Associação dos Arquitectos Civis Portugueses

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Associação dos Arquitectos Civis Portugueses
(valor desconhecido)
Outras denominações Associação dos Architectos Civis Portuguezes, Associação dos Arquitectos Civis‎, Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses, Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses
Tipo de Instituição Profissional
Data de fundação 30 janeiro 1864
Data de extinção 30 janeiro 1864
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Convento do Carmo, Lisboa,-
Início: 1863
Fim: 1911
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Sociedade dos Arquitectos Portugueses


História

A Associação dos Arquitectos Civis Portugueses foi criada por decreto régio de 30 de Janeiro de 1864. No mesmo ano foi solicitada a cedência das ruínas do Convento do Carmo à Associação pelo governo português, onde fundou o Museu Arqueológico do Carmo e instou a sua sede. A partir de 1866 a Associação recebe a protecção de D. Fernando.

O processo da constituição da Associação dos Arquitectos Civis remonta aos finais de 1863 enquanto iniciativa do arquiteto da Casa Real Joaquim Possidónio Narciso da Silva (1806‑1896), juntamente com professores da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa e arquitetos da Repartição de Obras Públicas[1]. Em 14 de Novembro de 1872, a designação da Associação era alterada para Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses com a inclusão do grémio dos arqueólogos e, em consequência, eram aprovados novos Estatutos, em 1879.

Antes da alteração de 1879, os primeiros Estatutos definiram como objetivos da Associação a gestão de assuntos com interesse profissional, bem como a intervenção jurídica e administrativa relativa à arquitetura civil, pública ou privada. A orgânica da Associação era dividida em três secções de estudo, a saber, a primeira relativa ao estudo sobre a teoria e história da arquitetura, a segunda para estudo da estética e obras de arte e a terceira relativa à construção e condições de higiene aplicáveis[2]. Os primeiros anos da Associação evidenciam a grande abrangência de temáticas cujo estudo importava realizar, nomeadamente quanto à construção de habitações operárias e as suas condições de higiene, à recolha de amostras de materiais de construção a nível nacional, à teoria da arquitectura, às necessidades de formação técnica dos arquitectos e leigos, e, com particular ênfase, quanto à conservação e defesa do património nacional[3]. Esta última dimensão evidenciava a importância que a arqueologia detinha na Associação, previamente à sua integração profissional, e que recebeu largo desenvolvimento nas últimas décadas do século XIX definindo-se como "espaço de intervenção possível no seio da cultura e sociedade portuguesa"[4].

Nos primeiros anos a Associação desenvolveria um périplo de atividades relativas aos pontos supracitados, nomeadamente, "conferências efectuadas pelos sócios sobre história da arte monumental dos povos da antiguidade (1865 e 1871), história de arte medieval (1866), a realização de um curso elementar de arqueologia (1885), bem como de um curso de arqueologia religiosa nos seminários nacionais (1888); a constituição de uma biblioteca, exposições, a elaboração de um vocabulário de arte e arquitectura, os convites aos sócios para que efectuassem monografias e inventários sobre os monumentos nacionais (1866, 1871 e 1874), a difusão de obras nacionais e estrangeiras sobre estes temas e as sessões públicas de leitura artística e científica (1880)".

O espaço museológico do Carmo não foi perspectivado pela Associação numa lógica centralizadora do património nacional. Pelo contrário, a Associação assumiu a necessidade de promover uma musealização regional e local que não se limitou ao espaço nacional continental, abrangendo também as dimensões culturais das áreas ultramarinas de que foram representativos a constituição da Comissão Arqueológica da Índia Portuguesa e a criação do Museu Real da Índia Portuguesa em Goa, em 1896[5].

Os trabalhos da Associação adquiriram também uma dimensão internacional com a participação na comissão de organização da Exposição Internacional do Porto, em 1865, a exposição a convite do governo português na Exposição Universal de Paris, em 1867, e, em função da projeção internacional alcançada, novamente no certame parisiense, em 1878[6].

A adesão na qualidade de Sócio Fundador era permitida aos arquitetos pertencentes às Academias de Belas Artes de Lisboa e Porto, empregues no Ministério das Obras Públicas, na Casa Real, com nomeação régia de arquitecto civil ou àqueles que tivessem mais de 25 anos e experiência na direcção de obras consideradas importantes. Entre 1864 e 1866 verificou-se a existência de apenas 23 arquitectos num total de 107 sócios. Assim, a relação associativa de proximidade entre os profissionais de arquitectura e de arqueologia determinou a possível "indefinição do estatuto e profissão de arquitecto [implicando] a inexistência de uma consciência de grupo profissional autónomo". Essa indefinição seria alterada com a fundação da Sociedade dos Arquitectos Portugueses já na primeira década do século XX[7].



A atividade e estudos da Associação dos Arquitectos Civis Portugueses era difundida através de órgão periódico publicado a partir de 1865 sob o título "Archivo de Architectura Civil", o qual em 1874 passou a designar-se "Boletim da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes"[8].

Outras informações

Professores

Curricula

Notas

  1. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 6-7.
  2. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 10.
  3. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 10; 13-14;
  4. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 20.
  5. Martins, "A Real Associação", 104; 108.
  6. Martins, "A Real Associação", 111; 120.
  7. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 21-22; 43.
  8. Ribeiro, "Arquitectos Portugueses", 10.

Fontes

Bibliografia

Ribeiro, Ana Isabel de Melo. "Arquitectos Portugueses: 90 anos de vida associativa. 1863-1953.” Dissertação de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 1993.[1]

Martins, Ana Cristina, "A Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses e o Museu Arqueológico do Carmo: alguns percursos internacionais (abordagem preliminar)", Academia Internacional da Cultura Portuguesa, (2017): 101-131.

Susana Chalante, ««Demolimania», a Real Associação de Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses e a «cruzada de honra e brio» (1866-1880)», Ler História, 55 | 2008, 171-187.

Ligações Internas

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Categoria:Associação dos Arquitectos Civis Portugueses

Ligações Externas

https://www.museuarqueologicodocarmo.pt/historia.html

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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