Associação dos Engenheiros Civis Portugueses: diferenças entre revisões

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No contexto português oitocentista de industrialização foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso dado à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria e do Corpo de Engenharia, em 1852. Nesta última estrutura participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, estes últimos em maioria e com fácil acesso aos quadros do M.O.P.C.I. Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares procurando autonomizar o ramo civil da engenharia. Não obstante, o Corpo de Engenharia Civil era extinto em 1868 e determinava-se que as funções de engenharia civil fossem asseguradas pelo Corpo de Engenharia, contexto que impulsionou a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde<ref>Rollo, 90.</ref>.
No contexto português oitocentista de industrialização foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso dado à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria e do Corpo de Engenharia, em 1852. Nesta última estrutura participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, estes últimos em maioria e com fácil acesso aos quadros do M.O.P.C.I. Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares procurando autonomizar o ramo civil da engenharia. Não obstante, o Corpo de Engenharia Civil era extinto em 1868 e determinava-se que as funções de engenharia civil fossem asseguradas pelo Corpo de Engenharia, contexto que impulsionou a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde<ref>Rollo, 90.</ref>.


Nos primeiros Estatutos a Associação estabelece como seus propósitos o esclarecimento sobre "''as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil''", o desenvolvimento dessas ciências, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "''estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública''" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contactos com "''sociedades análogas existentes em países estrangeiros''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 11:328-329.</ref>. Não obstante, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses através do associativismo profissional saldou-se por diversas vezes gorada pela realidade política e financeira portuguesa fragmentada que impediu a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer durante a Primeira República.
Nos primeiros Estatutos a Associação estabelece como seus propósitos o esclarecimento sobre "''as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil''", o desenvolvimento dessas ciências, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "''estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública''" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contatos com "''sociedades análogas existentes em países estrangeiros''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 11:328-329.</ref>. Não obstante, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses através do associativismo profissional saldou-se por diversas vezes gorada pela realidade política e financeira portuguesa fragmentada que impediu a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer durante a Primeira República.


Em 24 de Novembro de 1936 a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo e criada a Ordem dos Engenheiros, mantendo a Associação dos Engenheiros Civis Portugueses atividade até à sua extinção oficial em 1956<ref>Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>. O número de sócios que, à data da fundação, em 1869, totalizava os 102, conheceu um aumento exponencial atingindo os 1097 sócios em 1936, tendo posteriormente transitado para a Ordem dos Engenheiros<ref>A evolução anual do número de sócios entre 1869 e 1936 está disponível em Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>.
Em 24 de Novembro de 1936 a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo e criada a Ordem dos Engenheiros, mantendo a Associação dos Engenheiros Civis Portugueses atividade até à sua extinção oficial em 1956<ref>Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>. O número de sócios que, à data da fundação, em 1869, totalizava os 102, conheceu um aumento exponencial atingindo os 1097 sócios em 1936, tendo posteriormente transitado para a Ordem dos Engenheiros<ref>A evolução anual do número de sócios entre 1869 e 1936 está disponível em Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>.

Revisão das 20h49min de 7 de novembro de 2022


Associação dos Engenheiros Civis Portugueses
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Profissional
Data de fundação 12 abril 1869
Data de extinção 1956
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Lisboa, Portugal
Início: 1869
Fim: 1956
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Ordem dos Engenheiros


História

A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses recebeu aprovação dos seus Estatutos em 12 de Abril de 1869, após reuniões preparatórias realizadas nos finais da década de 50[1], e fixou sede em Lisboa. A fundação da Associação foi impulsionada pelo desenvolvimento industrial português decorrido na segunda metade do século XIX e a ampla participação que os engenheiros assumiram, então, em vários setores, que alavancou a necessidade de definir uma identidade profissional própria, um espaço de intervenção próprio na sociedade, e a "consagração do estatuto social dos engenheiros como profissionais altamente qualificados"[2].

No contexto português oitocentista de industrialização foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso dado à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria e do Corpo de Engenharia, em 1852. Nesta última estrutura participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, estes últimos em maioria e com fácil acesso aos quadros do M.O.P.C.I. Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares procurando autonomizar o ramo civil da engenharia. Não obstante, o Corpo de Engenharia Civil era extinto em 1868 e determinava-se que as funções de engenharia civil fossem asseguradas pelo Corpo de Engenharia, contexto que impulsionou a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde[3].

Nos primeiros Estatutos a Associação estabelece como seus propósitos o esclarecimento sobre "as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil", o desenvolvimento dessas ciências, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contatos com "sociedades análogas existentes em países estrangeiros"[4]. Não obstante, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses através do associativismo profissional saldou-se por diversas vezes gorada pela realidade política e financeira portuguesa fragmentada que impediu a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer durante a Primeira República.

Em 24 de Novembro de 1936 a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo e criada a Ordem dos Engenheiros, mantendo a Associação dos Engenheiros Civis Portugueses atividade até à sua extinção oficial em 1956[5]. O número de sócios que, à data da fundação, em 1869, totalizava os 102, conheceu um aumento exponencial atingindo os 1097 sócios em 1936, tendo posteriormente transitado para a Ordem dos Engenheiros[6].

Outras informações

No que concerne à difusão de informação entre associados e à visibilidade pública da Associação achavam-se assegurados pela publicação de órgão periódico próprio sob o título Revista de Obras Públicas e Minas, publicado entre 1870 e 1926, e que foi sucedido pela Revista da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, publicada entre 1927 e 1936.

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 10:186.
  2. Rollo, "Há 140 anos", 90.
  3. Rollo, 90.
  4. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 11:328-329.
  5. Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.
  6. A evolução anual do número de sócios entre 1869 e 1936 está disponível em Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.

Fontes

Bibliografia

Maria Fernanda Rollo, "Há 140 anos: a criação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses". Ingenium, no. 114 (Novembro/Dezembro 2009): 90-92.

Maria Fernanda Rollo, "Da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses à Ordem dos Engenheiros". Ingenium, no. 116 (Março/Abril 2010): 106-108.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia. Vol. 10. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1882.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia. Vol. 11. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1883.

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Categoria: Associação dos Engenheiros Civis Portugueses

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Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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