Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira

Fonte: eViterbo
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Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira
(valor desconhecido)
Outras denominações Aula de Artilharia de Tavira, Aula Regimental de Artilharia de Tavira
Tipo de Instituição Ensino Militar
Data de fundação 1789
Data de extinção 1834
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Tavira, Tavira, Faro,-
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

A Aula de Artilharia, Aula Regimental de Artilharia, ou Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira foi uma instituição de ensino militar criada em 1789, anexa ao respectivo Regimento. Estabeleceu-se "na praça de Tavira pelo Conde de Vale de Reis, governador e capitão-general do reino do Algarve"[1][2].

A sua criação enquadra-se no conjunto de reformas sobre a instrução de artilharia levadas a cabo por Francisco Eschaumburgo-Lipas (1724-1777) na segunda metade do século XVIII de que resultou, igualmente, a criação das Aulas de Artilharia de Lagos e de São Julião da Barra. Não sendo certa a data de extinção das aulas, alguns autores indicam o seu término em 1834[3].

Outras informações

Professores

O professor da Aula do Regimento de Artilharia era nomeado pelo poder régio de entre os oficiais do regimento, ouvida a Junta dos Três Estados. Por norma, a nomeação para o lugar de professor recaía no comandante ou no sargento-mor do regimento, que ficava encarregue da "explicação, e tradução dos Autores"[4].

Professores da Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira: entre 1788 e 1797, e em 1811, José Sande de Vasconcelos[5]; entre 1811-?, Baltasar de Azevedo Coutinho[6].

Curricula

O plano de estudos decretado em 1763 determinava que se observassem, sob pena de expulsão das Aulas e Regimentos, "precisa, e inalteravelmente" os tratados escolhidos dos quais "se farão traduções Portuguesas para os que não possuem a língua Francesa"[7]. Nomeadamente, e em relação à sua distribuição pelas matérias em estudo na Aula: "o Curso de Matemática, por Monsieur Bellidoro"; "Para a Arte de lançar as Bombas se deve seguir Monsieur du Lacq naquela parte do seu livro intitulado, Mecanismo de Artilharia, que trata desta matéria", e, em alternativa, "farão o uso do Bombardeiro Francês Monsieur Bellidoro"; "Os seis Artífices pertencentes à Companhia dos mesmos Bombardeiros devem estudar, entender, e praticar todas as diferentes composições de fogos de Artificio, que servem para a Guerra, pelas explicações do Monsieur de Saint Remy"; "Para a Ciência das Minas se devem seguir as obras de Monsieur de La-Valiere o Pai, de Monsieur de Lorme, e de Monsieur Bellidoro", inclusos nas "Memórias de Saint Remy"; "Para a Engenharia, e Fortificações (...) se deve seguir o livro intitulado: O Ataque, e defensa das Praças, por Monsieur de Vauban"; "Para o Estudo dos Mineiros, e Bombeiros, se deve seguir a Ciência dos Engenheiros do mesmo Monsieur Bellidoro nas partes em que tem uma conexão imediata com a profissão dos sobreditos"; e "Para o Exercício das Peças de Campanha [em peças de calibre inferior à peça de bateria, de 6 libras ou menos] se há de seguir o Método, que se estabeleceu nos dois o Método, que se estabeleceu nos dois Campamentos que no presente ano se fizeram junta à Cidade de Évora, e na vizinhança de Belém"[7].

No que concerne à vertente prática do ensino, especificam-se os exercícios e a forma de serem realizados e apresentam-se indicações práticas para os oficiais sobre a sua condução[8]. As aulas regimentais deveriam observar três dias de prática por semana, disposição estatuída no alvará de 9 de Abril de 1762[9] - respeitante à criação da Aula de São Julião da Barra -, que especificava o horário em que deveriam decorrer, ou seja, "hora e meia de manhã e uma hora de tarde"[10].

Plano de estudos de 1763.
Ano Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira Curso de Matemática por Bellidoro;

Mecanismo de Artilharia por Du Lacq;

Bombardeiro Francês por Bellidoro;

Obras de Saint Remy;

Obras de La-Valiere, pai;

Obras de Lorme;

Ataque, e defensa das Praças por Vauban;

Ciência dos Engenheiros por Bellidoro.

Professor proprietário entre 1788 e 1797; e em 1811: José Sande de Vasconcelos[5].


Professor proprietário em 1811: Baltasar de Azevedo Coutinho[6].




Notas

  1. Fernando Pessanha. “Baltazar de Azevedo Coutinho e o mapa da Grande Batalha do Guadiana". Visualizado em 19 Agosto, 2022.
  2. Direcção-Geral do Património Cultural, "Núcleo urbano da cidade de Tavira". Visualizado em 19 Agosto, 2022.
  3. Borges, "O conde de Lippe e o ensino militar em Portugal", 534.
  4. "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", publicado em Collecção de Legislação Portugueza, 47.
  5. 5,0 5,1 Direcção-Geral do Património Cultural, "Núcleo urbano da cidade de Tavira". Visualizado em 19 Agosto, 2022.
  6. 6,0 6,1 Fernando Pessanha. “Baltazar de Azevedo Coutinho e o mapa da Grande Batalha do Guadiana". Visualizado em 19 Agosto, 2022.
  7. 7,0 7,1 "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", publicado em Collecção de Legislação Portugueza, 47-49.
  8. "Plano, que Sua Magestade manda seguir, e observar no Estabelecimento, Estudos, e Exercicios das Aulas dos Regimentos de Artilheria", citado em Collecção de Legislação Portugueza, 49.
  9. "Alvará de 9 de Abril de 1762", publicado em Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1750 a 1762, 862.
  10. Cordeiro, Apontamentos para a Historia da Artilharia, 263.

Fontes

Collecção da Legislação Portugueza. Legislação de 1750 a 1762. Lisboa: Typografia Maigrense, 1830.

Collecção de Legislação Portugueza. Legislação de 1763 a 1774. Lisboa: Typografia Maigrense, 1829.

Bibliografia

Borges, João Vieira. "O conde de Lippe e o ensino militar em Portugal". Em 250 anos da chegada do conde de Lippe a Portugal: necessidades, reformas e consequências da presença de militares estrangeiros no exército português. Actas do XXI Colóquio de História Militar. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2013.

Cordeiro, João Manuel. Apontamentos para a Historia da Artilheria Portugueza. Lisboa: Typographia do Commando Geral da Artilheria, 1895.

Direcção-Geral do Património Cultural, "Núcleo urbano da cidade de Tavira". Visualizado em 19 Agosto, 2022.

Fernando Pessanha. “Baltazar de Azevedo Coutinho e o mapa da Grande Batalha do Guadiana". Visualizado em 19 Agosto, 2022.

Ligações Internas

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Categoria: Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/qhh1-uzhu

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Aula de Artilharia, Geometria, Fortificação e Desenho de Tavira", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 25/08/2023). Consultado a 20 de abril de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Aula_de_Artilharia,_Geometria,_Fortifica%C3%A7%C3%A3o_e_Desenho_de_Tavira. DOI: https://doi.org/10.34619/qhh1-uzhu