)
Outras denominações Colégio dos Nobres, Real Colégio dos Nobres
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 7 março 1761
Data de extinção 4 janeiro 1837
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Colégio Real dos Nobres, Lisboa,-
Início: 07 de março de 1761
Fim: 04 de janeiro de 1837
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

O Colégio Real dos Nobres foi criado por Carta de Lei de 6 de Março de 1761. O Colégio Real dos Nobres admitia até um máximo de 100 colegiais e a matrícula requeria a qualificação de moço fidalgo, factor preferencial em concurso, as faculdades de ler e escrever, e o pagamento anual e adiantado de pensão no valor de 120 mil réis. Admitiam-se alunos com idades compreendidas entre os sete e treze anos. Ribeiro, I, 282.

A direcção literária, científica e disciplinar do Colégio Real dos Nobres era constituída pelos lugares de reitor e vice-reitor com a incumbência restrita de dar cumprimento aos Estatutos, e do lugar de prefeito dos estudos encarregue do exame e revisão das composições dos colegiais, entre outras. Acrescia uma Junta encarregue da direcção económica do Colégio. Ribeiro, I, 283-284.

Os Estatutos foram reformulados em 1767 e a partir de 1771, a Real Mesa Censória passa a superintender a administração e direção dos estudos, acumulando com a inspecção de que já estava incumbida. Ribeiro, I, 288. O estado de "decaimento do Colégio" motivava em 1772 a publicação de dois alvarás providenciando à reformulação dos órgãos de gestão interna e à instituição de novas medidas disciplinares por forma a "restaurar o bem ordenado regime do estabelecimento" e a "combater a relaxação, em que tinha caído a administração literária, económica e policial do Colégio" Ribeiro, I, 289-292. Ainda em 1772 os estudos matemáticos foram abolidos no Real Colégio após a reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra que tornavam aqueles estudos seu exclusivo. Ribeiro, I, 292. Em 1779, o edifício do Colégio passava a albergar os estudos da Academia de Marinha de Lisboa os quais podiam ser assistidos pelos colegiais. Ribeiro, II, 97. Por decreto de 16 de Junho de 1792 as aulas antes exclusivas aos colegiais puderam ser frequentadas por alunos externos, razão pela qual em Setembro do mesmo ano se faz deslocar as aulas da Academia de Marinha de Lisboa. Ribeiro, II, 101.

Após as incursões militares francesas e a Revolução de 1820 a viabilidade do Colégio Real dos Nobres foi posta em causa enquanto instituição de privilégio, como dá conta Silvestre Ribeiro com a transcrição de um debate nas cortes, decorrido em 1823, sobre a dotação orçamental do corpo docente da instituição. Atente-se nas palavras exemplificativas de Borges Carneiro: "«Isto de colégio dos nobres é também direito feudal, porque para alguém entrar nele, é necessário ter foro de fidalgo. Há aqui um monopólio de certas ciências só para tais fidalgos. (...) Logo, esses tais nobres, se querem estudá-las, porque não hão de ir onde vão os mais? (...) Porém o mais notávél é pagar-se pelo subsídio literário estas escolas privativas do feudalismo (...)". As cortes decidiriam que a existência do Colégio era contrária à Constituição, criando uma comissão para propor a reforma do estabelecimento, devendo a despesa com o corpo docente ser sustentada pelas rendas do próprio Colégio. Ribeiro, III, 130-132.


A abertura do primeiro ano lectivo decorreu em 19 de Março de 1766 e recebeu a assistência da família real e a corte real.

Demonstrando a importância social do corpo docente do Colégio Real dos Nobres, indica José Silvestre Ribeiro terem sido os professores convidados por D. José ao beija-mão e a assistirem a peça no teatro da corte por altura do aniversário régio. Ribeiro, I, 294.



Estabelecimentos auxiliares anexos: livraria privativa e gabinete matemático

Outras informações

Reitores:

José do Quental Lobo.

Caetano Pecci.

José Isidoro Olivieri.

José Dias Pereira.

Ricardo Raimundo Nogueira (1802). Ribeiro, III, 126.

Professores

No primeiro ano letivo "todos os professores que entraram, eram italianos, excepto o de retórica (português); os de grego e latim eram irlandeses." Ribeiro, I, 287.


Professor de primeiras letras: Leonardo José Pimenta; Manuel José Braga. Ribeiro, II, 100.

Professor de Retórica: Pedro José da Fonseca; Francisco Xavier de Oliveira (substituto) Ribeiro, II, 100.

Professor de História: José Manuel de Abreu. Ribeiro, III, 129.

Professor de Desenho: Joaquim Carneiro da Silva. Ribeiro, II, 99.

Professor de Esgrima (lugar criado em 1789).

Professor da Arte de Cavalaria (lugar criado em 1789). Ribeiro, II, 89.

Curricula

1.º - Línguas latina e grega; retórica; poética; lógica e história.

2.º - Línguas francesa, italiana e inglesa.

3.º - Aritmética; geometria; trigonometria; os teoremas de Archimedes; os primeiros seis livros de Euclides; o undécimo e duodécimo dos sólidos para a geometria elementar; álgebra e a sua aplicação à geometria; análise dos infinitos; calculo integral; óptica; dióptrica; catóptrica; princípios de astronomia; geografia completa, e a náutica.

4.º - Arquitectura militar.

5.º - Arquitectura civil.

6.º - Desenho.

7.º - Física.

8.º - Equitação, esgrima e dança. Ribeiro, I, 284.

Notas

Fontes

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 282-294.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 97-101.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873, pp. 126-133.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 242-244.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 25-26, 320-330.

Bibliografia

Ligações Internas

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Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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