José Pinto Alpoim

Fonte: eViterbo
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José Pinto Alpoim
Nome completo José Fernandes Pinto Alpoim
Outras Grafias valor desconhecido
Pai Vasco Fernandes de Lima
Mãe Revocata Pinto Alpoim
Cônjuge Maria Maior Cordeira de Brito
Filho(s) José Fernandes Pinto Alpoim, Vasco Fernandes Pinto Alpoim, Maria Pinto Alpoim, Antónia Maria Pinto Alpoim
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 14 julho 1700
Viana do Castelo, Viana do Castelo, Portugal
Morte 7 janeiro 1765
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Viana do Castelo, Viana do Castelo, Portugal
Data Início: 14 de julho de 1700
Fim: 1736

Residência Almeida, Guarda, Portugal
Data Início: 1736
Fim: 1738

Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1738
Fim: 1739
Formação
Formação Engenharia Militar
Local de Formação Viana do Castelo, Viana do Castelo, Portugal

Formação Engenharia Militar
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante com exercício de Engenheiro
Data Fim: 03 de julho de 1736
Arma Infantaria

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 03 de julho de 1736
Fim: 1738

Posto Sargento-mor
Data Início: 1739
Fim: 1745
Arma Artilharia
Cargos
Cargo Professor
Data Início: 1729
Fim: 03 de julho de 1736

Cargo Professor
Data Início: 1739
Fim: 1750

Cargo Comissário
Data Início: 1752
Fim: 1756

Cargo valor desconhecido
Data Início: 09 de novembro de 1760
Fim: 07 de janeiro de 1765
Actividade
Actividade Missão
Data Início: 25 de janeiro de 1745
Fim: 27 de julho de 1745
Local de Actividade Minas Gerais, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1743
Fim: 1762
Local de Actividade Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1749
Fim: 1749
Local de Actividade Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1754
Fim: 1754
Local de Actividade Rio Grande do Sul, Brasil

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1762
Fim: 1762
Local de Actividade Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil


Biografia

Dados biográficos

José Fernandes Pinto Alpoim nasceu em Viana do Minho - hoje com a designação de Viana do Castelo -, em 14 de julho de 1700. Era filho do ajudante de infantaria Vasco Fernandes de Lima e de Revocata Pinto Alpoim. Foi sobrinho do sargento-mor Manuel Pinto de Vilalobos, igualmente seu padrinho de batismo. Casou-se, em Portugal, com Maria Maior Cordeira de Brito com quem teve quatro filhos, José Fernandes Pinto Alpoim, Vasco Fernandes Pinto Alpoim, Maria Pinto Alpoim e Antónia Maria Pinto Alpoim[1].

Quando José Alpoim embarcou para o Brasil em 1739, a mulher permaneceu em Portugal, recebendo parte do seu soldo. Terá residido aí até à sua morte em 2 de julho de 1747, numa quinta próxima a Viana. Uma das filhas, Maria Pinto Alpoim, casou-se em Portugal em 1753, com o Dr. José Paulo de Sousa, de Viana do Castelo. Os dois filhos foram para o Brasil e seguiram a carreira militar, tendo ambos acompanhado o pai na guerra guaranítica (1753-1756). Vasco Fernandes Pinto Alpoim morreu de imediato num naufrágio, que se encontra referido no poema Uraguai de Basílio da Gama. Antónia Maria Pinto Alpoim também foi para o Brasil, onde se casou com Joaquim José Ribeiro da Costa que, em 1794, era tenente-coronel no Rio de Janeiro[1].

José Fernandes Pinto Alpoim iniciou a sua formação na Academia de Fortificação de Viana, instituída em 1701, onde o seu tio Manuel Pinto de Vilalobos foi um dos lentes. Continuou os seus estudos na Aula de Fortificação de Lisboa[2]. Era identificado como ajudante de Manuel de Azevedo Fortes, então, engenheiro-mor do reino, com quem foi para praça de Almeida, como capitão-engenheiro, em 1736. Alpoim poderá também ter lecionado na Academia de Fortificação de Almeida, instituída em 1732. Em 1739, partiu para o Rio de Janeiro como sargento-mor e lente da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro. Permaneceu no Brasil, onde fez a sua carreira, até à sua morte em 7 de janeiro de 1765, no Rio de Janeiro. Alguns biógrafos indicam que foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, mas o seu túmulo não foi encontrado[1].

Carreira

Em 1729, sabe-se que Alpoim era lente substituto na Academia de Fortificação de Viana e que levantou uma planta da beira do rio Douro, que visava a maior segurança das embarcações e que mereceu elogios. Até 3 de julho de 1736, foi ajudante de infantaria com exercício de engenheiro, e, nesta data, foi promovido a capitão engenheiro das fortificações da província do Alentejo. Ainda em 1736, passou para Almeida acompanhando Manuel de Azevedo Fortes. Em Almeida, conhecem-se elogios à atuação de Alpoim quer na reconstrução de edifícios - igrejas, casas e armazéns que tinham sido destruídos em incêndios -, quer em ações de espionagem - disfarçando-se de mendigo foi, em duas ocasiões, recolher informações sobre as manobras e fortificações espanholas, tendo executado plantas dos fortes inimigos. Também acompanhou Azevedo Fortes em viagem de vistoria pelas fortificações da fronteira.

Em 1738, foi mandado recolher a Lisboa e, em 5 de agosto, foi nomeado sargento-mor do novo Terço de Artilharia, que se criou neste ano no Rio de Janeiro por carta régia de D. João V. O documento determinava igualmente que ali houvesse “Aula onde os oficiais e soldados do dito terço e as mais pessoas que quiserem aplicar-se  possam aprender a teoria da artilharia e o uso dos fogos artificiais, criando por este modo oficiais que depois de instruídos na dita Aula possam ser empregados nos postos da repartição da artilharia dessa e das mais capitanias”[1]. José Alpoim chegou ao Brasil em 1739 e, até 1745, serviu como sargento-mor e mestre da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro. Entre 25 de janeiro e 27 de julho desse ano, esteve em missão em Minas Gerais executando diversos trabalhos por ordem do governador e capitão general, Gomes Freire de Andrade. Em 22 de dezembro de 1745, assentou praça no posto de tenente de mestre de campo general, mantendo-se com a obrigação de dar aula, o que fez até 1750.

Em 20 de outubro de 1750, foi promovido a mestre de campo general do Terço Novo da praça do Rio de Janeiro, sucedendo a Pedro de Azambuja Ribeiro no posto. Em 22 de fevereiro de 1751, foi provido no posto de coronel do regimento de artilharia do Rio de Janeiro, sucedendo a André Ribeiro Coutinho. No contexto das demarcações de limites, determinadas pelo Tratado de Madrid de 1750, José Alpoim foi designado, em 1752, comissário da segunda, das três partidas de demarcação da campanha do Sul, dirigida por Gomes Freire de Andrade, tendo partido do do Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1752. A eclosão da guerra guaranítica (1753-1756) impediu parte dos trabalhos demarcatórios e impôs una campanha bélica, na qual Alpoim participou, sendo referido em diversos relatos e diários. Com a pacificação no sul, regressou ao Rio de Janeiro em 1759 e, em 14 de agosto ou 9 de novembro do ano seguinte, foi feito brigadeiro, mantendo-se como chefe do batalhão de artilharia até à sua morte em 7 de janeiro de 1765[1].

Outras informações

Escreveu dois tratados que sintetizam matérias ensinadas na Aula: Exame de Artilheiros (Lisboa: Oficina de José Antonio Plates, 1744) e Exame de Bombeiros (Madrid: Oficina de Francisco Martinez Abad, 1748)[3].

Além de projetos e desenhos para vários edifícios civis e militares, Alpoim criou também “engenhos” entre os quais carretas para transportar canhões e uma famosa máquina para carenar navios chamada “Paixão”, construída em 1744, na Ilha das Cobras[1].

Obras

Sobretudo no âmbito da arquitetura, há que distinguir, entre as obras que são comprovadamente da autoria de Alpoim, aquelas que lhe são atribuídas. No Rio de Janeiro, Alpoim foi o autor do projeto da Residência dos Governadores (1743), depois do Paço Real e Imperial. Em 1747, desenhou, para o centro da praça, um chafariz que, no entanto, nunca chegou a ser construído pois, por imposição do Conselho Ultramarino, executou-se um projeto de Carlos Mardel, que depois viria por sua vez a ser substituído por outro de Mestre Valentim. Na sequência de um conjunto de casas diante da residência dos governadores Alpoim fez introduzir um arco (Arco do Teles) com isso desenhando a própria praça a partir dos elementos arquitetónicos. Em 1743, desenhou o claustro do mosteiro de São Bento. Foi também responsável pelo projeto e execução do Convento da Ajuda (1749), que hoje já não existe. Fez ainda o hospícios dos padres Barbadinhos, de se conhece a planta, assinada por Alpoim e Manuel de Mello de Castro. Conhecem-se também plantas de projetos não executados para a reforma da casa de câmara e cadeia, e um projeto de reconstrução da alfandega.

Em Minas Gerais, mais especificamente em Ouro Preto, foi autor do projeto do singular Palácio dos Governadores - que associa um desenho militar à um edifício de função civil -, executado por Manuel Francisco Lisboa, e de um outro para a casa de câmara e cadeia que nunca saiu do papel. Em Barbacena, atribui-se-lhe o risco da igreja matriz de Nossa Senhora da Piedade; sendo-lhe, tradicionalmente, atribuído também o plano urbano de Mariana, embora nunca se tenha encontrado o eventual desenho.

No Rio de Janeiro, são também atribuídas a José Alpoim as obras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte; a reconstrução da igreja da Santa Casa da Misericórdia dedicada à Nossa Senhora do Bom Sucesso; o desenho da igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens; o da igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro; e o da igreja e convento de Santa Teresa. Entre os edifícios de arquitetura civil, é lhe atribuída a autoria da casa da fazenda Jurujuba e da casa do Bispo no rio Comprido. No âmbito da arquitetura militar, foi lhe atribuída autoria da casa do trem de artilharia (1762), hoje Museu Histórico Nacional.

No Rio Grande do Sul, no contexto da campanha da guerra guaranítica Alpoim delineou, novamente, em 1754, o forte de Jesus Maria José do rio Pardo, aproveitado o que restava da obra anteriormente feita pelo engenheiro João Gomes de Melo em 1753.

Notas

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 Pardal, “Nota Biografica e Análise Crítica”, 13–72.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino, Inventário Castro e Almeida, nº 12669. Carta de José Fernandes Pinto Alpoim datada de 6 de abril de 1745, publicada em Cavalcanti, Arquitetos & Engenheiros, 46.
  3. Em qualquer dos casos, cogita-se que os livros tenham sido impressos no Rio de Janeiro, embora a indicação das edições sejam Lisboa e Madrid.

Bibliografia

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade, Fapesp, 2011.

Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007.

Pardal, Paulo. “Nota Biografica e Análise Crítica”. Em Exame de Artilheiros de José Fernandes Pinto Alpoim 1744 (Reprodução Fac-Similar), 13–72. Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1987.

Autor(es) do artigo

Renata Araujo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871), ref. PTDC/ART-DAQ/31959/2017

CHAM - Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/HIS/04666/2013.

DOI

https://doi.org/10.34619/vn6n-p9gg

Citar este artigo

Araújo, Renata. "José Pinto Alpoim", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 12/07/2023). Consultado a 29 de abril de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jos%C3%A9_Pinto_Alpoim. DOI: https://doi.org/10.34619/vn6n-p9gg