José Pinto Alpoim: diferenças entre revisões

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José Fernandes Pinto Alpoim iniciou a sua formação na Aula de Fortificação de Viana que tinha sido instituída em 1701, onde seu avô Manuel Pinto de Vila Lobos foi um dos lentes e onde o próprio Alpoim foi lente substituto em 1729. Poderá ter continuado os estudos na Aula de Fortificação e Arquitetura Militar em Lisboa. Era identificado como ajudante de Manuel de Azevedo Fortes, o então engenheiro-mor do reino, com quem foi para praça de Almeida, como capitão-engenheiro, em 1736. Alpoim poderá também ter lecionado na Aula de Fortificação de Almeida instituída em 1732. Em 1739 partiu para o Rio de Janeiro como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia. Permaneceu no Brasil, onde fez a sua carreira, até a sua morte, em 7 de janeiro de 1765, no Rio de Janeiro. Alguns biógrafos indicam que foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, mas o seu túmulo não foi encontrado. -->
José Fernandes Pinto Alpoim iniciou a sua formação na Aula de Fortificação de Viana que tinha sido instituída em 1701, onde seu avô Manuel Pinto de Vila Lobos foi um dos lentes e onde o próprio Alpoim foi lente substituto em 1729. Poderá ter continuado os estudos na Aula de Fortificação e Arquitetura Militar em Lisboa. Era identificado como ajudante de Manuel de Azevedo Fortes, o então engenheiro-mor do reino, com quem foi para praça de Almeida, como capitão-engenheiro, em 1736. Alpoim poderá também ter lecionado na Aula de Fortificação de Almeida instituída em 1732. Em 1739 partiu para o Rio de Janeiro como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia. Permaneceu no Brasil, onde fez a sua carreira, até a sua morte, em 7 de janeiro de 1765, no Rio de Janeiro. Alguns biógrafos indicam que foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, mas o seu túmulo não foi encontrado. -->
===Carreira===
Em 1729 sabe-se que Alpoim era lente substituto em Viana e que levantou uma planta da beira do rio Douro, visando a maior segurança das embarcações, que mereceu elogios. Até 3 de julho de 1736 era ajudante de infantaria com exercício de engenheiro e foi nesta data promovido à capitão engenheiro das fortificações da província do Alentejo. Neste mesmo ano de 1736,  passou para Almeida acompanhando Manuel de Azevedo Fortes. Em Almeida conhecem-se elogios à atuação de Alpoim quer na reconstrução de edifícios (igrejas, casas e armazéns que tinham sido destruídos em incêndios), quer em ações de espionagem (disfarçando-se de mendigo foi, em duas ocasiões, recolher informações sobre as manobras e fortificações espanholas, tendo executado plantas dos fortes inimigos). Também acompanhou Azevedo Fortes em viagem de vistoria pelas fortificações da fronteira. Em 1738 foi mandado recolher à Lisboa e em 5 de agosto foi nomeado sargento-mor do novo terço de artilharia que se criou neste ano, no Rio de Janeiro, por carta régia de D. João V, que determinava igualmente  que ali houvesse “Aula onde os oficiais e soldados do dito terço e as mais pessoas que quiserem aplicar-se  possam aprender a teoria da artilharia e o uso dos fogos artificiais, criando por este modo oficiais que depois de instruídos na dita Aula possam ser empregados nos postos da repartição da artilharia dessa e das mais capitanias”.


Alpoim chegou ao Brasil em 1739. Até 1745 serviu como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro. Entre 25 de janeiro e 27 de julho de 1745 esteve em missão em Minas Gerais executando diversos trabalhos por ordem do governador e capitão general Gomes Freire de Andrade. Em 22 de dezembro de 1745 sentou praça no posto de tenente de mestre de campo general, mantendo-se com a obrigação de dar aula o que faz até 1750. Escreveu dois tratados que sintetizam matérias ensinadas na Aula: ''Exame de Artilheiros'' (Lisboa: Oficina de José Antonio Plates, 1744) e ''Exame de Bombeiros'' (Madrid: Oficina de Francisco Martinez Abad, 1748). Em 20 de outubro de 1750 foi promovido a mestre de campo general do Terço Novo da praça do Rio de Janeiro sucedendo no posto a Pedro de Azambuja Ribeiro. Em 22 de fevereiro de 1751 é provido no posto de coronel do regimento de artilharia do Rio de Janeiro sucedendo a André Ribeiro Coutinho. No contexto das demarcações de limites determinadas pelo Tratado de Madrid (1750), Alpoim foi designado, em 1752, comissário da segunda, das três partidas de demarcação da campanha do Sul, dirigida por Gomes Freire de Andrade. Partiu do Rio de Janeiro com Gomes Freire em 19 de fevereiro de 1752. A eclosão da guerra guaranítica (1753-1756) impediu parte dos trabalhos demarcatórios e impôs una campanha bélica da qual Alpoim participou sendo referido em diversos relatos e diários. Com a pacificação no sul,  regressou ao Rio de Janeiro em 1759 e em 14 de agosto ou 9 de novembro de 1760 foi feito brigadeiro, mantendo-se como chefe do batalhão de artilharia até à sua morte em 7 de janeiro de 1765.


===Carreira===
===Outras informações===
Além de projetos e desenhos para vários edifícios civis e militares, Alpoim criou também “engenhos” entre os quais carretas para transportar canhões e uma famosa máquina para carenar navios chamada “Paixão”, construída em 1744, na Ilha das Cobras.


===Outras informações===  
==Obras==
Sobretudo no âmbito da arquitetura, há que distinguir entre as obras que são comprovadamente da autoria de Alpoim e as que lhe são atribuídas. No Rio de Janeiro, Alpoim foi o autor do projeto da Residência dos Governadores (1743), depois Paço Real e Imperial. Em 1747 desenhou para o centro da praça um chafariz que no entanto nunca chegou a ser construído pois, por imposição do Conselho Ultramarino, executou-se um projeto de Carlos Mardel, que depois viria por sua vez  a ser substituído por outro de Mestre Valentim. Na sequência de um conjunto de casas diante da residência dos governadores Alpoim fez introduzir um arco (Arco do Teles) com  isso desenhando a própria praça a partir dos elementos arquitetónicos. Em 1743 desenhou o claustro do mosteiro de São Bento. Foi também responsável pelo projeto e execução do Convento da Ajuda (1749), que hoje já não existe. Fez ainda o hospícios dos padres Barbadinhos, de se conhece a planta, assinada por Alpoim e Manuel de Melo e Castro. Conhecem—se também plantas de projetos não executados para a reforma da casa de câmara e cadeia, e um projeto de reconstrução da alfandega.
 
Em Minas Gerais, foi o autor, em Ouro Preto,  do projeto do singular Palácio dos Governadores (que associa um desenho militar à um edifício de função civil) que foi executado por  Manuel Francisco Lisboa e de um outro para a casa de câmara e cadeia que nunca saiu do papel. Em Barbacena, atribui-se-lhe o risco da igreja matriz de Nossa Senhora da Piedade. É-lhe tradicionalmente atribuído o plano urbano de Mariana, embora nunca se tenha encontrado o eventual desenho.
 
No Rio de Janeiro, são também atribuídas à Alpoim as obras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte; a reconstrução da igreja da Santa Casa da Misericórdia dedicada à Nossa Senhora do Bom Sucesso;  o desenho da igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens; o da igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro e o da igreja e convento de Santa Teresa. Entre os edifícios de arquitetura civil atribuem-se-lhe a casa da fazenda Jurujuba e a casa do Bispo no rio Comprido e no âmbito da arquitetura militar, a casa do trem de artilharia (1762) (hoje Museu Histórico Nacional).
 
No Rio Grande do Sul, no contexto da campanha da guerra guaranítica Alpoim delineou novamente, em 1754, o forte de Jesus Maria José do rio Pardo, aproveitado o que restava da obra anteriormente feita, em 1753, pelo engenheiro João Gomes de Melo.


==Obras==
==Referências bibliográficas==
==Referências bibliográficas==
<references />  
<references />  
   
   
==Fontes==
==Fontes==
<--* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Cartório do Distribuidor</i>, Livro 101.
==Bibliografia==
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Cartório do Distribuidor</i>, Livro 103.
Pardal, Paulo, Nota biográfica e análise crítica. In Alpoim, José Fernandes Pinto. ''Exame de Artilheiros 1744. Reprodução fac-similar.'' Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1987, pp. 13-72.  
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Cartório do Distribuidor</i>, Livro 105.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Mercês</i>, Livro 1 de Registo de Batismos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Mercês</i>, Livro 2 de Registo de Batismos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Mercês</i>, Livro 1 de Registo de Casamentos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Salvador (Santarém)</i>, Livro 4 de Registo de Batismos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Santa Justa</i>, Livro 4 de Registo de Óbitos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de Santa Justa</i>, Livro 6 de Registo de Batismos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de São José,</i> Livro 3 de Registo de Óbitos.
* Arquivo Distrital de Lisboa, <i>Paróquia de São José,</i> Livro 6 de Registo de Óbitos.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Casa dos Vinte e Quatro</i>, Livro do catálogo das pessoas que têm servido de juízes, escrivães e procuradores dos mesteres.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Casa dos Vinte e Quatro</i>, Livro 1º de Lembranças das pessoas que foram aprovadas pelos senados nos exames que neles fizeram sendo opositores aos ofícios da Casa dos Vinte e Quatro.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Chancelaria da Cidade</i>, Livro 6º de assentos do Senado.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Chancelaria Régia</i>, Livro 13 de Consultas e Decretos de D. João V do Senado Ocidental.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Chancelaria Régia</i>, Livro 13 de Consultas e Decretos de D. João V do Senado Oriental.
* Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Histórico, <i>Irmandade de São José dos Carpinteiros</i>, Livro de Exame de Ofícios (1703-1761).
* Arquivo Nacional Torre do Tombo, <i>Tribunal do Santo Ofício</i>, Conselho Geral, Habilitações Incompletas.
* <i>Collecção de Decretos e Regulamentos mandados publicar por sua Magestade Imperial desde a sua entrada em Lisboa até à instalação das Camaras Legislativas, Terceira Série</i>, Lisboa: Imprensa Nacional, 1840.
* <i>Collecção Official da Legislação Portugueza, redigida por José Máximo de Castro Neto Leite e Vasconcellos, do Conselho de Sua Magestade e Juiz da Relação de Lisboa, anno de 1852</i>, Lisboa: Imprensa Nacional, 1853.
* <i>Constituições Synodaes do Arcebispado de Lisboa, Novamente feitas no Synodo Diocesano que celebrou na Sé Metropolitana de Lisboa o Illustrissimo, & Reuerendissimo Senhor D. Rodrigo da Cunha Arcebispo da mesma cidade, do Conselho d’Estado de S. Magestade, em os 30 dias de Mayo do anno de 1640</i>, Lisboa: Officina de Paulo Craesbeeck, 1656.
* <i>Elementos para a Historia do Municipio de Lisboa, Tomo XIII e XIV</i> (ed. Eduardo Freire de Oliveira), 17 Volumes, Lisboa: Typographia Universal, 1882-1911.
* <i>Gazeta de Lisboa Occidental</i>, Lisboa: Officina Antonio Lemos, 1739, 1750.
* <i>Livro dos regimẽtos dos officiais mecânicos da mui nobre e sẽpre leal cidade de Lixboa (1572),</i> (ed. Vergilio Correia), Coimbra: Imprensa da Universidade, 1926.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos, que aprendem o Officio de pedreiro</i>, Lisboa: Officina Sylviana da Academia Real, 1739.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos, que aprendem o Officio de pedreiro e carpinteiro</i>, Lisboa: Officina de Antonio da Sylva, 1748.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos, que aprendem o Officio de pedreiro e carpinteiro, Terceira impressaõ, acrescentadas com o que pertence ao Officio de Carpinteiro</i>, Lisboa: Oficina Sylviana, e da Academia Real, 1757.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos que aprendem os officios de pedreiro, e carpinteiro, Quarta Impressão, accrescentada com o que pertence ao Officio de Carpinteiro</i>, Lisboa: Impressão Régia, 1826.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos que aprendem os officios de pedreiro, e carpinteiro, Quinta impressão accrescentada com o que pertence ao Officio de Carpinteiro</i>, Lisboa: Typ. de J. N. Esteves, 1847.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos que aprendem os officios de pedreiro, e carpinteiro, Sexta edição, acrescentada com o que pertence ao officio de Carpinteiro, e ampliada com a taboada da Arithmetica, e com as tabellas da redução de varas a metros, e de metros a varas, palmos, pollegadas, linhas e pontos</i>, Lisboa: Typographia de Costa Sanchas, 1860.
* Martins de Oliveira, Valério. <i>Advertencias aos modernos que aprendem os officios de pedreiro, e carpinteiro</i>, (Fac-simile da 2ª edição de 1748), Lisboa: Arquimedes, 2008. -->


==Bibliografia==
Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio. O Brasil dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo : Fapesp, 2011, pp. 233-235.


==Ligações Externas==   
==Ligações Externas==   
< -- *[http://www.cesdies.net/monumento-de-mafra-virtual/mestre-pedreiro-valerio-martins-de-oliveira Valério Martins de Oliveira In Mafra Virtual]. -->


==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
Sandra M. G. Pinto


==Financiamento==
==Financiamento==

Revisão das 16h43min de 24 de abril de 2019


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José Pinto Alpoim
Nome completo José Fernandes Pinto Alpoim
Pai Vasco Fernandes de Lima
Mãe Revocata Pinto Alpoim
Cônjuge Maria Maior Cordeira de Brito
Filho(s) José Fernandes Pinto Alpoim, Vasco Fernandes Pinto Alpoim, Maria Pinto Alpoim e Antónia Maria Pinto Alpoim
Nascimento 7|1|1765
Viana do Castelo, Portugal
Morte 7|1|1765
Rio de Janeiro, Brasil
Residência Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade português
Século Século 18
Religião católico
Sexo masculino
Data de Início: Aula de Fortificação de Viana
Posto: Ajudante de infantaria com exercício de engenheiro
Arma: Infantaria
Data de fim: |1736|
Posto: Capitão engenheiro
Data: |1736|
Data de fim: |1738|
Posto: Sargento-mor de Artilheiros
Arma: Artilharia
Data: |1739|
Data de fim: |1745|
Posto: Tenente de mestre de campo general
Data: |1745|
Data de fim: |1750|
Posto: Mestre de campo general
Data: |1750|
Data de fim: |1751|
Posto: Coronel do regimento de artilharia
Arma: Artilharia
Data: |1751|
Data de fim: |1760|

Biografia

Dados biográficos

<-José Fernandes Pinto Alpoim nasceu em Viana do Minho, hoje Viana do Castelo, em 14 de julho de 1700. Filho do ajudante de infantaria Vasco Fernandes de Lima e de sua mulher Revocata Pinto Alpoim. Era neto do sargento-mor Manuel Pinto Vila Lobos, que foi seu padrinho de batismo. Casou-se em Portugal com Maria Maior Cordeira de Brito com que teve quatro filhos: José Fernandes Pinto Alpoim, Vasco Fernandes Pinto Alpoim, Maria Pinto Alpoim e Antónia Maria Pinto Alpoim. Quando Alpoim embarcou para o Brasil em 1739, a mulher permaneceu em Portugal, recebendo parte do seu soldo. Terá residido até à sua morte, em 2 de julho de 1747, numa quinta próxima à Viana. Uma das filhas, Maria Pinto Alpoim, casou-se em Portugal em 1753, com o Dr. José Paulo de Sousa, de Viana do Castelo. Os dois filhos foram para o Brasil e seguiram a carreira militar tendo ambos acompanhado o pai na guerra guaranítica (1753-1756). Vasco Fernandes Pinto Alpoim morreu logo depois em um naufrágio que é referido no poema Uraguai de Basílio da Gama. Antónia Maria Pinto Alpoim também foi para o Brasil onde se casou com Joaquim José Ribeiro da Costa que, em 1794, era tenente-coronel no Rio de Janeiro.

José Fernandes Pinto Alpoim iniciou a sua formação na Aula de Fortificação de Viana que tinha sido instituída em 1701, onde seu avô Manuel Pinto de Vila Lobos foi um dos lentes e onde o próprio Alpoim foi lente substituto em 1729. Poderá ter continuado os estudos na Aula de Fortificação e Arquitetura Militar em Lisboa. Era identificado como ajudante de Manuel de Azevedo Fortes, o então engenheiro-mor do reino, com quem foi para praça de Almeida, como capitão-engenheiro, em 1736. Alpoim poderá também ter lecionado na Aula de Fortificação de Almeida instituída em 1732. Em 1739 partiu para o Rio de Janeiro como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia. Permaneceu no Brasil, onde fez a sua carreira, até a sua morte, em 7 de janeiro de 1765, no Rio de Janeiro. Alguns biógrafos indicam que foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, mas o seu túmulo não foi encontrado. -->

Carreira

Em 1729 sabe-se que Alpoim era lente substituto em Viana e que levantou uma planta da beira do rio Douro, visando a maior segurança das embarcações, que mereceu elogios. Até 3 de julho de 1736 era ajudante de infantaria com exercício de engenheiro e foi nesta data promovido à capitão engenheiro das fortificações da província do Alentejo. Neste mesmo ano de 1736,  passou para Almeida acompanhando Manuel de Azevedo Fortes. Em Almeida conhecem-se elogios à atuação de Alpoim quer na reconstrução de edifícios (igrejas, casas e armazéns que tinham sido destruídos em incêndios), quer em ações de espionagem (disfarçando-se de mendigo foi, em duas ocasiões, recolher informações sobre as manobras e fortificações espanholas, tendo executado plantas dos fortes inimigos). Também acompanhou Azevedo Fortes em viagem de vistoria pelas fortificações da fronteira. Em 1738 foi mandado recolher à Lisboa e em 5 de agosto foi nomeado sargento-mor do novo terço de artilharia que se criou neste ano, no Rio de Janeiro, por carta régia de D. João V, que determinava igualmente  que ali houvesse “Aula onde os oficiais e soldados do dito terço e as mais pessoas que quiserem aplicar-se  possam aprender a teoria da artilharia e o uso dos fogos artificiais, criando por este modo oficiais que depois de instruídos na dita Aula possam ser empregados nos postos da repartição da artilharia dessa e das mais capitanias”.

Alpoim chegou ao Brasil em 1739. Até 1745 serviu como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro. Entre 25 de janeiro e 27 de julho de 1745 esteve em missão em Minas Gerais executando diversos trabalhos por ordem do governador e capitão general Gomes Freire de Andrade. Em 22 de dezembro de 1745 sentou praça no posto de tenente de mestre de campo general, mantendo-se com a obrigação de dar aula o que faz até 1750. Escreveu dois tratados que sintetizam matérias ensinadas na Aula: Exame de Artilheiros (Lisboa: Oficina de José Antonio Plates, 1744) e Exame de Bombeiros (Madrid: Oficina de Francisco Martinez Abad, 1748). Em 20 de outubro de 1750 foi promovido a mestre de campo general do Terço Novo da praça do Rio de Janeiro sucedendo no posto a Pedro de Azambuja Ribeiro. Em 22 de fevereiro de 1751 é provido no posto de coronel do regimento de artilharia do Rio de Janeiro sucedendo a André Ribeiro Coutinho. No contexto das demarcações de limites determinadas pelo Tratado de Madrid (1750), Alpoim foi designado, em 1752, comissário da segunda, das três partidas de demarcação da campanha do Sul, dirigida por Gomes Freire de Andrade. Partiu do Rio de Janeiro com Gomes Freire em 19 de fevereiro de 1752. A eclosão da guerra guaranítica (1753-1756) impediu parte dos trabalhos demarcatórios e impôs una campanha bélica da qual Alpoim participou sendo referido em diversos relatos e diários. Com a pacificação no sul,  regressou ao Rio de Janeiro em 1759 e em 14 de agosto ou 9 de novembro de 1760 foi feito brigadeiro, mantendo-se como chefe do batalhão de artilharia até à sua morte em 7 de janeiro de 1765.

Outras informações

Além de projetos e desenhos para vários edifícios civis e militares, Alpoim criou também “engenhos” entre os quais carretas para transportar canhões e uma famosa máquina para carenar navios chamada “Paixão”, construída em 1744, na Ilha das Cobras.

Obras

Sobretudo no âmbito da arquitetura, há que distinguir entre as obras que são comprovadamente da autoria de Alpoim e as que lhe são atribuídas. No Rio de Janeiro, Alpoim foi o autor do projeto da Residência dos Governadores (1743), depois Paço Real e Imperial. Em 1747 desenhou para o centro da praça um chafariz que no entanto nunca chegou a ser construído pois, por imposição do Conselho Ultramarino, executou-se um projeto de Carlos Mardel, que depois viria por sua vez  a ser substituído por outro de Mestre Valentim. Na sequência de um conjunto de casas diante da residência dos governadores Alpoim fez introduzir um arco (Arco do Teles) com  isso desenhando a própria praça a partir dos elementos arquitetónicos. Em 1743 desenhou o claustro do mosteiro de São Bento. Foi também responsável pelo projeto e execução do Convento da Ajuda (1749), que hoje já não existe. Fez ainda o hospícios dos padres Barbadinhos, de se conhece a planta, assinada por Alpoim e Manuel de Melo e Castro. Conhecem—se também plantas de projetos não executados para a reforma da casa de câmara e cadeia, e um projeto de reconstrução da alfandega.

Em Minas Gerais, foi o autor, em Ouro Preto,  do projeto do singular Palácio dos Governadores (que associa um desenho militar à um edifício de função civil) que foi executado por  Manuel Francisco Lisboa e de um outro para a casa de câmara e cadeia que nunca saiu do papel. Em Barbacena, atribui-se-lhe o risco da igreja matriz de Nossa Senhora da Piedade. É-lhe tradicionalmente atribuído o plano urbano de Mariana, embora nunca se tenha encontrado o eventual desenho.

No Rio de Janeiro, são também atribuídas à Alpoim as obras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte; a reconstrução da igreja da Santa Casa da Misericórdia dedicada à Nossa Senhora do Bom Sucesso;  o desenho da igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens; o da igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro e o da igreja e convento de Santa Teresa. Entre os edifícios de arquitetura civil atribuem-se-lhe a casa da fazenda Jurujuba e a casa do Bispo no rio Comprido e no âmbito da arquitetura militar, a casa do trem de artilharia (1762) (hoje Museu Histórico Nacional).

No Rio Grande do Sul, no contexto da campanha da guerra guaranítica Alpoim delineou novamente, em 1754, o forte de Jesus Maria José do rio Pardo, aproveitado o que restava da obra anteriormente feita, em 1753, pelo engenheiro João Gomes de Melo.

Referências bibliográficas


Fontes

Bibliografia

Pardal, Paulo, Nota biográfica e análise crítica. In Alpoim, José Fernandes Pinto. Exame de Artilheiros 1744. Reprodução fac-similar. Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1987, pp. 13-72.

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio. O Brasil dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo : Fapesp, 2011, pp. 233-235.

Ligações Externas

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Financiamento

  • Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871), ref. PTDC/ART-DAQ/31959/2017
  • CHAM - Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/HIS/04666/2013.

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