Francisco Dias (3)
Francisco Dias | |
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Nome completo | Francisco Dias |
Outras Grafias | valor desconhecido |
Pai | valor desconhecido |
Mãe | valor desconhecido |
Cônjuge | valor desconhecido |
Filho(s) | valor desconhecido |
Irmão(s) | valor desconhecido |
Nascimento | 1538 Alenquer, Lisboa, Portugal |
Morte | 1633 Rio de Janeiro, Brasil |
Sexo | Masculino |
Religião | Cristã |
Residência | |
Residência | Portugal |
Data | Início: 1538 Fim: 1577 |
Residência | Brasil |
Data | Início: 24 de dezembro de 1577 |
Residência | Rio de Janeiro, Brasil |
Data | Início: 1609 Fim: 1633 |
Formação | |
Data | Início: 28 de maio de 1562 Fim: 1583 |
Local de Formação | Coimbra, Portugal |
Cargos | |
Cargo | Mestre de obras |
Data | Início: 1564 |
Actividade | |
Actividade | Acompanhamento de obra |
Data | Início: 1570 Fim: 1575 |
Local de Actividade | Lisboa, Portugal |
Actividade | Desenho de arquitectura |
Data | Início: 1575 Fim: 1577 |
Local de Actividade | Açores, Portugal |
Actividade | Desenho de arquitectura |
Data | Início: 1580 Fim: 1584 |
Local de Actividade | Bahia, Brasil |
Actividade | Desenho de arquitectura |
Data | Início: 1585 Fim: 1585 |
Local de Actividade | Rio de Janeiro, Brasil |
Actividade | Desenho de arquitectura |
Data | Início: 1584 Fim: 1584 |
Local de Actividade | Pernambuco, Brasil |
Biografia
Dados biográficos
Francisco Dias nasceu por volta de 1538, no termo de Alenquer, provavelmente na Aldeia Galega da Merceana.[1] A 28 de Maio de 1562 foi admitido na Companhia de Jesus.[2] Em 1564 fez os primeiros votos, e em 1583 formou-se “coadjuntor temporalis”.[3] Em 1609 residia no Colégio do Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1633.[4]
Carreira
Desconhece-se o local onde Francisco Dias começou a trabalhar, mas sabe-se que em 1564, ano em que fez os primeiros votos, passou a residir em Almeirim, com o título de Mestre de Obras. Posteriormente, esteve em Lisboa, onde supervisionou a construção da Igreja de São Roque, da autoria do arquitecto régio Afonso Álvares.[5] A igreja abriu ao culto em 1573, mas as obras prosseguiram nos dois anos seguintes sob a supervisão de Francisco Dias. Em 1575 foi enviado para a Ilha Terceira, para fazer projecto da igreja e do colégio jesuítas.[6] Em 1577, o Geral jesuíta Everard Mercuriano escreveu ao Provincial Simão Rodrigues no sentido de enviar Francisco Dias para o Brasil, conforme pedido dos jesuítas dessa Província, que requeriam um arquitecto para os projectos dos colégios de Salvador da Baía, Rio de Janeiro e Olinda. Na sua resposta, Simão Rodrigues fez notar a Mercuriano a necessidade de Francisco Dias ficar em Portugal a coordenar o estaleiro da Igreja de São Roque em Lisboa, por “depende[r] deste hermano que años ha trahe todo entre manos, y sabe lo particular de cada cosa, y como todo se ha de hazer, y partiendo para el Brasil este año […], sera notable falta”.[7] Apesar do argumento, Francisco Dias embarcou para o Brasil em 1577, acompanhando o Procurador Gregório Serrão, chegando a São Salvador da Baía a 24 de Dezembro de 1577, não mais retornando a Portugal.[8] Dois anos depois, os jesuítas da Província de Portugal reclamaram o seu regresso, argumentando que era necessário para acompanhar as obras em curso.[9] De acordo com a incumbência que levava, Francisco Dias elaborou o projecto da Igreja e do Colégio de Salvador da Baía, cuja imagem esta no “Archivum Romanum Societatis Iesu”.[10] Acerca das obras desse colégio, o Visitador Cristóvão de Gouveia escrevia, em 1589, que não deveriam ser efectuadas alterações à planta aprovada em Roma: “não se devia admitir dispensa nos traçados, que se fizeram com muito cuidado e acordo do Irmão Francisco Dias, Arquitecto”.[11] Em consequência das batalhas luso-holandesas de 1624-25, a igreja e colégio jesuítas ficaram muito danificados. Na segunda metade do século XVII, a igreja foi reconstruída com uma outra escala.[12] De acordo com Serafim Leite, o projecto da nova igreja e colégio jesuíta do Rio de Janeiro foi elaborado por Francisco Dias quando esteve na cidade em 1585, a acompanhar o Visitador Cristóvão de Gouveia, obra concluída três anos mais tarde. Ainda segundo Serafim Leite, Francisco Dias chegou a Olinda em 1584, tendo feito o projecto da nova igreja e colégio jesuíta, sendo que em 1590 as obras da igreja já estavam avançadas. Dois anos mais tarde, a igreja estava concluída com a “traça de São Roque”, faltando apenas caiar. De acordo com Paulo Santos, esta obra resultou de uma adaptação do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro. Em 1585, Francisco Dias foi requisitado para fazer o projecto da igreja e colégio de Santos, capitania de São Vicente.
É provável que Francisco Dias tenha estado envolvido em mais obras para a Companhia de Jesus no Brasil, tendo em conta o longo período que viveu nesse território e a falta de arquitectos, durante esse mesmo período (1577-1633). Na opinião de Serafim Leite, “foi o Arquitecto e revisor das obras dos colégio e igrejas jesuítas de toda a Província” do Brasil. Para além de “arquitectus”, Francisco Dias foi também “gobernator naviggi”, tendo sido piloto do principal navio dos jesuítas no Brasil. No Catálogo jesuíta da Província do Brasil, de 1589, pode ler-se: “Francisco Dias entende das traças dos colégios e navio”. Em 1609 fixou residência no Colégio do Rio de Janeiro, onde ficou a cargo “da carpentaria”, função que mantinha ainda em 1621.
Outras informações
Obras
Mestre de Obras da Igreja de São Roque, em Lisboa (ca. 1570-75)
Autor do projecto da igreja e colégio jesuíta da Ilha Terceira (1575-77)
Autor do projecto da Igreja e colégio jesuíta de Salvador da Baía (ca. 1580-84)
Autor do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro (ca. 1580-84)
Autor do projecto da igreja e colégio de Olinda (ca. 1580-85)
Autor do projecto da igreja e colégio de Santos (ca. 1580-84)
Notas
- ↑ ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760 (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 158.
- ↑ ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 132v, cit. in Serafim Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760 (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.
- ↑ ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760 (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.
- ↑ Arsi, Brasiliae 5 (1), fl. 122, cit. in Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” Brotéria II, 4 (Outubro 1950): 264.
- ↑ Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” Brotéria II, 4 (Outubro 1950): 257.
- ↑ Francisco Rodrigues, História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, vol. II (Porto: Apostolado da Imprensa, 1938), 67.
- ↑ ARSI, Lusitanae 68, fl. 12, cit. in Serafim Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760 (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.
- ↑ Fernão Cardim, Tratados da Terra e Gente do Brasil: 1583-90 (Rio de Janeiro: J. Leite & Cia., 1925), 383. Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, vol. I, (Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1938), 568.
- ↑ “O Ir. Francisco Dias enviará V. R.ª à Província de Portugal, como se lhe escreve, pois terá feito o que se pretendia dele no Brasil que eram as traças dos três Colégios. E a sua presença é muito necessária para as obras do Reino”. ARSI, Congregaciones 93, fl. 210, cit. in Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” Brotéria II, 4 (Outubro 1950): 265.
- ↑ Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, vol. V, (Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1945), 120.
- ↑ ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v; Serafim Leite, “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa,” Archivum Historicum Societatis Iesu XXII, sep. (1953): 357.
- ↑ Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, vol. I, (Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1938), 115; Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” Brotéria II, 4 (Outubro 1950): 261.
Fontes
Bibliografia
Cardim, Fernão. Tratados da Terra e Gente do Brasil: 1583-1570, Rio de Janeiro: J. Leite & Cia. 1925.
Leite, Serafim. Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760, Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal. 1953.
Leite, Serafim. “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa.” Sep. Archivum Historicum Societatis Iesu, Vol. XXII (1953).
Leite, Serafim. “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633)”, Revista Brotéria, Vol. II, (Out. 1950), Fasc. 4.
Leite, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, Vols. I-X, Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira. 1938-50.
Santos, Paulo F. “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia de Jesus em Portugal e no Brasil”, em AAVV, Actas do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, Vol. IV, (1966).
Vasconcellos, Simão. Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil, Lisboa: A. J. Fernandes Lopes, 1865.
ARSI, Brasiliae 5 (1), fls. 32, 98, 122, 125, 132.
ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v.
ARSI, Brailiae 15 (1), fls. 366v, 367, 381, 428.
ARSI, Lusitanae 68, fl. 12.
ARSI, Lusitanae 69, fls. 133-133v.
Ligações Externas
Autor(es) do artigo
Cláudia Cristina Gomes Duarte
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
DOI
Citar este artigo
- Francisco Dias (3) (última modificação: 12/01/2021). eViterbo. Visitado em 28 de setembro de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Francisco_Dias_(3)