Francisco Custódio de Azevedo: diferenças entre revisões

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Segundo José Liberal de Castro, Custódio Francisco de Azevedo pertenceu a “uma equipe de mineradores encarregados de pesquisar ouro no sopé da Serra da Ibiapaba<ref>Sistema orográfico que serve de divisa entre os estados do Ceará e Piauí, no nordeste do Brasil.</ref>, por volta de 1743”<ref>Castro (1982).</ref> na Capitania do Ceará; mais especificamente nas “minas do Araticum em Ubajara”<ref>Castro (1980).</ref>. Ainda segundo Castro, diante do pouco resultado das catas, o “grupo se dispersou após penosa demanda com o empreiteiro da mineração”.<ref>Castro (1999).</ref> O profissional fixou residência em território cearense, “radicando-se na Serra dos Cocos, um dos contrafortes da Ibiapaba”. Não se conhece a formação técnica do minerador português<ref>Castro supõe tratar-se de “técnico em mineração com prováveis conhecimentos de agrimensura”. (1980, p. 60).</ref>; embora Barão de Studart o trate como “engenheiro capitão”.<ref>Studart (2001, p. 364). Jucá Neto (2012) o inclui como engenheiro (embora sua formação não esteja comprovada) diante de sua habilidade técnica ao cartografar a região das minas dos Cariris Novos na Capitania do Ceará - Brasil.</ref>[6] Custódio Francisco de Azevedo fora responsável, na capitania do Ceará, pela demarcação de vilas e elaboração riscos de várias casas de câmara e cadeia. Também de acordo com Castro tratava-se de um “profissional portador de bons conhecimentos de topografia, pois inúmeras vezes foi convocado para prestar serviços de medições em vários locais da Capitania”.<ref>Castro (1997, p. 22).</ref>  
Segundo José Liberal de Castro, Custódio Francisco de Azevedo pertenceu a “uma equipe de mineradores encarregados de pesquisar ouro no sopé da Serra da Ibiapaba<ref>Sistema orográfico que serve de divisa entre os estados do Ceará e Piauí, no nordeste do Brasil.</ref>, por volta de 1743”<ref>Castro (1982).</ref> na Capitania do Ceará; mais especificamente nas “minas do Araticum em Ubajara”<ref>Castro (1980).</ref>. Ainda segundo Castro, diante do pouco resultado das catas, o “grupo se dispersou após penosa demanda com o empreiteiro da mineração”.<ref>Castro (1999).</ref> O profissional fixou residência em território cearense, “radicando-se na Serra dos Cocos, um dos contrafortes da Ibiapaba”. Não se conhece a formação técnica do minerador português<ref>Castro supõe tratar-se de “técnico em mineração com prováveis conhecimentos de agrimensura”. (1980, p. 60).</ref>; embora Barão de Studart o trate como “engenheiro capitão”.<ref>Studart (2001, p. 364). Jucá Neto (2012) o inclui como engenheiro (embora sua formação não esteja comprovada) diante de sua habilidade técnica ao cartografar a região das minas dos Cariris Novos na Capitania do Ceará - Brasil.</ref>[6] Custódio Francisco de Azevedo fora responsável, na capitania do Ceará, pela demarcação de vilas e elaboração riscos de várias casas de câmara e cadeia. Também de acordo com Castro tratava-se de um “profissional portador de bons conhecimentos de topografia, pois inúmeras vezes foi convocado para prestar serviços de medições em vários locais da Capitania”.<ref>Castro (1997, p. 22).</ref>  


Em 1764, o engenheiro orquestrou a instalação da Vila de Montemor-o-Novo D’América, atual cidade de Baturité<ref>A Vila foi elevada à condição de cidade de Baturité em 1858. (GIRÃO, R; MARTINS FILHO, A.; 1939)</ref>[8], no Ceará. A documentação referente a instalação do núcleo compõe importante roteiro do método português da fazer vilas. Os documentos encontram-se publicados na Revista do Instituto do Ceará, ano 1891<ref>''Registro dos Autos ...'' (1891)</ref>[9]. O conjunto documental é composto por mais de 40 registros de medições e definições do traçado e do patrimônio da vila, possivelmente escritos na casa que servia de sede provisória da futura câmara. Os registros foram devidamente assinados pelo ouvidor-mor da capitania do Ceará Victorino Soares Barbosa, por Custódio Francisco de Azevedo e seu ajudante de corda, o meirinho Antonio Gomes de Freitas. <ref>Jucá Neto (2013).</ref>[10]
Em 1764, o engenheiro orquestrou a instalação da Vila de Montemor-o-Novo D’América, atual cidade de Baturité<ref>A Vila foi elevada à condição de cidade de Baturité em 1858. (GIRÃO, R; MARTINS FILHO, A.; 1939)</ref>, no Ceará. A documentação referente a instalação do núcleo compõe importante roteiro do método português da fazer vilas. Os documentos encontram-se publicados na Revista do Instituto do Ceará, ano 1891<ref>''Registro dos Autos ...'' (1891)</ref>. O conjunto documental é composto por mais de 40 registros de medições e definições do traçado e do patrimônio da vila, possivelmente escritos na casa que servia de sede provisória da futura câmara. Os registros foram devidamente assinados pelo ouvidor-mor da capitania do Ceará Victorino Soares Barbosa, por Custódio Francisco de Azevedo e seu ajudante de corda, o meirinho Antonio Gomes de Freitas. <ref>Jucá Neto (2013).</ref>


Após a escolha do sítio, em “o lugar que era mais conveniente para assentar e erigir” a vila, o ouvidor-mor Victorino Soares Barbosa[11] “mandou vir à sua presença Custodio Francisco de Azevedo, engenheiro de profissão e morador na serra dos Coquos”, com o “instrumento chamado prancheta ou círculo dimensório” e a “corda” para medição de “qualquer terra com dez braças de comprido, como manda o novo methodo de fazer cartas geográficas”. [12]
Após a escolha do sítio, em “o lugar que era mais conveniente para assentar e erigir” a vila, o ouvidor-mor Victorino Soares Barbosa<ref>O ouvidor Victorino Soares Barbosa exerceu suas atividades no Cear de 27 de setembro de 1756 a 1 de janeiro de 1770. Studart (1892).</ref> “mandou vir à sua presença Custodio Francisco de Azevedo, engenheiro de profissão e morador na serra dos Coquos”, com o “instrumento chamado prancheta ou círculo dimensório” e a “corda” para medição de “qualquer terra com dez braças de comprido, como manda o novo methodo de fazer cartas geográficas”. [12]


Antes de dar início às medições, o profissional apresentou os instrumentos de trabalho. O círculo dimensório era “graduado com os 360 graos da periferia em que se compreendem todos os oito rumos principais, quartas e meias partidas, que mostravam também estar cevado nos dois polos do norte e sul, com qual se costumam fazer as cartas geográficas e topográficas”. Já a corda era de “linho, da grossura de uma linha geométrica e encerada”.[13]
Antes de dar início às medições, o profissional apresentou os instrumentos de trabalho. O círculo dimensório era “graduado com os 360 graos da periferia em que se compreendem todos os oito rumos principais, quartas e meias partidas, que mostravam também estar cevado nos dois polos do norte e sul, com qual se costumam fazer as cartas geográficas e topográficas”. Já a corda era de “linho, da grossura de uma linha geométrica e encerada”.[13]

Revisão das 07h00min de 29 de julho de 2021


Francisco Custódio de Azevedo
Nome completo Francisco Custódio de Azevedo
Outras Grafias Custódio Francisco de Azevedo
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1700
Portugal
Morte 1784
Ceará, Brasil
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Actividade
Actividade Expedição
Data Início: 1743
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Desenho urbano
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Desenho urbano
Data Início: 1764
Fim: 1773
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Local de Actividade Fortaleza, Ceará, Brasil


Biografia

Dados biográficos

Custódio Francisco de Azevedo[1]nasceu em Portugal, no ano de 1700, e faleceu em 1784 na capitania do Ceará - Brasil. (CASTRO, 1999).



Carreira

Segundo José Liberal de Castro, Custódio Francisco de Azevedo pertenceu a “uma equipe de mineradores encarregados de pesquisar ouro no sopé da Serra da Ibiapaba[2], por volta de 1743”[3] na Capitania do Ceará; mais especificamente nas “minas do Araticum em Ubajara”[4]. Ainda segundo Castro, diante do pouco resultado das catas, o “grupo se dispersou após penosa demanda com o empreiteiro da mineração”.[5] O profissional fixou residência em território cearense, “radicando-se na Serra dos Cocos, um dos contrafortes da Ibiapaba”. Não se conhece a formação técnica do minerador português[6]; embora Barão de Studart o trate como “engenheiro capitão”.[7][6] Custódio Francisco de Azevedo fora responsável, na capitania do Ceará, pela demarcação de vilas e elaboração riscos de várias casas de câmara e cadeia. Também de acordo com Castro tratava-se de um “profissional portador de bons conhecimentos de topografia, pois inúmeras vezes foi convocado para prestar serviços de medições em vários locais da Capitania”.[8]

Em 1764, o engenheiro orquestrou a instalação da Vila de Montemor-o-Novo D’América, atual cidade de Baturité[9], no Ceará. A documentação referente a instalação do núcleo compõe importante roteiro do método português da fazer vilas. Os documentos encontram-se publicados na Revista do Instituto do Ceará, ano 1891[10]. O conjunto documental é composto por mais de 40 registros de medições e definições do traçado e do patrimônio da vila, possivelmente escritos na casa que servia de sede provisória da futura câmara. Os registros foram devidamente assinados pelo ouvidor-mor da capitania do Ceará Victorino Soares Barbosa, por Custódio Francisco de Azevedo e seu ajudante de corda, o meirinho Antonio Gomes de Freitas. [11]

Após a escolha do sítio, em “o lugar que era mais conveniente para assentar e erigir” a vila, o ouvidor-mor Victorino Soares Barbosa[12] “mandou vir à sua presença Custodio Francisco de Azevedo, engenheiro de profissão e morador na serra dos Coquos”, com o “instrumento chamado prancheta ou círculo dimensório” e a “corda” para medição de “qualquer terra com dez braças de comprido, como manda o novo methodo de fazer cartas geográficas”. [12]

Antes de dar início às medições, o profissional apresentou os instrumentos de trabalho. O círculo dimensório era “graduado com os 360 graos da periferia em que se compreendem todos os oito rumos principais, quartas e meias partidas, que mostravam também estar cevado nos dois polos do norte e sul, com qual se costumam fazer as cartas geográficas e topográficas”. Já a corda era de “linho, da grossura de uma linha geométrica e encerada”.[13]

Entre março e maio de 1764, o núcleo fora desenhado no terreno escolhido. Após a demarcação da área da vila propriamente dita, fora demarcada a praça, os lotes, as ruas, o lugar do pelourinho, o distrito e o rocio. Por fim, balizaram os marcos que delimitavam o seu patrimônio e as “datas das plantas de seus moradores”. Após a instalação da Vila de Montemor-o-Novo, o profissional fora convocado para implantar da vila de Sobral em 1773.

Em 1o de setembro de 1775, Custódio Francisco de Azevedo recebeu da câmara da vila de Fortaleza, sede da capitania do Ceará – Brasil, a quantia de 12$000 pela planta da Casa de Câmara e Cadeia da Vila.[14] A documentação local sugere que a edificação não fora construída, pois os “vereadores” do núcleo requereram ao “Engenheiro capitão Custódio Francisco de Azevedo o risco da nova casa de Camara da villa”.[15] O profissional fora, ainda, responsável pelo risco da casa de câmara e cadeia da antiga vila do Soure, atual Caucaia situada na região metropolitana de Fortaleza.[16]



[5] Castro supõe tratar-se de “técnico em mineração com prováveis conhecimentos de agrimensura”. (1980, p. 60).

[6] Studart (2001, p. 364). Jucá Neto (2012) o inclui como engenheiro (embora sua formação não esteja comprovada) diante de sua habilidade técnica ao cartografar a região das minas dos Cariris Novos na Capitania do Ceará - Brasil.

[7] Castro (1997, p. 22).

[8] A Vila foi elevada à condição de cidade de Baturité em 1858. (GIRÃO, R; MARTINS FILHO, A.; 1939)

[9] Registro dos Autos ... (1891)

[10] Jucá Neto (2013).

[11] O ouvidor Victorino Soares Barbosa exerceu suas atividades no Cear de 27 de setembro de 1756 a 1 de janeiro de 1770. Studart (1892).

[12] Termo de Demarcação e Assignação do Terreno. In: Registro dos Autos ...

[13] Termo de apresentação do círculo Dimensorio ou Bussola e exame n’ella e na corda com que se há de medir a terra. In: Registro dos Autos ...

[14] Studart (2001, p. 341).

[15] Studart (2001, p. 364).

[16] Castro (1980, p.59).

Outras informações

Obras

Notas

  1. Não há qualquer referência sobre Custódio Francisco de Azevedo no Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses (Viterbo,1998), ou no Expedições Científicos-Militares enviadas ao Brasil (Viterbo, 1962). Tampouco encontramos menção ao profissional em Sepulveda (1913; 1919).   
  2. Sistema orográfico que serve de divisa entre os estados do Ceará e Piauí, no nordeste do Brasil.
  3. Castro (1982).
  4. Castro (1980).
  5. Castro (1999).
  6. Castro supõe tratar-se de “técnico em mineração com prováveis conhecimentos de agrimensura”. (1980, p. 60).
  7. Studart (2001, p. 364). Jucá Neto (2012) o inclui como engenheiro (embora sua formação não esteja comprovada) diante de sua habilidade técnica ao cartografar a região das minas dos Cariris Novos na Capitania do Ceará - Brasil.
  8. Castro (1997, p. 22).
  9. A Vila foi elevada à condição de cidade de Baturité em 1858. (GIRÃO, R; MARTINS FILHO, A.; 1939)
  10. Registro dos Autos ... (1891)
  11. Jucá Neto (2013).
  12. O ouvidor Victorino Soares Barbosa exerceu suas atividades no Cear de 27 de setembro de 1756 a 1 de janeiro de 1770. Studart (1892).

http://ieeta-eviterbo.web.ua.pt/index.php/Item:Q2639

Fontes

Bibliografia

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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