Claudino de Sousa e Faro
Claudino de Sousa e Faro | |
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Nome completo | Claudino Augusto Carneiro de Sousa e Faro |
Outras Grafias | Claudino Augusto Carneiro de Souza e Faro |
Pai | Bernardo Carneiro de Sousa Faro |
Mãe | Maria Rita Teixeira de Bahamonde Correia Mendes |
Cônjuge | valor desconhecido |
Filho(s) | valor desconhecido |
Irmão(s) | valor desconhecido |
Nascimento | 18 julho 1840 Ribandar, Tiswadi, Goa,- |
Morte | 1919 Nice, Nice, França |
Sexo | Masculino |
Religião | Cristã |
Formação | |
Formação | Instrução básica |
Local de Formação | Goa, Índia |
Formação | Engenharia Militar |
Local de Formação | Goa, Índia |
Formação | Engenharia Militar |
Local de Formação | Lisboa, Lisboa, Portugal |
Postos | |
Posto | Soldado |
Data | Início: 10 de março de 1855 |
Posto | 2º Tenente |
Data | Início: 21 de setembro de 1862 Fim: 11 de maio de 1871 |
Arma | Engenharia |
Posto | Tenente |
Data | Início: 11 de maio de 1871 Fim: 03 de julho de 1873 |
Arma | Engenharia |
Cargos | |
Cargo | Professor |
Data | Início: 14 de março de 1863 |
Cargo | Director |
Data | Início: 06 de fevereiro de 1873 Fim: 29 de março de 1876 |
Cargo | Director |
Data | Início: 29 de março de 1876 Fim: 15 de maio de 1881 |
Cargo | Director |
Data | Início: 18 de agosto de 1881 Fim: 05 de novembro de 1884 |
Cargo | Director |
Data | Início: 05 de novembro de 1884 Fim: 16 de junho de 1886 |
Cargo | Director |
Data | Fim: 17 de agosto de 1892 |
Actividade | |
Actividade | Autoria de texto |
Data | Início: 1863 Fim: 1864 |
Local de Actividade | Goa, Índia |
Actividade | Levantamento do território |
Data | Início: 1873 Fim: 1876 |
Local de Actividade | Angola |
Actividade | Projeto de Infraestrutura |
Data | Início: 1873 Fim: 1876 |
Local de Actividade | Angola |
Actividade | Expedição |
Data | Início: 08 de setembro de 1887 |
Local de Actividade | Cabo Verde |
Actividade | Projeto de Infraestrutura |
Data | Início: 23 de março de 1876 Fim: 1881 |
Local de Actividade | Ilha de Santiago, Cabo Verde |
Biografia
Dados biográficos
Claudino Augusto Carneiro de Sousa e Faro nasceu em Ribandar, Goa, Índia, a 18 de Julho de 1840. Faleceu em Nice, França, em 1919. Filho de Bernardo Carneiro de Sousa Faro e de Maria Rita Teixeira de Bahamonde Correia Mendes. Casou entre 1873 e 1878.
Completou o curso do Liceu Nacional de Goa onde obteve distinção nos estudos de latim, latinidade, francês e inglês, filosofia racional e moral, princípios de direito natural e de geografia e história. Foi premiado na aula de princípios de física. Teve o primeiro prémio em todas cadeiras do curso de artilharia e de engenharia da Escola Matemática e Militar de Goa, bem como os respectivos diplomas. Frequentou a Escola do Exército no intuito de adiantar os seus conhecimentos, gozando de dois anos de licença com vencimento para se aperfeiçoar nos estudos a sua arma[1].
Carreira
Claudino de Sousa e Faro foi oficial do exército do Estado da Índia. Alistou-se a 10 de Março de 1855 e assentou praça a 10 de Março de 1857. Por decreto de 21 de Setembro de 1862 foi foi nomeado 2º tenente de engenharia do Estado da Índia. A 14 de Março de 1863 foi nomeado professor substituto da Escola Matemática e Militar de Goa[2] e a 18 de Novembro de 1864 professor. Escreveu dois compêndios que serviram de manuais. Recebeu a medalha de bom serviço e comportamento exemplar (16 de Julho e 21 de Outubro de 1870). Por decreto de 11 de Maio de 1871 foi promovido ao posto de 1º tenente de engenharia[3] e professor do Instituto Profissional de Nova Goa a 11 de Novembro de 1871[1].
Em 6 de Fevereiro de 1873 foi nomeado director da Direcção das Obras Públicas de Angola e promovido ao posto de capitão a 3 de Julho de 1873[4]. Em 1876, ainda como director das Obras Públicas de Angola, requer a sua transferência do extinto Exército da Índia para o Exército da África Ocidental, mantendo o posto[5]. Em Angola realizou levantamentos topográficos e construções geodésicas[2].
A 29 de Março de 1876 foi indicado para ser o director do quadro do pessoal técnico das Obras Públicas de Cabo Verde, cargo que viria a ocupar em Setembro[6]. Em Novembro, conforme tinha solicitado, foi transferido para o quadro do Exército de África Ocidental[7].
A 8 de Setembro de 1877 foi nomeado chefe de uma expedição extraordinária na província de Cabo Verde, em virtude da nova organização do serviço das obras públicas no ultramar, e transferido para o quadro do Exército de África Ocidental a 25 de Outubro de 1877[1]. Em Cabo Verde esteve responsável pelas seguintes obras: na ilha de Santiago, o edifício da nova alfândega na cidade da Praia e respetivo aterro, acessos viários e ponte-cais, o aterro marginal, a ampliação do quartel militar, um ramal da estrada e pontes sobre o Covão Seco e na Ribeira dos Órgãos, estradas de acesso à vila da Ribeira Brava e a igreja matriz da vila de Ribeira Grande; na ilha de Santo Antão, um quartel militar e uma igreja; na ilha da Boavista uma ponte-cais; na ilha do Fogo, a igreja matriz da vila de São Filipe e estradas de acesso[8][9].
Num abaixo assinado levando a cabo por habitantes de Cabo Verde, na sua maioria negociantes da cidade da Praia, a 12 de Fevereiro de 1879, foi pedida a substituição de Claudino de Sousa e Faro como director das obras púbicas de Cabo Verde, reclamando o estado de ruína das fortalezas e edifícios públicos da Guiné, as estradas intransitáveis das ilhas agrícolas, os pântanos abertos e a falta de arborização em toda a província[10]. Foi nomeado um inspector para apreciar os actos da direcção, o ministro Tomás Ribeiro, por oficio de 18 de Março de 1879. O Governador assegurou que a direcção estava a prestar as contas com a devida regularidade através de mapas dos trabalhos e das quantias despendidas e que as obras estavam a ser realizadas com a solidez e preceitos de economia[11] propondo que lhe fosse atribuído uma distinção honorifica[12]. Claudino de Sousa e Faro permaneceu em Cabo Verde para completar a sua comissão e a 15 de Maio de 1881 seguiu viagem para Lisboa[13]. Foi substituído interinamente pelo tenente do exército de Portugal José Jacinto Lima da Costa Monteiro, o condutor de 1ª classe mais antigo do quadro técnico[14].
A 18 de Agosto de de 1881 foi nomeado director das Obras Públicas de São Tomé e Príncipe[15] tendo começado a servir na província a 29 de Novembro desse ano. Manteve-se como director até 1884. Nesse cargo realizou os seguintes serviços: trabalhos de estradas, elaboração de projectos, direcção e fiscalização de algumas obras e na supervisão de todos os trabalhos realizados na província.
Recebeu o hábito da Ordem Militar de São Bento de Avis a 14 de Outubro de 1880[16] e por decreto de 21 de Fevereiro de 1884 foi agraciado com a Comenda da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Villa Viçosa pelos serviços prestados ao reino[1][17]. A pedido do presidente da Câmara Municipal procedeu à montagem de uma ponte por ele projectada.
A 26 de Julho de 1883 foi promovido a major. Por decreto de 5 de Novembro de 1884, foi transferido para Angola para ocupar o cargo de director da Direcção das Obras Públicas de Angola[18].
Por decreto de 16 de Junho de 1886, o major Claudino de Sousa e Faro foi exonerado do cargo de diretor das Obras Públicas da Província de Angola e nomeado inspector das obras públicas nas províncias de África[19]. Foi substituído interinamente pelo major de artilharia António Guilherme Ferreira de Castro[20].
Em Agosto de 1891 foi-lhe concedidos três meses para licença de tratamento no reino[21].
A 17 de Agosto de 1892 foi ordenado ao coronel Claudino de Sousa e Faro, inspector e director interino das Obras Públicas de São Tomé e Príncipe, que abandonasse de imediato a província e se dirigisse à ilha de Santiago, em Cabo Verde, por motivos de averiguação de um processo judicial. Foi substituído por Bernardo Heitor Pereira Garcez, condutor de 1ª classe adido ao quadro[22]. Encontrando-se na província de Cabo Verde em trabalho, a 29 de Agosto de 1892, foi recomendado pela Junta de Saúde Pública da Província de Cabo Verde licença de três meses no reino. Teve licença dada pela Junta de Saúde Naval e Ultramar de tratamento por doença devido a causas climáticas e bromatológicas[23]. Em Fevereiro de 1893 a licença foi-lhe prorrogada por mais 2 meses[24].
Em 1893 residia no Estado da Índia e era encarregado de proceder ao levantamento da planta das regiões arborizadas da Índia portuguesa[25]. No início de Janeiro de 1895 regressou ao reino na companhia da irmã e de 6 filhos, 3 menores de idade, e dois criados[26].
Outras informações
Obras
- Goa (1863-1864): dois compêndios para a Escola Matemática e Militar de Goa[2] - Angola (1873-1876): levantamentos topográficos e construções geodésicas.
- Cabo Verde (1876-1881): na ilha de Santiago, o edifício da nova alfândega na cidade da Praia e respetivo aterro, acessos viários e ponte-cais, o aterro marginal, a ampliação do quartel militar, um ramal da estrada e pontes sobre o Covão Seco e na Ribeira dos Órgãos, estradas de acesso à vila da Ribeira Brava e a igreja matriz da vila de Ribeira Grande; na ilha de Santo Antão, um quartel militar e uma igreja; na ilha da Boavista uma ponte-cais; na ilha do Fogo, a igreja matriz da vila de São Filipe e estradas de acesso.
- São Tomé e Príncipe (1881-1884): trabalhos de estradas, elaboração de projectos, direcção e fiscalização de algumas obras e na supervisão de todos os trabalhos realizados na província.
- Índia (1893-1895): levantamento da planta das regiões arborizadas da Índia portuguesa.
Notas
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 1/01/1885.
- ↑ 2,0 2,1 2,2 Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 1873.
- ↑ Diário do Governo nº108 de 13 de maio de 1871.
- ↑ DG149 de 7 de julho de 1873
- ↑ Diário do Governo nº75 de 4 de abril de 1876.
- ↑ Diário do Governo nº209 de 15 de setembro de 1877.
- ↑ Diário do Governo nº245 de 27 de outubro de 1877.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 12/03/1879.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, Obras Públicas da Província de Cabo Verde. Mapa demonstrativo da despesa feita com as obras... 12/05/1879.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 12/02/1879.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 7/07/1879.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 13/11/1880.
- ↑ Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde, SGG, cx.619, pasta n.º 2, documento n.º 46.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 16/05/1881.
- ↑ Diário do Governo nº186 de 22 de agosto de 1881.
- ↑ Diário do Governo nº234 de 5 de novembro de 1881.
- ↑ Diário do Governo nº77 de 7 de abril de 1886.
- ↑ Diário do Governo nº257 de 11 de novembro de 1884.
- ↑ Diário do Governo nº138 de 21 de junho de 1886.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 3/06/1886.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 14/08/1891.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 17/08/1892.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 29/08/1892.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, Mapa da Inspecção feita pela Junta de Saúde Naval e Ultramar, 19/11/1892.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 8/09/1893.
- ↑ Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”, 4/01/1895.
Fontes
Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde, SGG cx. 619, pasta 02, doc. 46
Arquivo Histórico Ultramarino, São Tomé, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 765/1, 1D UM, 1874-1923, “Claudino de Sousa e Faro”.
Diário do Governo n.º 108 de 13 de maio de 1871.
Diário do Governo n.º 149 de 7 de julho de 1873.
Diário do Governo n.º de 4 de abril de 1876.
Diário do Governo n.º 209 de 15 de setembro de 1877.
Diário do Governo n.º 245 de 27 de outubro de 1877.
Diário do Governo n.º 186 de 22 de agosto de 1881.
Diário do Governo n.º 234 de 5 de novembro de 1881.
Diário do Governo n.º 257 de 11 de novembro de 1884.
Diário do Governo n.º 77 de 7 de abril de 1886.
Diário do Governo n.º 138 de 21 de junho de 1886.
Bibliografia
Ligações Externas
Autor(es) do artigo
Fernando Pires
Mafalda Pacheco
CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa
https://orcid.org/0000-0002-1091-6325
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
DOI
Citar este artigo
- Claudino de Sousa e Faro (última modificação: 25/08/2022). eViterbo. Visitado em 16 de junho de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Claudino_de_Sousa_e_Faro
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