Escola Industrial do Porto: diferenças entre revisões
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A Escola Industrial do Porto foi criada por decreto de 30 de Setembro de 1852, no contexto da ditadura do Duque de Saldanha, uma vez encerrado o parlamento. A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:379.</ref>, figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, enquadram a fundação desta Escola no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período inicial de vigência do movimento da Regeneração e, mais particularmente, do designado período do Fontismo. O mesmo | A Escola Industrial do Porto foi criada por decreto de 30 de Setembro de 1852, no contexto da ditadura do Duque de Saldanha, uma vez encerrado o parlamento. A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:379.</ref>, figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, enquadram a fundação desta Escola no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período inicial de vigência do movimento da Regeneração e, mais particularmente, do designado período do Fontismo. O mesmo sucederia em Lisboa com a criação do [[Instituto Industrial de Lisboa]], estabelecido pelo mesmo decreto<ref>Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório para ambos as instituições, datado de 1853, Ribeiro, 7:106.</ref>. A mais, no final do ano de 1852, na vertente agrícola observou-se também a fundação do Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa, incumbidos da instrução agrícola e agronómica, técnica e científica, de grau médio e superior. | ||
Na perspectiva dos regeneradores o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "''educação profissional''", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"<ref>Ribeiro, 7:346.</ref>, | Na perspectiva dos regeneradores, enquadrados no modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "''educação profissional''", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"<ref>Ribeiro, 7:346.</ref>. Este entendimento explica que, por iniciativa do Estado e no âmbito das suas obras, findo o período de três anos desde a fundação do ensino industrial, se exigisse aos operários a apresentação da carta de curso correspondente à sua profissionalização, não podendo ser admitidos sem a mesmas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. Ainda assim, observe-se a nota de Silvestre Ribeiro: "''Esta disposição era excelente, e fundada em boa razão; mas é certo que nunca se cumpriu''"<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. | ||
A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>. | A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>. | ||
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Podiam admitir-se às matrículas nos cursos providos pelo Instituto os alunos com uma idade mínima de 12 anos, as faculdades de ler, escrever e contar e boa saúde. | |||
Distinguiam-se os alunos em três condições, a saber, ordinários, que seguiam o curso pela ordem estabelecida; os voluntários, que não seguiam o curso pela ordem estabelecida; e os alunos ouvintes registados, que frequentassem determinadas cadeiras<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>. | |||
O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do conselho escolar<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>. | O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do conselho escolar<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>. | ||
A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.<ref>Ribeiro, 7:347.</ref> O ensino prático podia ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>. | |||
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Os alunos eram incumbidos de trabalhos físicos nas oficinas quando tivessem concluído as duas primeiras cadeiras respeitantes ao grau elementar da instrução industrial<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>. | |||
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Revisão das 15h44min de 13 de outubro de 2022
Escola Industrial do Porto | |
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(EIP, IIP, IICP) | |
Outras denominações | Escola Industrial Portuense, Instituto Industrial do Porto, Instituto Industrial e Comercial do Porto |
Tipo de Instituição | Ensino civil |
Data de fundação | 30 dezembro 1852 |
Data de extinção | 5 dezembro 1918 |
Paralisação | Início: valor desconhecido Fim: valor desconhecido |
Localização | |
Localização | Palácio da Bolsa, Porto,- Início: 1852 Fim: 1861 |
Localização | Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, Porto,- Início: 1861 |
Antecessora | valor desconhecido |
Sucessora | Instituto Superior de Comércio do Porto |
História
Escola Industrial do Porto
12:167-177
A Escola Industrial do Porto foi criada por decreto de 30 de Setembro de 1852, no contexto da ditadura do Duque de Saldanha, uma vez encerrado o parlamento. A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia[1], figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, enquadram a fundação desta Escola no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período inicial de vigência do movimento da Regeneração e, mais particularmente, do designado período do Fontismo. O mesmo sucederia em Lisboa com a criação do Instituto Industrial de Lisboa, estabelecido pelo mesmo decreto[2]. A mais, no final do ano de 1852, na vertente agrícola observou-se também a fundação do Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa, incumbidos da instrução agrícola e agronómica, técnica e científica, de grau médio e superior.
Na perspectiva dos regeneradores, enquadrados no modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "educação profissional", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"[3]. Este entendimento explica que, por iniciativa do Estado e no âmbito das suas obras, findo o período de três anos desde a fundação do ensino industrial, se exigisse aos operários a apresentação da carta de curso correspondente à sua profissionalização, não podendo ser admitidos sem a mesmas[4]. Ainda assim, observe-se a nota de Silvestre Ribeiro: "Esta disposição era excelente, e fundada em boa razão; mas é certo que nunca se cumpriu"[5].
A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente[6].
Outras informações
Podiam admitir-se às matrículas nos cursos providos pelo Instituto os alunos com uma idade mínima de 12 anos, as faculdades de ler, escrever e contar e boa saúde. Distinguiam-se os alunos em três condições, a saber, ordinários, que seguiam o curso pela ordem estabelecida; os voluntários, que não seguiam o curso pela ordem estabelecida; e os alunos ouvintes registados, que frequentassem determinadas cadeiras[7].
O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do conselho escolar[8].
A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.[9] O ensino prático podia ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato[10].
Aquando da criação da Escola Industrial foi estabelecido
para o museu: "Assim como o culto do belo não existe senão nos países, onde em museus e galerias especiais se podem observar as preciosas produções dos mais altos engenhos em belas artes; também sem bons exemplares para o trabalho industrial, nenhum povo pode atingir a grande perfeição nesta importantíssima e utilíssima província do trabalho humano".
Rel. do D. de 20 de dez. de 1865.
Professores
Curricula
O plano de estudos inicial da Escola Industrial do Porto contemplava os dois primeiros níveis de instrução técnica industrial, acrescendo uma cadeira do "ensino complementar", a sétima, dedicada à disciplina de "química aplicada às artes"[11]. O ensino era ministrado em regime nocturno[12]. Comparativamente ao Instituto Industrial de Lisboa este plano apresenta-se mais exímio encontrando-se omissas duas cadeiras, a oitava, relativa à "Economia e legislação industrial" e a nona cadeira de "Desenho de modelos e máquinas". Estas cadeiras eram conducentes aos cursos de diretor mecânico e diretor químico, cujas cartas de curso, em consequência, a Escola não podia passar, ao contrário do Instituto Industrial de Lisboa[13].
Os alunos eram incumbidos de trabalhos físicos nas oficinas quando tivessem concluído as duas primeiras cadeiras respeitantes ao grau elementar da instrução industrial[14].
1852- | ||||
Graus de ensino | Nome da Cadeira | Matérias | Livros | Professores |
Ensino
Elementar |
Primeira cadeira | "Aritmética elementar; primeiras noções de álgebra; geometria elementar"[15]. | ||
Segunda
cadeira |
"Desenho linear e de ornatos industriais"[16]. | |||
Ensino
Secundário |
Terceira cadeira | "Elementos de geometria descritiva aplicada às artes"[17]. | ||
Quarta
cadeira |
"Noções elementares de física e química"[18]. | |||
Quinta
cadeira |
"Desenho de modelos e máquinas. Primeira parte"[19]. | |||
Ensino Complementar | Sexta
cadeira |
"Mecânica industrial"[20]. | ||
Sétima
cadeira |
"Química aplicada ás artes"[21]. |
A Escola Industrial do Porto passava as cartas de curso, consoante a frequência nas seguintes cadeiras: 1.ª e 2.ª cadeiras, operário habilitado; 1.ª, 2ª e 5.ª cadeiras, oficial mecânico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, oficial químico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de forjar, oficial forjador; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de fundir e moldar, oficial fundidor; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de serrilharia e ajustamento, oficial serralheiro ajustador; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de tornear e moldar, oficial torneiro ajustador; 1.ª, 2.ª, 3.ª e 5.ª cadeiras, oficinas; 1.ª, 2.ª e 3.ª cadeiras, mestre mecânico; e 1.ª, 2.ª, 4.ª e 7.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, mestre químico[22].
Notas
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:379.
- ↑ Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório para ambos as instituições, datado de 1853, Ribeiro, 7:106.
- ↑ Ribeiro, 7:346.
- ↑ Ribeiro, 7:381.
- ↑ Ribeiro, 7:381.
- ↑ Ribeiro, 7:347-348.
- ↑ Ribeiro, 7:350.
- ↑ Ribeiro, 7:105.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:105.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:105.
- ↑ Ribeiro, 7:351.
- ↑ Ribeiro, 7:348.
- ↑ Ribeiro, 7:350.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:347.
- ↑ Ribeiro, 7:348.
Fontes
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878, pp. 105-107.
Almeida, Raquel Maria Rodrigues de. «A escola industrial do Porto (1852-1864): Estudo Orgânico-Funcional e Tratamento Arquivístico da Informação». Porto: Faculdade de Letras Universidade do Porto, 29 de Julho de 2014. https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/74087.
Bibliografia
Ligações Internas
Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link: Categoria:Escola Industrial do Porto
Ligações Externas
Autor(es) do artigo
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
DOI
Citar este artigo
- Escola Industrial do Porto (última modificação: 13/10/2022). eViterbo. Visitado em 24 de junho de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Escola_Industrial_do_Porto