Filipe Corte Real: diferenças entre revisões

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===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real nasceu a 29 de abril de 1853, em Tavira, era filho de António Lúcio Teles Moniz Corte Real (natural de Lagoa) - tenente-coronel de Caçadores - e de Dona Isabel Adelaide de Mendonça Corte Real (natural de São Bartolomeu de Messines). Era neto, por via paterna, do Capitão-mor Manuel Raimundo de Teles Moniz Corte Real (natural de Portimão) e de Dona Maria José da Costa e Silva Corte Real (natural de Lagoa) e por via materna de Dom Tomás de Mendonça Pessanha e de Dona Maria do Carmo Mendes Mendonça<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Cópia do Registo de Batismo de 24/09/1880 in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F .</ref><ref name=":5">Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.</ref>.  
Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real nasceu a 29 de abril de 1853, em Tavira, e foi batizado no dia 9 de dezembro de 1853, na Igreja Paroquial de Santiago, sendo seus padrinhos João José Teixeira de Seixas Braga e Dona Maria José Teixeira da Silveira, ambos naturais de Portimão<ref name=":0" /><ref name=":5" /> E era filho de António Lúcio Teles Moniz Corte Real (natural de Lagoa) - tenente-coronel de Caçadores - e de Dona Isabel Adelaide de Mendonça Corte Real (natural de São Bartolomeu de Messines). Era neto, por via paterna, do Capitão-mor Manuel Raimundo de Teles Moniz Corte Real (natural de Portimão) e de Dona Maria José da Costa e Silva Corte Real (natural de Lagoa) e por via materna de Dom Tomás de Mendonça Pessanha e de Dona Maria do Carmo Mendes Mendonça<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Cópia do Registo de Batismo de 24/09/1880 in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F .</ref><ref name=":5">Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.</ref>.


Foi batizado no dia 9 de dezembro de 1853, na Igreja Paroquial de Santiago de Tavira, sendo seus padrinhos João José Teixeira de Seixas Braga e Dona Maria José Teixeira da Silveira, ambos naturais de Portimão<ref name=":0" /><ref name=":5" />.
Foram seus irmãos: Maria José de Mendonça Teles Moniz Côrte-Real (nascida a 20 de fevereiro de 1846), Isabel Telles Moniz de Mendonça Corte-Real (nascida a  26 de junho de 1849), as gémeas Feliciana Adelaide de Mendonça Telles Moniz Côrte-Real e Maria das Dores de Mendonça Telles Moniz Côrte-Real (nascidas a 17 de outubro de 1851), e António Lúcio Telles Moniz Côrte-Real (nascido a 22 de agosto de 1857).  


A 31 de dezembro de 1884, em Faro (São Pedro), casou com Maria Emília Pinto Corte Real<ref name=":6">Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Faro (São Pedro), Casamentos de 1884, 108-109.</ref>, casamento do qual resultaram pelo menos cinco filhos<ref name=":2">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 10/01/1901.</ref>: Carlos Jorge de Mendonça Corte Real  (nascido em São Pedro de Tavira a 23 e batizado na Sé de Tavira a 24 de Abril de 1884<ref name=":6" />), António Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 26 de junho de 1886), Isabel (nascida cerca de 1889), Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 6 de fevereiro de 1890, foi aferes miliciano de Infantaria 14<ref>Arquivo Histórico Militar. "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte Real - Alferes Miliciano de Infantaria 14" in Divisões. Boletins individuais do CEP 1914-1918.</ref>), e Cremilde Eulália Teles Moniz Corte Real (nascida em 23 de Janeiro de 1891)<ref name=":1">Arquivo Histórico Ultramarino.  "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Notas Biográficas de 11/10/1902" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref><ref name=":4" /><ref name=":7">"Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real" in Geneall - Fórum (#59627 de 05/03/2004).</ref>.
A 31 de dezembro de 1884, em Faro (São Pedro), casou com Maria Emília Pinto Corte Real<ref name=":6">Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Faro (São Pedro), Casamentos de 1884, 108-109.</ref>, casamento do qual resultaram pelo menos cinco filhos<ref name=":2">Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - 10/01/1901" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref>: Carlos Jorge de Mendonça Corte Real  (nascido em São Pedro de Tavira a 23 e batizado na Sé de Tavira a 24 de abril de 1884<ref name=":6" />), António Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 26 de junho de 1886), Isabel (nascida cerca de 1889), Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 6 de fevereiro de 1890, foi aferes miliciano de Infantaria 14<ref>Arquivo Histórico Militar. "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte Real - Alferes Miliciano de Infantaria 14" in Divisões. Boletins individuais do CEP 1914-1918.</ref>), e Cremilde Eulália Teles Moniz Corte Real (nascida em 23 de Janeiro de 1891)<ref name=":1">Arquivo Histórico Ultramarino.  "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Notas Biográficas de 11/10/1902" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref><ref name=":4" /><ref name=":7">"Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real" in Geneall - Fórum (#59627 de 05/03/2004).</ref>.  


Faleceu em 20 de Maio de 1905 em Benguela, Angola<ref name=":7" />.  
Faleceu em 20 de Maio de 1905 em Benguela, Angola<ref name=":7" />.  


===Carreira===
===Carreira===
O percurso profissional de Filipe Corte Real começou em 1876, como empregado subalterno na secretaria da [[Direcção-Geral das Obras Públicas|Direção das Obras Públicas de Faro]]. Passados oito meses, foi nomeado chefe da secretaria de Loulé da mesma Direção de Obras Públicas. Desempenhou posteriormente funções como pagador subalterno naquela Direção, de onde pediu licença ainda em 1877<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Informação referida ao ano de 1883,'' 1/01/1884.</ref>. Neste período trabalhou sob a tutela do engenheiro civil [[João Macário dos Santos]], major graduado de Engenharia e diretor de Obras Públicas do distrito de Faro<ref>[https://arquivohistorico.sgeconomia.gov.pt/details?id=229801 Arquivo Central da Economia. Acervo Infraestruturas, Transportes e Comunicações. Processos Individuais de Funcionários. Cx. 153. SANTOS, João Macário dos. Visualizado em 13 maio, 2022.]</ref>.
O percurso profissional de Filipe Corte Real começou em 1876, como empregado subalterno na secretaria da [[Direcção-Geral das Obras Públicas|Direção das Obras Públicas de Faro]]. Passados oito meses, foi nomeado chefe da secretaria de Loulé da mesma Direção de Obras Públicas. Desempenhou posteriormente funções como pagador subalterno naquela Direção, de onde pediu licença ainda em 1877<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Informação referida ao ano de 1883, 1/01/1884" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref>. Neste período trabalhou sob a tutela do engenheiro civil [[João Macário dos Santos]], major graduado de Engenharia e diretor de Obras Públicas do distrito de Faro<ref>Arquivo Central da Economia. "João Macário dos Santos" in Acervo Infraestruturas. Transportes e Comunicações. Processos Individuais de Funcionários. Cx. 153.</ref>.


A 29 de dezembro de 1880, requereu um lugar como desenhador em contexto ultramarino, posto que lhe foi atribuído na [[Direcção das Obras Públicas de São Tomé e Príncipe|Direção de Obras Públicas de São Tomé e Príncipe]] pelo Ministro da Marinha e do Ultramar, Júlio Marques Vilhena, por portaria régia de 8 de julho de 1881<ref>[http://www.politipedia.pt/vilhena-julio-marques-de-1846-1928/ Observatório Político. "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)". Visualizado a 13 maio, 2022.]</ref><ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 8/07/1881.</ref><ref>Governo Geral de Angola (8/07/1881), "Portaria régia" nº79A, 2/12/1881, ''Boletim Oficial'' nº48.</ref>. Entrou em funções nesta Direção de Obras Públicas a 28 de novembro de 1882<ref>Governo Geral de Angola (2/12/1881), "Portaria provincial" nº180, 2/12/1881, ''Boletim Oficial'' nº48.</ref><ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 21/01/01883, 24/08/1884 e 1/09/1884.</ref>.
A 29 de dezembro de 1880, requereu um lugar como desenhador em contexto ultramarino, posto que lhe foi atribuído na [[Direcção das Obras Públicas de São Tomé e Príncipe|Direção de Obras Públicas de São Tomé e Príncipe]] pelo Ministro da Marinha e do Ultramar, Júlio Marques Vilhena, por portaria régia de 8 de julho de 1881<ref>Observatório Político, "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)", 2012. </ref><ref>Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - 8/07/1881" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref><ref>Governo Geral de Angola (8/07/1881), "Portaria régia" nº 79A, 2/12/1881, ''Boletim Oficial'' nº48.</ref>. Entrou em funções nesta Direção de Obras Públicas a 28 de novembro de 1882<ref>Governo Geral de Angola (2/12/1881), "Portaria provincial" nº180, 2/12/1881, ''Boletim Oficial'' nº 48.</ref><ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 21/01/01883, 24/08/1884 e 1/09/1884.</ref>.


Regressou para o reino em janeiro de 1883, conforme parecer da Junta de Saúde, tendo um total de 90 dias para se tratar, ao fim dos quais é exonerado do cargo de desenhador, por portaria régia de 3 de maio de 1884<ref>Governo Geral de Angola (21/05/1884), "Portaria provincial" nº12, 27/05/1884, ''Boletim Oficial'' nº4.</ref><ref>Governo Geral de Angola (19/02/1883), "Portaria régia" nº13, 5/05/1883, ''Boletim Oficial'' nº48.</ref><ref>Governo Geral de Angola (5/05/1883), "Portaria régia" nº23, 27/5/1883, ''Boletim Oficial'' nº13.</ref><ref>Governo Geral de Angola (21/03/1884), "Portaria régia" nº44, 3/05/1884, ''Boletim Oficial'' nº22.</ref>.
Regressou para o reino em janeiro de 1883, conforme parecer da Junta de Saúde, tendo um total de 90 dias para se tratar, ao fim dos quais foi exonerado do cargo de desenhador, por portaria régia de 3 de maio de 1884<ref>Governo Geral de Angola (21/05/1884), "Portaria provincial" nº12, 27/05/1884, ''Boletim Oficial'' nº4.</ref><ref>Governo Geral de Angola (19/02/1883), "Portaria régia" nº13, 5/05/1883, ''Boletim Oficial'' nº48.</ref><ref>Governo Geral de Angola (5/05/1883), "Portaria régia" nº23, 27/5/1883, ''Boletim Oficial'' nº13.</ref><ref>Governo Geral de Angola (21/03/1884), "Portaria régia" nº44, 3/05/1884, ''Boletim Oficial'' nº22.</ref>.


A  24 de janeiro de 1887, iniciou funções como condutor auxiliar, conforme portaria régia de 20 de dezembro do ano anterior<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884 e 31/10/1891.</ref><ref>Governo Geral de Angola (20/12/1886), "Portaria régia" nº161A, 29/01/1887, ''Boletim Oficial'' nº5.</ref>. Será como condutor auxiliar que desempenhará funções, entre fevereiro e agosto de 1887, como chefe da Secção de Trabalhos na Ilha de Príncipe<ref name=":3">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884, 18/08/1888.</ref>.
A  24 de janeiro de 1887 iniciou funções como condutor auxiliar, conforme portaria régia de 20 de dezembro do ano anterior<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884 e 31/10/1891.</ref><ref>Governo Geral de Angola (20/12/1886), "Portaria régia" nº161A, 29/01/1887, ''Boletim Oficial'' nº5.</ref>. Foi como condutor auxiliar que desempenhou funções, entre fevereiro e agosto de 1887, como chefe da Secção de Trabalhos na Ilha de Príncipe<ref name=":3">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884, 18/08/1888.</ref>.


A 24 de agosto de 1887 apresentou um requerimento para promoção a  condutor de 2.ª classe, processo que havia iniciado em julho desse ano e que acabou por ser arquivado, sem produzir qualquer resultado<ref name=":3" />. A 24 de setembro de 1887, ao abrigo de uma licença da Junta de Saúde, regressou a Lisboa<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Portaria da Junta de Saúde,'' 24/08/1887.</ref><ref>Governo Geral de Angola (23/09/1887), "Portaria provincial" nº160, 24/09/1887, ''Boletim Oficial'' nº39.</ref><ref>Governo Geral de Angola (24/10/1887), "Portaria régia" nº110, 3/12/1887, ''Boletim Oficial'' nº49.</ref><ref>Governo Geral de Angola (29/12/1887), "Portaria régia" nº124, 25/02/1888, ''Boletim Oficial'' nº8.</ref>, cidade onde permaneceu até 1901. Durante a estada em Lisboa, apresenta requerimentos infrutíferos para ser transferido para as Direções de Obras Públicas de outras Províncias Ultramarinas - em março de 1891 pede para ser transferido para Moçambique e em maio do mesmo ano, pede para ser transferido para Angola. Para ambos os pedidos dos quais não há registo de resposta<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 18/03/1891 e 27/04/1891.</ref>.
A 24 de agosto de 1887 apresentou um requerimento para promoção a  condutor de 2.ª classe, processo que havia iniciado em julho desse ano e que acabou por ser arquivado, sem produzir qualquer resultado<ref name=":3" />. A 24 de setembro de 1887, ao abrigo de uma licença da Junta de Saúde, regressou a Lisboa<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Portaria da Junta de Saúde,'' 24/08/1887.</ref><ref>Governo Geral de Angola (23/09/1887), "Portaria provincial" nº160, 24/09/1887, ''Boletim Oficial'' nº39.</ref><ref>Governo Geral de Angola (24/10/1887), "Portaria régia" nº110, 3/12/1887, ''Boletim Oficial'' nº49.</ref><ref>Governo Geral de Angola (29/12/1887), "Portaria régia" nº124, 25/02/1888, ''Boletim Oficial'' nº8.</ref>, cidade onde permaneceu até 1901. Durante a estada em Lisboa, apresentou requerimentos infrutíferos para ser transferido para as Direções de Obras Públicas de outras Províncias Ultramarinas - em março de 1891 havia pedido para ser transferido para Moçambique e em maio do mesmo ano para ser transferido para Angola. Não foram localizados registos de respostas a estes requerimentos<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 18/03/1891 e 27/04/1891.</ref>.


Em 1891, permanecia em Lisboa, mesmo após lhe ter sido solicitado que se apresentasse ao serviço em São Tomé e Príncipe<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 5/05/1891 e  25/06/1891.</ref>. Por decreto de 6 de outubro de 1891, foi nomeado solicitador da Comarca de Lisboa, cargo que passa a desempenhar a partir do dia 20 do mesmo mês<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 20/10/1891.</ref>.
Em 1891 permanecia em Lisboa mesmo após lhe ter sido solicitado que se apresentasse ao serviço em São Tomé e Príncipe<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 5/05/1891 e  25/06/1891.</ref>. Por decreto de 6 de outubro de 1891, foi nomeado solicitador da Comarca de Lisboa, cargo que passou a desempenhar a partir do dia 20 do mesmo mês<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 20/10/1891.</ref>.


A 18 de janeiro de 1901, apresentou um requerimento à Direção Geral do Ultramar para ser reintegrado nas Obras Públicas do Ultramar como condutor. Neste requerimento, faz referência às dificuldades económicas que alegadamente atravessava<ref name=":2" />. Em 1901, Portugal atravessava uma grave crise política e económica, decorrente do esforço financeiro provocado pelo alargamento das funções do Estado no modelo fontista, mas também na consequência do Ultimato Britânico e da incapacidade de cobrança de impostos<ref>[https://www.researchgate.net/publication/308900183_A_Vida_Politica_no_Portugal_Liberal_1834-1890 Rui Branco, «A Vida Política (1834-1890)», em ''História Contemporânea de Portugal. Vol 2 - 1834-1890 - A Construção Nacional'', por Pedro Tavares de Almeida, 1.<sup>a</sup> ed (Lisboa: Fundacion Mapfre/Editora Objectiva, 2013), 31–76. Visualizado em 10 junho, 2022.]</ref>.
A 18 de janeiro de 1901 apresentou um requerimento à Direção Geral do Ultramar para ser reintegrado nas Obras Públicas do Ultramar como condutor. Neste requerimento fez referência às dificuldades económicas que alegadamente atravessava<ref name=":2" />. Em 1901 Portugal atravessava uma grave crise política e económica, decorrente do esforço financeiro provocado pelo alargamento das funções do Estado no modelo fontista, mas também na consequência do Ultimato Britânico e da incapacidade de cobrança de impostos<ref>[https://www.researchgate.net/publication/308900183_A_Vida_Politica_no_Portugal_Liberal_1834-1890 Rui Branco, «A Vida Política (1834-1890)», em ''História Contemporânea de Portugal. Vol 2 - 1834-1890 - A Construção Nacional'', por Pedro Tavares de Almeida, 1.<sup>a</sup> ed (Lisboa: Fundacion Mapfre/Editora Objectiva, 2013), 31–76. Visualizado em 10 junho, 2022.]</ref>.


Por decisão de 26 de outubro de 1901, Filipe Corte Real foi nomeado condutor provisório de 2.ª classe da [[Direcção das Obras Públicas de Angola|Direção de Obras Públicas de Angola]]<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/10/1901.</ref><ref>Portaria de 26 de outubro de 1901, "Direcção Geral do Ultramar". ''Diário do Governo'' nº 249, de 5 de novembro de 1901, 3089.</ref>. Apresentou-se ao serviço a 3 de dezembro do mesmo ano<ref name=":1" />, sendo-lhe atribuída a Direção da Circunscrição de Obras Públicas de Benguela, no dia 17 do mesmo mês. Permaneceu neste cargo até agosto de 1902.
Por decisão de 26 de outubro de 1901, Filipe Corte Real foi nomeado condutor provisório de 2.ª classe da [[Direcção das Obras Públicas de Angola|Direção de Obras Públicas de Angola]]<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/10/1901.</ref><ref>Portaria de 26 de outubro de 1901, "Direcção Geral do Ultramar". ''Diário do Governo'' nº 249, de 5 de novembro de 1901, 3089.</ref>. Apresentou-se ao serviço a 3 de dezembro do mesmo ano<ref name=":1" />, sendo-lhe atribuída a Direção da Circunscrição de Obras Públicas de Benguela, no dia 17 do mesmo mês. Permaneceu neste cargo até agosto de 1902.  


A 14 de agosto de 1902, foi presente à Junta de Saúde que lhe concedeu uma licença de 30 dias. No mesmo ano, a 25 de setembro, a Junta de Saúde prescreveu-lhe o regresso a Lisboa<ref name=":1" /><ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Guia n.º 414,'' 12/10/1902.</ref> e a 14 de novembro uma licença de 120 dias<ref>"Direcção Geral do Ultramar", ''Diário do Governo'' nº 262, de 19 de novembro de 1902, 3720.</ref>.
A 14 de agosto de 1902, foi presente à Junta de Saúde que lhe concedeu uma licença de 30 dias. No mesmo ano, a 25 de setembro, a Junta de Saúde prescreveu-lhe o regresso a Lisboa<ref name=":1" /><ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Guia n.º 414,'' 12/10/1902.</ref> e a 14 de novembro uma licença de 120 dias<ref>"Direcção Geral do Ultramar", ''Diário do Governo'' nº 262, de 19 de novembro de 1902, 3720.</ref>.


Por Portaria Régia de 6 de maio de 1903, Filipe Corte Real foi nomeado condutor de 2.ª classe da Direção Fiscal do Caminho de Ferro de Benguela, entrando em funções a 21 de maio<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/05/1903.</ref>. A 12 de outubro de 1903, por indicação da Junta de Saúde, regressou à metrópole<ref name=":4">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", ''Guia n.º 91 da Repartição da Fazenda Provincial de Angola'',12/10/1903.</ref>.<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
Por Portaria Régia de 6 de maio de 1903, Filipe Corte Real foi nomeado condutor de 2.ª classe da Direção Fiscal do Caminho de Ferro de Benguela, entrando em funções a 21 de maio<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/05/1903.</ref>. A 12 de outubro de 1903, por indicação da Junta de Saúde, regressou à metrópole<ref name=":4">Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Guia 91 da Repartição da Fazenda Provincial de Angola,12/10/1903" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.</ref>.<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->


===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
Em 18 de junho de 1870 foram-lhe conferidas, por ordem do Rei D. Luís de Portugal, as honras de Moço-Fidalgo da Casa Real<ref>Registo Geral de Mercês. Mercês de D. Luís I. liv. 21. f. 170v.</ref>.
Em 18 de junho de 1870 foram-lhe conferidas, por ordem do Rei D. Luís de Portugal, as honras de Moço-Fidalgo da Casa Real<ref>Registo Geral de Mercês. Mercês de D. Luís I. liv. 21. f. 170v.</ref>.


'''Foi administrador do Concelho de Odemira (1897-1898), administrador interino do concelho de Mértola (1898), senhor da Quinta do Mar e Guerra, nos subúrbios de Faro, diretor fiscal da Concessão do Caminho de Ferro de Benguela (1902), representando os interesses do Estado'''<ref name=":7" />.  
Foi administrador do Concelho de Odemira (1897-1898), administrador interino do concelho de Mértola (1898), senhor da Quinta do Mar e Guerra, nos subúrbios de Faro, diretor fiscal da Concessão do Caminho de Ferro de Benguela (1902), representando os interesses do Estado<ref name=":7" />.  


Em junho de 1882, então secretário de Estado das Obras Públicas, assinou - com o então presidente Luís Sepúlveda Pimentel Mascarenhas - o alvará para a criação do montepio em Faro<ref>"Estatutos do monte pio farense. Capitulo XII", ''Diário do Governo'' nº 235, de 15 de outubro de 1890, 2390-2392</ref>.
Em junho de 1882, então secretário de Estado das Obras Públicas, assinou - conjuntamente com o presidente Luís Sepúlveda Pimentel Mascarenhas - o alvará para a criação do montepio em Faro<ref>"Estatutos do monte pio farense. Capitulo XII", ''Diário do Governo'' nº 235, de 15 de outubro de 1890, 2390-2392</ref>.


==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
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==Fontes==
==Fontes==
'''Arquivo Central da Economia. Acervo Infraestruturas, Transportes e Comunicações. Processos Individuais de Funcionários. Cx. 153. SANTOS, João Macário dos. Visualizado em 13 maio, 2022[https://arquivohistorico.sgeconomia.gov.pt/details?id=229801 .]'''
Arquivo Central da Economia, Acervo Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Processos Individuais de Funcionários Cx. 153.  


Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.
Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.
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''Diário do Governo'' nº 235, de 15 de outubro de 1890.
''Diário do Governo'' nº 235, de 15 de outubro de 1890.


"Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real" in Geneall.<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Geneall, "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real".
 
Observatório Político, "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)".<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->


==Bibliografia== <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Bibliografia== <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
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<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
João Macário dos Santos in Biblioteca e Arquivo Histórico da Economia[https://arquivohistorico.sgeconomia.gov.pt/details?id=229801 .] Registo Geral de Mercês D. Luís in Arquivo Nacional Torre do Tombo[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2039897 .]


 
"Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)" in Observatório Político[http://www.politipedia.pt/vilhena-julio-marques-de-1846-1928/ .]
Registo Geral de Mercês D. Luís[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2039897 .]


==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
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<nowiki>https://orcid.org/0000-0002-6248-3947</nowiki>[https://orcid.org/0000-0002-6248-3947 .]
<nowiki>https://orcid.org/0000-0002-6248-3947</nowiki>[https://orcid.org/0000-0002-6248-3947 .]
Sandra Osório da Silva


==Financiamento==
==Financiamento==

Revisão das 18h06min de 9 de janeiro de 2023


Filipe Corte Real
Nome completo Filipe Alistão Telo de Moniz Corte Real
Outras Grafias Filippe Alistão Tello de Moniz Corte-Real, Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real, Filipe Alistão Telles de Menezes Corte Real
Pai António Lúcio Teles Corte Real
Mãe Isabel Adelaide de Mendonça Corte Real
Cônjuge Maria Emília Ferreira Pinto Corte Real
Filho(s) António Alistão Telles Moniz Corte Real, Filipe Alistão Telles Moniz Corte Real, Cremilde Eulália Telles Moniz Corte Real
Irmão(s) Feliciana Adelaide de Mendonça Telles Moniz Corte Real, Maria das Dore de Mendonça Telles Moniz Corte Real, Isabel Telles Moniz de Mendonça Corte Real, Maria José de Mendonça Telles Moniz Corte Real, António Lúcio Telles Moniz Corte Real
Nascimento 29 abril 1853
Tavira, Faro, Portugal
Morte 20 agosto 1905
Benguela, Angola
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência São Tomé, São Tomé e Príncipe
Data Fim: janeiro de 1883

Residência Portugal
Data Início: janeiro de 1883
Fim: maio de 1883

Residência São Tomé, São Tomé e Príncipe
Data Início: maio de 1883
Fim: setembro de 1887

Residência Portugal
Data Início: setembro de 1887
Fim: outubro de 1901

Residência Angola
Data Início: dezembro de 1901
Fim: outubro de 1902

Residência Portugal
Data Início: outubro de 1902
Fim: 21 de maio de 1903

Residência Benguela, Angola
Data Início: maio de 1903
Fim: 12 de outubro de 1903
Cargos
Cargo Desenhador
Data Início: 28 de novembro de 1882
Fim: 03 de maio de 1884

Cargo Condutor auxiliar
Data Início: 24 de janeiro de 1887
Fim: 09 de dezembro de 1887

Cargo Condutor auxiliar
Data Início: 24 de janeiro de 1887
Fim: 20 de outubro de 1891

Cargo Condutor de 2ª classe
Data Início: 26 de outubro de 1901
Fim: 06 de maio de 1903

Cargo Condutor de 2ª classe
Data Início: 21 de maio de 1903
Fim: 12 de outubro de 1903
Actividade
Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: 17 de dezembro de 1901
Fim: 12 de outubro de 1903
Local de Actividade Benguela, Angola


Biografia

Dados biográficos

Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real nasceu a 29 de abril de 1853, em Tavira, e foi batizado no dia 9 de dezembro de 1853, na Igreja Paroquial de Santiago, sendo seus padrinhos João José Teixeira de Seixas Braga e Dona Maria José Teixeira da Silveira, ambos naturais de Portimão[1][2] E era filho de António Lúcio Teles Moniz Corte Real (natural de Lagoa) - tenente-coronel de Caçadores - e de Dona Isabel Adelaide de Mendonça Corte Real (natural de São Bartolomeu de Messines). Era neto, por via paterna, do Capitão-mor Manuel Raimundo de Teles Moniz Corte Real (natural de Portimão) e de Dona Maria José da Costa e Silva Corte Real (natural de Lagoa) e por via materna de Dom Tomás de Mendonça Pessanha e de Dona Maria do Carmo Mendes Mendonça[1][2].

Foram seus irmãos: Maria José de Mendonça Teles Moniz Côrte-Real (nascida a 20 de fevereiro de 1846), Isabel Telles Moniz de Mendonça Corte-Real (nascida a 26 de junho de 1849), as gémeas Feliciana Adelaide de Mendonça Telles Moniz Côrte-Real e Maria das Dores de Mendonça Telles Moniz Côrte-Real (nascidas a 17 de outubro de 1851), e António Lúcio Telles Moniz Côrte-Real (nascido a 22 de agosto de 1857).

A 31 de dezembro de 1884, em Faro (São Pedro), casou com Maria Emília Pinto Corte Real[3], casamento do qual resultaram pelo menos cinco filhos[4]: Carlos Jorge de Mendonça Corte Real (nascido em São Pedro de Tavira a 23 e batizado na Sé de Tavira a 24 de abril de 1884[3]), António Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 26 de junho de 1886), Isabel (nascida cerca de 1889), Filipe Alistão Teles Moniz Corte Real (nascido em 6 de fevereiro de 1890, foi aferes miliciano de Infantaria 14[5]), e Cremilde Eulália Teles Moniz Corte Real (nascida em 23 de Janeiro de 1891)[6][7][8].

Faleceu em 20 de Maio de 1905 em Benguela, Angola[8].

Carreira

O percurso profissional de Filipe Corte Real começou em 1876, como empregado subalterno na secretaria da Direção das Obras Públicas de Faro. Passados oito meses, foi nomeado chefe da secretaria de Loulé da mesma Direção de Obras Públicas. Desempenhou posteriormente funções como pagador subalterno naquela Direção, de onde pediu licença ainda em 1877[9]. Neste período trabalhou sob a tutela do engenheiro civil João Macário dos Santos, major graduado de Engenharia e diretor de Obras Públicas do distrito de Faro[10].

A 29 de dezembro de 1880, requereu um lugar como desenhador em contexto ultramarino, posto que lhe foi atribuído na Direção de Obras Públicas de São Tomé e Príncipe pelo Ministro da Marinha e do Ultramar, Júlio Marques Vilhena, por portaria régia de 8 de julho de 1881[11][12][13]. Entrou em funções nesta Direção de Obras Públicas a 28 de novembro de 1882[14][15].

Regressou para o reino em janeiro de 1883, conforme parecer da Junta de Saúde, tendo um total de 90 dias para se tratar, ao fim dos quais foi exonerado do cargo de desenhador, por portaria régia de 3 de maio de 1884[16][17][18][19].

A 24 de janeiro de 1887 iniciou funções como condutor auxiliar, conforme portaria régia de 20 de dezembro do ano anterior[20][21]. Foi como condutor auxiliar que desempenhou funções, entre fevereiro e agosto de 1887, como chefe da Secção de Trabalhos na Ilha de Príncipe[22].

A 24 de agosto de 1887 apresentou um requerimento para promoção a condutor de 2.ª classe, processo que havia iniciado em julho desse ano e que acabou por ser arquivado, sem produzir qualquer resultado[22]. A 24 de setembro de 1887, ao abrigo de uma licença da Junta de Saúde, regressou a Lisboa[23][24][25][26], cidade onde permaneceu até 1901. Durante a estada em Lisboa, apresentou requerimentos infrutíferos para ser transferido para as Direções de Obras Públicas de outras Províncias Ultramarinas - em março de 1891 havia pedido para ser transferido para Moçambique e em maio do mesmo ano para ser transferido para Angola. Não foram localizados registos de respostas a estes requerimentos[27].

Em 1891 permanecia em Lisboa mesmo após lhe ter sido solicitado que se apresentasse ao serviço em São Tomé e Príncipe[28]. Por decreto de 6 de outubro de 1891, foi nomeado solicitador da Comarca de Lisboa, cargo que passou a desempenhar a partir do dia 20 do mesmo mês[29].

A 18 de janeiro de 1901 apresentou um requerimento à Direção Geral do Ultramar para ser reintegrado nas Obras Públicas do Ultramar como condutor. Neste requerimento fez referência às dificuldades económicas que alegadamente atravessava[4]. Em 1901 Portugal atravessava uma grave crise política e económica, decorrente do esforço financeiro provocado pelo alargamento das funções do Estado no modelo fontista, mas também na consequência do Ultimato Britânico e da incapacidade de cobrança de impostos[30].

Por decisão de 26 de outubro de 1901, Filipe Corte Real foi nomeado condutor provisório de 2.ª classe da Direção de Obras Públicas de Angola[31][32]. Apresentou-se ao serviço a 3 de dezembro do mesmo ano[6], sendo-lhe atribuída a Direção da Circunscrição de Obras Públicas de Benguela, no dia 17 do mesmo mês. Permaneceu neste cargo até agosto de 1902.

A 14 de agosto de 1902, foi presente à Junta de Saúde que lhe concedeu uma licença de 30 dias. No mesmo ano, a 25 de setembro, a Junta de Saúde prescreveu-lhe o regresso a Lisboa[6][33] e a 14 de novembro uma licença de 120 dias[34].

Por Portaria Régia de 6 de maio de 1903, Filipe Corte Real foi nomeado condutor de 2.ª classe da Direção Fiscal do Caminho de Ferro de Benguela, entrando em funções a 21 de maio[35]. A 12 de outubro de 1903, por indicação da Junta de Saúde, regressou à metrópole[7].

Outras informações

Em 18 de junho de 1870 foram-lhe conferidas, por ordem do Rei D. Luís de Portugal, as honras de Moço-Fidalgo da Casa Real[36].

Foi administrador do Concelho de Odemira (1897-1898), administrador interino do concelho de Mértola (1898), senhor da Quinta do Mar e Guerra, nos subúrbios de Faro, diretor fiscal da Concessão do Caminho de Ferro de Benguela (1902), representando os interesses do Estado[8].

Em junho de 1882, então secretário de Estado das Obras Públicas, assinou - conjuntamente com o presidente Luís Sepúlveda Pimentel Mascarenhas - o alvará para a criação do montepio em Faro[37].

Obras

Notas

  1. 1,0 1,1 Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Cópia do Registo de Batismo de 24/09/1880 in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F .
  2. 2,0 2,1 Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.
  3. 3,0 3,1 Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Faro (São Pedro), Casamentos de 1884, 108-109.
  4. 4,0 4,1 Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - 10/01/1901" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.
  5. Arquivo Histórico Militar. "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte Real - Alferes Miliciano de Infantaria 14" in Divisões. Boletins individuais do CEP 1914-1918.
  6. 6,0 6,1 6,2 Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Notas Biográficas de 11/10/1902" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.
  7. 7,0 7,1 Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Guia nº 91 da Repartição da Fazenda Provincial de Angola,12/10/1903" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.
  8. 8,0 8,1 8,2 "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real" in Geneall - Fórum (#59627 de 05/03/2004).
  9. Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - Informação referida ao ano de 1883, 1/01/1884" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.
  10. Arquivo Central da Economia. "João Macário dos Santos" in Acervo Infraestruturas. Transportes e Comunicações. Processos Individuais de Funcionários. Cx. 153.
  11. Observatório Político, "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)", 2012.
  12. Arquivo Histórico Ultramarino. "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real - 8/07/1881" in Angola. Obras Públicas. Processos Individuais cx. 771/1, E-F.
  13. Governo Geral de Angola (8/07/1881), "Portaria régia" nº 79A, 2/12/1881, Boletim Oficial nº48.
  14. Governo Geral de Angola (2/12/1881), "Portaria provincial" nº180, 2/12/1881, Boletim Oficial nº 48.
  15. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 21/01/01883, 24/08/1884 e 1/09/1884.
  16. Governo Geral de Angola (21/05/1884), "Portaria provincial" nº12, 27/05/1884, Boletim Oficial nº4.
  17. Governo Geral de Angola (19/02/1883), "Portaria régia" nº13, 5/05/1883, Boletim Oficial nº48.
  18. Governo Geral de Angola (5/05/1883), "Portaria régia" nº23, 27/5/1883, Boletim Oficial nº13.
  19. Governo Geral de Angola (21/03/1884), "Portaria régia" nº44, 3/05/1884, Boletim Oficial nº22.
  20. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884 e 31/10/1891.
  21. Governo Geral de Angola (20/12/1886), "Portaria régia" nº161A, 29/01/1887, Boletim Oficial nº5.
  22. 22,0 22,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 24/08/1884, 18/08/1888.
  23. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", Portaria da Junta de Saúde, 24/08/1887.
  24. Governo Geral de Angola (23/09/1887), "Portaria provincial" nº160, 24/09/1887, Boletim Oficial nº39.
  25. Governo Geral de Angola (24/10/1887), "Portaria régia" nº110, 3/12/1887, Boletim Oficial nº49.
  26. Governo Geral de Angola (29/12/1887), "Portaria régia" nº124, 25/02/1888, Boletim Oficial nº8.
  27. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 18/03/1891 e 27/04/1891.
  28. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 5/05/1891 e 25/06/1891.
  29. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 20/10/1891.
  30. Rui Branco, «A Vida Política (1834-1890)», em História Contemporânea de Portugal. Vol 2 - 1834-1890 - A Construção Nacional, por Pedro Tavares de Almeida, 1.a ed (Lisboa: Fundacion Mapfre/Editora Objectiva, 2013), 31–76. Visualizado em 10 junho, 2022.
  31. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/10/1901.
  32. Portaria de 26 de outubro de 1901, "Direcção Geral do Ultramar". Diário do Governo nº 249, de 5 de novembro de 1901, 3089.
  33. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", Guia n.º 414, 12/10/1902.
  34. "Direcção Geral do Ultramar", Diário do Governo nº 262, de 19 de novembro de 1902, 3720.
  35. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real", 6/05/1903.
  36. Registo Geral de Mercês. Mercês de D. Luís I. liv. 21. f. 170v.
  37. "Estatutos do monte pio farense. Capitulo XII", Diário do Governo nº 235, de 15 de outubro de 1890, 2390-2392

Fontes

Arquivo Central da Economia, Acervo Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Processos Individuais de Funcionários Cx. 153.

Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Tavira (Santiago), Baptismos 1846-01-01 – 1859-12-31, 159v.

Arquivo Distrital de Faro, Paróquia de Faro (São Pedro), Casamentos de 1884, 108-108v.

Arquivo Histórico Militar, Divisões. Boletins individuais do CEP 1914-1918.

Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe, Repertório Simples do Fundo Arquivístico: Câmara Municipal de São Tomé e Príncipe, "Livro de registo de pessoal técnico e de administração (1886-1890)".

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais. cx. 771/1, 1D UM, 1879-1929, "Filippe Alistão Telles Moniz Corte Real".

Arquivo Histórico Ultramarino, 428 1N SEMU MU DGU, liv. 1893-1919, Obras Públicas-Pessoal ULT.

Arquivo Histórico Ultramarino, 905 1N SEMU DGU, liv. 1880-1892, Registo pessoal das obras públicas ULT.

Diário do Governo nº 262, de 19 de novembro de 1902.

Diário do Governo nº 249, de 5 de novembro de 1901.

Diário do Governo nº 235, de 15 de outubro de 1890.

Geneall, "Filipe Alistão Telles Moniz Côrte-Real".

Observatório Político, "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)".

Bibliografia

Branco, Rui. "A Vida Política (1834-1890)" in Pedro Tavares de Almeida, História Contemporânea de Portugal.1834-1890. A Construção Nacional, Vol. 2, 1.a ed. Lisboa: Fundacion Mapfre/Editora Objectiva, 2013, 31-76. Visualizado a 10 junho, 2022.

Observatório Político. "Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)". Visualizado a 13 maio, 2022.

Raminelli, Ronald. "Nobreza e principais da terra - América Portuguesa, séculos XVII e XVIII". Topoi (Rio de Janeiro) 19, n. 38 (agosto de 2018): 217–40. Visualizado em 13 maio, 2022.

Ligações Externas

João Macário dos Santos in Biblioteca e Arquivo Histórico da Economia. Registo Geral de Mercês D. Luís in Arquivo Nacional Torre do Tombo.

"Vilhena, Júlio Marques de (1846-1928)" in Observatório Político.

Autor(es) do artigo

Mafalda Pacheco

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

https://orcid.org/0000-0002-1091-6325.

Gonçalo Margato

Departamento de Estudos Políticos, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

https://orcid.org/0000-0002-6248-3947.


Sandra Osório da Silva

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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