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==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
A Aula de Náutica do Porto foi criada em 30 de Julho de 1762 por iniciativa da Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756), pertencendo a um conjunto de investimentos em instrução em que se incluem a fundação da [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto]] e a Aula de Matemática, Comércio e Línguas Vivas<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 1:296.</ref>.  
A Aula de Náutica do Porto foi uma instituição de ensino náutico criada em 30 de Julho de 1762, por iniciativa da Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756), pertencendo a um conjunto de investimentos em instrução, nos quais se incluiu a fundação da [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto]] e da Aula de Matemática, Comércio e Línguas Vivas<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 1:296.</ref>.  


A criação da Aula de Náutica procede do  Alvará Régio de 24 de Novembro de 1761, que acede ao pedido da Junta Administrativa da Companhia para a criação de duas Fragatas de Guerra para protecção das esquadras comerciais com destino ao Brasil contra as abordagens e perseguições de "''toda a sorte de Mouros''" e "''alguns Piratas''" nas costas continentais portuguesas e em alto-mar<ref>Ribeiro, 1:300-301.</ref>. A petição da Junta Administrativa procurava assim garantir a segurança do transporte para portos estrangeiros da principal riqueza produzida, o vinho. Em resultado, o decreto de 30 de Julho de 1762 estabelecia por necessário "''que ao mesmo tempo se criem Oficiais com educação para aquele importante serviço [nomeadamente] doze Tenentes do mar e dezoito Guardas Marinhas'' (...) ''com Aula, e Residencia na mesma cidade do Porto''"<ref>Ribeiro, 1:300-301.</ref> sendo, a par das Fragatas, custeados por um acréscimo de 2% na tributação alfandegária e fretes pagos pela Companhia.  
O estabelecimento da Aula sucede-se ao alvará régio de 24 de Novembro de 1761 que acedia ao pedido da Junta Administrativa da Companhia para a criação de duas Fragatas de Guerra com o objetivo de proteger as esquadras comerciais com destino ao Brasil contra as abordagens e perseguições de "''toda a sorte de Mouros''" e "''alguns Piratas''" nas costas continentais portuguesas e em alto-mar<ref name=":3">Ribeiro, 1:300-301.</ref>. A petição da Junta Administrativa procurava garantir a segurança do transporte do vinho para os portos estrangeiros, em particular no comércio daquele género junto dos portos brasileiros, para o qual detinha direito de exclusividade<ref>Pinto, "A Matemática na Academia Politécnica do Porto", 27.</ref>. Em resultado, o decreto de 30 de Julho de 1762 estabelecia por necessário "''que ao mesmo tempo se criem Oficiais com educação para aquele importante serviço [nomeadamente] doze Tenentes do mar e dezoito Guardas Marinhas'' (...) ''com Aula, e Residência na mesma cidade do Porto''"<ref name=":3" /> sendo, a par das Fragatas, custeados por um acréscimo de 2% na tributação alfandegária e fretes pagos pela Companhia. Não obstante a extinção do posto de [[Academia Real dos Guardas-Marinhas|Guarda-Marinha]] em 1774 - e reinstituição em 1782 - a Aula manteve-se.  


A criação da Aula de Náutica do Porto enquadra-se no processo de institucionalização descentralizada do ensino náutico até então assegurado, em Lisboa, pela Aula do Cosmógrafo-mor (séc. XVI) e pela Aula da Esfera do Colégio de Sto. Antão, regida pela Companhia de Jesus e extinta aquando da expulsão dos Jesuítas, de que resultou o "''elevado estado de degradação''" do ensino náutico em Portugal<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 15-16.</ref>. A criação da nova Aula resultava assim "''a partir de interesses instalados, cujo relacionamento próximo entre o comércio e a política iria rentabilizar e agilizar''", o que explica a celeridade do Marquês de Pombal na resposta à petição dos comerciantes e o enquadramento daquela nas reformas de instrução que realizou<ref>Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 138-139.</ref>.  
A criação da Aula de Náutica do Porto enquadra-se no processo de institucionalização descentralizada do ensino náutico até então assegurado, em Lisboa, pela Aula do Cosmógrafo-mor, desde o século XVI, e pela [[Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão]], regida pela Companhia de Jesus, e, em consequência extinta aquando da expulsão dos Jesuítas, e de que resultou o "''elevado estado de degradação''" do ensino náutico em Portugal<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 15-16.</ref>. A criação da nova Aula resultava assim "''a partir de interesses instalados, cujo relacionamento próximo entre o comércio e a política iria rentabilizar e agilizar''", o que explica a celeridade do Marquês de Pombal na resposta à petição dos comerciantes e o enquadramento daquela nas reformas de instrução que, então, erigiu<ref>Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 138-139.</ref>.  


A Aula de Náutica ficava sobre a alçada da Companhia Geral da Agricultura e da sua implementação foi incumbido João de Almada e Melo, governador de armas do Porto<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 16.</ref>, sendo a nomeação de professores efetivos e substitutos prerrogativa régia<ref>Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 139; 141.</ref>. Constituída numa das salas do Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, as primeira lições decorreram a partir de 1764<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 17.</ref> em formato diário<ref>Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764", ''Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800,''  inv. F.001 - liv. 2, p. 15.</ref>. Já em 1779 a Companhia representava com sucesso a D. Maria I pela criação de uma [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto|Aula de Desenho e Debuxo]] para que os alunos da Aula de Náutica recebessem instrução sobre cartas geográficas e topográficas<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 18.</ref>. Entre 1775 e 1782, o livro de matrículas da Aula Náutica registou uma média de dez alunos matriculados por ano, com excepção dos anos de 1778 e 1779 em que se verificou a matricula de apenas três e dois alunos, respectivamente<ref>Araújo, 18.</ref>. A procura continuada pela Aula de Náutica explica-se também pela necessidade decorrente da intensificação dos contactos comerciais entre a Companhia Geral e o Mar Báltico, cuja navegação era exigente do ponto de vista técnico e constituiu experiência de ensino prático da náutica para os alunos<ref>Araújo, 18-19.</ref>.
A Aula de Náutica ficava sobre a alçada da Companhia Geral da Agricultura e o estabelecimento foi incumbido a João de Almada e Melo, governador de armas do Porto<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 16.</ref>. Constituída numa das salas do Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, as primeira lições realizaram-se a partir de 1764<ref>Araújo, ''250 anos da criação'', 17.</ref> em formato diário<ref>Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro, Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800'','' inv. F.001 - liv. 2, 15. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764".</ref>. Já, em 1779, a Companhia representava a D. Maria I, com sucesso, sendo criada a [[Aula de Desenho e Debuxo do Porto|Aula de Desenho e Debuxo]] para que os alunos da Aula de Náutica recebessem instrução sobre cartas geográficas e topográficas<ref name=":0">Araújo, ''250 anos da criação'', 18.</ref>.


Não obstante, na transição para a centúria de oitocentos a Aula de Náutica registava um estado de degradação possivelmente iniciado com a morte do Lente José Monteiro Salazar. Verificava-se um decréscimo acentuado de alunos inscritos na Aula de Náutica, contando apenas uma matrícula em 1796, e a ausência das condições necessárias para preparar os alunos do Colégio de Órfãos para a prática nos navios ou para o exame de pilotagem dados os poucos ou nenhuns conhecimentos de náutica que adquiriam<ref>Araújo, 20-21.</ref>. Em resultado, a Aula de Náutica foi extinta e, juntamente com a Aula de Desenho e Debuxo, constituiu a instituição que lhe sucedeu, a [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto]] criada em 9 de Fevereiro de 1803<ref>Araújo, 20-21.</ref>.
A procura continuada pela Aula de Náutica explica-se também pela necessidade decorrente da intensificação dos contatos comerciais entre a Companhia Geral e o Mar Báltico, cuja navegação era exigente do ponto de vista técnico<ref>Araújo, 18-19.</ref>. As navegações para aqueles portos e para os do Brasil, principalmente, constituíram a experiência de ensino prático da náutica para os alunos<ref name=":4">Pinto, "A Matemática na Academia Politécnica do Porto", 28.</ref>.  
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
Instrumentos adquiridos: agulha de marear (1765); dois globos (1766) e quadrantes (1773)<ref>Araújo, 31.</ref>.


Manuais adoptados: M. Pimentel. ''Arte de Navegar'', 1762?<ref>Araújo, 31.</ref>.  
Entre 1775 e 1782, o livro de matrículas da Aula Náutica registou uma média de dez alunos matriculados por ano, com excepção dos anos de 1778 e 1779 em que se verificou a matricula de apenas três e dois alunos, respectivamente<ref>Araújo, 18.</ref>. Na transição para a centúria de oitocentos a Aula de Náutica registava, porém, um estado de degradação possivelmente iniciado com a morte do professor José Monteiro Salazar. Ao decréscimo acentuado de alunos inscritos na Aula, contando apenas uma matrícula em 1796, acrescia a ausência das condições necessárias para preparar os alunos do Colégio de Órfãos para a prática nos navios ou para o exame de pilotagem, uma vez os poucos ou nenhuns conhecimentos de náutica que adquiriam previamente<ref>Araújo, 20-21.</ref>. Em resultado, a Aula de Náutica foi extinta e, juntamente com a Aula de Desenho e Debuxo, constituiu a instituição que lhe sucedeu, a [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto]], criada em 9 de Fevereiro de 1803<ref>Araújo, 20-21.</ref>.  


==Professores== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
== Professores ==
António Rodrigues (Roiz) dos Santos (1764 e 1769).
O professor da Aula era responsável pela leitura e explicação da arte de navegação quer aos oficiais de marinha, como a outros interessados na sua aprendizagem<ref name=":4" />. Não obstante a administração privada da Aula, a nomeação de professor efetivo e substituto da mesma era uma prerrogativa régia<ref>Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 139; 141.</ref>. Ocuparam o lugar, António Rodrigues (Roiz) dos Santos entre 1764 e 1769, e José Monteiro Salazar entre 1770 e 1789<ref name=":2" />.  
 
José Monteiro Salazar (1770 e 1789).
 
Desconhece-se o Lente que sucedeu a José Monteiro Salazar<ref>Araújo, 17-18.</ref>.  


==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->Conhece-se o emprego no ensino da obra de Manuel Pimentel, ''Arte de Navegar'', datada de 1762<ref name=":1">Araújo, 31.</ref>. Consta ter sido adquirido para a Aula uma agulha de marear em 1765; dois globos em 1766; e quadrantes em 1773<ref>Araújo, 31.</ref>.
 
 
 
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|Aula Náutica do Porto
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Professor proprietário entre 1770 e 1789: José Monteiro Salazar<ref name=":2">Araújo, 17-18.</ref>.
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==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764", ''Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800,''  inv. F.001 - liv. 2, 15.
Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro, Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800'',''  inv. F.001 - liv. 2, 15. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764".


==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Araújo, José Moreira de, Bernardo, Luís Miguel, Monteiro, Marisa. ''250 anos da criação da Aula Náutica do Porto''. Porto: Universidade do Porto, 2012[https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/64528/2/16124.pdf .]  
Araújo, José Moreira de, Bernardo, Luís Miguel, e Marisa Monteiro. ''250 anos da criação da Aula Náutica do Porto''. Porto: Universidade do Porto, 2012[https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/64528/2/16124.pdf .]  


Ferreira, Nuno Martins. "A Institucionalização do Ensino da Náutica em Portugal (1779-1807)." PhD diss., Universidade de Lisboa, 2013[http://hdl.handle.net/10451/10963 .]
Ferreira, Nuno Martins. "A Institucionalização do Ensino da Náutica em Portugal (1779-1807)." Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 2013[http://hdl.handle.net/10451/10963 .]
 
Pinto, Hélder. "A Matemática na Academia Politécnica do Porto". Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 2012[https://repositorio.ul.pt/handle/10451/8653 .]


Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .]
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .]
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[[:Categoria: Aula de Náutica do Porto]]
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==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
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==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
João de Almeida Barata
João de Almeida Barata
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==Financiamento==
==Financiamento==
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Bolsa de investigação no CHAM - Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a referência UIDB/04666/2020, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC), para desenvolvimento de trabalhos de investigação na plataforma eViterbo
<!--Acrescentar as referências requeridas pelos vossos contratos, bolsas, etc. -->
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==DOI==
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==Citar este artigo==
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Edição atual desde as 17h30min de 25 de março de 2024


Aula de Náutica do Porto
(valor desconhecido)
Outras denominações Aula Náutica do Porto
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 30 julho 1762
Data de extinção 9 fevereiro 1803
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, Porto,-
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Academia Real de Marinha e Comércio do Porto


História

A Aula de Náutica do Porto foi uma instituição de ensino náutico criada em 30 de Julho de 1762, por iniciativa da Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756), pertencendo a um conjunto de investimentos em instrução, nos quais se incluiu a fundação da Aula de Desenho e Debuxo do Porto e da Aula de Matemática, Comércio e Línguas Vivas[1].

O estabelecimento da Aula sucede-se ao alvará régio de 24 de Novembro de 1761 que acedia ao pedido da Junta Administrativa da Companhia para a criação de duas Fragatas de Guerra com o objetivo de proteger as esquadras comerciais com destino ao Brasil contra as abordagens e perseguições de "toda a sorte de Mouros" e "alguns Piratas" nas costas continentais portuguesas e em alto-mar[2]. A petição da Junta Administrativa procurava garantir a segurança do transporte do vinho para os portos estrangeiros, em particular no comércio daquele género junto dos portos brasileiros, para o qual detinha direito de exclusividade[3]. Em resultado, o decreto de 30 de Julho de 1762 estabelecia por necessário "que ao mesmo tempo se criem Oficiais com educação para aquele importante serviço [nomeadamente] doze Tenentes do mar e dezoito Guardas Marinhas (...) com Aula, e Residência na mesma cidade do Porto"[2] sendo, a par das Fragatas, custeados por um acréscimo de 2% na tributação alfandegária e fretes pagos pela Companhia. Não obstante a extinção do posto de Guarda-Marinha em 1774 - e reinstituição em 1782 - a Aula manteve-se.

A criação da Aula de Náutica do Porto enquadra-se no processo de institucionalização descentralizada do ensino náutico até então assegurado, em Lisboa, pela Aula do Cosmógrafo-mor, desde o século XVI, e pela Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão, regida pela Companhia de Jesus, e, em consequência extinta aquando da expulsão dos Jesuítas, e de que resultou o "elevado estado de degradação" do ensino náutico em Portugal[4]. A criação da nova Aula resultava assim "a partir de interesses instalados, cujo relacionamento próximo entre o comércio e a política iria rentabilizar e agilizar", o que explica a celeridade do Marquês de Pombal na resposta à petição dos comerciantes e o enquadramento daquela nas reformas de instrução que, então, erigiu[5].

A Aula de Náutica ficava sobre a alçada da Companhia Geral da Agricultura e o estabelecimento foi incumbido a João de Almada e Melo, governador de armas do Porto[6]. Constituída numa das salas do Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, as primeira lições realizaram-se a partir de 1764[7] em formato diário[8]. Já, em 1779, a Companhia representava a D. Maria I, com sucesso, sendo criada a Aula de Desenho e Debuxo para que os alunos da Aula de Náutica recebessem instrução sobre cartas geográficas e topográficas[9].

A procura continuada pela Aula de Náutica explica-se também pela necessidade decorrente da intensificação dos contatos comerciais entre a Companhia Geral e o Mar Báltico, cuja navegação era exigente do ponto de vista técnico[10]. As navegações para aqueles portos e para os do Brasil, principalmente, constituíram a experiência de ensino prático da náutica para os alunos[11].

Entre 1775 e 1782, o livro de matrículas da Aula Náutica registou uma média de dez alunos matriculados por ano, com excepção dos anos de 1778 e 1779 em que se verificou a matricula de apenas três e dois alunos, respectivamente[12]. Na transição para a centúria de oitocentos a Aula de Náutica registava, porém, um estado de degradação possivelmente iniciado com a morte do professor José Monteiro Salazar. Ao decréscimo acentuado de alunos inscritos na Aula, contando apenas uma matrícula em 1796, acrescia a ausência das condições necessárias para preparar os alunos do Colégio de Órfãos para a prática nos navios ou para o exame de pilotagem, uma vez os poucos ou nenhuns conhecimentos de náutica que adquiriam previamente[13]. Em resultado, a Aula de Náutica foi extinta e, juntamente com a Aula de Desenho e Debuxo, constituiu a instituição que lhe sucedeu, a Academia Real de Marinha e Comércio do Porto, criada em 9 de Fevereiro de 1803[14].

Professores

O professor da Aula era responsável pela leitura e explicação da arte de navegação quer aos oficiais de marinha, como a outros interessados na sua aprendizagem[11]. Não obstante a administração privada da Aula, a nomeação de professor efetivo e substituto da mesma era uma prerrogativa régia[15]. Ocuparam o lugar, António Rodrigues (Roiz) dos Santos entre 1764 e 1769, e José Monteiro Salazar entre 1770 e 1789[16].

Curricula

Conhece-se o emprego no ensino da obra de Manuel Pimentel, Arte de Navegar, datada de 1762[17]. Consta ter sido adquirido para a Aula uma agulha de marear em 1765; dois globos em 1766; e quadrantes em 1773[18].

Plano de estudos de 1762
Ano Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Aula Náutica do Porto Instrução sobre cartas geográficas e topográficas[9] M. Pimentel. Arte de Navegar, 1762. Professor proprietário entre 1764 e 1769: António Rodrigues (Roiz) dos Santos.

Professor proprietário entre 1770 e 1789: José Monteiro Salazar[16].

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 1:296.
  2. 2,0 2,1 Ribeiro, 1:300-301.
  3. Pinto, "A Matemática na Academia Politécnica do Porto", 27.
  4. Araújo, 250 anos da criação, 15-16.
  5. Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 138-139.
  6. Araújo, 250 anos da criação, 16.
  7. Araújo, 250 anos da criação, 17.
  8. Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro, Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800, inv. F.001 - liv. 2, 15. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764".
  9. 9,0 9,1 Araújo, 250 anos da criação, 18.
  10. Araújo, 18-19.
  11. 11,0 11,1 Pinto, "A Matemática na Academia Politécnica do Porto", 28.
  12. Araújo, 18.
  13. Araújo, 20-21.
  14. Araújo, 20-21.
  15. Ferreira, "A Institucionalização do Ensino", 139; 141.
  16. 16,0 16,1 Araújo, 17-18.
  17. Araújo, 31.
  18. Araújo, 31.

Fontes

Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro, Cópias de avisos e ordens régias 1761-1800, inv. F.001 - liv. 2, 15. "Registo da carta patente nomeando António Rodrigues dos Santos, capitão-tenente das fragatas e mestre da Aula Náutica, conferida em 12 de Maio de 1764".

Bibliografia

Araújo, José Moreira de, Bernardo, Luís Miguel, e Marisa Monteiro. 250 anos da criação da Aula Náutica do Porto. Porto: Universidade do Porto, 2012.

Ferreira, Nuno Martins. "A Institucionalização do Ensino da Náutica em Portugal (1779-1807)." Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 2013.

Pinto, Hélder. "A Matemática na Academia Politécnica do Porto". Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa, 2012.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872.

Ligações Internas

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Categoria: Aula de Náutica do Porto

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Bolsa de investigação no CHAM - Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a referência UIDB/04666/2020, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC), para desenvolvimento de trabalhos de investigação na plataforma eViterbo

DOI

https://doi.org/10.34619/ui1k-ji69

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Aula de Náutica do Porto", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 25/03/2024). Consultado a 17 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Aula_de_N%C3%A1utica_do_Porto. DOI: https://doi.org/10.34619/ui1k-ji69