Academia Real dos Guardas-Marinhas: diferenças entre revisões

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A Companhia dos Guardas-Marinhas foi uma instituição militar criada por decreto de 14 de Dezembro de 1782 no reinado de D. Maria I<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:61.</ref>. À sua criação assistiu o propósito de institucionalizar a entrada de oficiais na marinha portuguesa, à semelhança da criação de 24 vagas no posto de guarda-marinha determinada por D. José I em 1761<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 48.</ref>, sem que, porém, se tenha atendido às necessidades da sua instrução específica<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 41-42.</ref>.
A Companhia dos Guardas-Marinhas foi uma instituição militar criada por decreto de 14 de Dezembro de 1782 no reinado de D. Maria I<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:61.</ref>. À sua criação assistiu o propósito de institucionalizar a entrada de oficiais na marinha portuguesa, à semelhança da criação de 24 vagas no posto de guarda-marinha determinada por D. José I em 1761<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 48.</ref>, sem que, porém, se tenha atendido às necessidades da sua instrução específica<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 41-42.</ref>.


Em 1782, foram admitidos 48 guardas-marinhas, totalizando a partir de 1788, 60 guardas-marinhas e 24 aspirantes<ref name=":7">Ribeiro, 2:63.</ref>. Na admissão ao posto de guarda-marinha eram requeridas as qualificações exigidas aos cadetes do exército por "alvará de 16 de Março de 1757"<ref name=":9" />, ou seja, entre outras, a prova de linhagem nobiliárquica<ref name=":13">Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 56.</ref>, uma disposição apelidada por Silvestre Ribeiro como "''soberanamente aristocrática''"<ref name=":9" />. Dela estavam dispensados os alunos da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]] que tivessem dado provas de aproveitamento, e os filhos de oficiais de marinha, de capitães tenentes e de oficiais com graduações superiores, ou de sargentos mores do exército e de graduações superiores<ref name=":9" />. Ou seja, a promoção a oficial ficava condicionada à associação entre comando militar e nobreza, ou entre comando e identificação familiar com o posto<ref name=":13" />.
Em 1782, foram admitidos 48 guardas-marinhas, totalizando a partir de 1788, 60 guardas-marinhas e 24 aspirantes<ref name=":7">Ribeiro, 2:63.</ref>. Na admissão ao posto de guarda-marinha eram requeridas as qualificações exigidas aos cadetes do exército por "alvará de 16 de Março de 1757"<ref name=":9" />, ou seja, entre outras, a prova de linhagem nobiliárquica<ref name=":13">Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 56.</ref>, uma disposição apelidada por Silvestre Ribeiro como "''soberanamente aristocrática''"<ref name=":9" />. Dela estavam dispensados os alunos da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]] que tivessem dado provas de aproveitamento, e os filhos de oficiais de marinha, de capitães tenentes e de oficiais com graduações superiores, ou de sargentos mores do exército e de graduações superiores<ref name=":9" />. Em suma, a "entrada na Academia dos Guardas-Marinha, e o próprio posto de guarda-marinha, tornavam-se exclusivos dos candidatos que comprovassem padrões de nobreza ou berço em família de oficiais superiores das forças de terra e mar"<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 109.</ref>.


A formação dos aspirantes a guardas-marinhas correspondeu inicialmente à frequência das aulas de marinha ministradas na [[Academia Real de Marinha de Lisboa]], criadas em 5 de Agosto de 1779<ref name=":9">Ribeiro, 2:62.</ref>. Posteriormente, a formação da Companhia passou a ser assegurada em instituição própria, a Academia Real dos Guardas-Marinhas, "''na qual eram lidas as disciplinas da Academia Real da Marinha''"<ref>Ribeiro, 2:62.</ref>. Não sendo certa a data em que as aulas da Academia iniciaram, existe indicação de lentes próprios desde 1789, como indicado abaixo. O mesmo parece confirmar a notícia publicada na ''Gazeta de Lisboa'' em 1783 onde se lê: "''Em observância da dita ordem se acham já estabelecidas as seguintes lições. Desde 24 de Março deste ano, as de Desenho, Arquitetura naval, Aparelho pratico e Manobra, Manejo d’arma e Evoluções d’Infantaria. Desde 25 de Junho a de Matemática; e desde 2 de Julho a da Língua Francesa''"<ref>''Gazeta de Lisboa'', no. 33 (Agosto 1783), citado em Moura, ''O Ensino na Real Academia'', 29.</ref>. Porém, a instituição apenas seria dotada de plano de estatutos próprios em 1 de Abril de 1796, data que se toma como referência para a sua fundação<ref name=":02">Ribeiro, 2:64.</ref>. Apesar da institucionalização da instrução dos guardas-marinha, note-se que, até 1 de Agosto de 1800, foram passadas licenças aos guardas-marinhas para que pudessem estudar noutro estabelecimento as disciplinas lidas na Academia<ref name=":10" />. A Academia Real dos Guardas-Marinhas encontrou-se instalada no Arsenal Real da Marinha, na Ribeira das Naus, pelo menos a partir de 1795<ref>''Almanach para o anno de 1795''., 17.</ref>.
A formação dos aspirantes a guardas-marinhas correspondeu inicialmente à frequência das aulas de marinha ministradas na [[Academia Real de Marinha de Lisboa]], criadas em 5 de Agosto de 1779<ref name=":9">Ribeiro, 2:62.</ref>. Posteriormente, a formação da Companhia passou a ser assegurada em instituição própria, a Academia Real dos Guardas-Marinhas, "''na qual eram lidas as disciplinas da Academia Real da Marinha''"<ref>Ribeiro, 2:62.</ref>. Não sendo certa a data em que as aulas da Academia iniciaram, existe indicação de lentes próprios desde 1789, como indicado abaixo. O mesmo parece confirmar a notícia publicada na ''Gazeta de Lisboa'' em 1783 onde se lê: "''Em observância da dita ordem se acham já estabelecidas as seguintes lições. Desde 24 de Março deste ano, as de Desenho, Arquitetura naval, Aparelho pratico e Manobra, Manejo d’arma e Evoluções d’Infantaria. Desde 25 de Junho a de Matemática; e desde 2 de Julho a da Língua Francesa''"<ref>''Gazeta de Lisboa'', no. 33 (Agosto 1783), citado em Moura, ''O Ensino na Real Academia'', 29.</ref>. Porém, a instituição apenas seria dotada de plano de estatutos próprios em 1 de Abril de 1796, data que se toma como referência para a sua fundação<ref name=":02">Ribeiro, 2:64.</ref>. Apesar da institucionalização da instrução dos guardas-marinha, note-se que, até 1 de Agosto de 1800, foram passadas licenças aos guardas-marinhas para que pudessem estudar noutro estabelecimento as disciplinas lidas na Academia<ref name=":10" />. A Academia Real dos Guardas-Marinhas encontrou-se instalada no Arsenal Real da Marinha, na Ribeira das Naus, pelo menos a partir de 1795<ref>''Almanach para o anno de 1795''., 17.</ref>.
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Aquando das Invasões Francesas, e no seguimento da transferência da Corte Real para o Brasil, a Academia foi instalada no hospício do mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro em 5 de Maio de 1808, "''com todos os instrumentos, livros, modelos, máquinas, cartas, e planos, que a mesma academia tinha em Lisboa''"<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>. Em 1809, foi ordenada a construção de um observatório astronómico anexo ao mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 4:244.</ref>, e, em 1812, foi instalada no Rio de Janeiro a biblioteca da Companhia, fundada em 1802<ref>Ribeiro, 2:434.</ref>. Desconhecendo-se a data exacta em que a biblioteca foi transportada para o Brasil, conhece-se a transferência em duas fases do espólio da companhia dos guardas-marinhas para o Brasil, em cuja última fase se transportou igualmente a documentação<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 4:167.</ref> da [[Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica]], instituição militar responsável pelo desenho de cartas hidrográficas, geográficas e militares.   
Aquando das Invasões Francesas, e no seguimento da transferência da Corte Real para o Brasil, a Academia foi instalada no hospício do mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro em 5 de Maio de 1808, "''com todos os instrumentos, livros, modelos, máquinas, cartas, e planos, que a mesma academia tinha em Lisboa''"<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>. Em 1809, foi ordenada a construção de um observatório astronómico anexo ao mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 4:244.</ref>, e, em 1812, foi instalada no Rio de Janeiro a biblioteca da Companhia, fundada em 1802<ref>Ribeiro, 2:434.</ref>. Desconhecendo-se a data exacta em que a biblioteca foi transportada para o Brasil, conhece-se a transferência em duas fases do espólio da companhia dos guardas-marinhas para o Brasil, em cuja última fase se transportou igualmente a documentação<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 4:167.</ref> da [[Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica]], instituição militar responsável pelo desenho de cartas hidrográficas, geográficas e militares.   


Em função da instalação da companhia no Brasil, entre 1807 e 1825, os aspirantes à marinha de guerra que se encontrassem em Portugal continental apenas podiam ser habilitados pela [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]]<ref>Ribeiro, 2:437.</ref>. Em 1822, Ignácio Quintela, ministro da marinha, relatava ao congresso a situação desfavorável em que se encontrava a instituição: "''Hoje a companhia de guardas marinhas está dispersa; uma parte no Rio de Janeiro, outra em Lisboa, e sem centro de união''"<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>.  A partir de 1825, a Companhia dos Guardas Marinhas era reinstituída em Portugal, após a declaração da independência brasileira, e organizada por novo regulamento<ref>Ribeiro, 2:438.</ref>. Em 1839, proibia-se aos membros da armada estudar "''fora de Lisboa o que se ensinasse nas Academias dos Guardas Marinhas, ou de Marinha''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:156.</ref>.  
Em função da instalação da companhia no Brasil, entre 1807 e 1825, os aspirantes à marinha de guerra que se encontrassem em Portugal continental apenas podiam ser habilitados pela [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]]<ref>Ribeiro, 2:437.</ref>. Em 1822, Ignácio Quintela, ministro da marinha, relatava ao congresso a situação desfavorável em que se encontrava a instituição: "''Hoje a companhia de guardas marinhas está dispersa; uma parte no Rio de Janeiro, outra em Lisboa, e sem centro de união''"<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>.  A partir de 1825, a Companhia dos Guardas Marinhas era reinstituída em Portugal, após a declaração da independência brasileira (1822), e organizada por novo regulamento<ref>Ribeiro, 2:438.</ref>. O regulamento provisório datado de 17 de Março de 1825 estabelecia o número de 40 guardas-marinhas e afetava a instrução dos aspirantes ao curso matemático na condição de "discípulos da Academia de Marinha" enquanto não se determinasse definitivamente sobre o ensino na Academia reinstituída<ref name=":14" />. Em 1839, proibia-se aos membros da armada estudar "''fora de Lisboa o que se ensinasse nas Academias dos Guardas Marinhas, ou de Marinha''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:156.</ref>.  


Em 1845, por carta de lei de 23 de Abril, a Academia dos Guardas Marinhas foi extinta e, por decreto com força de lei de 19 de Maio de 1845, estabelecido que, uma vez "''estabelecida para a educação e instrução da Marinha de guerra, denominar-se-á daqui em diante - Escola Naval - e tem por fim completar o Curso da marinha dos alunos já habilitados''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:62.</ref>.
Em 1845, por carta de lei de 23 de Abril, a Academia dos Guardas Marinhas foi extinta e, por decreto com força de lei de 19 de Maio de 1845, estabelecido que, uma vez "''estabelecida para a educação e instrução da Marinha de guerra, denominar-se-á daqui em diante - Escola Naval - e tem por fim completar o Curso da marinha dos alunos já habilitados''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:62.</ref>.


===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
Os assuntos relativos ao ensino ministrado e ao funcionamento da Academia eram discutidos em "''conferências''" dos lentes da instituição cujas propostas era remetidas ao Conselho do Almirantado e apresentadas ao poder real. Acrescia o posto de comandante da companhia dos guardas-marinhas, cuja sucessão foi regulada por aviso de 7 de Maio de 1797<ref>Ribeiro, 2:428.</ref>. Neste lugar estiveram colocados Joaquim José dos Santos, capitão tenente do mar, em 1789<ref>''Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX.'', 342.</ref>; o Conde de São Vicente, tenente general da Armada Real em 1792<ref>''Almanach para o anno de M. DCC. XCII.'', 444.</ref>; António Pires da Silva Pontes Leme, capitão de fraga, no lugar de interino entre 1797 e 1798<ref>''Almanach para o anno de 1797'', 363.</ref><ref>''Almanach para o anno de 1798'', 418.</ref>;  e João de Fontes Pereira de Melo, capitão tenente da Armada em 1840. Nesse ano, ocupou o lugar de vice-comandante o capitão tenente António Lopes da Costa e Almeida<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 44.</ref>. A partir de 1796, a inspeção dos estudos e instrução da Academia Real recaía no presidente do Conselho do Almirantado<ref>Ribeiro, 2:429.</ref>. Em 1807, foi criado o lugar de diretor da Academia Real que recaiu sobre o comandante<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>, lugar ocupado, nesse ano, por [[José Dantas Pereira|José Maria Dantas Pereira]]<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>.   
Os assuntos relativos ao ensino ministrado e ao funcionamento da Academia eram discutidos em "''conferências''" dos lentes da instituição cujas propostas era remetidas ao Conselho do Almirantado e apresentadas ao poder real.  A partir de 1796, a inspeção dos estudos e instrução da Academia Real recaía no presidente do Conselho do Almirantado<ref>Ribeiro, 2:429.</ref>. Acrescia o posto de comandante da companhia dos guardas-marinhas, cuja sucessão foi regulada por aviso de 7 de Maio de 1797<ref>Ribeiro, 2:428.</ref>. Neste lugar estiveram colocados Joaquim José dos Santos, capitão tenente do mar, em 1789<ref>''Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX.'', 342.</ref>; o Conde de São Vicente, tenente general da Armada Real em 1792<ref>''Almanach para o anno de M. DCC. XCII.'', 444.</ref>; António Pires da Silva Pontes Leme, capitão de fraga, no lugar de interino entre 1797 e 1798<ref>''Almanach para o anno de 1797'', 363.</ref><ref>''Almanach para o anno de 1798'', 418.</ref>;  e João de Fontes Pereira de Melo, capitão tenente da Armada em 1840. Nesse ano, ocupou o lugar de vice-comandante o capitão tenente António Lopes da Costa e Almeida<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 44.</ref>. Em 1807, foi criado o lugar de diretor da Academia Real que recaiu sobre o comandante<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>, lugar ocupado, nesse ano, por [[José Dantas Pereira|José Maria Dantas Pereira]]<ref>Ribeiro, 2:435.</ref>.   


==Professores== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
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==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->Segundo os Estatutos da Academia Real dos Guardas-Marinhas de 1796, o plano de estudos era composto de um curso matemático com a duração de três anos e a seguinte distribuição de disciplinas: "''aritmética, geometria e trigonometria reta com o seu uso prático mais próprio aos oficiais do mar''" no primeiro ano; "''princípios de álgebra até às equações do 2.º grau inclusive; primeiras aplicações dela à aritmética e geometria; secções cónicas, e a mecânica com a sua aplicação imediata ao aparelho e manobra''" no segundo ano; e "''trigonometria esférica; navegação teórica e prática; e uns rudimentos da táctica naval''" no terceiro ano <ref name=":11" /><ref name=":12" />. A partir de 1799, o curso de matemática deveria equivaler ao curso ministrado na Academia Real de Marinha<ref name=":0">Ribeiro, 2:431.</ref>, sendo excluído o conteúdo de "''rudimentos da táctica naval''"<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 13-14.</ref>. Cursavam ainda, no primeiro ano, "''tudo quanto diz respeito aos aparelhos''"; no segundo ano, "''tudo quanto pertence ao desenho da marinha, e depois o que é relativo a construção''"; e, no terceiro ano a "continuação do ''desenho'', e depois tudo quanto respeita à ''artilharia''"<ref name=":11">Ribeiro, 2:428.</ref><ref name=":12">Ribeiro, 2:64.</ref>. Segundo Carlos Silva, a separação entre um corpo de conhecimentos científicos e os saberes práticos típicos da atividade de marinheiro, que organizou o plano de estudos da Academia Real, assinala a "''oposição entre profissão e ofício''" reforçando a profissionalização da actividade militar náutica na transição para o século XIX<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 10-12.</ref>.  
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->Segundo os Estatutos da Academia Real dos Guardas-Marinhas de 1796, o plano de estudos era composto de um curso matemático com a duração de três anos e a seguinte distribuição de disciplinas: "''aritmética, geometria e trigonometria reta com o seu uso prático mais próprio aos oficiais do mar''" no primeiro ano; "''princípios de álgebra até às equações do 2.º grau inclusive; primeiras aplicações dela à aritmética e geometria; secções cónicas, e a mecânica com a sua aplicação imediata ao aparelho e manobra''" no segundo ano; e "''trigonometria esférica; navegação teórica e prática; e uns rudimentos da táctica naval''" no terceiro ano <ref name=":11" /><ref name=":12" />. A partir de 1799, o curso de matemática deveria equivaler ao curso ministrado na Academia Real de Marinha<ref name=":0">Ribeiro, 2:431.</ref>, sendo excluído o conteúdo de "''rudimentos da táctica naval''"<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 13-14.</ref>.
 
Ao curso propriamente científico, acresciam a instrução nas "artes" relativas à navegação: "''tudo quanto diz respeito aos aparelhos''" no primeiro ano, "''tudo quanto pertence ao desenho da marinha, e depois o que é relativo a construção''" no segundo ano; e, no terceiro ano a "continuação do ''desenho'', e depois tudo quanto respeita à ''artilharia''"<ref name=":11">Ribeiro, 2:428.</ref><ref name=":12">Ribeiro, 2:64.</ref><ref>Pode ser consultada uma descrição com maior desenvolvimento das matérias de "Artes" em Silva, "A Real Companhia e a Academia dos Guardas-Marinha", 110.</ref>. Segundo Carlos Silva, a separação entre um corpo de conhecimentos científicos e os saberes práticos típicos da atividade de marinheiro, que organizou o plano de estudos da Academia Real, assinalou a progressiva distinção e "''oposição entre profissão e ofício''", reforçando a profissionalização da actividade militar náutica na transição para o século XIX<ref>Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 10-12.</ref>.  


No plano de estudos da Academia Real foram ainda acrescentadas outras disciplinas, nomeadamente, Artilharia, em 1800<ref name=":10">Ribeiro, 2:432.</ref>; e, Francês e Inglês. Apesar de não ter sido possível determinar a data de criação das duas últimas cadeiras, conhece-se o reestabelecimento da última em 1843<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:157.</ref>.
No plano de estudos da Academia Real foram ainda acrescentadas outras disciplinas, nomeadamente, Artilharia, em 1800<ref name=":10">Ribeiro, 2:432.</ref>; e, Francês e Inglês. Apesar de não ter sido possível determinar a data de criação das duas últimas cadeiras, conhece-se o reestabelecimento da última em 1843<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:157.</ref>.
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Estabeleciam-se os seguintes compêndios a utilizar nas aulas da Companhia: "''1.º de Artilharia - a última Educação do Companheiro do Artilheiro Naval, e a última Edição do Manual do Artilheiro, por Urtubie - 2.º da Construção naval prática, e do desenho - Ozane, a última Educação de Arquitectura marítima de Sutherland, e o Tratado composto por Clairbois para uso dos Guardas-Marinhas. - 3.º do aparelho, e manobra - os Elementos, e prática de aparelhar, mastrear, etc., 3 vol. 8.º; o Tratado de Will sobre a perda do leme; as Reflexões de Ciscar sobre as máquinas, e manobras; mais os Elementos de manobra, por Suzanne, e as Regras práticas, publicadas por Matheus Valente do Couto, no 3.º Vol. das Memórias da Academia Real das Ciências; mais os Elementos de manobra escritos por Manuel do Espírito Santo Limpo. Apenas alguns Alunos estiverem suficientemente destros no aparelho, e na manobra, o próprio Comandante procurará instruí-los na táctica naval; servindo-se de adequados modelinhos de Navios, dos Princípios de táctica publicados pelo mencionado Manuel do Espírito Santo Limpo; da Táctica de Ramatuelle, da de Clerk, e do Tratado sobre os Combates Navais, escrito por Delarouvraye, e publicado em 1815; convindo que'' (...) ''lhes faça transmitir na Classe de Construção naval prática algumas noções de instalação, para cujo ensino poderá servir o Tratado de MIssiessy''."<ref>Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69.</ref>.
Estabeleciam-se os seguintes compêndios a utilizar nas aulas da Companhia: "''1.º de Artilharia - a última Educação do Companheiro do Artilheiro Naval, e a última Edição do Manual do Artilheiro, por Urtubie - 2.º da Construção naval prática, e do desenho - Ozane, a última Educação de Arquitectura marítima de Sutherland, e o Tratado composto por Clairbois para uso dos Guardas-Marinhas. - 3.º do aparelho, e manobra - os Elementos, e prática de aparelhar, mastrear, etc., 3 vol. 8.º; o Tratado de Will sobre a perda do leme; as Reflexões de Ciscar sobre as máquinas, e manobras; mais os Elementos de manobra, por Suzanne, e as Regras práticas, publicadas por Matheus Valente do Couto, no 3.º Vol. das Memórias da Academia Real das Ciências; mais os Elementos de manobra escritos por Manuel do Espírito Santo Limpo. Apenas alguns Alunos estiverem suficientemente destros no aparelho, e na manobra, o próprio Comandante procurará instruí-los na táctica naval; servindo-se de adequados modelinhos de Navios, dos Princípios de táctica publicados pelo mencionado Manuel do Espírito Santo Limpo; da Táctica de Ramatuelle, da de Clerk, e do Tratado sobre os Combates Navais, escrito por Delarouvraye, e publicado em 1815; convindo que'' (...) ''lhes faça transmitir na Classe de Construção naval prática algumas noções de instalação, para cujo ensino poderá servir o Tratado de MIssiessy''."<ref>Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69.</ref>.


Pelo regulamento de 1825, os alunos da reinstituída Academia Real dos Guardas-Marinhas realizavam a matrícula e frequentavam as aulas da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]]<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:439.</ref>. Estabelecia-se também a frequência do curso físico-químico, após aquisição dos conhecimentos referidos<ref>Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69. </ref>.
Pelo regulamento de 1825, os alunos da reinstituída Academia Real dos Guardas-Marinhas realizavam a matrícula e frequentavam as aulas da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]]<ref name=":14">Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:439.</ref>. Estabelecia-se também a frequência do curso físico-químico, após aquisição dos conhecimentos referidos<ref>Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69. </ref>.


A promoção a guarda-marinha dependia da aprovação nas disciplinas do primeiro ano, e a transição para o terceiro ano exigia um ano de embarque, em "''converta de ensino''" ou "''qualquer navio da armada''", por forma a darem "''provas de que possuíam as disposições necessárias para a vida do mar''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:429.</ref>. O tirocínio era regulado nos Estatutos da Academia<ref>Ribeiro, 2:429.</ref>. A partir de 1843, pelo decreto de 2 de Outubro, a promoção de guarda-marinha para oficial exigia a conclusão dos estudos e "três anos de embarcado", este último com a necessária aprovação em exame<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:157.</ref>.
A promoção a guarda-marinha dependia da aprovação nas disciplinas do primeiro ano, e a transição para o terceiro ano exigia um ano de embarque, em "''converta de ensino''" ou "''qualquer navio da armada''", por forma a darem "''provas de que possuíam as disposições necessárias para a vida do mar''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 2:429.</ref>. O tirocínio era regulado nos Estatutos da Academia<ref>Ribeiro, 2:429.</ref>. A partir de 1843, pelo decreto de 2 de Outubro, a promoção de guarda-marinha para oficial exigia a conclusão dos estudos e "três anos de embarcado", este último com a necessária aprovação em exame<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:157.</ref>.
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|De Aparelho, e obra de marinheiro (Em 1817 no Rio de Janeiro era designada por "''De Construção e Aparelho''"<ref>''Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII.'', 30.</ref>.  
|De Aparelho, e obra de marinheiro (Em 1817, no Rio de Janeiro era designada por "''De Construção e Aparelho''"<ref>''Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII.'', 30.</ref>.  
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|'''Professores'''
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|"''aritmética, álgebra até às equações do 2.º grau, geometria e trigonometria''"
|"''aritmética, álgebra até às equações do 2.º grau, geometria e trigonometria''"
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|"''álgebra e aplicação desta à geometria, cálculo diferencial e integral, e mecânica''"
|"''álgebra e aplicação desta à geometria, cálculo diferencial e integral, e mecânica''"
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|"''óptica e astronomia; navegação, aparelho náutico, e prática dos instrumentos no observatório''". "''Leccionava-se também a artilharia e o desenho.'' (...) ''exercício de fuzilaria'' (...) ''bem como se exercitavam na esgrima e na manobra naval''"
|"''óptica e astronomia; navegação, aparelho náutico, e prática dos instrumentos no observatório''". "''Leccionava-se também a artilharia e o desenho.'' (...) ''exercício de fuzilaria'' (...) ''bem como se exercitavam na esgrima e na manobra naval''"

Revisão das 13h44min de 10 de outubro de 2023


Academia Real dos Guardas-Marinhas
(valor desconhecido)
Outras denominações Real Academia dos Guardas-Marinhas, Academia dos Guardas-Marinhas do Rio de Janeiro
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 1 abril 1796
Data de extinção 23 abril 1845
Paralisação
Início: 29 novembro 1807
Fim: 5 maio 1808
Localização
Localização Ribeira das Naus, Lisboa,-
Início: 1795
Fim: 05 de maio de 1808

Localização Rio de Janeiro, Brasil
Início: 05 de maio de 1808
Fim: 1825

Localização Ribeira das Naus, Lisboa,-
Início: 1825
Fim: 23 de abril de 1845
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Escola Naval


História

A Companhia dos Guardas-Marinhas foi uma instituição militar criada por decreto de 14 de Dezembro de 1782 no reinado de D. Maria I[1]. À sua criação assistiu o propósito de institucionalizar a entrada de oficiais na marinha portuguesa, à semelhança da criação de 24 vagas no posto de guarda-marinha determinada por D. José I em 1761[2], sem que, porém, se tenha atendido às necessidades da sua instrução específica[3].

Em 1782, foram admitidos 48 guardas-marinhas, totalizando a partir de 1788, 60 guardas-marinhas e 24 aspirantes[4]. Na admissão ao posto de guarda-marinha eram requeridas as qualificações exigidas aos cadetes do exército por "alvará de 16 de Março de 1757"[5], ou seja, entre outras, a prova de linhagem nobiliárquica[6], uma disposição apelidada por Silvestre Ribeiro como "soberanamente aristocrática"[5]. Dela estavam dispensados os alunos da Academia Real de Marinha que tivessem dado provas de aproveitamento, e os filhos de oficiais de marinha, de capitães tenentes e de oficiais com graduações superiores, ou de sargentos mores do exército e de graduações superiores[5]. Em suma, a "entrada na Academia dos Guardas-Marinha, e o próprio posto de guarda-marinha, tornavam-se exclusivos dos candidatos que comprovassem padrões de nobreza ou berço em família de oficiais superiores das forças de terra e mar"[7].

A formação dos aspirantes a guardas-marinhas correspondeu inicialmente à frequência das aulas de marinha ministradas na Academia Real de Marinha de Lisboa, criadas em 5 de Agosto de 1779[5]. Posteriormente, a formação da Companhia passou a ser assegurada em instituição própria, a Academia Real dos Guardas-Marinhas, "na qual eram lidas as disciplinas da Academia Real da Marinha"[8]. Não sendo certa a data em que as aulas da Academia iniciaram, existe indicação de lentes próprios desde 1789, como indicado abaixo. O mesmo parece confirmar a notícia publicada na Gazeta de Lisboa em 1783 onde se lê: "Em observância da dita ordem se acham já estabelecidas as seguintes lições. Desde 24 de Março deste ano, as de Desenho, Arquitetura naval, Aparelho pratico e Manobra, Manejo d’arma e Evoluções d’Infantaria. Desde 25 de Junho a de Matemática; e desde 2 de Julho a da Língua Francesa"[9]. Porém, a instituição apenas seria dotada de plano de estatutos próprios em 1 de Abril de 1796, data que se toma como referência para a sua fundação[10]. Apesar da institucionalização da instrução dos guardas-marinha, note-se que, até 1 de Agosto de 1800, foram passadas licenças aos guardas-marinhas para que pudessem estudar noutro estabelecimento as disciplinas lidas na Academia[11]. A Academia Real dos Guardas-Marinhas encontrou-se instalada no Arsenal Real da Marinha, na Ribeira das Naus, pelo menos a partir de 1795[12].

Podiam candidatar-se ao posto de aspirante, condição necessária no acesso ao posto de guarda-marinha, os alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos, com excepção daqueles que recebessem dispensa de idade pelo poder régio[4]. Com a aplicação dos estatutos de 1796, a admissão a aspirante passou a exigir a apresentação de carta de atestado, redigida por um lente da instituição, confirmando "que o mancebo tinha suficiente conhecimento das quatro primeiras regras da aritmética, e da tradução da língua francesa, bem como de não ter defeito físico"[13]. Quando em igualdade de circunstâncias, eram preferidos em primeiro lugar os filhos de oficiais de marinha, e depois os filhos de oficiais do exército. Os aspirantes admitidos detinham apenas a condição de matriculados, sem obterem farda ou praça, e não integravam a formação[14]. Por decreto de 13 de Novembro de 1800 determinou-se exigir, no ato de admissão ao posto de guarda-marinha, ou seja de aspirante, "o foro de fidalgo, ou por pai ou por mãe, provando além disso, que seus pais viveram à lei da nobreza"[15]. Contudo, por resolução de 19 de Dezembro de 1800, o acesso a aspirantes foi alargado aos "filhos dos capitães de mar e guerra, e os de coronel do exército; e bem assim os filhos dos chefes de divisão, e brigadeiros"[16]. Esta disposição viria por fim ser revogada pelo regime constitucional liberal por decreto de 29 de Agosto de 1832[17][15][18].

Relativamente à promoção a oficiais, por resolução régia de 5 de Novembro de 1796, estabeleceu-se a preferência dos oficiais "que em igualdade de merecimentos, e embarques tiveram mais profundos conhecimentos teóricos adquiridos nas aulas da marinha e universidade", sublinhando, então, a importância crescente que a aquisição de conhecimentos específicos vinha a deter[19]. A partir de 13 de Novembro de 1800, a promoção a oficial de marinha ficava limitada aos guardas-marinhas, aos discípulos da Academia Real de Marinha, segundo diversas condições de matrícula, aos pilotos com cinco anos de exercício, aos engenheiros construtores com estudos, e aos voluntários existentes à altura da legislação[20]

Aquando das Invasões Francesas, e no seguimento da transferência da Corte Real para o Brasil, a Academia foi instalada no hospício do mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro em 5 de Maio de 1808, "com todos os instrumentos, livros, modelos, máquinas, cartas, e planos, que a mesma academia tinha em Lisboa"[21]. Em 1809, foi ordenada a construção de um observatório astronómico anexo ao mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro[22], e, em 1812, foi instalada no Rio de Janeiro a biblioteca da Companhia, fundada em 1802[23]. Desconhecendo-se a data exacta em que a biblioteca foi transportada para o Brasil, conhece-se a transferência em duas fases do espólio da companhia dos guardas-marinhas para o Brasil, em cuja última fase se transportou igualmente a documentação[24] da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica, instituição militar responsável pelo desenho de cartas hidrográficas, geográficas e militares.

Em função da instalação da companhia no Brasil, entre 1807 e 1825, os aspirantes à marinha de guerra que se encontrassem em Portugal continental apenas podiam ser habilitados pela Academia Real de Marinha[25]. Em 1822, Ignácio Quintela, ministro da marinha, relatava ao congresso a situação desfavorável em que se encontrava a instituição: "Hoje a companhia de guardas marinhas está dispersa; uma parte no Rio de Janeiro, outra em Lisboa, e sem centro de união"[26]. A partir de 1825, a Companhia dos Guardas Marinhas era reinstituída em Portugal, após a declaração da independência brasileira (1822), e organizada por novo regulamento[27]. O regulamento provisório datado de 17 de Março de 1825 estabelecia o número de 40 guardas-marinhas e afetava a instrução dos aspirantes ao curso matemático na condição de "discípulos da Academia de Marinha" enquanto não se determinasse definitivamente sobre o ensino na Academia reinstituída[28]. Em 1839, proibia-se aos membros da armada estudar "fora de Lisboa o que se ensinasse nas Academias dos Guardas Marinhas, ou de Marinha"[29].

Em 1845, por carta de lei de 23 de Abril, a Academia dos Guardas Marinhas foi extinta e, por decreto com força de lei de 19 de Maio de 1845, estabelecido que, uma vez "estabelecida para a educação e instrução da Marinha de guerra, denominar-se-á daqui em diante - Escola Naval - e tem por fim completar o Curso da marinha dos alunos já habilitados"[30].

Outras informações

Os assuntos relativos ao ensino ministrado e ao funcionamento da Academia eram discutidos em "conferências" dos lentes da instituição cujas propostas era remetidas ao Conselho do Almirantado e apresentadas ao poder real. A partir de 1796, a inspeção dos estudos e instrução da Academia Real recaía no presidente do Conselho do Almirantado[31]. Acrescia o posto de comandante da companhia dos guardas-marinhas, cuja sucessão foi regulada por aviso de 7 de Maio de 1797[32]. Neste lugar estiveram colocados Joaquim José dos Santos, capitão tenente do mar, em 1789[33]; o Conde de São Vicente, tenente general da Armada Real em 1792[34]; António Pires da Silva Pontes Leme, capitão de fraga, no lugar de interino entre 1797 e 1798[35][36]; e João de Fontes Pereira de Melo, capitão tenente da Armada em 1840. Nesse ano, ocupou o lugar de vice-comandante o capitão tenente António Lopes da Costa e Almeida[37]. Em 1807, foi criado o lugar de diretor da Academia Real que recaiu sobre o comandante[38], lugar ocupado, nesse ano, por José Maria Dantas Pereira[39].

Professores

Os Estatutos da Academia Real dos Guardas-Marinhas, datados de 1796, estabeleceram um corpo docente composto por três lentes efetivos de matemática e dois lentes substitutos; um lente de artilharia; um mestre de aparelho; um mestre de construção naval prática; e um mestre de desenho[40].

O acesso ao lugar de lente substituto era provido pelos indivíduos que obtivessem carta de formação na Universidade de Coimbra ou no curso matemático da Real Academia de Marinha, ou os formados da Real Academia dos Guardas Marinhas, sendo promovidos ao lugar de lente por critério de antiguidade[41].

Curricula

Segundo os Estatutos da Academia Real dos Guardas-Marinhas de 1796, o plano de estudos era composto de um curso matemático com a duração de três anos e a seguinte distribuição de disciplinas: "aritmética, geometria e trigonometria reta com o seu uso prático mais próprio aos oficiais do mar" no primeiro ano; "princípios de álgebra até às equações do 2.º grau inclusive; primeiras aplicações dela à aritmética e geometria; secções cónicas, e a mecânica com a sua aplicação imediata ao aparelho e manobra" no segundo ano; e "trigonometria esférica; navegação teórica e prática; e uns rudimentos da táctica naval" no terceiro ano [42][43]. A partir de 1799, o curso de matemática deveria equivaler ao curso ministrado na Academia Real de Marinha[44], sendo excluído o conteúdo de "rudimentos da táctica naval"[45].

Ao curso propriamente científico, acresciam a instrução nas "artes" relativas à navegação: "tudo quanto diz respeito aos aparelhos" no primeiro ano, "tudo quanto pertence ao desenho da marinha, e depois o que é relativo a construção" no segundo ano; e, no terceiro ano a "continuação do desenho, e depois tudo quanto respeita à artilharia"[42][43][46]. Segundo Carlos Silva, a separação entre um corpo de conhecimentos científicos e os saberes práticos típicos da atividade de marinheiro, que organizou o plano de estudos da Academia Real, assinalou a progressiva distinção e "oposição entre profissão e ofício", reforçando a profissionalização da actividade militar náutica na transição para o século XIX[47].

No plano de estudos da Academia Real foram ainda acrescentadas outras disciplinas, nomeadamente, Artilharia, em 1800[11]; e, Francês e Inglês. Apesar de não ter sido possível determinar a data de criação das duas últimas cadeiras, conhece-se o reestabelecimento da última em 1843[48].

Estabeleciam-se os seguintes compêndios a utilizar nas aulas da Companhia: "1.º de Artilharia - a última Educação do Companheiro do Artilheiro Naval, e a última Edição do Manual do Artilheiro, por Urtubie - 2.º da Construção naval prática, e do desenho - Ozane, a última Educação de Arquitectura marítima de Sutherland, e o Tratado composto por Clairbois para uso dos Guardas-Marinhas. - 3.º do aparelho, e manobra - os Elementos, e prática de aparelhar, mastrear, etc., 3 vol. 8.º; o Tratado de Will sobre a perda do leme; as Reflexões de Ciscar sobre as máquinas, e manobras; mais os Elementos de manobra, por Suzanne, e as Regras práticas, publicadas por Matheus Valente do Couto, no 3.º Vol. das Memórias da Academia Real das Ciências; mais os Elementos de manobra escritos por Manuel do Espírito Santo Limpo. Apenas alguns Alunos estiverem suficientemente destros no aparelho, e na manobra, o próprio Comandante procurará instruí-los na táctica naval; servindo-se de adequados modelinhos de Navios, dos Princípios de táctica publicados pelo mencionado Manuel do Espírito Santo Limpo; da Táctica de Ramatuelle, da de Clerk, e do Tratado sobre os Combates Navais, escrito por Delarouvraye, e publicado em 1815; convindo que (...) lhes faça transmitir na Classe de Construção naval prática algumas noções de instalação, para cujo ensino poderá servir o Tratado de MIssiessy."[49].

Pelo regulamento de 1825, os alunos da reinstituída Academia Real dos Guardas-Marinhas realizavam a matrícula e frequentavam as aulas da Academia Real de Marinha[28]. Estabelecia-se também a frequência do curso físico-químico, após aquisição dos conhecimentos referidos[50].

A promoção a guarda-marinha dependia da aprovação nas disciplinas do primeiro ano, e a transição para o terceiro ano exigia um ano de embarque, em "converta de ensino" ou "qualquer navio da armada", por forma a darem "provas de que possuíam as disposições necessárias para a vida do mar"[51]. O tirocínio era regulado nos Estatutos da Academia[52]. A partir de 1843, pelo decreto de 2 de Outubro, a promoção de guarda-marinha para oficial exigia a conclusão dos estudos e "três anos de embarcado", este último com a necessária aprovação em exame[53].

Para admissão em navios de guerra, na condição de voluntário ou segundo tenente, ou seja, no corpo de oficiais da Armada Real, ou classe de pilotos da marinha de guerra e mercante, os alunos da Academia Real tinham de apresentar "aprovação legal da sua instrução nos exercícios práticos do Observatório Real da Marinha"[54][55], demonstrando domínio cabal das "manobras dos instrumentos náuticos" e dos "cálculos das observações astronómicas úteis à pilotagem"[56].

A partir de 23 de Dezembro de 1800 os aspirantes a guardas marinhas deveriam "ver e praticar nos estabelecimentos navais da cabrea, arsenal e cordoaria"[57]. Já em 1835 era ordenado pelo quartel general que os exercícios a bordo dos navios decorressem diariamente[58]. Em 1837, determina-se proibir a embarcação de aspirantes sem o primeiro ano do curso matemático[59].

Por resolução régia de 22 de Novembro de 1796, tendo concluído o curso matemático os alunos da Academia Real encontravam-se habilitados para o exercício de arquitectura naval[60]. Em 1800, era determinado que o curso matemático "fosse igual ao da Academia de Marinha" e que o ano de embarque ou tirocínio fosse realizado no último ano do curso[61]. A partir de 11 de Fevereiro de 1768, uma disposição confirmada por decreto de 13 de Maio de 1807, os guarda marinhas eram comparados ao posto de alferes com as respectivas honras de posto[62].

Plano de estudos entre 1789 e 1796
Ano Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Matemática Professor proprietário em 1789: José Pinto Rebelo[63].

Professor proprietário entre 1789 e 1812: Eusébio Dias Azedo[64][65].

Professor proprietário entre 1792 e 1794: António Pires da Silva Pontes[66][67].

Professor proprietário entre 1792 e 1797: Francisco José de Lacerda[68][69].

Professor proprietário entre 1792 e 1803: José Maria Dantas Pereira[70][71].

Professor substituto em 1798: João Martiniano de Oliveira e Sousa[72].

Professor substituto entre 1798 e 1800: Tristão Alves da Costa Silveira[73][74].

Professor substituto em 1800: Manuel Pedro de Melo[75].

Professor graduado entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: Manuel Ferreira Araújo Guimarães[76][77].

Professor substituto entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: José Joaquim Pereira[78][79].

Professor substituto entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: Joaquim Ângelo Coelho Freire[80][81].

Professor substituto entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: Joaquim Inácio de Lima[82][83].

Artilharia Professor proprietário entre 1789 e 1798: Feliciano António Falcão[84][85].

Professor proprietário entre 1802 e 1807; entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: António Gonçalves Pereira[86][87][88][89].

Professor proprietário entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: Luís Magno dos Santos[90][91].

De Arquitectura Naval, e Desenho Mestre entre 1789 e 1793: João de Sousa[92][93].
Mestre de arquitetura naval entre 1794 e 1803; entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: José Corrêa da Costa[94][95][96][97].

Professor proprietário de desenho entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro; em 1820: António do Carmo Pinto de Figueiredo[98][99][100].

Professor substituto de desenho em 1817 no Rio de Janeiro; em 1820: José de Cristo Moreira[101][102].

Língua francesa Mestre entre 1789 e 1795: Francisco de Mendonça Sepúlveda[103][104].
De Aparelho, e obra de marinheiro (Em 1817, no Rio de Janeiro era designada por "De Construção e Aparelho"[105]. Mestre em 1789: Matias Pereira[106].
Mestre entre 1792 e 1795: Nicolau Rodrigues[107][108].
Mestre entre 1797 e 1820; entre 1812 e 1817 no Rio de Janeiro: Nicolau José Ribeiro [109][110][111][112].
Esgrima Mestre em 1789: Leonardo Pinot[113].

Mestre entre 1792 e 1795: Caetano Sierra[114][115].

Mestre entre 1803 e 1807: Julião Francisco Franchi[116].

Professor substituto entre 1802 e 1803: António Caetano de Sequeira Sério[117][118].

Professor substituto graduado entre 1802 e 1807: Manuel Ferreira de Araújo Guimarães[119][120].

Professor substituto entre 1802 e 1807: José Joaquim Ferreira[121][122].

Professor substituto em 1807: Joaquim Ângelo Coelho Freire[123].

Professor substituto em 1820: José Correia de Sousa[124].

Professor substituto em 1820: João António Pussich[124].

Plano de estudos em 1807-1825 no Rio de Janeiro
Ano Nome da Cadeira Matérias[125] Livros Professores
"aritmética, álgebra até às equações do 2.º grau, geometria e trigonometria"
"álgebra e aplicação desta à geometria, cálculo diferencial e integral, e mecânica"
"óptica e astronomia; navegação, aparelho náutico, e prática dos instrumentos no observatório". "Leccionava-se também a artilharia e o desenho. (...) exercício de fuzilaria (...) bem como se exercitavam na esgrima e na manobra naval"
Plano de estudos em 1840
Ano Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Artilharia Professor proprietário em 1840: António Lopes da Costa e Almeida[126].

Professor substituto em 1840: Joaquim Romão Lobato Pires[126].

Arquitectura Naval, e Desenho Professor proprietário em 1840: Francisco José Martinho[126].
Língua francesa Professor proprietário em 1840: José Maria de Oliveira Júnior[126].
Língua inglesa Professor proprietário em 1840: Bruno Nugent White[126].
Aparelho e manobra Mestre em 1840: Francisco José Marques[126].
Esgrima Professor proprietário em 1840: Francisco António Sampaio[127].

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:61.
  2. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 48.
  3. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 41-42.
  4. 4,0 4,1 Ribeiro, 2:63.
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 Ribeiro, 2:62.
  6. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 56.
  7. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha", 109.
  8. Ribeiro, 2:62.
  9. Gazeta de Lisboa, no. 33 (Agosto 1783), citado em Moura, O Ensino na Real Academia, 29.
  10. Ribeiro, 2:64.
  11. 11,0 11,1 Ribeiro, 2:432.
  12. Almanach para o anno de 1795., 17.
  13. Ribeiro, 2:428.
  14. Ribeiro, 2:429.
  15. 15,0 15,1 Ribeiro, 2:433.
  16. Ribeiro, 2:434.
  17. Ribeiro, 2:62.
  18. Para um enquadramento teórico sobre a transição do modelo de instrução de oficiais de marinha com características de Antigo Regime para a profissionalização técnico-científica da carreira entre os séculos XVIII e XIX, ver Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar".
  19. Ribeiro, 2:430.
  20. Ribeiro, 2:433.
  21. Ribeiro, 2:435.
  22. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 4:244.
  23. Ribeiro, 2:434.
  24. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 4:167.
  25. Ribeiro, 2:437.
  26. Ribeiro, 2:435.
  27. Ribeiro, 2:438.
  28. 28,0 28,1 Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:439.
  29. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:156.
  30. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:62.
  31. Ribeiro, 2:429.
  32. Ribeiro, 2:428.
  33. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  34. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 444.
  35. Almanach para o anno de 1797, 363.
  36. Almanach para o anno de 1798, 418.
  37. Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 44.
  38. Ribeiro, 2:435.
  39. Ribeiro, 2:435.
  40. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:428.
  41. Ribeiro, 2:428.
  42. 42,0 42,1 Ribeiro, 2:428.
  43. 43,0 43,1 Ribeiro, 2:64.
  44. Ribeiro, 2:431.
  45. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 13-14.
  46. Pode ser consultada uma descrição com maior desenvolvimento das matérias de "Artes" em Silva, "A Real Companhia e a Academia dos Guardas-Marinha", 110.
  47. Silva, "A Real Companhia e Academia dos Guardas-Marinha e a emergência da profissão militar", 10-12.
  48. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:157.
  49. Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69.
  50. Arquivo Histórico-Parlamentar. "Regulamento Provisorio do Ensino dos Guardas-Marinhas, Aspirantes, e Voluntarios da Armada Real, que Sua Magestade Foi Servido Approvar pela Sua Augusta Resolução de 29 de Março de 1825, tomada em Consulta do Real Conselho de Marinha" in Livro 1820-1825. D. João VI., 68-69.
  51. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:429.
  52. Ribeiro, 2:429.
  53. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:157.
  54. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:378.
  55. Podem ser consultadas informações sobre o Observatório astronómico da Marinha em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:361-366; 8:214-230; 14:310-311.
  56. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:378.
  57. Ribeiro, 2:434.
  58. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:155.
  59. Ribeiro, 6:156.
  60. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 2:430.
  61. Ribeiro, 2:432.
  62. Ribeiro, 2:434.
  63. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  64. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  65. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 512.
  66. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  67. Almanach para o anno de M.DCC.XCIV., 480.
  68. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  69. Almanach para o anno de 1797, 364.
  70. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  71. Almanach para o anno de 1803., 513.
  72. Almanach para o anno de 1798, 418.
  73. Almanach para o anno de 1798, 418.
  74. Almanach para o anno de 1800., 474.
  75. Almanach para o anno de 1800., 474.
  76. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 512.
  77. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  78. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 512.
  79. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  80. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 512.
  81. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  82. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 512.
  83. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  84. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  85. Almanach para o anno de 1798, 418-419.
  86. Almanach para o anno de 1802., 506.
  87. Almanach do anno de 1807, 593.
  88. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 513.
  89. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  90. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 513.
  91. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 29.
  92. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  93. Almanach para o anno de M. DCC. XCIII., 467.
  94. Almanach para o anno de M.DCC.XCIV., 480.
  95. Almanach para o anno de 1803., 514.
  96. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 513.
  97. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 30.
  98. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 513.
  99. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 130.
  100. Almanach para o anno de M.DCCC.XX., 799.
  101. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 130.
  102. Almanach para o anno de M.DCCC.XX., 799.
  103. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 342.
  104. Almanach para o anno de 1795., 17.
  105. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 30.
  106. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  107. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  108. Almanach para o anno de 1795., 17.
  109. Almanach para o anno de 1797, 364.
  110. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXVII., 30.
  111. Almanach de Lisboa para o anno de MDCCCXII, 513.
  112. Almanach para o anno de M.DCCC.XX., 799.
  113. Almanach para o anno de M. DCC. LXXXIX., 343.
  114. Almanach para o anno de M. DCC. XCII., 445.
  115. Almanach para o anno de 1795., 17.
  116. Almanach para o anno de 1803., 514.
  117. Almanach para o anno de 1802., 506.
  118. Almanach para o anno de 1803., 513.
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Fontes

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Bibliografia

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Silva, Carlos André Lopes da. "A Real Companhia e Academia dos Guargdas-Marinha: Aspectos de uma instituição militar de ensino na alvorada da profissionalização do oficialato militar, 1808-1839". Diss. de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

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Ligações Internas

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Ligações Externas

Silva, Carlos André Lopes da. "A Biblioteca da Real Academia dos Guardas-Marinha: A constituição e organização de um acervo especializado mediada pela formação profissional do oficialato militar-naval". Antíteses 7, no. 13 (Janeiro/Junho 2014): 113-133.

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/7hjl-xirr

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Academia Real dos Guardas-Marinhas", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 10/10/2023). Consultado a 12 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Academia_Real_dos_Guardas-Marinhas. DOI: https://doi.org/10.34619/7hjl-xirr