Real Corpo de Engenheiros

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Real Corpo de Engenheiros
(valor desconhecido)
Outras denominações Corpo de Oficiais Engenheiros, Corpo de Engenheiros, Real Corpo de Engenheiros‎ do Exército Português
Tipo de Instituição Militar
Data de fundação 12 fevereiro 1787
Data de extinção 1911
Paralisação
Início: sem valor
Fim: sem valor
Localização
Localização Portugal
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

Adicionar às designações: Real corpo de engenheiros militares; corpo de engenheiros militares.

Adicionar às datas: fundação 1787.


"Engenharia", AHM: Div. 3, sc. 46, Caixa 1 à 7.

1: 1 à 8; 11; 14; 15; 28; 29; 30; 41;

2: 2; 5; 19;

3: 3; 12; 14; 17;

4: 2; 3; 10;

5: 1; 23;


O Corpo de Oficiais Engenheiros, ou Real Corpo de Engenheiros, a partir de 1792, foi uma instituição de cariz militar criada em 1787 e composta exclusivamente por oficiais. A nova instituição surgiu após várias tentativas para institucionalizar a instrução militar de engenharia em Portugal ao longo do século XVII e XVIII[1]. O escopo da ação do Real Corpo não se limitou às construções militares, de que é exemplo o plano de defesa das Linhas de Torres em Lisboa. Os oficiais do Corpo foram também incumbidos de trabalhos em "construções civis, trabalhos de navegação e de minas e operações geodésicas e de cadastro"[2].

A partir de 1812, o Real Corpo de Engenheiros foi dotado de regulamento próprio, datado de 12 de Janeiro[3] ou Fevereiro[4], que aprofundou a sua organização e a tornou "mais análoga à dos outros corpos do exército". Segundo alguns autores, este diploma inaugurou uma nova fase orgânica e "deu verdadeiramente origem à arma de engenharia"[5]. Na sua primeira organização o Real Corpo compunha-se por um Estado Maior; um batalhão de artífices engenheiros; e três companhias, a saber: uma de pontoneiros e duas de artífices e mineiros. A composição do Corpo seria alargada logo no ano seguinte por iniciativa do Marquês de Campo Maior[6].

Em 1863, por decreto de 21 de Dezembro, o Corpo de Engenheiros era dotado de nova organização no âmbito da reorganização geral do exército português, que transferiu a "edificação, concerto e reparos" dos quarteis militares para aquele primeiro, antes a cargo do arsenal do exército[7]. De igual forma, procedeu-se à criação do corpo telegráfico anexo ao Real Corpo, adquirindo o último novas competências debaixo da superintendência do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria[8].

No ano seguinte, a criação do Real Corpo de Engenheiros Civis teve como consequência a desvinculação de oficiais graduados em engenharia no Real Corpo de Engenheiros, explicada pelas vantagens dadas aos engenheiros civis. Assim, em 1868, o Corpo de Engenheiros Civis foi extinto em resposta à falta de militares oficiais no Corpo de Engenheiros militares, sendo de sublinhar as "longas discussões" e a alternância entre a solução da uniformização de ambas as engenharias em instituição única, ou, em oposição, a sua distinção e autonomização, patentes durante a segunda metade do século XIX[9].

Em 1880, a criação da Escola Regimental Prática de Engenharia, mais tarde Escola Prática de Engenharia, respondia às necessidades de instrução na arma de engenharia. Mais tarde, em 1884, a reorganização da arma incumbia os engenheiros militares "do estabelecimento das comunicações militares de qualquer ordem". A organização da engenharia militar seria objeto de reforma em 1899, 1901 e 1911.

Outras informações

Em 1812, estavam afetos ao Corpo de Engenheiros, um oficial general, comandante do corpo; dois oficiais "com exercício de ajudantes de ordens do comando geral", sendo um integrado no comando; um secretário; e dois brigadeiros, quatro coronéis, quatro tenentes coronéis, oito majores, doze capitães, doze primeiros tenentes e, vinte e quatro segundos tenentes na condição de oficiais efetivos[10].

Em 1849, o Real Corpo era composto pelo Estado Maior e um batalhão composto por quatro companhias, nomeadamente, uma de pontoneiros, uma de mineiros e duas de sapadores[11].

A partir de 1863 compunham o Estado Maior de engenharia os oficiais de engenharia afetos à direção geral dos trabalhos geodésicos, corográficos e hidrográficos do reino[12]. Nesse mesmo ano determinava-se a anexação do Batalhão de artífices engenheiros organizado em três companhias compostas de "artífices, mineiros, pontoneiros, e sapadores, destinados para o serviço privativo dos oficiais engenheiros" em número de 74 praças cada[13].

Em 1899, a arma de engenharia foi reorganizada sendo constituída pela Direção Geral dos serviços de engenharia, as "inspeções junto dos quartéis generais de cada uma das divisões territoriais, uma inspeção das fortificações de Lisboa, e uma inspeção do serviço telegráfico de guarnição, de aerostação e de pombos militares; pelo pessoal dos estado maior de engenharia em tempo de guerra, e pelas tropas da arma"[14].

A partir de 1901, por decreto de 29 de Outubro, os militares engenheiros ficavam distribuídos por um regimento, 10 companhias e três companhias independentes relativas aos sapadores de praça, telegrafia de praça e torpedeiros (afeto aos serviços de torpedos fixos, que pertenceu à arma de engenharia por decreto de 14 de Outubro do mesmo ano)[15].

Segundo a organização republicana datada de 1911, a arma de engenharia ficava constituída pelas seguintes partições: "a repartição dos serviços de engenharia do estado maior do exército; os serviços de pioneiros; telegráfico-militar, dos caminhos de ferro, dos torpedos fixos, fortificações e obras militares. O serviço de pioneiros compreendia: a inspeção, a comissão técnica; as tropas ativas (8 companhias de sapadores mineiros, 8 seções divisionárias de pontes e 8 seções de projetores); as tropas de reserva da escola de aplicação de engenharia; e o depósito geral de material. O serviço telegráfico-militar compreendia: a inspeção; a comissão técnica; as tropas de telegrafistas de campanha (um grupo de duas companhias de telegrafistas e uma seção de condutores); as tropas de telegrafistas de praça (uma companhia); as tropas de telegrafia sem fios (uma companhia); as tropas de aerosteiros; e a seção eletrónica. O serviço militar de caminhos de ferro compreendia: a inspeção; as tropas (um grupo de duas companhias); as formações. O serviço de torpedos fixos compreendia, na parte exclusivamente de engenharia, a companhia de torpedeiros. O serviço de fortificações e obras militares compreendia: a inspeção geral; as inspeções territoriais, a inspeção das obras e fortificações e a companhia de sapadores de praça, destinada a conservação permanente das obras de fortificação e ao serviço das instalações de iluminação elétrica da área dos setores da defesa terrestre do campo"[16].


Segundo a primeira constituição do Real Corpo de Engenheiros os oficiais integrados eram incumbidos da "direção de todos os trabalhos relativos à fortificação permanente, e de campanha; ao ataque e defensa das praças, postos destacados ou quaisquer entrincheiramentos; à construção, e reedificação de edifícios militares; e no estabelecimentos e conservação das pontes militares: continuará a pertencer ao serviço dos oficiais engenheiros; como também a vigilância sobre a conservação e entretenimento de todos os referidos objetos: igualmente pertencerá ao serviço dos sobreditos oficiais o reconhecimento das fronteiras, e províncias; o levantamento de plantas particulares, cartas geográficas, e topográficas; a configuração dos terrenos, projetos, planos, e memórias militares; e finalmente quanto possa ter uma imediata analogia com os princípios e conhecimentos próprios dos oficias deste corpo"[17]. Às funções relativas à engenharia militar descritas, acresciam as referentes à engenharia civil, podendo os oficiais engenheiros afetos à "construção de pontes, aberturas de esteadas, barras, canais, e em outras obras de semelhante natureza"[18].

Segundo o plano de organização de 1863, as funções exercidas pelos engenheiros militares afetos ao Real Corpo eram principalmente militares, nomeadamente, a "direção dos trabalhos relativos à fortificação permanente ou de campanha; à construção e reedificação de edifícios militares; no reconhecimento do país; no levantamento de plantas e cartas geográficas e topográficas; em tudo quanto possa ter imediata analogia com os conhecimentos próprios dos oficiais deste corpo". O que leva a crer que não se obstava à possibilidade de os oficiais engenheiros exercerem funções no campo da engenharia civil[19].

Do ponto de vista da memória histórica, o Regulamento de 1812 determinava a conservação de "todos os mapas, cartas, planos, projetos, memórias e instrumentos relativos à profissão de engenharia" no arquivo militar, criado dez anos antes.

Professores

Curricula

Notas

  1. Conferir Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:729-730.
  2. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:730.
  3. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:729.
  4. Ribeiro, 11:365.
  5. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:729.
  6. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:730.
  7. Ribeiro, 11:363.
  8. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:730.
  9. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:730-731.
  10. Ribeiro, 11:364-365.
  11. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:730.
  12. Ribeiro, 11:363.
  13. Ribeiro, 11:365.
  14. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:731.
  15. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:731.
  16. Grande Enciclopédia, "Engenharia", 9:731.
  17. Ribeiro, 11:365.
  18. Ribeiro, 11:366.
  19. Ribeiro, 11:363.

Fontes

http://www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/dossiers/historias-da-engenharia/ha-140-anos-a-criacao-da-associacao-dos-engenheiros-civis-portugueses/

Bibliografia

Ligações Internas

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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