Francisco Dias (3): diferenças entre revisões

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===Dados biográficos===
===Dados biográficos===
----Francisco Dias nasceu por volta de 1538, no termo de Alenquer, provavelmente na Aldeia Galega da Merceana<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 158.</ref>. A 28 de Maio de 1562 foi admitido na Companhia de Jesus<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 132v, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159. </ref>. Em 1564, fez os primeiros votos, e, em 1583, formou-se “''coadjuntor temporalis''”<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159. </ref>. Em 1609, residia no Colégio do Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1633<ref>Arsi, Brasiliae 5 (1), fl. 122, cit. in Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” ''Brotéria'' II, 4 (Outubro 1950): 264. </ref>.
----Francisco Dias nasceu por volta de 1538, no termo de Alenquer, provavelmente na Aldeia Galega da Merceana<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, citado em Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil'', 158.</ref>. A 28 de Maio de 1562 foi admitido na Companhia de Jesus<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 132v, citado em Leite, 159. </ref>. Em 1564, fez os primeiros votos, e, em 1583, formou-se “''coadjuntor temporalis''”<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159. </ref>. Em 1609, residia no Colégio do Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1633<ref>ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 122, citado em Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português”, 264. </ref>.


===Carreira===
===Carreira===
----Desconhece-se o local onde Francisco Dias começou a trabalhar, mas sabe-se que, em 1564, ano em que fez os primeiros votos, passou a residir em Almeirim, com o título de mestre de o6bras. Posteriormente, esteve em Lisboa em 1570, onde supervisionou a construção da Igreja de São Roque, da autoria do arquitecto régio Afonso Álvares<ref>Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” ''Brotéria'' II, 4 (Outubro 1950): 257.</ref>. A igreja abriu ao culto em 1573, mas as obras prosseguiram nos dois anos seguintes sob a supervisão de Francisco Dias. Dois anos depois, foi enviado para a Ilha Terceira, nos Açores, para fazer projecto da igreja e do colégio jesuítas<ref>Francisco Rodrigues, ''História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal'', vol. II (Porto:  Apostolado da Imprensa, 1938), 67.</ref>.  
----Desconhece-se o local onde Francisco Dias começou a trabalhar, mas sabe-se que, em 1564, ano em que fez os primeiros votos, passou a residir em Almeirim, com o título de mestre de o6bras. Posteriormente, esteve em Lisboa em 1570, onde supervisionou a construção da Igreja de São Roque, da autoria do arquitecto régio Afonso Álvares<ref>Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 257.</ref>. A igreja abriu ao culto em 1573, mas as obras prosseguiram nos dois anos seguintes sob a supervisão de Francisco Dias. Dois anos depois, foi enviado para a Ilha Terceira, nos Açores, para fazer projecto da igreja e do colégio jesuítas<ref>Rodrigues, ''História da Companhia de Jesus'', 2:67.</ref>.  


Em 1577, o Geral jesuíta Everard Mercuriano escreveu ao Provincial Simão Rodrigues no sentido de enviar Francisco Dias para o Brasil, conforme pedido dos jesuítas dessa Província, que requeriam um arquitecto para os projectos dos colégios de Salvador da Baía, Rio de Janeiro e Olinda. Na sua resposta, Simão Rodrigues fez notar a Mercuriano a necessidade de Francisco Dias ficar em Portugal a coordenar o estaleiro da Igreja de São Roque em Lisboa, por “''depende[r] deste hermano que años ha trahe todo entre manos, y sabe lo particular de cada cosa, y como todo se ha de hazer, y partiendo para el Brasil este año'' (...)'', sera notable falta''”<ref>ARSI, Lusitanae 68, fl. 12, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.</ref>. Apesar do argumento, Francisco Dias embarcou para o Brasil em 1577, acompanhando o Procurador Gregório Serrão, chegando a São Salvador da Baía a 24 de Dezembro, não mais retornando a Portugal<ref>Fernão Cardim, ''Tratados da Terra e Gente do Brasil'': ''1583-90'' (Rio de Janeiro: J. Leite & Cia., 1925), 383. Serafim Leite, ''História da Companhia de Jesus no Brasil'', vol. I, (Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1938), 568.</ref>.
Em 1577, o Geral jesuíta Everard Mercuriano escreveu ao Provincial Simão Rodrigues no sentido de enviar Francisco Dias para o Brasil, conforme pedido dos jesuítas dessa Província, que requeriam um arquitecto para os projectos dos colégios de Salvador da Baía, Rio de Janeiro e Olinda. Na sua resposta, Simão Rodrigues fez notar a Mercuriano a necessidade de Francisco Dias ficar em Portugal a coordenar o estaleiro da Igreja de São Roque em Lisboa, por “''depende[r] deste hermano que años ha trahe todo entre manos, y sabe lo particular de cada cosa, y como todo se ha de hazer, y partiendo para el Brasil este año'' (...)'', sera notable falta''”<ref>ARSI, Lusitanae 68, fl. 12, citado em Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil'', 159.</ref>. Apesar do argumento, Francisco Dias embarcou para o Brasil em 1577, acompanhando o Procurador Gregório Serrão, chegando a São Salvador da Baía a 24 de Dezembro, não mais retornando a Portugal<ref>Cardim, ''Tratados da Terra e Gente do Brasil'', 383; Leite, ''História da Companhia de Jesus'', 1:568.</ref>.


Dois anos depois, os jesuítas da Província de Portugal reclamaram o seu regresso, argumentando que era necessário para acompanhar as obras em curso<ref>“O Ir. Francisco Dias enviará V. R.ª à Província de Portugal, como se lhe escreve, pois terá feito o que se pretendia dele no Brasil que eram as traças dos três Colégios. E a sua presença é muito necessária para as obras do Reino”. ARSI, Congregaciones 93, fl. 210, cit. in Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” ''Brotéria'' II, 4 (Outubro 1950): 265.</ref>. De acordo com a incumbência que levava, Francisco Dias elaborou o projecto da Igreja e do Colégio de Salvador da Baía, cuja imagem esta no “Archivum Romanum Societatis Iesu”<ref>Serafim Leite, ''História da Companhia de Jesus no Brasil'', vol. V, (Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1945), 120.</ref>. Acerca das obras desse colégio, o Visitador Cristóvão de Gouveia escrevia, em 1589, que não deveriam ser efectuadas alterações à planta aprovada em Roma: “''não se devia admitir dispensa nos traçados, que se fizeram com muito cuidado e acordo do Irmão Francisco Dias, Arquitecto"''<ref>ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v; Serafim Leite, “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa,” ''Archivum Historicum Societatis Iesu'' XXII, sep. (1953): 357.</ref>. Em consequência das batalhas luso-holandesas de 1624-25, a igreja e colégio jesuítas ficaram muito danificados. Na segunda metade do século XVII, a igreja foi reconstruída com uma outra escala<ref>Serafim Leite, ''História da Companhia de Jesus no Brasil'', vol. I, (Lisboa/Rio de Janeiro:  Portugália/Civilização Brasileira, 1938), 115; Serafim Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633),” ''Brotéria'' II, 4 (Outubro 1950): 261.</ref>.  
Dois anos depois, os jesuítas da Província de Portugal reclamaram o seu regresso, argumentando que era necessário para acompanhar as obras em curso<ref>“''O Ir. Francisco Dias enviará V. R.ª à Província de Portugal, como se lhe escreve, pois terá feito o que se pretendia dele no Brasil que eram as traças dos três Colégios. E a sua presença é muito necessária para as obras do Reino''”. ARSI, Congregaciones 93, fl. 210, citado em Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 265.</ref>. De acordo com a incumbência que levava, Francisco Dias elaborou o projecto da Igreja e do Colégio de Salvador da Baía, cuja imagem esta no “''Archivum Romanum Societatis Iesu''”<ref>Leite, ''História da Companhia de Jesus'', 5:120.</ref>. Acerca das obras desse colégio, o Visitador Cristóvão de Gouveia escrevia, em 1589, que não deveriam ser efectuadas alterações à planta aprovada em Roma: “''não se devia admitir dispensa nos traçados, que se fizeram com muito cuidado e acordo do Irmão Francisco Dias, Arquitecto"''<ref>ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v.; Leite, “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa", 357.</ref>. Em consequência das batalhas luso-holandesas de 1624-25, a igreja e colégio jesuítas ficaram muito danificados. Na segunda metade do século XVII, a igreja foi reconstruída com uma outra escala<ref>Leite, ''História da Companhia de Jesus,'' 1:115; Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 261.</ref>.  


De acordo com Serafim Leite, o projecto da nova igreja e colégio jesuíta do Rio de Janeiro foi elaborado por Francisco Dias quando esteve na cidade em 1585, a acompanhar o Visitador Cristóvão de Gouveia, obra concluída três anos mais tarde<ref>Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159; Serafim Leite, ''História da Companhia de Jesus no Brasil'', vol. I (Lisboa/Portugália, Rio de Janeiro/Civilização Brasileira, 1938), 391-393.</ref>. Ainda segundo Serafim Leite, um ano antes, Francisco Dias chegou a Olinda, tendo feito o projecto da nova igreja e colégio jesuíta, sendo que em 1590 as obras da igreja já estavam avançadas<ref>ARSI, Brailiae 15 (1), fls. 366v, 367, cit. in Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 160; Simão Vasconcellos, ''Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil'', (Lisboa: A. J. Fernandes Lopes, 1865 [1º ed.1663]), 128. </ref>. Dois anos mais tarde, a igreja estava concluída com a “''traça de São Roque''”, faltando apenas caiar<ref>ARSI, Brasiliae 15 (1), fls. 381, 428.</ref>. De acordo com Paulo Santos, esta obra resultou de uma adaptação do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro<ref>Paulo F. Santos, “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia de Jesus em Portugal e no Brasil,” ''Actas do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros'', vol. IV (Coimbra, 1966), 515-569.</ref>.  
De acordo com Serafim Leite, o projecto da nova igreja e colégio jesuíta do Rio de Janeiro foi elaborado por Francisco Dias quando esteve na cidade em 1585, a acompanhar o Visitador Cristóvão de Gouveia, obra concluída três anos mais tarde<ref>Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil'', 159; Leite, ''História da Companhia de Jesus'', 1:391-393.</ref>. Ainda segundo Serafim Leite, um ano antes, Francisco Dias chegou a Olinda, tendo feito o projecto da nova igreja e colégio jesuíta, sendo que em 1590 as obras da igreja já estavam avançadas<ref>ARSI, Brailiae 15 (1), fls. 366v.-367, citado em Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil'', 160; Vasconcellos, ''Chronica da Companhia de Jesu'', 128. </ref>. Dois anos mais tarde, a igreja estava concluída com a “''traça de São Roque''”, faltando apenas caiar<ref>ARSI, Brasiliae 15 (1), fls. 381, 428.</ref>. De acordo com Paulo Santos, esta obra resultou de uma adaptação do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro<ref>Santos, “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia", 515-569.</ref>.  


Em 1585, Francisco Dias foi requisitado para fazer o projecto da igreja e colégio de Santos, capitania de São Vicente<ref>ARSI, Lusitanae 69, fls. 133-133v.</ref>. É provável que Francisco Dias tenha estado envolvido em mais obras para a Companhia de Jesus no Brasil, tendo em conta o longo período que viveu nesse território e a falta de arquitectos, durante esse mesmo período (1577-1633). Na opinião de Serafim Leite, “''foi o Arquitecto e revisor das obras dos colégio e igrejas jesuítas de toda a Província''” do Brasil<ref>Serafim Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760'' (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.</ref>. Para além de “''arquitectus''”, Francisco Dias foi também “''gobernator naviggi''”, tendo sido piloto do principal navio dos jesuítas no Brasil<ref>ARSI, Brasiliae 5, fl. 98. </ref>. No catálogo jesuíta da Província do Brasil, datado de 1589, pode ler-se: “''Francisco Dias entende das traças dos colégios e navio''”<ref>Catálogo de los Padres e Hermanos…. Anno de [15]89, ARSI, Brasiliae 5, fl. 32.</ref>. Em 1609, fixou residência no Colégio do Rio de Janeiro, onde ficou a cargo “''da carpintaria''”, função que mantinha ainda em 1621<ref>Catálogo dos Padres e Irmãos…. Anno de [1]621, ARSI, Brasiliae 5, fl. 122-125. </ref>.
Em 1585, Francisco Dias foi requisitado para fazer o projecto da igreja e colégio de Santos, capitania de São Vicente<ref>ARSI, Lusitanae 69, fls. 133-133v..</ref>. É provável que Francisco Dias tenha estado envolvido em mais obras para a Companhia de Jesus no Brasil, tendo em conta o longo período que viveu nesse território e a falta de arquitectos, durante esse mesmo período (1577-1633). Na opinião de Serafim Leite, “''foi o Arquitecto e revisor das obras dos colégio e igrejas jesuítas de toda a Província''” do Brasil<ref>Leite, ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil'', 159.</ref>. Para além de “''arquitectus''”, Francisco Dias foi também “''gobernator naviggi''”, tendo sido piloto do principal navio dos jesuítas no Brasil<ref>ARSI, Brasiliae 5, fl. 98. </ref>. No catálogo jesuíta da Província do Brasil, datado de 1589, pode ler-se: “''Francisco Dias entende das traças dos colégios e navio''”<ref>ARSI, Brasiliae 5, fl. 32. Catálogo de los Padres e Hermanos…. Anno de [15]89.</ref>. Em 1609, fixou residência no Colégio do Rio de Janeiro, onde ficou a cargo “''da carpintaria''”, função que mantinha ainda em 1621<ref>ARSI, Brasiliae 5, fl. 122-125. Catálogo dos Padres e Irmãos…. Anno de [1]621. </ref>.


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<references />
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==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Bibliografia==
ARSI, Brasiliae 5 (1), fls. 32, 98, 122, 125, 132.
Cardim, Fernão. ''Tratados da Terra e Gente do Brasil: 1583-1570.'' Rio de Janeiro: J. Leite & Cia, 1925.


ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v.
Leite, Serafim. ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760.'' Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953.


ARSI, Brailiae 15 (1), fls. 366v, 367, 381, 428.
Leite, Serafim. “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633)”. ''Revista Brotéria'' 2, no. 4 (Out 1950).


ARSI, Lusitanae 68, fl. 12.
Leite, Serafim. ''História da Companhia de Jesus no Brasil.'' Vol. 1. Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1938.


ARSI, Lusitanae 69, fls. 133-133v.
Leite, Serafim. ''História da Companhia de Jesus no Brasil.'' Vol. 5, Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1945.
 
==Bibliografia==
Cardim, Fernão. ''Tratados da Terra e Gente do Brasil: 1583-1570.'' Rio de Janeiro: J. Leite & Cia, 1925.
 
Leite, Serafim. ''Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760.'' Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953.


Leite, Serafim. “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa”. ''Sep. Archivum Historicum Societatis Iesu'' 22, (1953).
Leite, Serafim. “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa”. ''Sep. Archivum Historicum Societatis Iesu'' 22, (1953).


Leite, Serafim. “Francisco Dias, Jesuíta Português. Arquitecto e Piloto do Brasil (1538-1633)”. ''Revista Brotéria'' 2, Fasc. 4. (Out 1950).
Rodrigues, Francisco. ''História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal.'' Vol. II. Porto:  Apostolado da Imprensa, 1938.
 
Leite, Serafim. ''História da Companhia de Jesus no Brasil.'' Vols. 1.9. Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1938-50.


Santos, Paulo F. “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia de Jesus em Portugal e no Brasil”. Em ''Actas do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros'', Vol. IV. [s. l.]: [s. ed.], (1966).
Santos, Paulo F. “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia de Jesus em Portugal e no Brasil”. Em ''Actas do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros'', Vol. IV., 515-569. Coimbra: [s. ed.], 1966.


Vasconcellos, Simão. ''Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil.'' Lisboa: A. J. Fernandes Lopes, 1865.<!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Vasconcellos, Simão. ''Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil.'' Lisboa: A. J. Fernandes Lopes, [1º ed.1663] 1865.<!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
Cláudia C. Gomes Duarte
Cláudia C. Gomes Duarte

Revisão das 19h52min de 30 de junho de 2023


Francisco Dias
Nome completo Francisco Dias
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Residência
Residência Portugal
Data Início: 1538
Fim: 1577

Residência Brasil
Data Início: 24 de dezembro de 1577

Residência Rio de Janeiro, Brasil
Data Início: 1609
Fim: 1633
Formação
Data Início: 28 de maio de 1562
Fim: 1583
Cargos
Data Início: 1564
Actividade
Data Início: 1570
Fim: 1575

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1575
Fim: 1577

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1580
Fim: 1584
Local de Actividade Bahia, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1585
Fim: 1585
Local de Actividade Rio de Janeiro, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1584
Fim: 1584
Local de Actividade Pernambuco, Brasil


Biografia

Dados biográficos


Francisco Dias nasceu por volta de 1538, no termo de Alenquer, provavelmente na Aldeia Galega da Merceana[1]. A 28 de Maio de 1562 foi admitido na Companhia de Jesus[2]. Em 1564, fez os primeiros votos, e, em 1583, formou-se “coadjuntor temporalis[3]. Em 1609, residia no Colégio do Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1633[4].

Carreira


Desconhece-se o local onde Francisco Dias começou a trabalhar, mas sabe-se que, em 1564, ano em que fez os primeiros votos, passou a residir em Almeirim, com o título de mestre de o6bras. Posteriormente, esteve em Lisboa em 1570, onde supervisionou a construção da Igreja de São Roque, da autoria do arquitecto régio Afonso Álvares[5]. A igreja abriu ao culto em 1573, mas as obras prosseguiram nos dois anos seguintes sob a supervisão de Francisco Dias. Dois anos depois, foi enviado para a Ilha Terceira, nos Açores, para fazer projecto da igreja e do colégio jesuítas[6].

Em 1577, o Geral jesuíta Everard Mercuriano escreveu ao Provincial Simão Rodrigues no sentido de enviar Francisco Dias para o Brasil, conforme pedido dos jesuítas dessa Província, que requeriam um arquitecto para os projectos dos colégios de Salvador da Baía, Rio de Janeiro e Olinda. Na sua resposta, Simão Rodrigues fez notar a Mercuriano a necessidade de Francisco Dias ficar em Portugal a coordenar o estaleiro da Igreja de São Roque em Lisboa, por “depende[r] deste hermano que años ha trahe todo entre manos, y sabe lo particular de cada cosa, y como todo se ha de hazer, y partiendo para el Brasil este año (...), sera notable falta[7]. Apesar do argumento, Francisco Dias embarcou para o Brasil em 1577, acompanhando o Procurador Gregório Serrão, chegando a São Salvador da Baía a 24 de Dezembro, não mais retornando a Portugal[8].

Dois anos depois, os jesuítas da Província de Portugal reclamaram o seu regresso, argumentando que era necessário para acompanhar as obras em curso[9]. De acordo com a incumbência que levava, Francisco Dias elaborou o projecto da Igreja e do Colégio de Salvador da Baía, cuja imagem esta no “Archivum Romanum Societatis Iesu[10]. Acerca das obras desse colégio, o Visitador Cristóvão de Gouveia escrevia, em 1589, que não deveriam ser efectuadas alterações à planta aprovada em Roma: “não se devia admitir dispensa nos traçados, que se fizeram com muito cuidado e acordo do Irmão Francisco Dias, Arquitecto"[11]. Em consequência das batalhas luso-holandesas de 1624-25, a igreja e colégio jesuítas ficaram muito danificados. Na segunda metade do século XVII, a igreja foi reconstruída com uma outra escala[12].

De acordo com Serafim Leite, o projecto da nova igreja e colégio jesuíta do Rio de Janeiro foi elaborado por Francisco Dias quando esteve na cidade em 1585, a acompanhar o Visitador Cristóvão de Gouveia, obra concluída três anos mais tarde[13]. Ainda segundo Serafim Leite, um ano antes, Francisco Dias chegou a Olinda, tendo feito o projecto da nova igreja e colégio jesuíta, sendo que em 1590 as obras da igreja já estavam avançadas[14]. Dois anos mais tarde, a igreja estava concluída com a “traça de São Roque”, faltando apenas caiar[15]. De acordo com Paulo Santos, esta obra resultou de uma adaptação do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro[16].

Em 1585, Francisco Dias foi requisitado para fazer o projecto da igreja e colégio de Santos, capitania de São Vicente[17]. É provável que Francisco Dias tenha estado envolvido em mais obras para a Companhia de Jesus no Brasil, tendo em conta o longo período que viveu nesse território e a falta de arquitectos, durante esse mesmo período (1577-1633). Na opinião de Serafim Leite, “foi o Arquitecto e revisor das obras dos colégio e igrejas jesuítas de toda a Província” do Brasil[18]. Para além de “arquitectus”, Francisco Dias foi também “gobernator naviggi”, tendo sido piloto do principal navio dos jesuítas no Brasil[19]. No catálogo jesuíta da Província do Brasil, datado de 1589, pode ler-se: “Francisco Dias entende das traças dos colégios e navio[20]. Em 1609, fixou residência no Colégio do Rio de Janeiro, onde ficou a cargo “da carpintaria”, função que mantinha ainda em 1621[21].

Outras informações

Obras

Mestre de Obras da Igreja de São Roque, em Lisboa (ca. 1570-75).

Autor do projecto da igreja e colégio jesuíta da Ilha Terceira (1575-77).

Autor do projecto da Igreja e colégio jesuíta de Salvador da Baía (ca. 1580-84).

Autor do projecto da igreja e colégio do Rio de Janeiro (ca. 1580-84).

Autor do projecto da igreja e colégio de Olinda (ca. 1580-85).

Autor do projecto da igreja e colégio de Santos (ca. 1580-84).

Notas

  1. ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, citado em Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil, 158.
  2. ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 132v, citado em Leite, 159.
  3. ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 98, cit. in Serafim Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil: 1549-1760 (Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Brotéria/Livros de Portugal, 1953), 159.
  4. ARSI, Brasiliae 5 (1), fl. 122, citado em Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português”, 264.
  5. Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 257.
  6. Rodrigues, História da Companhia de Jesus, 2:67.
  7. ARSI, Lusitanae 68, fl. 12, citado em Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil, 159.
  8. Cardim, Tratados da Terra e Gente do Brasil, 383; Leite, História da Companhia de Jesus, 1:568.
  9. O Ir. Francisco Dias enviará V. R.ª à Província de Portugal, como se lhe escreve, pois terá feito o que se pretendia dele no Brasil que eram as traças dos três Colégios. E a sua presença é muito necessária para as obras do Reino”. ARSI, Congregaciones 93, fl. 210, citado em Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 265.
  10. Leite, História da Companhia de Jesus, 5:120.
  11. ARSI, Brasiliae 2, fls. 148-148v.; Leite, “Novos Documentos sobre Francisco Dias Mestre de obras de S. Roque em Lisboa", 357.
  12. Leite, História da Companhia de Jesus, 1:115; Leite, “Francisco Dias, Jesuíta Português", 261.
  13. Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil, 159; Leite, História da Companhia de Jesus, 1:391-393.
  14. ARSI, Brailiae 15 (1), fls. 366v.-367, citado em Leite, Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil, 160; Vasconcellos, Chronica da Companhia de Jesu, 128.
  15. ARSI, Brasiliae 15 (1), fls. 381, 428.
  16. Santos, “Contribuição ao Estudo da Arquitectura da Companhia", 515-569.
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Autor(es) do artigo

Cláudia C. Gomes Duarte

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa

https://orcid.org/0000-0003-1554-859X

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/hxaa-6tov

Citar este artigo

Duarte, Cláudia C. Gomes. "Francisco Dias (3)", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 30/06/2023). Consultado a 20 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Francisco_Dias_(3). DOI: https://doi.org/10.34619/hxaa-6tov