Real Colégio Militar
Real Colégio Militar | |
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(valor desconhecido) | |
Outras denominações | Colégio Militar, Colégio Militar da Luz, Colégio Regimental da Artilharia da Corte, Colégio da Feitoria |
Tipo de Instituição | Ensino militar |
Data de fundação | 2 janeiro 1814 |
Data de extinção | 8 outubro 1917 |
Paralisação | Início: valor desconhecido Fim: valor desconhecido |
Localização | |
Localização | Forte da Feitoria, Oeiras, Lisboa,- Início: 1813 Fim: 07 de janeiro de 1814 |
Localização | Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres, Lisboa,- Início: 07 de janeiro de 1814 |
Localização | Convento de Mafra, Mafra,- Início: 1848 |
Localização | Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres, Lisboa,- |
Antecessora | Colégio Regimental da Artilharia da Corte |
Sucessora | valor desconhecido |
História
O Real Colégio Militar, ou apenas Colégio Militar, foi uma instituição de ensino militar criada em 1814. Sucedeu ao Colégio Regimental da Artilharia da Corte, ou Colégio da Feitoria, estabelecido em 2 de Março de 1803. Esta instituição, "germen ou antes preparatório para o futuro Colégio Militar"[1], fora criada por António Teixeira Rebelo, comandante daquele regimento, no sítio da Feitoria, na Torre de São Julião da Barra, com o fim de "dar a instrução aos filhos dos oficiais do regimento de artilharia da corte"[2].
O Colégio Militar adoptava o mesmo propósito, habilitando para o estudo da carreira militar os filhos dos oficiais do Exército e da Marinha "que não tivessem meio de os mandar educar, e que, por serviços militares houvessem merecido aprovação e louvor da parte de seus superiores"[3].
Os primeiros Estatutos do Colégio Militar datam de 7 de Janeiro de 1814, tendo sido prontamente reformulados em 1816[4]. Os últimos Estatutos procuraram "dar àquele estabelecimento maiores proporções, alargando a esfera de sua ação e benefícios - admitindo maior número de colegiais"[5]. Verificou-se o aumento de 50 para 100 alunos pensionistas suportados pelo Estado, num total de 200, sendo os restantes suportados pelos pais ou tutores. Atendiam também às questões disciplinares e à administração económica.
A organização do plano de estudos do Colégio foi alterada entre 1826 e 1828, sendo desconhecida a data precisa. José Silvestre Ribeiro apenas indica ter sido seu autor Cândido José Xavier, diretor da instituição naquele período[6].
A primeira localização do Colégio Militar fora no Forte de São Julião. Foi transferido para para o edifício do Hospital Real de Nossa Senhora dos Prazeres na Luz[7] em 7 de Janeiro de 1814[8]. Em razão dessa localização tomou por vezes a designação de Colégio Militar da Luz.
Real Colégio Militar
5:238-242.
6:26; 341-367.
11:112-122.
17: 271, 279, 317, 397, 516, 593
... fundado no quartel da Feitoria, onde se achava instalado parte do Regimento de Artilharia da Corte e respectiva Aula de Artilharia de São Julião da Barra. Inicialmente dirigido apenas à instrução dos "filhos dos oficiais do Regimento", "em breve abriu as suas portas aos filhos dos oficiais de todo o exército e da marinha e a muitos indivíduos da classe civil"[9].
Outras informações
A admissão ao Colégio Militar era permitida, por conta do estado, a indivíduos com idades entre os nove e os 11 anos e na condição de filhos legítimos. Os matriculados porcionistas teriam de ter idade compreendida entre os sete e os 11 anos, serem de limpo nascimento e pagarem uma pensão mensal[10].
Por decreto de 1 de Setembro de 1824 os alunos do Colégio Militar poderiam matricular-se no segundo ano da Academia Real de Marinha de Lisboa, sob a condição de terem frequentado com aprovação o primeiro ano matemático do plano de estudos do Colégio. Essa faculdade foi estendida às matrículas na Academia de Marinha e Comércio do Porto por decreto de 3 de Novembro de 1825 com a mesma condição[11].
Encontravam-se anexos ao Colégio Militar depósitos de "armas e armamentos; o de instrumentos geodésicos e matemáticos; a biblioteca e a secretaria da inspecção dos estudos"[12].
Professores
António Teixeira Rebelo marechal de campo ocupou o lugar de primeiro diretor entre 1814 e 1825[13]. Entre 1826 e 1828 ocupou o lugar de diretor o coronel Candido José Xavier[14].
Director, em 1840 e 1846: João José da Cunha Fidie[15][16].
CORPO DOCENTE EM 1840
Professor de matemática, em 1840, adido à Escola Politécnica de Lisboa: João António Tibério Furtado Silva (Major)[17].
Professor do 1.º ano de matemática, em 1840 e 1846: Manuel Álvares da Silva (Capitão)[18][19].
Encarregado de explicar os princípios matemáticos, em 1840: Jacinto Carlos Mourão (Major)[20].
Professor de desenho, em 1840 e 1846: Teodoro António de Lima[21][22].
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)[23][24].
Professor de eloquência, e direito natural, em 1840: João Carlos da Silva[25].
Professor de filosofia, geografia, cronologia, e história, em 1840 e 1846: António Eduardo Pacheco[26][27].
Professor de latinidade, em 1840: Luís António Ribeiro de Mesquita[28].
Professor substituto de latinidade, em 1840: João Lourenço Ursulo Machado[29].
Professor de gramática portuguesa, e latina, em 1840: João Lineu Jordão[30].
Professor de língua francesa, em 1840 e 1846: Timóteo Álvares da Silva[31][32].
Professor de língua inglesa, em 1840 e 1846: Carlos Milton Graveley[33][34].
Professor de caligrafia, em 1840 e 1846: Joaquim Rogério[35][36].
Professor coadjuvante, em 1840: Estevão José Corsino[37].
Professor de equitação, em 1840: João Círiaco Coelho (Tenente)[38].
Professor de música, em 1840: João Nepomuceno de Mendonça[39].
Mestre de esgrima, em 1840 e 1846: Francisco José Tavares[40][41].
Mestre de dança, em 1840 e 1846: José Ramos[42][43].
CORPO DOCENTE EM 1846
Professor de fortificação: João António Tibério Furtado e Silva[44].
Professor substituto das cadeiras militares: Jacinto Carlos Mourão[45].
Professor de eloquência e poética (com alterações no nome da cadeira): João Carlos da Silva[46].
Professor substituto de filosofia, geografia, cronologia, e história: João Lourenço Ursulo Machado[47].
Professor de latim (com alterações no nome da cadeira): Luís António Ribeiro de Mesquita[48].
Professor substituto de língua francesa e inglesa: Daniel da Cunha[49].
Curricula
O plano de estudos do Colégio Militar, estabelecido pelos Estatutos de 1816, tinha a duração de seis anos e compunha-se por 14 cadeiras[50]. José Silvestre Ribeiro refere a supressão do segundo ano matemático em 1824, sendo substituído pelo ensino "de história militar, desenho topográfico, e reconhecimentos militares"[51]. O novo plano de estudos adotado entre 1826 e 1828 dividia os seis anos, de que se compunha o curso anterior, em dois cursos distintos. Os três primeiros anos respeitavam ao curso preparatório, compondo os remanescentes o curso militar em que se versavam as disciplinas de matemática, história, geografia e as propriamente militares[6].
1816 | ||||
Ano | Nome da Cadeira[52] | Matérias | Livros | Professores |
Primeiras letras | "Alfabeto de Monteiro, e Arte de Ventura"[53]. | |||
Desenho de figura | "Princípios de Lairese"[54]. | |||
Gramática portuguesa | "Arte de Lobato; Vida de D. João de Castro, por Jacinto Freire de Andrade; Arte da guerra, tradução de Pedegache"[53]. | |||
Gramática francesa | "O Novo Mestre, 4.ª edição; Les Commentaires de César; Les Aventures de Télémaque"[53]. | |||
Gramática inglesa | "Arte de Siret, The economy of human life; The history of the reign of the Emperor Charles 5.th"[53]. | |||
Gramática latina | "Arte de Pereira; Eutropio; Phedro"[53]. | |||
Princípios de latinidade | ||||
Filosofia racional e moral | "Lógica e Metafísica: Genuense, tradução de Cardoso. Ética: Genuense; Heinecio, tradução de Farinha"[53]. | |||
Língua portuguesa | ||||
Língua francesa | ||||
Língua inglesa | ||||
Aritmética | "Matemática e Estudos Militares: Curso completo de Wolf, tradução em francês por um benedictino da congregação de S. Mauro; e Elementos d'Azedo; tratado composto por B. Vicente Ferraz, em quanto à Tática Elementar, Castrametação"[54]. | |||
Álgebra | ||||
Geometria | ||||
Trigonometria | ||||
Desenho de arquitetura | "Regras de Moreira"[54]. | |||
Princípios e noções gerais de mecânica, hidrodinâmica, ótica e perspectiva. | ||||
Geografia e História | "Geografia: Montelle. História universal: Millot. História de Portugal: Tradução do inglês por Moraes"[54]. | |||
Princípios e noções gerais de tática elementar, castrametação, fortificação de campanha, ataque e defesa de praças em geral, e de postos fortificados; |
1826-1828 | ||||
Ano | Nome da Cadeira[55] | Matérias | Livros | Professores |
Primeiras letras | "Alfabeto de Monteiro, e Arte de Ventura"[53]. | |||
"Ler, escrever e contar"[56]. | ||||
Desenho de figura | "Princípios de Lairese"[54]. | |||
Gramática portuguesa | "Arte de Lobato; Vida de D. João de Castro, por Jacinto Freire de Andrade; Arte da guerra, tradução de Pedegache"[53]. | |||
Gramática francesa | "O Novo Mestre, 4.ª edição; Les Commentaires de César; Les Aventures de Télémaque"[53]. | |||
Gramática inglesa | "Arte de Siret, The economy of human life; The history of the reign of the Emperor Charles 5.th"[53]. | |||
Gramática latina | "Arte de Pereira; Eutropio; Phedro"[53]. | |||
Filosofia racional e moral | "Lógica e Metafísica: Genuense, tradução de Cardoso. Ética: Genuense; Heinecio, tradução de Farinha"[53]. | |||
Aritmética | "Matemática e Estudos Militares: Curso completo de Wolf, tradução em francês por um benedictino da congregação de S. Mauro; e Elementos d'Azedo; tratado composto por B. Vicente Ferraz, em quanto à Tática Elementar, Castrametação"[54]. | |||
"Álgebra até às equações do 2.º grau"[56]. | ||||
Geometria | ||||
"Trigonometria plana, e seu uso prático"[56]. | ||||
Desenho de arquitetura | "Regras de Moreira"[54]. | |||
Princípios e noções gerais de mecânica, hidrodinâmica, ótica e perspectiva. | ||||
"Geografia, cronologia e história"[56]. | "Geografia: Montelle. História universal: Millot. História de Portugal: Tradução do inglês por Moraes"[54]. | |||
"Princípios gerais de tática das diferentes armas, castrametação, serviço das tropas ligeiras, modo de fortificar, atacar e defender os postos"[56]. | ||||
"Estratégia, serviço do estado maior, |
Notas
- ↑ Ribeiro, 3:115.
- ↑ Ribeiro, 3:113.
- ↑ Ribeiro, 3:147.
- ↑ Ribeiro, 3:147.
- ↑ Ribeiro, 3:148.
- ↑ 6,0 6,1 Ribeiro, 5:239.
- ↑ Ribeiro, 3:147.
- ↑ Ribeiro, 3:147.
- ↑ Botelho, Novos subsídios para a História, 60.
- ↑ Ribeiro, 3:147.
- ↑ Ribeiro, 3:151-152.
- ↑ Ribeiro, 3:154.
- ↑ Ribeiro, 3:114.
- ↑ Ribeiro, 5:238.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 226.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 116.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 118.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 228.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 118.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 229.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 117.
- ↑ A distribuição das cadeiras pelos respectivos anos pode ser consultada em Ribeiro, 3:150.
- ↑ Ribeiro, 3:151.
- ↑ Ribeiro, 3:150.
- ↑ 53,00 53,01 53,02 53,03 53,04 53,05 53,06 53,07 53,08 53,09 53,10 53,11 Ribeiro, 3:150.
- ↑ 54,0 54,1 54,2 54,3 54,4 54,5 54,6 54,7 Ribeiro, 3:151.
- ↑ Ribeiro, 3:150.
- ↑ 56,0 56,1 56,2 56,3 56,4 Ribeiro, 5:238.
Fontes
Almanak Estatistico de Lisboa em 1840. Lisboa: Impressão Morandiana, 1839.
Almanak Estatistico de Lisboa em 1846. Lisboa: Typographia do Gratis, [s.d.].
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873, pp. 146-155.
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 238-241.
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876, pp. 26, 341-367.
Bibliografia
Botelho, José Justino Teixeira, Novos subsídios para a História da Artilharia Portuguesa. Vol. I. Lisboa: Comissão de História Militar, 1944.
https://www.colegiomilitar.pt/quem-somos/sintese-historica/
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Autor(es) do artigo
João de Almeida Barata
https://orcid.org/0000-0001-9048-0447
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
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Citar este artigo
- Real Colégio Militar (última modificação: 18/10/2022). eViterbo. Visitado em 28 de setembro de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Real_Col%C3%A9gio_Militar