Filippo Terzi: diferenças entre revisões

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=== Dados biográficos ===
=== Dados biográficos ===
Filippo Terzi veio para Portugal no reinado de [[:pt:Sebastião_de_Portugal|D. Sebastião]] e participou com ele na Batalha de Alcácer-Quibir. Foi resgatada pelo [[:pt:Henrique_I_de_Portugal|cardeal D. Henrique]], que o premiou com o Hábito de Cristo e uma tença de 20000 réis, a 27 de julho de 1579.<!--ANTT, CHR da Ordem de Cristo, l. 4, fl. 180-->
Filippo Terzi veio para Portugal no reinado de [[:pt:Sebastião_de_Portugal|D. Sebastião]] e participou com ele na Batalha de Alcácer-Quibir. Foi resgatada pelo [[:pt:Henrique_I_de_Portugal|cardeal D. Henrique]], que o premiou com o Hábito de Cristo e uma tença de 20000 réis, a 27 de julho de 1579.<!--Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR da Ordem de Cristo, l. 4, fl. 180-->


===Carreira===
===Carreira===
Participou, em 1577, no derrube de uma torre situada na muralha da cidade, em frente da porta principal da [[:pt:Igreja_do_Loreto|igreja de Nossa Senhora do Loreto]].
Participou, em 1577, no derrube de uma torre situada na muralha da cidade, em frente da porta principal da [[:pt:Igreja_do_Loreto|igreja de Nossa Senhora do Loreto]].


Foi arquitecto de [[:pt:Filipe_II_de_Espanha|Filipe I]], que o mandou edificar parte do torreão do Paço da Ribeira e lhe concedeu uma comenda. Em 1593 menciona-se que era comendador de Santa Luzia em Trancoso.<!--ANTT, CHR da Ordem de Cristo, l. 10, fl. 270-->
Foi arquitecto de [[:pt:Filipe_II_de_Espanha|Filipe I]], que o mandou edificar parte do torreão do Paço da Ribeira e lhe concedeu uma comenda. Em 1593 menciona-se que era comendador de Santa Luzia em Trancoso.<!--Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR da Ordem de Cristo, l. 10, fl. 270-->


Delineou o [http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74462/ forte do Ave, em Vila do Conde] e fez um aqueduto que traz água ao convento das religiosas da mesma vila.
Delineou o [http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74462/ forte do Ave, em Vila do Conde] e fez um aqueduto que traz água ao convento das religiosas da mesma vila.
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Em 1583 foi mandado a Coimbra para examinar as obras da ponte sobre o Mondego e os mosteiros de S. Francisco e Santa Clara. Na mesma cidade, fez o [[:pt:Aqueduto_de_São_Sebastião|Aqueduto de São Sebastião]]. Em 1585 foi enviada carta régia ao provedor de Miranda para lançar finta para as obras da ponte e margens do Mondego.
Em 1583 foi mandado a Coimbra para examinar as obras da ponte sobre o Mondego e os mosteiros de S. Francisco e Santa Clara. Na mesma cidade, fez o [[:pt:Aqueduto_de_São_Sebastião|Aqueduto de São Sebastião]]. Em 1585 foi enviada carta régia ao provedor de Miranda para lançar finta para as obras da ponte e margens do Mondego.


A 27 de novembro de 1583 foi-lhe feita mercê de 300 cruzados em bens tomados para a fazenda real.<!--ANTT, CHR D. Filipe I, Doações, l. 9, fl. 441-->
A 27 de novembro de 1583 foi-lhe feita mercê de 300 cruzados em bens tomados para a fazenda real.<!--Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR D. Filipe I, Doações, l. 9, fl. 441-->


A 22 de janeiro de 1584 foi nomeado mestre de obras do Convento de Cristo, em Tomar, provavelmente sucedendo a [[Francisco Lopes (1)|Francisco Lopes]].<!--ANTT, CHR da Ordem de Cristo, l. 6, fl. 275; ANTT, Convento de Tomar, m. 29, doc. 870-->
A 22 de janeiro de 1584 foi nomeado mestre de obras do Convento de Cristo, em Tomar, provavelmente sucedendo a [[Francisco Lopes (1)|Francisco Lopes]].<!--Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR da Ordem de Cristo, l. 6, fl. 275; Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Convento de Tomar, m. 29, doc. 870-->


Trabalhou também nas obras do forte de Peniche, onde se encontrava em 1589, quando a armada inglesa aí desembarcou em defesa de [[:pt:António_de_Portugal,_Prior_do_Crato|D. António, Prior do Crato]].<!--carta de André Falcão de Rezende no 1º vol. do arquivo bibliográfico da BUC, p. 15-->
Trabalhou também nas obras do forte de Peniche, onde se encontrava em 1589, quando a armada inglesa aí desembarcou em defesa de [[:pt:António_de_Portugal,_Prior_do_Crato|D. António, Prior do Crato]].<!--carta de André Falcão de Rezende no 1º vol. do arquivo bibliográfico da BUC, p. 15-->


A 28 de junho de 1590 foi nomeado "''mestre de todas as minhas [do rei] obras que se fizerem á custa de minha fazenda''", cargo que vagara por morte de [[António Rodrigues (1)|António Rodrigues]]. Devia receber por ordenado 60000 reais.<!--ANTT, CHR D. Filipe I, Doações, l. 24, fl. 47 e l. 16, fl. 407-->
A 28 de junho de 1590 foi nomeado "''mestre de todas as minhas [do rei] obras que se fizerem á custa de minha fazenda''", cargo que vagara por morte de [[António Rodrigues (1)|António Rodrigues]]. Devia receber por ordenado 60000 reais.<!--Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR D. Filipe I, Doações, l. 24, fl. 47 e l. 16, fl. 407-->


Em 1592 foi mandado a Coimbra para fazer obras nos canos públicos. Dai partiu para Vila do Conde. Também fez o projecto para o novo colégio dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, cuja primeira pedra foi lançada a 30 de março de 1593.
Em 1592 foi mandado a Coimbra para fazer obras nos canos públicos. Dai partiu para Vila do Conde. Também fez o projecto para o novo colégio dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, cuja primeira pedra foi lançada a 30 de março de 1593.
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Foi mestre das obras das Ordens de Santiago e de Avis, sendo sucedido a 2 de outubro de 1597, por sua morte, por [[Baltazar Álvares]].
Foi mestre das obras das Ordens de Santiago e de Avis, sendo sucedido a 2 de outubro de 1597, por sua morte, por [[Baltazar Álvares]].


Em 1596 foi encarregado por D. Filipe I de fazer a traça para a reedificação do [[:pt:Pousada_do_Castelo_de_Palmela|convento de Palmela]].<!--Mesa da Consciência e Ordems de 1 de março de 1596; ANTT, CHR D. Filipe II, Privilégios, 3, fl. 79-->
Em 1596 foi encarregado por D. Filipe I de fazer a traça para a reedificação do [[:pt:Pousada_do_Castelo_de_Palmela|convento de Palmela]].<!--Mesa da Consciência e Ordems de 1 de março de 1596; Arquivo Nacional da Torre do Tombo, CHR D. Filipe II, Privilégios, 3, fl. 79-->


Delineou o [[:pt:Forte_de_São_Filipe_de_Setúbal|forte de S. Filipe de Setúbal]]. Também lhe são atribuídas a [[:pt:Convento_da_Cartuxa_(Évora)|Cartuxa de Évora]] e a [[:pt:Igreja_de_São_Roque_(Lisboa)|igreja de S. Roque]], em Lisboa<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto03vite Vol III], 93-101 e  422-424.</ref>.
Delineou o [[:pt:Forte_de_São_Filipe_de_Setúbal|forte de S. Filipe de Setúbal]]. Também lhe são atribuídas a [[:pt:Convento_da_Cartuxa_(Évora)|Cartuxa de Évora]] e a [[:pt:Igreja_de_São_Roque_(Lisboa)|igreja de S. Roque]], em Lisboa<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto03vite Vol III], 93-101 e  422-424.</ref>.
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==Fontes==
==Fontes==
[http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3770803 ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, m. 28, doc. 116.]
[http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3770803 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte I, m. 28, doc. 116.]
==Bibliografia ==
==Bibliografia ==
[http://hdl.handle.net/10362/16903 Alessandrini, Nunziatella e Cavi, Sabina de. "A antiga igreja de Nossa Senhora do Loreto da nação italiana em Lisboa (1518‑1651) dados arquivísticos e algumas hipóteses sobre o edifício de Filippo Terzi." <i>Revista de História da Arte</i> 11 (2014): 51-67.]
[http://hdl.handle.net/10362/16903 Alessandrini, Nunziatella e Cavi, Sabina de. "A antiga igreja de Nossa Senhora do Loreto da nação italiana em Lisboa (1518‑1651) dados arquivísticos e algumas hipóteses sobre o edifício de Filippo Terzi." <i>Revista de História da Arte</i> 11 (2014): 51-67.]

Edição atual desde as 14h56min de 21 de junho de 2023


Filippo Terzi
Nome completo Filippo Terzi
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1520
Bolonha, Emília-Romana, Itália
Morte 1597
Setúbal, Portugal
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Residência
Residência Portugal


Biografia

Dados biográficos

Filippo Terzi veio para Portugal no reinado de D. Sebastião e participou com ele na Batalha de Alcácer-Quibir. Foi resgatada pelo cardeal D. Henrique, que o premiou com o Hábito de Cristo e uma tença de 20000 réis, a 27 de julho de 1579.

Carreira

Participou, em 1577, no derrube de uma torre situada na muralha da cidade, em frente da porta principal da igreja de Nossa Senhora do Loreto.

Foi arquitecto de Filipe I, que o mandou edificar parte do torreão do Paço da Ribeira e lhe concedeu uma comenda. Em 1593 menciona-se que era comendador de Santa Luzia em Trancoso.

Delineou o forte do Ave, em Vila do Conde e fez um aqueduto que traz água ao convento das religiosas da mesma vila.

Em 1583 foi mandado a Coimbra para examinar as obras da ponte sobre o Mondego e os mosteiros de S. Francisco e Santa Clara. Na mesma cidade, fez o Aqueduto de São Sebastião. Em 1585 foi enviada carta régia ao provedor de Miranda para lançar finta para as obras da ponte e margens do Mondego.

A 27 de novembro de 1583 foi-lhe feita mercê de 300 cruzados em bens tomados para a fazenda real.

A 22 de janeiro de 1584 foi nomeado mestre de obras do Convento de Cristo, em Tomar, provavelmente sucedendo a Francisco Lopes.

Trabalhou também nas obras do forte de Peniche, onde se encontrava em 1589, quando a armada inglesa aí desembarcou em defesa de D. António, Prior do Crato.

A 28 de junho de 1590 foi nomeado "mestre de todas as minhas [do rei] obras que se fizerem á custa de minha fazenda", cargo que vagara por morte de António Rodrigues. Devia receber por ordenado 60000 reais.

Em 1592 foi mandado a Coimbra para fazer obras nos canos públicos. Dai partiu para Vila do Conde. Também fez o projecto para o novo colégio dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, cuja primeira pedra foi lançada a 30 de março de 1593.

Parece ter sido o primeiro professor oficial de arquitectura do nosso país, como se depreende de um alvará de 14 de setembro de 1594.

Foi mestre das obras das Ordens de Santiago e de Avis, sendo sucedido a 2 de outubro de 1597, por sua morte, por Baltazar Álvares.

Em 1596 foi encarregado por D. Filipe I de fazer a traça para a reedificação do convento de Palmela.

Delineou o forte de S. Filipe de Setúbal. Também lhe são atribuídas a Cartuxa de Évora e a igreja de S. Roque, em Lisboa[1].

Outras informações

Obras

Notas

  1. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol III, 93-101 e 422-424.

Fontes

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte I, m. 28, doc. 116.

Bibliografia

Alessandrini, Nunziatella e Cavi, Sabina de. "A antiga igreja de Nossa Senhora do Loreto da nação italiana em Lisboa (1518‑1651) dados arquivísticos e algumas hipóteses sobre o edifício de Filippo Terzi." Revista de História da Arte 11 (2014): 51-67.

Lima, Carlos Ruão. "O Eupalinos Moderno": teoria e prática da arquitectura religiosa em Portugal: 1550-1640." Tese de Doutoramento, Universidade de Coimbra, 2011.

Machado, Cirilo Volkmar. Collecção de memórias, relativas às vidas dos pintores, e escultores, architetos, e gravadores portuguezes, e dos estrangeiros, que estiverão em Portugal recolhidas e ordenadas por Cyrillo Volkmar Machado, pintor ao serviço de S. Magestade o senhor D. João VI. Lisboa: Imprensa de Victorino Rodrigues da Silva, 1823.

Oliveira, Eduardo Freire. Elementos para a História do Município de Lisboa. Lisboa: Tipografia universal, 1882.

Filippo Terzi: architetto e ingegnere militare in Portogallo (1577-97): documenti inediti dell'Archivio di Stato di Firenze e della Biblioteca Oliveriana di Pesaro. Firenze: Tip. Alfani e Venturi, 1935.

Neves, Francisco. A igreja da misericórdia de Aveiro: o arquitecto e engenheiro militar Filipe Terzi ao serviço de Portugal (1577-1597). Coimbra : Coimbra Editora, 1967.

Raczynski, Atanazy. Les arts en Portugal: lettres adressées a la société artistique et scientifique de Berlin et accompagnées de documents. Paris : Jules Renouard, 1846.

Raczynski, Atanazy. Dictionnaire historico-artistique du Portugal pour faire suite à lªouvrage ayant pour titre: Les arts en Portugal, lettres adressées à la Société artistique et scientifique de Berlin et accompagnées de documents. Paris: Jules Renouard et Cie, Libraires-Éditeurs, 1847.*Silva, Nuno Miguel Maia. "Claustros serlianos em Portugal: 1558-1635." Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra, 2012.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol III. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.

Ligações Externas

Filippo Terzi In Wikipédia

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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