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Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, D. Estevão de Meneses, que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco solicitando patente de tenente-coronel<ref name=":1">AHU_ACL_CU_015, Cx. 82, D. 6790. 1756, Outubro, 13, [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. Em linhas gerais, o documento expôs a agenda de trabalho de Jerónimo Mendes de Paz: achando-se “''empregado no Real Serviço''” há “''quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias''”, havia ocupado os postos de “''soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia''”, capitão de Artilharia<ref>Chancelaria D. João V. Liv. 98. P. 317 v.</ref> e sargento-mor do Reino. | Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, D. Estevão de Meneses, que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco solicitando patente de tenente-coronel<ref name=":1">AHU_ACL_CU_015, Cx. 82, D. 6790. 1756, Outubro, 13, [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. Em linhas gerais, o documento expôs a agenda de trabalho de Jerónimo Mendes de Paz: achando-se “''empregado no Real Serviço''” há “''quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias''”, havia ocupado os postos de “''soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia''”, capitão de Artilharia<ref>Chancelaria D. João V. Liv. 98. P. 317 v.</ref> e sargento-mor do Reino. | ||
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Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará na qualidade de Intendente das Minas dos Cariris Novos<ref>Ver Studart, Barão. (1923, p. 296 – 297).</ref>. Dessa incumbência resultou em maio de 1756, a redação e apresentação ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, de uma memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento, Jerónimo Mendes de Paz pontuou o pouco proveito das minas, informando que, nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe<ref>O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.</ref>; entre estes o | Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará na qualidade de Intendente das Minas dos Cariris Novos<ref>Ver Studart, Barão. (1923, p. 296 – 297).</ref>. Dessa incumbência resultou em maio de 1756, a redação e apresentação ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, de uma memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento, Jerónimo Mendes de Paz pontuou o pouco proveito das minas, informando que, nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe<ref>O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.</ref>; entre estes o rio Salgado. Acrescentou que o ouro aparecia em “''manchas''”, pintando o solo. Contudo, em nenhuma das minas, o engenheiro encontrou “''Lucro do q’ nas outras Minas Se Costuma chamar grandeza''”. Em alguns lugares, o achado não pagava nem mesmo o serviço dos trabalhadores; noutros encontrou “''mostras de alguma maior vantagem''”. Escreveu que deixou de examinar vários riachos por estarem sem água devido ao “''rigor do verão''”. Muitos encontravam-se totalmente secos, impróprios para as “''lavages''”. Também se fazia insuperável a “''falta de trabalhadores e pessoas''”, sendo impossível evitar os “''descaminhos''” devido aos extensos “''Lugares pelos q’ andam espalhados esses poucos trabalhadores''”. Muitas vezes ocultavam-se “''uns dos outros, afim de q’ so eles se'' [aproveitassem] ''de alguma mancha mais Rica''”. Por fim, o engenheiro advertia sobre a “''repugnância q’ mostravam alguns Senhores de fazendas e de terras de q’ nelas Se descobrissem Minas''”'','' uma vez que estas se encontravam nos riachos, por entre os pastos da pecuária, e comprometiam a atividade do criatório. Em síntese, concluiu que, em decorrência das grandes distâncias, da resistência dos fazendeiros à atividade mineradora, do baixo rendimento do garimpo e da falta de trabalhadores, as jazidas não promoveriam um processo de urbanização na região<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 81, D. 6727. 1756, maio, 15, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. | ||
Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em | Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em diligência para as localidades de Araroba, Pajau e Cabrabó, na capitania de Pernambuco, e para o rio São Francisco. Neste último, teve como obrigação "''reduzir Índios e criminosos a levantados, e formar as novas povoações em q’ deviam ficar por evitar o prejuízo''". De acordo com o documento, tais índios viviam em "''diminutas e dispersas malocas''".<ref name=":1" /> | ||
Jeronimo Mendes de Paz elaborou um ''Mappa do interior do Ceará'' <ref>Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart (1923).</ref> | Jeronimo Mendes de Paz elaborou um ''Mappa do interior do Ceará''<ref>Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart (1923).</ref>, o qual, de acordo com o Barão de Studart, esboçava a região das Minas, numa “''área de 40 léguas de comprimento que tantas tinha o rio Salgado a contar das nascenças até a barra, e 40 de largura desde as nascenças do rio Kariu até o rio das Antas''”<ref name=":0">Cf. Studart (1923, p. 348)</ref>. Mendes de Paz declarou ter elaborado o mapa “''como lhe foi possível faltando-lhe a perfeição Geográfica não só o tempo mas os instrumentos e gente que soubesse ajudá-lo nas exactas medições''”<ref name=":0" />. | ||
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Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742]. | |||
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743. | |||
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. CARTA (2<sup>a</sup> via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750. | |||
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755. | |||
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1<sup>a</sup> via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756. | |||
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756. | |||
Chancelaria D. João V | Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317 v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740. | ||
==Bibliografia== | ==Bibliografia== | ||
Jucá Neto, Clovis Ramiro. ''Primórdios da Urbanização no Ceará''. Fortaleza - Ceará, Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil, 2012. | |||
Fonseca, Antonio José Victoriano Borges da. "Nobiliarchia Pernambucana". Em ''Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro'', Vol. 47. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935. | |||
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. ''Historia organica e politica do Exercito Português.'' Vol. 7. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1913[https://purl.pt/24869/4/ .] | |||
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. ''Historia organica e politica do Exercito Português.'' Vol. 8. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919[https://purl.pt/24869/4/ .] | |||
Studart, Barão de. "Geografia do Ceará". ''Revista do Instituto do Ceará'' 37, (1923): 296-297. | |||
Studart, Guilherme. ''Notas para a História do Ceará (Segunda metade do século XVIII).'' Lisboa: Typographia do Recreio, 1892. | |||
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal.'' Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899[https://archive.org/details/diccionariohisto01vite .] | |||
Viterbo, Francisco de Sousa. <i>Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>. Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904[https://archive.org/details/diccionariohisto02vite .] | |||
Viterbo, Francisco de Sousa. <i>Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>. Vol. 3. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922[https://archive.org/details/diccionariohisto03vite .] | |||
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil'', coordenação, aditamentos e introdução por Jorge Faro. Vol. 1. Lisboa: Edições Panorama, 1962. | |||
==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia --> | ==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia --> | ||
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Clovis Ramiro Jucá Neto | Clovis Ramiro Jucá Neto |
Revisão das 15h09min de 26 de julho de 2023
Jerónimo Mendes de Paz | |
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Nome completo | Jerónimo Mendes de Paz |
Outras Grafias | Jerônimo Mendes de Paz |
Pai | Francisco Mendes de Paz |
Mãe | B. Brites de Sobral |
Cônjuge | valor desconhecido |
Filho(s) | valor desconhecido |
Irmão(s) | valor desconhecido |
Nascimento | valor desconhecido Recife, Pernambuco, Brasil |
Morte | valor desconhecido Recife, Pernambuco, Brasil |
Sexo | Masculino |
Religião | valor desconhecido |
Postos | |
Posto | Capitão |
Data | Início: 1740 Fim: 1750 |
Arma | Artilharia |
Posto | Tenente-General |
Data | Início: 1750 Fim: 1755 |
Arma | Artilharia |
Posto | Sargento-mor |
Data | Início: 1755 |
Arma | Artilharia |
Cargos | |
Data | Início: 1741 Fim: 1742 |
Cargo | valor desconhecido |
Data | Início: 1752 Fim: 1760 |
Actividade | |
Actividade | Autoria de texto |
Data | Início: maio de 1756 Fim: maio de 1756 |
Local de Actividade | Ceará, Brasil |
Actividade | Campanha militar |
Data | Início: 20 de janeiro de 1760 |
Local de Actividade | Pernambuco, Brasil |
Actividade | Desenho urbano |
Data | Início: 20 de janeiro de 1760 |
Local de Actividade | Pernambuco, Brasil |
Actividade | Autoria de texto |
Local de Actividade | Ceará, Brasil |
Biografia
Dados biográficos
Jerônimo Mendes de Paz[1] (neto) nasceu e morreu em Recife, capitania de Pernambuco, no Brasil, em datas desconhecidas. De acordo com Borges da Fonseca, em Nobiliarquia Pernambucana era filho de Francisco Mendes de Paz e B. Brites de Sobral[2]. Teve como avós paternos Isabel Peres de Almeida e Jerônimo Mendes de Paz (avô), de quem herdou o nome. Deste matrimônio nasceram oito filhos, dentre os quais, José Pinhão de Matos e Francisco Mendes de Paz, pai de Jerônimo Mendes de Paz (neto).
Carreira
Jerônimo Mendes de Paz desenvolveu carreira e atividade militar, tendo recebido carta patente de capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco[3] em 1740. Posteriormente, em 1750, por ocasião da morte do tenente coronel e engenheiro português Diogo da Silveira Veloso, o, então, governador da capitania de Pernambuco, Luís José Correia de Sá, enviou carta ao Rei, indicando Jerônimo Mendes de Paz para o posto de tenente general da Artilharia da Praça do Recife[4]. Cinco anos depois, recebeu a patente de sargento-mor da Artilharia das praças de Olinda e Recife[5].
Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, D. Estevão de Meneses, que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco solicitando patente de tenente-coronel[6]. Em linhas gerais, o documento expôs a agenda de trabalho de Jerónimo Mendes de Paz: achando-se “empregado no Real Serviço” há “quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias”, havia ocupado os postos de “soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia”, capitão de Artilharia[7] e sargento-mor do Reino.
O engenheiro fora enviado por "força do Real Serviço p.a a Capitania do Rio Grande, para Comandante da Ilha de Fernando de Noronha, para o Cabrobó, o Rio. S. Francisco"[6]e para capitania do Ceará. O engenheiro português Diogo da Sylveira Veloso certificou, em 1741, que Jeronimo Mendes de Paz entrava e saía da “guarda com sua companhia no corpo da guarda principal”, visitando presídios na capitania do rio Grande do Norte. Na ocasião, Sylveira Veloso informou que Mendes de Paz guarnecia a dita Fortaleza, "que dista desta praça [de Pernambuco] sessenta e cinco Léguas”.[8] No ano 1742, foi a Lisboa tratar de "vários negócios".[9]
Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará na qualidade de Intendente das Minas dos Cariris Novos[10]. Dessa incumbência resultou em maio de 1756, a redação e apresentação ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, de uma memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento, Jerónimo Mendes de Paz pontuou o pouco proveito das minas, informando que, nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe[11]; entre estes o rio Salgado. Acrescentou que o ouro aparecia em “manchas”, pintando o solo. Contudo, em nenhuma das minas, o engenheiro encontrou “Lucro do q’ nas outras Minas Se Costuma chamar grandeza”. Em alguns lugares, o achado não pagava nem mesmo o serviço dos trabalhadores; noutros encontrou “mostras de alguma maior vantagem”. Escreveu que deixou de examinar vários riachos por estarem sem água devido ao “rigor do verão”. Muitos encontravam-se totalmente secos, impróprios para as “lavages”. Também se fazia insuperável a “falta de trabalhadores e pessoas”, sendo impossível evitar os “descaminhos” devido aos extensos “Lugares pelos q’ andam espalhados esses poucos trabalhadores”. Muitas vezes ocultavam-se “uns dos outros, afim de q’ so eles se [aproveitassem] de alguma mancha mais Rica”. Por fim, o engenheiro advertia sobre a “repugnância q’ mostravam alguns Senhores de fazendas e de terras de q’ nelas Se descobrissem Minas”, uma vez que estas se encontravam nos riachos, por entre os pastos da pecuária, e comprometiam a atividade do criatório. Em síntese, concluiu que, em decorrência das grandes distâncias, da resistência dos fazendeiros à atividade mineradora, do baixo rendimento do garimpo e da falta de trabalhadores, as jazidas não promoveriam um processo de urbanização na região[12].
Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em diligência para as localidades de Araroba, Pajau e Cabrabó, na capitania de Pernambuco, e para o rio São Francisco. Neste último, teve como obrigação "reduzir Índios e criminosos a levantados, e formar as novas povoações em q’ deviam ficar por evitar o prejuízo". De acordo com o documento, tais índios viviam em "diminutas e dispersas malocas".[6]
Jeronimo Mendes de Paz elaborou um Mappa do interior do Ceará[13], o qual, de acordo com o Barão de Studart, esboçava a região das Minas, numa “área de 40 léguas de comprimento que tantas tinha o rio Salgado a contar das nascenças até a barra, e 40 de largura desde as nascenças do rio Kariu até o rio das Antas”[14]. Mendes de Paz declarou ter elaborado o mapa “como lhe foi possível faltando-lhe a perfeição Geográfica não só o tempo mas os instrumentos e gente que soubesse ajudá-lo nas exactas medições”[14].
Notas
- ↑ Não há qualquer referência sobre Jerónimo Mendes de Paz em Viterbo, Diccionario Historico e Documental dos Arquitectos; ou em Viterbo, Expedições Científicos-Militares enviadas ao Brasil. Tampouco encontramos menção à Mendes da Paz em Sepúlveda, Historia organica e politica do Exercito Português. Ver Studart, "Geografia do Ceará"; Studart, Notas para a História do Ceará, 9-60; e Jucá Neto, Primórdios da Urbanização no Ceará.
- ↑ Fonseca, Nobiliarquica Pernambucana, 47:256-257.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 4973. [ant. 1742, setembro, 20]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. Ver também Chancelaria D. João V, Livro 98, p. 307v. Arquivo da Torre do Tombo.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, D. 5962. 1750, agosto, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 79, D. 6618. 1755, agosto, 26 [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.
- ↑ 6,0 6,1 6,2 AHU_ACL_CU_015, Cx. 82, D. 6790. 1756, Outubro, 13, [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.
- ↑ Chancelaria D. João V. Liv. 98. P. 317 v.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 5021. 1743, fevereiro, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 4973. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos de Pernambuco.
- ↑ Ver Studart, Barão. (1923, p. 296 – 297).
- ↑ O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.
- ↑ AHU_ACL_CU_015, Cx. 81, D. 6727. 1756, maio, 15, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.
- ↑ Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart (1923).
- ↑ 14,0 14,1 Cf. Studart (1923, p. 348)
Fontes
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742].
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. CARTA (2a via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1a via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317 v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.
Bibliografia
Jucá Neto, Clovis Ramiro. Primórdios da Urbanização no Ceará. Fortaleza - Ceará, Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil, 2012.
Fonseca, Antonio José Victoriano Borges da. "Nobiliarchia Pernambucana". Em Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Vol. 47. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935.
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. Historia organica e politica do Exercito Português. Vol. 7. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1913.
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. Historia organica e politica do Exercito Português. Vol. 8. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919.
Studart, Barão de. "Geografia do Ceará". Revista do Instituto do Ceará 37, (1923): 296-297.
Studart, Guilherme. Notas para a História do Ceará (Segunda metade do século XVIII). Lisboa: Typographia do Recreio, 1892.
Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.
Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.
Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 3. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.
Viterbo, Francisco de Sousa. Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil, coordenação, aditamentos e introdução por Jorge Faro. Vol. 1. Lisboa: Edições Panorama, 1962.
Ligações Externas
Wikimedia Commons, "José Pinhão de Matos".
Autor(es) do artigo
Clovis Ramiro Jucá Neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design. Universidade Federal do Ceará - Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-8424-1527
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
DOI
https://doi.org/10.34619/m0nn-nimq
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Neto, Clovis Ramiro Jucá. "Jerónimo Mendes de Paz", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, {{{year}}} 2022. Consultado a 18 de setembro de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jer%C3%B3nimo_Mendes_de_Paz. DOI: https://doi.org/10.34619/m0nn-nimq