Colégio Real dos Nobres

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Colégio Real dos Nobres
(valor desconhecido)
Outras denominações Colégio dos Nobres, Real Colégio dos Nobres
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 7 março 1761
Data de extinção 4 janeiro 1837
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Colégio Real dos Nobres, Lisboa,-
Início: 07 de março de 1761
Fim: 04 de janeiro de 1837
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

O Colégio Real dos Nobres foi criado por Carta de Lei de 6 de Março de 1761, por Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, atenta a necessidade de dotar a nobreza portuguesa da educação e instrução modernas através de colégios, dados "os notáveis inconvenientes da educação doméstica, e das escolas ordinárias" como lhe expôs António Nunes Ribeiro Sanches em 1759. Ribeiro, VI, 326.

A abertura do primeiro ano lectivo decorreu em 19 de Março de 1766 e foi assistida pela Família Real e a Corte.

De forma sucinta, José Silvestre Ribeiro divide a história do Colégio em duas fases distintas: entre 1761 a 1772, o Colégio apresenta-se como liceu e academia "destinada a proporcionar conhecimentos especiais de navegação, fortificação, e arquitectura civil; e, entre 1772 até 1837, apresenta-se enquanto liceu "de proporções muito mais modestas", ainda que mantendo a sua natureza privilegiada enquanto espaço "especial e privativo de uma classe de alunos, por assim dizer, privilegiada." Ribeiro, VI, 327.

O Colégio Real dos Nobres admitia até um máximo de 100 colegiais e a matrícula requeria a qualificação de moço fidalgo, factor preferencial em concurso, as faculdades de ler e escrever, e o pagamento anual e adiantado de pensão no valor de 120 mil réis. Admitiam-se alunos com idades compreendidas entre os sete e treze anos. Ribeiro, I, 282.

A direcção literária, científica e disciplinar do Colégio Real dos Nobres era constituída pelos lugares de reitor e vice-reitor com a incumbência restrita de dar cumprimento aos Estatutos, e do lugar de prefeito dos estudos encarregue do exame e revisão das composições dos colegiais, entre outras. Acrescia uma Junta encarregue da direcção económica do Colégio. Ribeiro, I, 283-284.

Os Estatutos foram reformulados em 1767 e a partir de 1771, a Real Mesa Censória passa a superintender a administração e direção dos estudos, acumulando com a inspecção de que já estava incumbida. Ribeiro, I, 288. O estado de "decaimento do Colégio" motivava em 1772 a publicação de dois alvarás providenciando à reformulação dos órgãos de gestão interna e à instituição de novas medidas disciplinares por forma a "restaurar o bem ordenado regime do estabelecimento" e a "combater a relaxação, em que tinha caído a administração literária, económica e policial do Colégio" Ribeiro, I, 289-292. Ainda em 1772 os estudos matemáticos foram abolidos no Real Colégio após a reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra que tornavam aqueles estudos seu exclusivo. Ribeiro, I, 292. Em 1779, o edifício do Colégio passava a albergar os estudos da Academia de Marinha de Lisboa os quais podiam ser assistidos pelos colegiais. Ribeiro, II, 97. Por decreto de 16 de Junho de 1792 as aulas antes exclusivas aos colegiais puderam ser frequentadas por alunos externos, razão pela qual em Setembro do mesmo ano se faz deslocar as aulas da Academia de Marinha de Lisboa. Ribeiro, II, 101. Em

Em consequência das incursões militares francesas e da Revolução Liberal de 1820 a viabilidade do Colégio Real dos Nobres foi posta em causa uma vez ser entendida como uma instituição de privilégio. Disso dá conta Silvestre Ribeiro transcrevendo excertos de um debate nas cortes, decorrido em 1823, sobre a dotação orçamental do corpo docente da instituição. Atente-se nas palavras exemplificativas de Borges Carneiro: "«Isto de colégio dos nobres é também direito feudal, porque para alguém entrar nele, é necessário ter foro de fidalgo. Há aqui um monopólio de certas ciências só para tais fidalgos. (...) Logo, esses tais nobres, se querem estudá-las, porque não hão de ir onde vão os mais? (...) Porém o mais notável é pagar-se pelo Subsídio Literário estas escolas privativas do feudalismo (...)". As cortes decidiriam que a existência do Colégio era contrária à Constituição, criando uma comissão para propor a reforma do estabelecimento, devendo a despesa com o corpo docente ser sustentada pelas rendas do próprio Colégio. Ribeiro, III, 130-132. Em 1827, a Câmara dos Deputados responderia favoravelmente à eliminação da verba do Subsídio Literário para sustento do Colégio Real dos Nobres. Ribeiro, V, 243. Gazeta de Lisboa, 564. Gazeta de Lisboa, no. 74 (Março 1827): 564. Referência do incómodo que o Colégio Real passou a representar no sistema monárquico constitucional, em 1833 são demitidos empregados afetos ao Colégio "por desafectos à causa da liberdade" Ribeiro, VI, 25.. Por portaria de 1834 estabelecia-se que os ordenados dos professores do Colégio fossem suportados pelas rendas da instituição. RIbeiro, VI, 25. Já no ano seguinte a pensão paga pelos colegiais era aumentada de 120 mil reis para 150 mil reis para suprir a despesa com os mesmos Ribeiro, VI, 25.

Em 1836, foi nomeada uma comissão encarregada de propor um plano de reformas do Colégio Real dos Nobres, nas duas dimensões científicas e económicas, constituída por José Alexandre de Campos, José Portelli e José Liberato Freire de Carvalho. Ribeiro, VI, 321. No entanto, por decreto de 4 de Janeiro de 1838 a instituição foi extinta, decisão fundamentada pela incompatibilidade com "a constituição política da monarquia" dado ser "uma escola privilegiada" e por consequente abjeta à abolição dos privilégios nobiliárquicos decorrente da implantação do regime liberal. Como sintetizou Silvestre Ribeiro: "Tendo tido a sua razão de ser nas ideias e circunstâncias da época da sua fundação, devia necessariamente desaparecer diante dos princípios de igualdade que a constituição política fez vigorar." Ribeiro, VI, 327.

O decreto providenciava à transferência dos colegiais para o Colégio Militar, sendo mais tarde decidida a instalação da Escola Politécnica de Lisboa no edifício que havia albergado o Colégio Real dos Nobre, afetando as verbas e demais inventários à primeira e nova instituição. Ribeiro, VI, 322-323.



Demonstrando a importância social do corpo docente do Colégio Real dos Nobres, indica José Silvestre Ribeiro terem sido os professores convidados por D. José ao beija-mão e a assistirem a peça no teatro da corte por altura do aniversário régio. Ribeiro, I, 294.



Estabelecimentos auxiliares anexos: livraria privativa e gabinete matemático

Outras informações

Reitores:

José do Quental Lobo.

Caetano Pecci.

José Isidoro Olivieri.

José Dias Pereira.

Ricardo Raimundo Nogueira (1802). Ribeiro, III, 126.

Professores

No primeiro ano letivo "todos os professores que entraram, eram italianos, excepto o de retórica (português); os de grego e latim eram irlandeses." Ribeiro, I, 287.

Professor de primeiras letras: Leonardo José Pimenta; Manuel José Braga. Ribeiro, II, 100.

Professor de Retórica: Pedro José da Fonseca; Francisco Xavier de Oliveira (substituto) Ribeiro, II, 100.

Professor de História: José Manuel de Abreu. Ribeiro, III, 129.

Professor de Ciências Matemáticas: Miguel Franzini. Ribeiro, VI, 329.

Professor de Física Experimental: Abade Tallier. Ribeiro, VI, 329.

Professor de História Natural e Química: Vandelli. Ribeiro, VI, 329.

Professor de Desenho: Joaquim Carneiro da Silva. Ribeiro, II, 99.

Professor de Esgrima (lugar criado em 1789).

Professor da Arte de Cavalaria (lugar criado em 1789). Ribeiro, II, 89.

Professor de Língua Alemã: João Frederico Wittnich. Ribeiro, VI, 320.

Encarregado da Escola de Picaria: António Severino Alves. Ribeiro, VI, 321.

Professor da Aula de Música Vocal e Instrumental: Francisco Gazul. Ribeiro, VI, 321.

Curricula

1.º - Línguas Latina e Grega; Retórica; Poética; Lógica e História.

2.º - Línguas Francesa, Italiana e Inglesa.

3.º - Aritmética; Geometria; Trigonometria; os teoremas de Archimedes; os primeiros seis livros de Euclides; o undécimo e duodécimo dos sólidos para a geometria elementar; Álgebra e a sua aplicação à geometria; análise dos infinitos; Cálculo integral; Óptica; Dióptrica; Catóptrica; Princípios de astronomia; Geografia completa, e a Náutica.

4.º - Arquitectura militar.

5.º - Arquitectura civil.

6.º - Desenho.

7.º - Física.

8.º - Equitação, Esgrima e Dança. Ribeiro, I, 284.

Aula de Língua Alemã criada por portaria de 20 de Fevereiro de 1835, sob proposta do Reitor Ribeiro, VI, 320.

Aula de Música Vocal e Instrumental, Ribeiro, VI, 321.

Notas

Fontes

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 282-294.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, pp. 97-101.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873, pp. 126-133.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 242-244.

Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 25-26, 320-330.

Bibliografia

Ligações Internas

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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