Moda: diferenças entre revisões

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O modo de trajar, falar, e fazer qualquer cousa, conforme o costume novamente introduzido. Antigamente não havia modas no trajo, como nem ainda hoje as há em todo o Levante. Parece racionável a continuação desta uniformidade no vestir, porque os vestidos se fizeram para cobrir o corpo, e como todos os corpos humanos, em todo o tempo sempre são na figura os mesmos, é muito para estranhar a prodigiosa mudança de vestiduras, que umas as outras continuamente se seguem. E assim os inventores da modas, não são a gente mais sisuda da República; ordinariamente são mulheres e moços do Norte incitados por mercadores e artífices, que não têm outro fim que a própria conveniência. Esta perpétua variedade de ornatos não deixa de ter perniciosas consequências, os que a não seguem, parecem ridículos; os que com ela se conformam, desperdçam patrimónios. Os antigos, como sempre seguiam no vestir o mesmo estilo, sendo ricos, tinham quantidade de vestidos sobresselentes. (…) Quando o vestido é cómodo para o uso do corpo, decente para a qualidade, e idade da pessoa, e bom contra as injúrias do tempo; o inventar outro, mais parece loucura, que bizarria. (…) É prudência no Príncipe seguir a moda dos povos, cuja benevolência ele quer granjear. Escreve Cabrera, que Filipe II depois de conquistar a Portugal, se vestiu em Lisboa ao modo português, e se fez cortar a barba em redondo, segundo  uso daquele tempo na dita nação. Tudo o que é moda parece melhor. Porém o homem sisudo não deve abraçar logo no princípio toda a moda. Convém que proceda passo a passo, e como por degraus. Que é coisa ridícula passar logo de um extremo a outro (…)<ref>Bluteau, ''Vocabulario Portuguez e latino'' (Tomo V: M), 526.</ref>.
O modo de trajar, falar, e fazer qualquer cousa, conforme o costume novamente introduzido. Antigamente não havia modas no trajo, como nem ainda hoje as há em todo o Levante. Parece racionável a continuação desta uniformidade no vestir, porque os vestidos se fizeram para cobrir o corpo, e como todos os corpos humanos, em todo o tempo sempre são na figura os mesmos, é muito para estranhar a prodigiosa mudança de vestiduras, que umas as outras continuamente se seguem. E assim os inventores da modas, não são a gente mais sisuda da República; ordinariamente são mulheres e moços do Norte incitados por mercadores e artífices, que não têm outro fim que a própria conveniência. Esta perpétua variedade de ornatos não deixa de ter perniciosas consequências, os que a não seguem, parecem ridículos; os que com ela se conformam, desperdçam patrimónios. Os antigos, como sempre seguiam no vestir o mesmo estilo, sendo ricos, tinham quantidade de vestidos sobresselentes. (…) Quando o vestido é cómodo para o uso do corpo, decente para a qualidade, e idade da pessoa, e bom contra as injúrias do tempo; o inventar outro, mais parece loucura, que bizarria. (…) É prudência no Príncipe seguir a moda dos povos, cuja benevolência ele quer granjear. Escreve Cabrera, que Filipe II depois de conquistar a Portugal, se vestiu em Lisboa ao modo português, e se fez cortar a barba em redondo, segundo  uso daquele tempo na dita nação. Tudo o que é moda parece melhor. Porém o homem sisudo não deve abraçar logo no princípio toda a moda. Convém que proceda passo a passo, e como por degraus. Que é coisa ridícula passar logo de um extremo a outro (…)<ref>Bluteau, ''Vocabulario Portuguez e latino'' (Tomo V: M), 526.</ref>.


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Edição atual desde as 18h17min de 28 de agosto de 2022

Definição

Glossário

O modo de trajar, falar, e fazer qualquer cousa, conforme o costume novamente introduzido. Antigamente não havia modas no trajo, como nem ainda hoje as há em todo o Levante. Parece racionável a continuação desta uniformidade no vestir, porque os vestidos se fizeram para cobrir o corpo, e como todos os corpos humanos, em todo o tempo sempre são na figura os mesmos, é muito para estranhar a prodigiosa mudança de vestiduras, que umas as outras continuamente se seguem. E assim os inventores da modas, não são a gente mais sisuda da República; ordinariamente são mulheres e moços do Norte incitados por mercadores e artífices, que não têm outro fim que a própria conveniência. Esta perpétua variedade de ornatos não deixa de ter perniciosas consequências, os que a não seguem, parecem ridículos; os que com ela se conformam, desperdçam patrimónios. Os antigos, como sempre seguiam no vestir o mesmo estilo, sendo ricos, tinham quantidade de vestidos sobresselentes. (…) Quando o vestido é cómodo para o uso do corpo, decente para a qualidade, e idade da pessoa, e bom contra as injúrias do tempo; o inventar outro, mais parece loucura, que bizarria. (…) É prudência no Príncipe seguir a moda dos povos, cuja benevolência ele quer granjear. Escreve Cabrera, que Filipe II depois de conquistar a Portugal, se vestiu em Lisboa ao modo português, e se fez cortar a barba em redondo, segundo uso daquele tempo na dita nação. Tudo o que é moda parece melhor. Porém o homem sisudo não deve abraçar logo no princípio toda a moda. Convém que proceda passo a passo, e como por degraus. Que é coisa ridícula passar logo de um extremo a outro (…)[1].

Referências Documentais

Outras informações

Obra

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo V: M), 526.

Fontes

Bibliografia

Bluteau, Rafael, Vocabulário Português e Latino…, 8 vols. e 2 Suplementos. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

André Filipe Neto e Maria Teresa Oliveira ; Andreia Fontenete Louro

Financiamento

Fundação Calouste Gulbenkian - Projetos de Investigação em Língua e Cultura Portuguesa 2019, Ref.: 227751.

DOI

Citar este artigo

  • Moda (última modificação: 28/08/2022). eViterbo. Visitado em