Academia Real das Ciências de Lisboa: diferenças entre revisões

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A Academia das Ciências de Lisboa, ou Academia Real das Ciências de Lisboa, a partir de 1783,<ref>Ribeiro, 2:58.</ref> foi criada por beneplácito régio de D. Maria I, em 1779, "''à imitação de todas as Nações cultas''" para consagração da "''glória e felicidade pública, para adiantamento da Instrução Nacional, perfeição das Ciências e das Artes e aumento da indústria popular''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:37.</ref>. Para a sua criação muito contribuiu o Duque de Lafões, D. João de Bragança e a sua experiência resultante das viagens às cortes europeias, tomando lugar como director nos primeiros anos da Academia<ref>Ribeiro, 10:38.</ref>.
 
A Academia das Ciências de Lisboa foi criada por beneplácito régio de D. Maria I, em 1779, "''à imitação de todas as Nações cultas''" para consagração da "''glória e felicidade pública, para adiantamento da Instrução Nacional, perfeição das Ciências e das Artes e aumento da indústria popular''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:37.</ref>. Para a sua criação, no rescaldo da Academia Rela da História Portuguesa<ref>Ribeiro, 2:267.</ref>, muito contribuiu o Duque de Lafões, D. João de Bragança e a sua experiência resultante das viagens às cortes europeias, tomando lugar como director nos primeiros anos da Academia<ref>Ribeiro, 10:38.</ref>.
 
Em 13 de Maio de 1783, a Academia das Ciências recebe a protecção da rainha D. Maria I, adotando o título de Real, emitindo à ocasião uma medalha com a inscrição: ''"Marie. Augustae. Lusitanorum. Reginae. Fautrici. Et Ornatrici Suae Academia Scient. Olisip. Regio Aucta Aere Et Nomine''", em 1783<ref>José Silvestre Ribeiro apresenta uma descrição de Manuel Bernardo Lopes Fernandes. Vide, Ribeiro, 2:58.</ref>.


Na constituição da Academia Real das Ciências e num primeiro período de funcionamento destacou-se o trabalho de José Correia da Serra, secretário da Academia e "''homem de vasta erudição, eminente em história natural''", em que se aprecia a extensão do contributo para o funcionamento daquela instituição, nomeadamente, "''a divisão das três classes académicas; o projecto dos estatutos da academia; a ordem para o seu Museu; os seus primeiros actos públicos; os programas que imprimiu no começo dos seus trabalhos,'' [que] ''se não foram, na maior parte, obra de José Correia da Serra, dimanaram em todo o caso do seu conselho''"<ref>Ribeiro, 2:38.</ref>.
Na constituição da Academia Real das Ciências e num primeiro período de funcionamento destacou-se o trabalho de José Correia da Serra, secretário da Academia e "''homem de vasta erudição, eminente em história natural''", em que se aprecia a extensão do contributo para o funcionamento daquela instituição, nomeadamente, "''a divisão das três classes académicas; o projecto dos estatutos da academia; a ordem para o seu Museu; os seus primeiros actos públicos; os programas que imprimiu no começo dos seus trabalhos,'' [que] ''se não foram, na maior parte, obra de José Correia da Serra, dimanaram em todo o caso do seu conselho''"<ref>Ribeiro, 2:38.</ref>.
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Os trabalhos da Academia Real das Ciências iniciavam-se com a realização da abertura solene, em Outubro, com a entrega de prémios em assembleia reunida em Julho. A mais, reunia-se duas vezes em cada mês com carácter semipúblico, em que se liam as Memórias escritas pelos sócios, e de economia particular, sendo a última unicamente composta pelo corpo efectivo da Academia<ref>Ribeiro, 2:42.</ref>.
Os trabalhos da Academia Real das Ciências iniciavam-se com a realização da abertura solene, em Outubro, com a entrega de prémios em assembleia reunida em Julho. A mais, reunia-se duas vezes em cada mês com carácter semipúblico, em que se liam as Memórias escritas pelos sócios, e de economia particular, sendo a última unicamente composta pelo corpo efectivo da Academia<ref>Ribeiro, 2:42.</ref>.


A produção científica dos Sócios da Academia Real das Ciências figurava na forma de Memórias, as quais, e outras oferecidas, uma vez entregues eram consideradas propriedade da mesma. Aquelas deveriam ser expor sobre "''senão coisas novas, ou aperfeiçoadas de maneira que interessem ao público''"<ref>Ribeiro, 2:54.</ref>. Para protecção desse património os poderes régios consignariam à Academia o privilégio, durante 10 anos, de as publicar, exceptuando "''as obras particulares de cada um dos sócios; pois que estas somente poderiam ser priviligiadas'' (...) ''quando fossem impressas à custa da academia, ou quando os seus próprios autores pedissem o privilégio para eles''"<ref>Ribeiro, 2:56.</ref>.
A produção científica dos Sócios da Academia Real das Ciências figurava na forma de Memórias, as quais, e outras oferecidas, uma vez entregues eram consideradas propriedade da mesma. Aquelas deveriam ser expor sobre "''senão coisas novas, ou aperfeiçoadas de maneira que interessem ao público''"<ref>Ribeiro, 2:54.</ref>. Para proteção desse património os poderes régios consignariam à Academia o privilégio, durante 10 anos, de as publicar, exceptuando "''as obras particulares de cada um dos sócios; pois que estas somente poderiam ser priviligiadas'' (...) ''quando fossem impressas à custa da academia, ou quando os seus próprios autores pedissem o privilégio para eles''"<ref>Ribeiro, 2:56.</ref>. A partir de 1799 as Memórias publicadas foram organizadas me três colecções distintas, a saber, Memórias de literatura portuguesa, "''contendo pela maior parte dissertações sobre a história e jurisprudência de Portugal''"<ref>Ribeiro, 2:283.</ref>. Memórias económicas e Memórias de matemática e física<ref>Ribeiro, 2:282.</ref>.
 
 
Para a sustentação financeira da Academia Real parte dos montantes alcançados com uma lotaria, emitida pela Santa Casa da Misericórdia, eram aplicados às duas despesas, à semelhança do Hospital Real de S. José ou a Real Casa dos Expostos<ref>Ribeiro, 2:57.</ref>.
 
 


Em 1795, a Academia era autorizada a nomear indivíduo ou indivíduos "''para se empregarem no descobrimento e arrecadação das lápides de inscrições que vagassem e qualquer das províncias do reino; assim como mandar fazer as escavações necessárias, sem prejuízo de terceiro, para a buscar de alguns monumentos, aonde se presumisse havê-los, nas mesmas províncias''"<ref>Ribeiro, 2:278.</ref>.






Para a sustentação financeira da Academia Real parte dos montantes alcançados com uma lotaria, emitida pela Santa Casa da Misericórdia, eram aplicados às duas despesas, à semelhança do Hospital Real de S. José ou a Real Casa dos Expostos<ref>Ribeiro, 2:57.</ref>.




Depois da implantação da República, passou designar-se ''Academia das Ciências de Lisboa''.
Depois da implantação da República, passou designar-se ''Academia das Ciências de Lisboa''.
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
A cada uma das Classes pertenciam oito Sócios Efectivos, "''assistentes ao menos uma boa parte do ano em Lisboa''". Exceptuavam-se dois lugares em cada Classe destinados a Sócios que não pudessem permanecer na capital, vindos da Universidade de Coimbra ou do corpo "''dos Professores Públicos''", "''os quais ainda que quase sempre ausentes, poderão acreditar muito a Academia com as suas obras, e serem consultados utilmente e todos os casos que lhes pertencerem''"<ref>Ribeiro, 2:40.</ref>.
A cada uma das Classes pertenciam oito Sócios Efectivos, "''assistentes ao menos uma boa parte do ano em Lisboa''". Exceptuavam-se dois lugares em cada Classe destinados a Sócios que não pudessem permanecer na capital, vindos da Universidade de Coimbra ou do corpo "''dos Professores Públicos''", "''os quais ainda que quase sempre ausentes, poderão acreditar muito a Academia com as suas obras, e serem consultados utilmente e todos os casos que lhes pertencerem''"<ref>Ribeiro, 2:40.</ref>.


A composição dos académicos distinguia-se entre duas classes, a saber, os Sócios Efectivos e os Sócios supranumerários, cabendo o governo económico da Academia aos primeiros. A pertença à última condição, com  preferência nos lugares vagos de sócios efectivos, exigia a apresentação de uma memória por ano, "''ou algum testemunho da sua aplicação''"<ref>Ribeiro, 2:40.</ref>. A partir de 1789, a cada Classe pertenciam dois lugares de veteranos<ref>Ribeiro, 2:48.</ref>. Pertenciam ainda à Academia Real "''as Pessoas condecoradas com as maiores Dignidades e Empregos do Estado''" na qualidade de Sócios Honorários e em número não superior a 12, que podia ser aumentado caso "''algum Príncipe ou Soberano estrangeiro quiser honrar esta Sociedade com seu Nome''". De igual forma, quaisquer estrangeiros "''insignes pelas suas letras e famosos pelas suas obras''" poderiam ser considerados sócios da Academia Real "''sem se exigir deles contribuição alguma mais que as suas luzes''". A mais, contavam os trabalhos da Academia com o contributo de Sócios Correspondentes<ref>Ribeiro, 2:41.</ref>, em número máximo de 100<ref>Ribeiro, 2:48.</ref>.  
A composição dos académicos distinguia-se entre duas classes, a saber, os Sócios Efectivos e os Sócios supranumerários, cabendo o governo económico da Academia aos primeiros. A pertença à última condição, com  preferência nos lugares vagos de sócios efectivos, exigia a apresentação de uma memória por ano, "''ou algum testemunho da sua aplicação''"<ref>Ribeiro, 2:40.</ref>. A partir de 1789, a cada Classe pertenciam dois lugares de veteranos<ref>Ribeiro, 2:48.</ref>. Pertenciam ainda à Academia Real "''as Pessoas condecoradas com as maiores Dignidades e Empregos do Estado''" na qualidade de Sócios Honorários e em número não superior a 12, que podia ser aumentado caso "''algum Príncipe ou Soberano estrangeiro quiser honrar esta Sociedade com seu Nome''". De igual forma, quaisquer estrangeiros "''insignes pelas suas letras e famosos pelas suas obras''" poderiam ser considerados sócios da Academia Real "''sem se exigir deles contribuição alguma mais que as suas luzes''". A mais, contavam os trabalhos da Academia com o contributo de Sócios Correspondentes<ref>Ribeiro, 2:41.</ref>, em número máximo de 100<ref>Ribeiro, 2:48.</ref>.
 
Consideravam-se estabelecimentos anexos à Academia Real das Ciências a "''Livraria, Museu, Gabinete de Física, Laboratório Químico, e Oficina''"<ref>Ribeiro, 2:59.</ref><ref>José Silvestre Ribeiro detalhou as competências que recaíam no indivíduo que tinha por responsabilidade a direcção destes estabelecimentos. Vide, Ribeiro, 2:59-60.</ref>. A Oficina Tipográfica foi criada em 1780, sendo reorganizada em 1852 e aumentados os seus quadros profissionais<ref>Ribeiro, 2:60-61.</ref>.
 





Revisão das 17h28min de 7 de outubro de 2022


Academia Real das Ciências de Lisboa
(valor desconhecido)
Outras denominações Academia Real das Sciencias de Lisboa‎, Academia das Ciências de Lisboa, Academia das Sciências de Lisboa
Tipo de Instituição Cultural
Data de fundação 24 dezembro 1779
Data de extinção 27 junho 1918
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Palácio das Necessidades, Lisboa,-
Início: 24 de dezembro de 1779
Fim: 1834
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Academia das Ciências de Lisboa


História


Academia Real das Sciencias de Lisboa

2: 37-61, 267-369.

5:339-344.

6:13-14; 114-147.

10:45-84.


A Academia das Ciências de Lisboa foi criada por beneplácito régio de D. Maria I, em 1779, "à imitação de todas as Nações cultas" para consagração da "glória e felicidade pública, para adiantamento da Instrução Nacional, perfeição das Ciências e das Artes e aumento da indústria popular"[1]. Para a sua criação, no rescaldo da Academia Rela da História Portuguesa[2], muito contribuiu o Duque de Lafões, D. João de Bragança e a sua experiência resultante das viagens às cortes europeias, tomando lugar como director nos primeiros anos da Academia[3].

Em 13 de Maio de 1783, a Academia das Ciências recebe a protecção da rainha D. Maria I, adotando o título de Real, emitindo à ocasião uma medalha com a inscrição: "Marie. Augustae. Lusitanorum. Reginae. Fautrici. Et Ornatrici Suae Academia Scient. Olisip. Regio Aucta Aere Et Nomine", em 1783[4].

Na constituição da Academia Real das Ciências e num primeiro período de funcionamento destacou-se o trabalho de José Correia da Serra, secretário da Academia e "homem de vasta erudição, eminente em história natural", em que se aprecia a extensão do contributo para o funcionamento daquela instituição, nomeadamente, "a divisão das três classes académicas; o projecto dos estatutos da academia; a ordem para o seu Museu; os seus primeiros actos públicos; os programas que imprimiu no começo dos seus trabalhos, [que] se não foram, na maior parte, obra de José Correia da Serra, dimanaram em todo o caso do seu conselho"[5].

Os estudos da Academia Real das Ciências encontravam-se divididos entre três classes distintas, a saber, a primeira em que "indagarão a qualidade, leis e propriedades dos corpos por meio da observação e da análise, os efeitos e novas propriedades que resultarão da combinação de uns com outros, e o como e porque dos fenómenos naturais"; e a segunda indagando "o quanto deles, e as relações e propriedades da grandeza, tanto em geral como em particular". À primeira Classe ficavam adstritas as ciências de Meteorologia, Química, a Anatomia, a Botânica e a História Natural de todos os corpos, e à segunda Classe a Aritmética, a Geometria, a Mecânica, a Astronomia, entre outras[6]. A terceira Classe agregava as Belas Artes, em que se incluíam os "vários ramos da Literatura Portuguesa" a que se "deverá aplicar particularmente"[7].


A missiva da Academia Real das Ciências foi também de instrução, assim, desempenhando "completamente o objecto" da mesma, recendo "vinte e quatro Alunos, moços Nobres, de doze anos para cima, cuja direcção nos estudos haja de tomar com grande empenho à sua conta, fazendo-os assistir para este fim às Sessões que lhe parecer, e excitando entre eles a emulação e gosto para as Ciências e para o Estudo"[8]. Ainda assim, os atributos da Academia Real para a instrução básica foram discutidos, considerando tal ensino ser "impraticável nas [academias] de invenção", sendo a frequência nas sessões unicamente possível de ser aproveitada com "bons estudos elementares", próprios de "Academias de ensino"[9].


O funcionamento interno da Academia Real das Ciências era assegurado pelos seguintes lugares, o presidente, o tesoureiro, o orador, responsável por falar ou responder pela Academia, encontrando-se subordinado ao presidente, o secretário, o vice-secretário e os directores de cada uma das Classes[10]. A partir de 1810, no lugar de presidente ocupado perpetuamente a D. João de Bragança, seria colocado, igualmente de forma perpétua, "um príncipe de sangue da casa real portuguesa"[11].

Por assembleia de 10 de Novembro de 1786 foi criado o Conselho da Academia para governo interno da Academia "mais pronta expedição dos negócios", a que pertenciam o presidente, o secretário, o tesoureiro, os directores de Classes e um deputado eleito anualmente numa das últimas[12]: "Pertencia-lhe, além do expediente das censuras, todo o poder executivo, na forma dos estatutos e assentos, ou deliberações particulares (...) a administração ordinária e regular de suas rendas; e a autoridade de informar e preparar todos os negócios que devessem ser apresentados ou consultados". Este órgão foi extinto em 30 de Julho de 1810[13].

Entre os órgãos internos da Academia Real das Ciências constava ainda a Junta ou Comissão para a Indústria, na qualidade de órgão perpétuo, responsável pela ligação entre a instituição científica e as práticas industriais, quer nacionais, quer estrangeiras. Era sua "competência o aumento da Agricultura, das Artes e da Indústria Popular, empregando para este fim todos os meios que lhes são possíveis; já consultando, e solicitando o parecer de sujeitos práticos e inteligentes; já estimulando e espertando a emulação com algumas recompensas; já averiguando e recolhendo os descobrimentos novos e práticos úteis dos Estrangeiros que nos forem próprias, propondo-as e facilitando-as aos nossos Nacionais". Os seus membros entendem-se assim como elos de ligação às instituições científicas estrangeiras congéneres, e, portanto, responsáveis pela promoção da actualização científica nacional e integração nos corredores científicos europeus[14].

Os trabalhos da Academia Real das Ciências iniciavam-se com a realização da abertura solene, em Outubro, com a entrega de prémios em assembleia reunida em Julho. A mais, reunia-se duas vezes em cada mês com carácter semipúblico, em que se liam as Memórias escritas pelos sócios, e de economia particular, sendo a última unicamente composta pelo corpo efectivo da Academia[15].

A produção científica dos Sócios da Academia Real das Ciências figurava na forma de Memórias, as quais, e outras oferecidas, uma vez entregues eram consideradas propriedade da mesma. Aquelas deveriam ser expor sobre "senão coisas novas, ou aperfeiçoadas de maneira que interessem ao público"[16]. Para proteção desse património os poderes régios consignariam à Academia o privilégio, durante 10 anos, de as publicar, exceptuando "as obras particulares de cada um dos sócios; pois que estas somente poderiam ser priviligiadas (...) quando fossem impressas à custa da academia, ou quando os seus próprios autores pedissem o privilégio para eles"[17]. A partir de 1799 as Memórias publicadas foram organizadas me três colecções distintas, a saber, Memórias de literatura portuguesa, "contendo pela maior parte dissertações sobre a história e jurisprudência de Portugal"[18]. Memórias económicas e Memórias de matemática e física[19].

Em 1795, a Academia era autorizada a nomear indivíduo ou indivíduos "para se empregarem no descobrimento e arrecadação das lápides de inscrições que vagassem e qualquer das províncias do reino; assim como mandar fazer as escavações necessárias, sem prejuízo de terceiro, para a buscar de alguns monumentos, aonde se presumisse havê-los, nas mesmas províncias"[20].


Para a sustentação financeira da Academia Real parte dos montantes alcançados com uma lotaria, emitida pela Santa Casa da Misericórdia, eram aplicados às duas despesas, à semelhança do Hospital Real de S. José ou a Real Casa dos Expostos[21].


Depois da implantação da República, passou designar-se Academia das Ciências de Lisboa.

Outras informações

A cada uma das Classes pertenciam oito Sócios Efectivos, "assistentes ao menos uma boa parte do ano em Lisboa". Exceptuavam-se dois lugares em cada Classe destinados a Sócios que não pudessem permanecer na capital, vindos da Universidade de Coimbra ou do corpo "dos Professores Públicos", "os quais ainda que quase sempre ausentes, poderão acreditar muito a Academia com as suas obras, e serem consultados utilmente e todos os casos que lhes pertencerem"[22].

A composição dos académicos distinguia-se entre duas classes, a saber, os Sócios Efectivos e os Sócios supranumerários, cabendo o governo económico da Academia aos primeiros. A pertença à última condição, com preferência nos lugares vagos de sócios efectivos, exigia a apresentação de uma memória por ano, "ou algum testemunho da sua aplicação"[23]. A partir de 1789, a cada Classe pertenciam dois lugares de veteranos[24]. Pertenciam ainda à Academia Real "as Pessoas condecoradas com as maiores Dignidades e Empregos do Estado" na qualidade de Sócios Honorários e em número não superior a 12, que podia ser aumentado caso "algum Príncipe ou Soberano estrangeiro quiser honrar esta Sociedade com seu Nome". De igual forma, quaisquer estrangeiros "insignes pelas suas letras e famosos pelas suas obras" poderiam ser considerados sócios da Academia Real "sem se exigir deles contribuição alguma mais que as suas luzes". A mais, contavam os trabalhos da Academia com o contributo de Sócios Correspondentes[25], em número máximo de 100[26].

Consideravam-se estabelecimentos anexos à Academia Real das Ciências a "Livraria, Museu, Gabinete de Física, Laboratório Químico, e Oficina"[27][28]. A Oficina Tipográfica foi criada em 1780, sendo reorganizada em 1852 e aumentados os seus quadros profissionais[29].



Professores

Curricula

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:37.
  2. Ribeiro, 2:267.
  3. Ribeiro, 10:38.
  4. José Silvestre Ribeiro apresenta uma descrição de Manuel Bernardo Lopes Fernandes. Vide, Ribeiro, 2:58.
  5. Ribeiro, 2:38.
  6. Ribeiro, 2:39.
  7. Ribeiro, 2:39-40.
  8. Ribeiro, 2:41.
  9. Ribeiro, 2:41.
  10. Ribeiro, 2:43.
  11. Ribeiro, 2:49.
  12. Ribeiro, 2:53.
  13. Ribeiro, 2:54.
  14. Ribeiro, 2:42.
  15. Ribeiro, 2:42.
  16. Ribeiro, 2:54.
  17. Ribeiro, 2:56.
  18. Ribeiro, 2:283.
  19. Ribeiro, 2:282.
  20. Ribeiro, 2:278.
  21. Ribeiro, 2:57.
  22. Ribeiro, 2:40.
  23. Ribeiro, 2:40.
  24. Ribeiro, 2:48.
  25. Ribeiro, 2:41.
  26. Ribeiro, 2:48.
  27. Ribeiro, 2:59.
  28. José Silvestre Ribeiro detalhou as competências que recaíam no indivíduo que tinha por responsabilidade a direcção destes estabelecimentos. Vide, Ribeiro, 2:59-60.
  29. Ribeiro, 2:60-61.

Fontes

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 2. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872, p. 37.

Bibliografia

Ligações Internas

Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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