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Revisão das 16h58min de 17 de janeiro de 2023


Daniel Pedro Müller
Nome completo Daniel Pedro Müller
Outras Grafias Daniel Pedro Muller
Pai Johann Wilhelm Christian Müller
Mãe Anna Elizabeth Möller
Cônjuge Gertrudes Maria do Carmo, Maria Fausta de Castro
Filho(s) Guilhermina Müller Beaurepaire, Carolina Müller das Dores, Emília Müller de Faria, Elisa Müller de Campos, Augusta Henriqueta Müller de Figueiredo, Daniel Pedro Müller, filho, Antônio Manuel de Melo
Irmão(s) Doroteia Müller, Guilhermina Müller, Cristiano Frederico Müller
Nascimento 26 dezembro 1785
Oeiras, Lisboa, Portugal
Morte 1 agosto 1841
São Paulo, São Paulo, Brasil
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1785
Fim: 1802

Residência São Paulo, São Paulo, Brasil
Data Início: 1802
Fim: 1841
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 1795
Fim: 1800

Formação Engenharia Militar
Data Início: outubro de 1800
Fim: 1802
Instituição de Formação Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho
Postos
Posto 2º Tenente
Data Início: outubro de 1800
Fim: 1802
Arma Artilharia

Posto Tenente-coronel
Data Início: 24 de junho de 1811
Fim: 22 de janeiro de 1825
Arma Engenharia

Posto Marechal
Data Início: 01 de junho de 1829
Fim: 01 de agosto de 1841
Arma Engenharia

Data Início: 1795
Fim: outubro de 1800
Arma Artilharia

Posto Capitão
Data Início: 1802
Fim: 13 de maio de 1806
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor
Data Início: 13 de maio de 1806
Fim: 24 de junho de 1811
Arma Infantaria
Cargos
Cargo valor desconhecido
Data Início: 1802
Fim: 1804

Cargo Professor
Data Início: 1804

Cargo Director
Data Início: 1820

Cargo Governador
Data Início: dezembro de 1821
Fim: julho de 1822

Cargo Governador
Data Início: 1825
Fim: 1828
Actividade
Actividade Levantamento do território
Data Início: 24 de junho de 1811
Fim: 1829
Local de Actividade Paraná, Brasil

Actividade Inspecção
Data Início: 1819
Fim: 1821
Local de Actividade São Paulo, São Paulo, Brasil

Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: 1829
Fim: 1836
Local de Actividade São Paulo, São Paulo, Brasil

Actividade Levantamento do território
Data Início: 1835
Fim: 1841
Local de Actividade São Paulo, São Paulo, Brasil

Actividade Autoria de texto
Data Início: 1837
Fim: 1838
Local de Actividade São Paulo, Brasil


Biografia

Dados biográficos

Daniel Pedro Muller nasceu em Oeiras, próximo a Lisboa, aos 26 de dezembro de 1785 e faleceu no dia 1 de agosto de 1841, em São Paulo, estando seus restos, ao que parece, depositados anonimamente na cripta da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

Tinha ascendência germânica. Seu pai, Johann Wilhelm Christian Müller (1752-1814), era natural de Göttingen e transferiu-se para Lisboa em 1773 para assumir a posição de primeiro pastor luterano da Congregação Evangélica Alemã. Anos mais tarde, já a serviço de Maria I, ocupou o cargo de diretor da Imprensa Régia, bem como o de secretário da Academia Real das Ciências de Lisboa[1].

Carreira

Assentou praça como cadete do Regimento de Artilharia da Corte em 1795, tendo frequentado as aulas do curso de matemática da Academia Real de Marinha de Lisboa. Em outubro de 1800 continuou seus estudos na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho onde, dois anos mais tarde, concluiu sua formação. Em 1802 foi enviado a então capitania de São Paulo como ajudante de ordens do recém-nomeado governador e capitão general Antônio José da Franca e Horta (1802-11). Desembarcou na então vila de Santos em novembro daquele ano, de onde seguiu para a cidade de São Paulo.

Em 1804 foi nomeado pelo governador a professor de uma “Aula de Desenho” ministrada a alguns militares da “Brigada de Artilheria”. Por volta de 1804-05, Müller casou-se em primeiras núpcias com a paulista Gertrudes Maria do Carmo, com quem teve cinco filhas e um filho. Viúvo, casou-se novamente em 1818 com Maria Fausta de Castro, viúva do ex-governador e capitão-general de São Paulo, Antônio de Melo e Castro Mendonça (1797-1802). Nos primeiros anos em que serviu como ajudante de ordens, Müller se destacou rapidamente, sendo escolhido pelo governo, juntamente com José Arouche de Toledo Rendon, para representar os paulistas nos preparativos das festividades de recepção da família real portuguesa em 1808. Neste mesmo ano foi agraciado com o hábito da Ordem de Cristo por decreto do príncipe regente João.

Com o fim do governo de Franca e Horta, em 1811, transferiu-se ao Real Corpo de Engenheiros, sendo promovido ao posto de tenente-coronel e enviado para o levantamento cartográfico na comarca de Paranaguá e Curitiba, então parte da capitania de São Paulo. No correr da década de 1810 formou em sua casa uma das maiores livrarias particulares de São Paulo, constituída por um conjunto de mais de 750 livros, dentre os quais destacavam-se as obras de Ciências, Geografia e História. Referência de erudição em São Paulo nas primeiras décadas do Oitocentos, Müller era chamado a ensinar a língua francesa aos jovens paulistas, além de ser incumbido pelo governo para receber alguns dos viajantes que passaram pela cidade, como os botânicos e naturalistas germânicos, Johan Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius.

No corpo de engenheiros, Müller foi responsável por diversas obras na capital, das quais se destacam a estrada do Piques (atual Rua da Consolação), a ponte do Carmo, a pirâmide e chafariz do Piques (atual Largo da Memória, no Anhangabaú), além da construção de arquibancadas de madeira no Largo dos Curros (atual Praça da República), onde a população assistia às touradas. No campo da cartografia, foi designado a levantar mapas da então comarca de Paranaguá e Curitiba. Sobre esses mapas, sabe-se de uma carta manuscrita intitulada Mappa do Campo de Guarapuav[a] e territórios cor[...], pertencente à coleção cartográfica da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Em junho de 1821, foi escolhido por povo e tropa como membro do Governo Provisório de São Paulo para representar os assuntos militares. Permaneceu no Brasil após a Independência, jurando a Constituição de 1824, fazendo-se, dessa forma, cidadão brasileiro. Serviu como militar fora de São Paulo até sua reforma em 1829, quando foi promovido ao posto de marechal de campo.

De volta a província de São Paulo, recebeu encomendas de diversos trabalhos, como o projeto de um cemitério afastado da cidade (1829); o muro de arrimo no morro do Carmo (1830); a planta do hospital da irmandade da Santa Casa de Misericórida (1830); a planta da casa de correção “em forma de panóptico radiante” (1832); o plano das obras de adaptação para estabelecimento das sessões da Câmara no Mosteiro de São Bento (1833) e os desenhos para a nova Ponte Grande (1836). O ano de 1835, no entanto, talvez tenha sido o mais significativo para sua vida profissional. Com a criação das assembleias legislativas provinciais naquele ano, os deputados de São Paulo encomendaram a Daniel Pedro Müller a elaboração de uma estatística e de um mapa da província de São Paulo. Trata-se do Ensaio d’um quadro estatístico da Província de São Paulo e Mappa Chorographico da Província de São Paulo.

Sobre o ensaio estatístico, impresso em 1838, trata-se de obra muito similar aos trabalhos de aritmética política inglesa, que usavam registros administrativos, principalmente os registros do estado civil, organizados de modo a atender fins estatísticos. O Mappa Chorographico da Provincia de São Paulo, por sua vez, teve seu desenho concluído em 1837, mas só foi impresso em Paris no ano de 1841. Trata-se da primeira representação impressa contendo a totalidade da província de São Paulo. A impressão de dezenas de cópias deste mapa não só ampliou a circulação e consumo do mesmo, mas desempenhou papel importante ao criar padrões de representação para o território provincial, repercutindo na produção de cartógrafos e editores de mapas já a partir da década de 1840 e durante toda a segunda metade do Oitocentos.

Entre os anos de 1836-37, trabalhou ainda na organização do Gabinete Topográfico de São Paulo, uma escola voltada à formação teórico-prática de engenheiros construtores de estradas. Nos primeiros anos participou de seu planejamento, indicando os livros e instrumentos que deveriam ser adquiridos para as aulas. Assumiu a direção do Gabinete em 1841, quando propôs uma reformulação geral de seu currículo, estatutos e regulamentos originais, prevendo a concessão de uma carta de “engenheiro civil” aos alunos que concluíssem com proveito os dois anos do curso.

Nos anos finais de sua vida, Müller ainda produziu uma obra intitulada Alphabeto Encyclopedico ou Cathecismo da Mocidade, do qual parece não haver restado um único exemplar impresso. Trata-se de uma coleção de obras gerais sobre determinados assuntos, tais como gramática, história e matemática, por exemplo, que chegaram a ter alguns volumes publicados às custas do próprio Müller.

Em 1839, foi convidado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado no ano anterior, a se tornar sócio honorário daquela instituição. Já no ano seguinte ofereceu ao dito instituto uma memória sobre os Campos de Guarapuava, que recolheu, certamente, durante o período em que trabalhou no levantamento cartográfico da região, além de cópias de seu Alphabeto Encyclopédico e um exemplar de seu Mappa Chorographico da Provincia de São Paulo.

Em 1841, porém, encontrava-se muito endividado em razão do alto investimento realizado para a publicação de seu Alphabeto Encyclopédico. Ao julgar não ter alternativas para honrar os compromissos junto a seus credores, Daniel Pedro Müller suicidou-se nas águas do rio Pinheiros, que corria nos fundos de sua propriedade, tendo seu corpo sido encontrado junto à ponte que cruzava aquele rio[1].

Outras informações

Obras

  • Levantamento cartográfico na comarca de Paranaguá e Curitiba, então parte da capitania de São Paulo, 1811.
  • Estrada do Piques (atual Rua da Consolação), São Paulo.
  • Ponte do Carmo, São Paulo.
  • Pirâmide e chafariz do Piques (atual Largo da Memória, no Anhangabaú), São Paulo.
  • Construção de arquibancadas de madeira no Largo dos Curros (atual Praça da República), São Paulo.
  • Carta manuscrita intitulada Mappa do Campo de Guarapuav[a] e territórios cor[...], pertencente à coleção cartográfica da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
  • Projeto de um cemitério afastado da cidade (1829), São Paulo.
  • Muro de arrimo no morro do Carmo (1830), São Paulo.
  • Planta do hospital da irmandade da Santa Casa de Misericórida (1830), São Paulo.
  • Planta da casa de correção “em forma de panóptico radiante” (1832), São Paulo.
  • Plano das obras de adaptação para estabelecimento das sessões da Câmara no Mosteiro de São Bento (1833), São Paulo.
  • Desenhos para a nova Ponte Grande (1836), São Paulo.
  • Ensaio d’um quadro estatístico da Província de São Paulo, 1838.
  • Mappa Chorographico da Província de São Paulo, 1837.
  • Alphabeto Encyclopedico ou Cathecismo da Mocidade.
  • Memória sobre os Campos de Guarapuava[1].

Notas

  1. 1,0 1,1 1,2 Tavares, A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil, 121

Fontes

Tavares, Gen. Aurelio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro: Estado-Maior do Exército, 1965.

Beier, José Rogério. Artefatos de Poder: Daniel Pedro Muller, a Assembleia Legislativa e a Construção Territorial da Província de São Paulo (1835-1849). Dissertação de Mestrado (História Social), FFLCH-USP, 2015.

Beier, José Rogério. 2014. “Um engenheiro militar português em São Paulo: a trajetória de Daniel Pedro Muller e sua contribuição para a transição da engenharia militar para a engenharia civil na província paulista (1802-1841).” Navigator n. 20, v. 10: 29-42.

Bibliografia

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

José Rogério Beier

Museu Paulista, Universidade de São Paulo (MP-USP)

https://orcid.org/0000-0001-5938-4924.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, Brasil (Processo: 21/09464-6)

DOI

https://doi.org/10.34619/rfpr-n3qq

Citar este artigo

Beier, José Rogério. "Daniel Pedro Müller", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 17/01/2023). Consultado a 01 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Daniel_Pedro_M%C3%BCller. DOI: https://doi.org/10.34619/rfpr-n3qq