Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica

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Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica
(valor desconhecido)
Outras denominações Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das Cartas Hidrográficas, Geográficas e Militares
Tipo de Instituição Militar
Data de fundação 30 junho 1798
Data de extinção 1807
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Ribeira das Naus, Lisboa,-
Início: 30 de junho de 1798
Fim: 1807
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

A Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica, para o desenho, gravura e impressão das cartas hidrográficas, geográficas e militares, ou, abreviadamente, Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica foi criada por alvará com força de lei de 30 de Junho de 1798[1].

O historiador José Silvestre Ribeiro nomeia D. Rodrigo de Sousa Coutinho[2] como proponente e criador desta Sociedade cujo principal objetivo foi o de colmatar a carência de "boas cartas hidrográficas", produzidas em Portugal, sentidas quer na marinha real, quer na marinha mercante. À falta da produção nacional, os navegadores eram obrigados a adquiri-las no estrangeiro, algumas com incorreções "que expunham os navegantes a gravíssimos perigos"[3]. Igualmente havia necessidade de cartas militares e para obras hidráulicas, nomeadamente redes de canais. Esperava-se que os trabalhos da Sociedade servissem também à promoção das comunicações interiores e ao estabelecimento de manufaturas[4].

A Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica foi inaugurada em 22 de Dezembro de 1798. Compunham-na quatro ministros de estado e, oficiais da marinha e do exército, sob nomeação régia; professores proprietários e substitutos das academias de marinha, da academia militar e do exército; dois professores da Universidade de Coimbra, e os opositores da Faculdade de matemática, por nomeação régia; e do diretor geral dos desenhadores, gravadores e impressores[5][6].

Os seus trabalhos[7], a decorrer no Arsenal da Marinha, foram divididos por duas classes, nomeadamente, as cartas hidrográficas afetas à primeira e as cartas geográficas, militares e hidráulicas à segunda[8]. Competia à primeira classe "a publicação das cartas marítimas ou hidrográficas, gerais e particulares para o serviço da marinha real e mercante; fixar a forma e grandeza da escola e do seu método de cada carta geral ou particular, que houvesse de ser publicada, sob sua responsabilidade; fixar os preços, porque deviam ser vendidas as cartas que se publicassem; examinar, aprovar e rubricar as cartas marítimas, estrangeiras ou nacionais, sobrando pela rubrica uma taxa, que devia entrar no cofre da sociedade; publicar uma exata análise das cartas marítimas estrangeiras, cuja venda permitisse; examinar e determinar quais agulhas de marear deveriam ser postas à venda, cobrando uma taxa por esse exame e aprovação; fazer preparar e publicar as melhores e as mais corretas cartas de lestes e taboas astronómicas, pelas últimas observações, para uso de navegação, e dos astrónomos, em todos os domínios portugueses; servindo-se para esse fim, não só de todas as novas observações dos pilotos portugueses, as de todas as que se encontrassem nas viagens, ou roteiros, e nas cartas hidrográficas das nações mais adiantadas na navegação, devendo comprar todas quantas pudessem enriquecer o depósito das cartas que fosse publicado"[9]. À classe deveriam os pilotos comunicar as suas derrotas, podendo os mais hábeis ser convocados à Sociedade para auxiliar os trabalhos. A classe tinha à sua disposição cruzeiros ou viagens com "fim de examinar ou retificar algumas noções marítimas", devendo solicitá-lo aos poderes públicos[10].

À segunda classe competia "a publicação da carta geográfico-topográfica do reino, que o governo mandara levantar, e na qual se estava então trabalhando. Tinha a seu cargo o depósito e a gravura das cartas militares, tendentes à defesa do reino e dos domínios ultramarinos. Devia fazer desenhar e gravar as cartas de canais, e de outras obras hidráulicas, destinadas a facilitar as comunicações inferiores do reino, e a fertilizar os terrenos por meio de irrigações. E, finalmente, devia publicar as cartas parciais do reino, deduzidas da grande carta, depois desta se concluir, a fim de que aquelas cartas parciais servissem de base a um luminoso, exato e geral cadastro das províncias"[11].

Em consonância com a missão de que estava incumbida a Sociedade Real, o alvará fundador estabelecia também quatro prémios anuais no valor de 300 mil réis para "recompensar os membros da sociedade, ou outros indivíduos, que mais se distinguissem nos trabalhos de que fossem encarregados"; e dois prémios no valor de 200 mil réis "para recompensar, ou os pilotos que apresentassem o melhor roteiro, ou quem escrevesse as melhores memórias sobre objetos hidrográficos ou geográficos, ou sobre as ciências exatas que mais íntima conexão têm com as coisas marítimas"[12][13].

A partir de 1800, por decreto de 6 de Novembro, a Sociedade estava autorizada a estabelecer correspondência científica com as instituições congéneres europeias, bem como com "os mais célebres astrónomos"[14]. Não obstante, desde a sua fundação que a Sociedade estava autorizada a contratar artistas estrangeiros "hábeis na construção e divisão dos instrumentos matemáticos e físicos"[15].

No que concerne aos últimos, a Sociedade estava incumbida de propor um plano para a criação de um estabelecimento dedicado à sua criação "e de todo o género de máquinas", que seria impulsionado pelos artistas nacionais que houvessem frequentado escolas estrangeiras[16].

Em 1809 a primeira classe passava a reger-se por regulamento profissional[17].

Refere Silvestre Ribeiro, baseando-se no testemunho de José Maria Dantas Pereira, membro da sociedade, que esta "não foi extinta por determinação legal; as deixou de existir em 1806, ou para melhor dizer, desde que a corte passou em 1807 para o Brasil". Em consequência, parte do espólio da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica seria transportado até ao continente americano, numa primeira fase, e, numa segunda fase, "conduzida posteriormente, acompanhando o remanescente espólio da Companhia dos Guardas Marinhas"[18].

Outras informações

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 4:157.
  2. Ribeiro, 4:161.
  3. Ribeiro, 4:157.
  4. Ribeiro, 4:159.
  5. Ribeiro, 4:160.
  6. Uma relação dos membros da sociedade pode ser consultada em Ribeiro, 4:162-163.
  7. Pode ser consultada uma relação dos trabalhos lidos em sessões da Sociedade Real em Ribeiro, 4:164-165.
  8. Ribeiro, 4:160.
  9. Ribeiro, 4:160.
  10. Ribeiro, 4:161.
  11. Ribeiro, 4:161.
  12. Ribeiro, 161-162.
  13. Pode ser consultada uma relação dos trabalhos premiados em Ribeiro, 4:165-166.
  14. Ribeiro, 4:162.
  15. Ribeiro, 4:161.
  16. Ribeiro, 4:162.
  17. Ribeiro, 4:162.
  18. Ribeiro, 4:167.

Fontes

Bibliografia

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 4. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1874.

Ligações Internas

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Categoria:Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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