Escola Industrial do Porto: diferenças entre revisões

Fonte: eViterbo
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 53: Linha 53:
Na perspectiva dos regeneradores, enquadrados no modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "''educação profissional''", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"<ref>Ribeiro, 7:346.</ref>. Este entendimento explica que, por iniciativa do Estado e no âmbito das suas obras, findo o período de três anos desde a fundação do ensino industrial, se exigisse aos operários a apresentação da carta de curso correspondente à sua profissionalização, não podendo ser admitidos sem a mesmas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. Ainda assim, observe-se a nota de Silvestre Ribeiro: "''Esta disposição era excelente, e fundada em boa razão; mas é certo que nunca se cumpriu''"<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. O incumprimento poderá ser explicado considerando as dificuldades práticas que se deram nas primeiras contratação dos quadros docentes e auxiliares no Instituto Industrial de Lisboa<ref>Ribeiro, 7:352.</ref>.
Na perspectiva dos regeneradores, enquadrados no modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "''educação profissional''", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"<ref>Ribeiro, 7:346.</ref>. Este entendimento explica que, por iniciativa do Estado e no âmbito das suas obras, findo o período de três anos desde a fundação do ensino industrial, se exigisse aos operários a apresentação da carta de curso correspondente à sua profissionalização, não podendo ser admitidos sem a mesmas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. Ainda assim, observe-se a nota de Silvestre Ribeiro: "''Esta disposição era excelente, e fundada em boa razão; mas é certo que nunca se cumpriu''"<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>. O incumprimento poderá ser explicado considerando as dificuldades práticas que se deram nas primeiras contratação dos quadros docentes e auxiliares no Instituto Industrial de Lisboa<ref>Ribeiro, 7:352.</ref>.


A inauguração das aulas da Escola Industrial apenas foi possível realizar-se na "''aula de física da Academia Politécnica''" já no ano letivo de 1854-1855, possivelmente, devido a dificuldades no preenchimento do corpo docente uma vez que os primeiros professores apenas começaram a ser colocados nos lugares a partir de 1853<ref>Ribeiro, 12:167.</ref>.


A inauguração das aulas da Escola Industrial apenas foi possível realizar-se no ano letivo de 1854-1855, possivelmente porque os primeiros professores apenas começaram a ser colocados na regência a partir de 1853<ref>Ribeiro, 12:167.</ref>.
Simultaneamente, faltava ainda proceder ao acondicionamento das aulas para o qual se tornava necessário intervir no edifício da Academia Politécnica do Porto. Enquanto isso não se verificou, contratou-se uma instalação alternativa com a Associação Industrial do Porto "''a fim de que nas suas aulas'' [no seu edifício] ''se pudessem professar os cursos livres da escola''"<ref>Ribeiro, 12:168.</ref>. Inaugurados naquelas instalações em 1 de Março de 1854, os cursos livres surgiam como alternativa à normal realização dos cursos previstos, à semelhança, aponta José Silvestre Ribeiro, do que "''se praticara em Lisboa no Instituto Industrial''"<ref>Ribeiro, 12:168.</ref>. As novas instalações seriam inauguradas no ano lectivo seguinte, conhecendo os cursos uma duração de três meses<ref>Ribeiro, 12:169.</ref>.


A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>.
A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>.
 
Conquanto, em 1855, a conclusão sobre o aproveitamento e utilidade da Escola fosse positiva tendo "produzido já mais vantagens do que poderia esperar-se em tão pouco tempo de existência", o diretor interino não deixava de instar junto dos poderes públicos sobre a necessidade de reorganização como forma de por fim ao "''estado de organização incompleta''" em que a instituição havia, até então, funcionado. Em particular, o quadro de cadeiras demonstrava-se insuficiente e incompatibilizado com os cursos que legalmente a Escola podia ministrar, faltando a "''criação de aulas (...) nomeadamente, a de mecânica industrial, sem a qual um grande número de cursos industriais dos mais importantes ficavam incompletos''"<ref>Ribeiro, 12:170.</ref>.


Uma primeira proposta para a reorganização do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto foi apresentada em 1861, sem que tenha conhecido aplicação prática<ref>Uma descrição sumária de algumas alterações pensadas na proposta de reforma de 1861 pode ser consultada em Ribeiro, 13:241-242.</ref>. Em 1864, procedia-se à reforma do Instituto Industrial de Lisboa e à reorganização da Escola Industrial do Porto que passava a designar-se Instituto Industrial do Porto.   
Uma primeira proposta para a reorganização do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto foi apresentada em 1861, sem que tenha conhecido aplicação prática<ref>Uma descrição sumária de algumas alterações pensadas na proposta de reforma de 1861 pode ser consultada em Ribeiro, 13:241-242.</ref>. Em 1864, procedia-se à reforma do Instituto Industrial de Lisboa e à reorganização da Escola Industrial do Porto que passava a designar-se Instituto Industrial do Porto.   


O ensino ministrado em ambos os Institutos era situado pela reforma nos graus elementar e secundário, limitando-o "''ao ensino técnico geral''" e à instrução para as "''diversas profissões industriais, e habilitando também para diferentes empregos subalternos dos serviços públicos, de obras públicas, minas, telégrafos, faróis e outros''"<ref>Ribeiro, 13:244.</ref>.  
O ensino ministrado em ambos os Institutos era situado pela reforma nos graus elementar e secundário, limitando-o "''ao ensino técnico geral''" e à instrução para as "''diversas profissões industriais, e habilitando também para diferentes empregos subalternos dos serviços públicos, de obras públicas, minas, telégrafos, faróis e outros''"<ref>Ribeiro, 13:244.</ref>.  
A partir de 1872 era adoptado o Regulamento do mesmo ano relativo à organização e demais preceitos regulamentares do Instituto Industrial de Lisboa<ref>Ribeiro, 13:246.</ref>. 


===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
Podiam admitir-se às matrículas nos cursos providos pelo Instituto os alunos com uma idade mínima de 12 anos, as faculdades de ler, escrever e contar e boa saúde. A frequência das aulas podia ser realizada segundo três regimes, a saber, ordinários, que seguiam o curso pela ordem estabelecida; os voluntários, que não seguiam o curso pela ordem estabelecida; e os alunos ouvintes registados, que frequentassem determinadas cadeiras<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>.
Podiam admitir-se às matrículas nos cursos providos pelo Instituto os alunos com uma idade mínima de 12 anos, as faculdades de ler, escrever e contar e boa saúde. A frequência das aulas podia ser realizada segundo três regimes, a saber, ordinários, que seguiam o curso pela ordem estabelecida; os voluntários, que não seguiam o curso pela ordem estabelecida; e os alunos ouvintes registados, que frequentassem determinadas cadeiras<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>.
No ano lectivo de 1854-1855 registaram-se 488 matrículas nos diferentes regimes de frequência<ref>Ribeiro, 12:169.</ref>.


O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do Conselho escolar<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>. O Conselho escolar subdividia-se no Conselho da escola, no Conselho tecnológico e no Conselho fiscal<ref>Ribeiro, 7:354.</ref>. A direção geral do ensino, a determinação dos compêndios, os concursos e a polícia das escolas era cometida ao Conselho Diretor do ensino industrial, presidido pelo ministro das Obras Públicas, estando o diretor geral da Direção do Comércio e Indústria colocado no lugar de vice-presidente, e tendo por vogais os diretores das escolas<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>.
O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do Conselho escolar<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>. O Conselho escolar subdividia-se no Conselho da escola, no Conselho tecnológico e no Conselho fiscal<ref>Ribeiro, 7:354.</ref>. A direção geral do ensino, a determinação dos compêndios, os concursos e a polícia das escolas era cometida ao Conselho Diretor do ensino industrial, presidido pelo ministro das Obras Públicas, estando o diretor geral da Direção do Comércio e Indústria colocado no lugar de vice-presidente, e tendo por vogais os diretores das escolas<ref>Ribeiro, 7:350.</ref>.


A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.<ref>Ribeiro, 7:347.</ref> Refere José Silvestre Ribeiro que estava proposto estabelecerem-se estas oficinas nos arsenais do estado<ref>Ribeiro, 7:348-349.</ref>. Não sendo certo o seu estabelecimento prático, em 1854, já haviam sido efetivamente organizadas "algumas oficinas". Não obstante, segundo Silvestre Ribeiro estas seriam encerradas em 1860, com excepção da oficina de instrumentos de precisão dado não haver estabelecimento semelhante no país<ref>Ribeiro, 7:357.</ref>.
A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.<ref>Ribeiro, 7:347.</ref> Refere José Silvestre Ribeiro que estava proposto estabelecerem-se estas oficinas nos arsenais do estado<ref>Ribeiro, 7:348-349.</ref>. Não sendo certo o seu estabelecimento prático, em 1854, já haviam sido efetivamente organizadas "algumas oficinas". Ainda assim, a sua concretização prática seria objeto de reclamação em 1855, arguindo-se pela existência à altura de "alunos habilitados, segundo a lei, para nelas se empregarem e terem exercício"<ref>Ribeiro, 12:170.</ref>. Independentemente das oficinas criadas, em 1860 o governo dava ordem de encerramento para todos esses estabelecimentos com excepção da oficina de instrumentos de precisão dado não haver estabelecimento semelhante no país<ref>Ribeiro, 7:357.</ref>.


O ensino prático podia ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>.
O ensino prático podia ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato<ref>Ribeiro, 7:105.</ref>.

Revisão das 19h56min de 13 de outubro de 2022


Escola Industrial do Porto
(EIP, IIP, IICP)
Outras denominações Escola Industrial Portuense, Instituto Industrial do Porto, Instituto Industrial e Comercial do Porto
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 30 dezembro 1852
Data de extinção 5 dezembro 1918
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Palácio da Bolsa, Porto,-
Início: 1852
Fim: 1861

Localização Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, Porto,-
Início: 1861
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Instituto Superior de Comércio do Porto


História

Escola Industrial do Porto


12:167-177

A Escola Industrial do Porto foi criada por decreto de 30 de Setembro de 1852, no contexto da ditadura do Duque de Saldanha, uma vez encerrado o parlamento. A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia[1], figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, enquadram a fundação desta Escola no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período inicial de vigência do movimento da Regeneração e, mais particularmente, do designado período do Fontismo. O mesmo sucederia em Lisboa com a criação do Instituto Industrial de Lisboa, estabelecido pelo mesmo decreto[2]. A mais, no final do ano de 1852, na vertente agrícola observou-se também a fundação do Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa, incumbidos da instrução agrícola e agronómica, técnica e científica, de grau médio e superior.

Na perspectiva dos regeneradores, enquadrados no modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português teria obrigatoriamente que respeitar a duas condições, a saber, a instrução, ou "educação profissional", e o desenvolvimento de uma "viação rápida e barata"[3]. Este entendimento explica que, por iniciativa do Estado e no âmbito das suas obras, findo o período de três anos desde a fundação do ensino industrial, se exigisse aos operários a apresentação da carta de curso correspondente à sua profissionalização, não podendo ser admitidos sem a mesmas[4]. Ainda assim, observe-se a nota de Silvestre Ribeiro: "Esta disposição era excelente, e fundada em boa razão; mas é certo que nunca se cumpriu"[5]. O incumprimento poderá ser explicado considerando as dificuldades práticas que se deram nas primeiras contratação dos quadros docentes e auxiliares no Instituto Industrial de Lisboa[6].

A inauguração das aulas da Escola Industrial apenas foi possível realizar-se na "aula de física da Academia Politécnica" já no ano letivo de 1854-1855, possivelmente, devido a dificuldades no preenchimento do corpo docente uma vez que os primeiros professores apenas começaram a ser colocados nos lugares a partir de 1853[7].

Simultaneamente, faltava ainda proceder ao acondicionamento das aulas para o qual se tornava necessário intervir no edifício da Academia Politécnica do Porto. Enquanto isso não se verificou, contratou-se uma instalação alternativa com a Associação Industrial do Porto "a fim de que nas suas aulas [no seu edifício] se pudessem professar os cursos livres da escola"[8]. Inaugurados naquelas instalações em 1 de Março de 1854, os cursos livres surgiam como alternativa à normal realização dos cursos previstos, à semelhança, aponta José Silvestre Ribeiro, do que "se praticara em Lisboa no Instituto Industrial"[9]. As novas instalações seriam inauguradas no ano lectivo seguinte, conhecendo os cursos uma duração de três meses[10].

A organização da instrução industrial estabelecia três graus, elementar, secundário e complementar baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente[11].

Conquanto, em 1855, a conclusão sobre o aproveitamento e utilidade da Escola fosse positiva tendo "produzido já mais vantagens do que poderia esperar-se em tão pouco tempo de existência", o diretor interino não deixava de instar junto dos poderes públicos sobre a necessidade de reorganização como forma de por fim ao "estado de organização incompleta" em que a instituição havia, até então, funcionado. Em particular, o quadro de cadeiras demonstrava-se insuficiente e incompatibilizado com os cursos que legalmente a Escola podia ministrar, faltando a "criação de aulas (...) nomeadamente, a de mecânica industrial, sem a qual um grande número de cursos industriais dos mais importantes ficavam incompletos"[12].

Uma primeira proposta para a reorganização do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto foi apresentada em 1861, sem que tenha conhecido aplicação prática[13]. Em 1864, procedia-se à reforma do Instituto Industrial de Lisboa e à reorganização da Escola Industrial do Porto que passava a designar-se Instituto Industrial do Porto.

O ensino ministrado em ambos os Institutos era situado pela reforma nos graus elementar e secundário, limitando-o "ao ensino técnico geral" e à instrução para as "diversas profissões industriais, e habilitando também para diferentes empregos subalternos dos serviços públicos, de obras públicas, minas, telégrafos, faróis e outros"[14].

A partir de 1872 era adoptado o Regulamento do mesmo ano relativo à organização e demais preceitos regulamentares do Instituto Industrial de Lisboa[15].

Outras informações

Podiam admitir-se às matrículas nos cursos providos pelo Instituto os alunos com uma idade mínima de 12 anos, as faculdades de ler, escrever e contar e boa saúde. A frequência das aulas podia ser realizada segundo três regimes, a saber, ordinários, que seguiam o curso pela ordem estabelecida; os voluntários, que não seguiam o curso pela ordem estabelecida; e os alunos ouvintes registados, que frequentassem determinadas cadeiras[16].

No ano lectivo de 1854-1855 registaram-se 488 matrículas nos diferentes regimes de frequência[17].

O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direcção composta de um director-lente e do Conselho escolar[18]. O Conselho escolar subdividia-se no Conselho da escola, no Conselho tecnológico e no Conselho fiscal[19]. A direção geral do ensino, a determinação dos compêndios, os concursos e a polícia das escolas era cometida ao Conselho Diretor do ensino industrial, presidido pelo ministro das Obras Públicas, estando o diretor geral da Direção do Comércio e Indústria colocado no lugar de vice-presidente, e tendo por vogais os diretores das escolas[20].

A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.[21] Refere José Silvestre Ribeiro que estava proposto estabelecerem-se estas oficinas nos arsenais do estado[22]. Não sendo certo o seu estabelecimento prático, em 1854, já haviam sido efetivamente organizadas "algumas oficinas". Ainda assim, a sua concretização prática seria objeto de reclamação em 1855, arguindo-se pela existência à altura de "alunos habilitados, segundo a lei, para nelas se empregarem e terem exercício"[23]. Independentemente das oficinas criadas, em 1860 o governo dava ordem de encerramento para todos esses estabelecimentos com excepção da oficina de instrumentos de precisão dado não haver estabelecimento semelhante no país[24].

O ensino prático podia ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato[25].

Aquando da criação da Escola Industrial foi estabelecido

para o museu: "Assim como o culto do belo não existe senão nos países, onde em museus e galerias especiais se podem observar as preciosas produções dos mais altos engenhos em belas artes; também sem bons exemplares para o trabalho industrial, nenhum povo pode atingir a grande perfeição nesta importantíssima e utilíssima província do trabalho humano".

Rel. do D. de 20 de dez. de 1865.


Professores

Curricula

O plano de estudos inicial da Escola Industrial do Porto contemplava os dois primeiros níveis de instrução técnica industrial, acrescendo uma cadeira do "ensino complementar", a sétima, dedicada à disciplina de "química aplicada às artes"[26]. O ensino era ministrado em regime nocturno[27]. Comparativamente ao Instituto Industrial de Lisboa este plano apresenta-se mais exímio encontrando-se omissas duas cadeiras, a oitava, relativa à "Economia e legislação industrial" e a nona cadeira de "Desenho de modelos e máquinas". Estas cadeiras eram conducentes aos cursos de diretor mecânico e diretor químico, cujas cartas de curso, em consequência, a Escola não podia passar, ao contrário do Instituto Industrial de Lisboa[28].

Os alunos eram incumbidos de trabalhos físicos nas oficinas quando tivessem concluído as duas primeiras cadeiras respeitantes ao grau elementar da instrução industrial[29].

1852-
Graus de ensino Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Ensino

Elementar

Primeira cadeira "Aritmética elementar; primeiras noções de álgebra; geometria elementar"[30].
Segunda

cadeira

"Desenho linear e de ornatos industriais"[31].
Ensino

Secundário

Terceira cadeira "Elementos de geometria descritiva aplicada às artes"[32].
Quarta

cadeira

"Noções elementares de física e química"[33]. Professor proprietário, em 4 de Agosto de 1853: José de Parada e Silva Leitão[34].
Quinta

cadeira

"Desenho de modelos e máquinas. Primeira parte"[35].
Ensino Complementar Sexta

cadeira

"Mecânica industrial"[36].
Sétima

cadeira

"Química aplicada ás artes"[37]. Professor proprietário, em 10 de Maio de 1853: Sebastião Betâmio de Almeida[38].

A Escola Industrial do Porto passava as cartas de curso, consoante a frequência nas seguintes cadeiras: 1.ª e 2.ª cadeiras, operário habilitado; 1.ª, 2ª e 5.ª cadeiras, oficial mecânico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, oficial químico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de forjar, oficial forjador; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de fundir e moldar, oficial fundidor; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de serrilharia e ajustamento, oficial serralheiro ajustador; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de tornear e moldar, oficial torneiro ajustador; 1.ª, 2.ª, 3.ª e 5.ª cadeiras, oficinas; 1.ª, 2.ª e 3.ª cadeiras, mestre mecânico; e 1.ª, 2.ª, 4.ª e 7.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, mestre químico[39].

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:379.
  2. Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório para ambos as instituições, datado de 1853, Ribeiro, 7:106.
  3. Ribeiro, 7:346.
  4. Ribeiro, 7:381.
  5. Ribeiro, 7:381.
  6. Ribeiro, 7:352.
  7. Ribeiro, 12:167.
  8. Ribeiro, 12:168.
  9. Ribeiro, 12:168.
  10. Ribeiro, 12:169.
  11. Ribeiro, 7:347-348.
  12. Ribeiro, 12:170.
  13. Uma descrição sumária de algumas alterações pensadas na proposta de reforma de 1861 pode ser consultada em Ribeiro, 13:241-242.
  14. Ribeiro, 13:244.
  15. Ribeiro, 13:246.
  16. Ribeiro, 7:350.
  17. Ribeiro, 12:169.
  18. Ribeiro, 7:105.
  19. Ribeiro, 7:354.
  20. Ribeiro, 7:350.
  21. Ribeiro, 7:347.
  22. Ribeiro, 7:348-349.
  23. Ribeiro, 12:170.
  24. Ribeiro, 7:357.
  25. Ribeiro, 7:105.
  26. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:105.
  27. Ribeiro, 7:351.
  28. Ribeiro, 7:348.
  29. Ribeiro, 7:350.
  30. Ribeiro, 7:347.
  31. Ribeiro, 7:347.
  32. Ribeiro, 7:347.
  33. Ribeiro, 7:347.
  34. Ribeiro, 12:167.
  35. Ribeiro, 7:347.
  36. Ribeiro, 7:347.
  37. Ribeiro, 7:347.
  38. Ribeiro, 12:167.
  39. Ribeiro, 7:348.

Fontes

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878, pp. 105-107.

Almeida, Raquel Maria Rodrigues de. «A escola industrial do Porto (1852-1864): Estudo Orgânico-Funcional e Tratamento Arquivístico da Informação». Porto: Faculdade de Letras Universidade do Porto, 29 de Julho de 2014. https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/74087.

Bibliografia

Ligações Internas

Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link: Categoria:Escola Industrial do Porto

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

Citar este artigo