Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira

Fonte: eViterbo
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Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira
(valor desconhecido)
Outras denominações Aula de Artilharia de Tavira, Aula Regimental de Artilharia de Tavira
Tipo de Instituição Ensino Militar
Data de fundação 1789
Data de extinção 1834
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Tavira, Tavira, Faro,-
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

A Aula de Artilharia, Aula Regimental de Artilharia, ou Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira foi criada/refundada? em .... de .... de ...., anexa ao mesmo regimento.

A sua criação enquadra-se num conjunto de reformas, datadas da segunda metade do século XVIII e da autoria do conde de Schaumbourg Lippe, aplicadas ao ensino de artilharia com fim à sua modernização e uniformização, anteriormente sustentado pelas Aulas de Fortificação[1]. Identificando a "decadência a que n'estes reinos se reduziu a teoria e a prática da artilharia", arma considerada a "principal força das monarquias", bem como a necessidade de conservar os seus corpos "com ciência e exercício", o decreto de 30 de Julho de 1762, primeira peça legislativa do conjunto de reformas, determinava o exame e aprovação nas aulas de artilharia como condição indispensável no acesso aos regimentos e corpos da arma por parte de oficiais e soldados, ao invés da promoção por antiguidade[2].

Consentâneo com aquele decreto, o conde de Lippe procedeu à reorganização dos corpos de artilharia, reduzindo-os a "quatro regimentos de doze companhias cada um"[3], a saber: Regimento de Artilharia de São Julião, de Estremoz e de Lagos, a que acresceu o Regimento de Artilharia do Porto. Ainda em 1763, por decreto de 15 de Julho, era estabelecida uma nova organização do plano de estudo a observar nas Aulas de Artilharia, provendo o documento sobre "a ordem dos estudos; e a eleição dos Livros que devem dirigir os Professores"[4]. A instituição das Aulas Regimentais de Artilharia não se restringiu ao ensino militar. Considerando que "pela sua natureza transversal [se] exigiam domínios nas matérias de cálculo, balística, materiais e a química [as Aulas foram, por isso,] percursoras de um ensino moderno, científico e prático"[5]. Com o objectivo de "aumentar esta útil e nobre profissão e animar os meus vassalos, que a ela se aplicam", por decreto de 4 de Junho de 1766, que reformou e desenvolveu o plano constituído pelo conde de Lippe, preconizava-se um aumento progressivo do soldo, até ao dobro, aos oficiais que estivessem na condição de realizar um "rigoroso exame da sua ciência"[6]. A partir de 1779, os exames para os postos de artilharia teriam de ser realizados perante o comandante do Regimento, o tenente-coronel, o sargento-mor e o lente da Aula[7].

Não sendo certa a data de extinção das Aulas de Artilharia, alguns autores indicam a data de 1834 para o seu término[8].

Outras informações

Professores

O Lente (professor) da Aula do Regimento de Artilharia era nomeado pelo poder régio de entre os oficiais do regimento, ouvida a Junta dos Três Estados. O professor, que recaía, normalmente, no comandante ou no sargento-mor do regimento, estava encarregue da "explicação, e tradução dos Autores"[9].

Margarida:

1788 – 1797, 1811 – José Sande de Vasconcelos, lente de geometria, lente do Regimento de Infantaria de Tavira

1811 – Baltazar de Azevedo Coutinho, capitão, lente substituto de matemática na Escola do Regimento de Tavira (estudou Matemática na Universidade; não foi aluno das academias)

1811 – António Vaz Velho, capitão, lente substituto de matemática no Regimento de Tavira

Curricula

O plano de estudos decretado em 1763 determinava que se observassem, sob pena de expulsão das Aulas e Regimentos, "precisa, e inalteravelmente os seguintes" tratados dos quais "se farão traduções Portuguesas para os que não possuem a língua Francesa"[10]:

- Curso de Matemática, por Monsieur Bellidoro.

- "Para a Arte de lançar as Bombas se deve seguir Monsieur du Lacq naquela parte do seu livro intitulado, Mecanismo de Artilharia, que trata desta matéria", e, em alternativa, "farão o uso do Bombardeiro Francês Monsieur Bellidoro".

- "Os seis Artífices pertencentes à Companhia dos mesmos Bombardeiros devem estudar, entender, e praticar todas as diferentes composições de fogos de Artificio, que servem para a Guerra, pelas explicações do Monsieur de Saint Remy".

- "Para a Ciência das Minas se devem seguir as obras de Monsieur de La-Valiere o Pai, de Monsieur de Lorme, e de Monsieur Bellidoro", inclusos nas "Memórias de Saint Remy".

- "Para a Engenharia, e Fortificações (...) se deve seguir o livro intitulado: O Ataque, e defensa das Praças, por Monsieur de Vauban".

- "Para o Estudo dos Mineiros, e Bombeiros, se deve seguir a Ciência dos Engenheiros do mesmo Monsieur Bellidoro nas partes em que tem uma conexão imediata com a profissão dos sobreditos".

- "Para o Exercício das Peças de Campanha [em peças de calibre inferior à peça de bateria, de 6 libras ou menos] se há de seguir o Método, que se estabeleceu nos dois o Método, que se estabeleceu nos dous Campamentos que no presente ano se fizeram junta à Cidade de Évora, e na vizinhança de Belém"[11].


Segundo o plano de estudos de 1763, as Aulas Regimentais deveriam observar três dias de prática[12].

Notas

  1. Barata, "O Exército e o ensino superior militar", 2:1051.
  2. Governo Português, "Decreto de 30 de Julho de 1762", Collecção da Legislação Portugueza, Legislação de 1750 a 1762. Lisboa: Typograpfia Maigrense, 1830, 901.
  3. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 1:303.
  4. Governo Português "Alvará de 15 de Julho de 1763", Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 46.
  5. Coelho, "Os Arsenais Reais", 49.
  6. Governo Português, "Decreto de 4 de Junho de 1766, Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 250.
  7. Cordeiro, Apontamentos para a Historia da Artilheria, 265.
  8. Borges, "O conde de Lippe e o ensino militar em Portugal", 534.
  9. Governo Português, "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", Colecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 47.
  10. Governo Português, "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", Colecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 47-49.
  11. Para uma descrição dos exercícios, a forma como deveriam ser realizados e indicações práticas para os oficiais vide, Governo Português, "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", Colecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 47-49.
  12. Governo Português, "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", Colecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829, 49.

Fontes

Governo Português, "Decreto de 30 de Julho de 1762", Collecção da Legislação Portugueza, Legislação de 1750 a 1762. Lisboa: Typograpfia Maigrense, 1830.

Governo Português "Alvará de 15 de Julho de 1763", Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829.

Governo Português, "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", Colecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829.

Governo Português, "Decreto de 4 de Junho de 1766, Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829.

Bibliografia

Barata, Manuel Themudo, "O Exército e o ensino superior militar em Portugal (séculos XVII e XVIII)". Em Fraternidade e Abnegação. Vol. 2. Lisboa: Academia Portuguesa da História, 1999.

Borges, João Vieira, "O conde de Lippe e o ensino militar em Portugal". Em 250 anos da chegada do conde de Lippe a Portugal: necessidades, reformas e consequências da presença de militares estrangeiros no exército português. Actas do XXI Colóquio de História Militar. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2013. Coelho, Sérgio Veludo. "Os arsenais reais de Lisboa e Porto. 1800-1814." Tese de Dout., Universidade Portucalense Infante D. Henrique, 2009. (Publicado em Porto: Fronteira do Caos, 2013).

Cordeiro, João Manuel, Apontamentos para a Historia da Artilheria Portugueza. Lisboa: Typographia do Commando Geral da Artilheria, 1895.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia. Vol. 1. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1872.

Ligações Internas

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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