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===Dados biográficos===
===Dados biográficos===
Jerônimo Mendes de Paz<ref>Não há qualquer referência sobre Jeronimo Mendes de Paz no ''Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses'' (Viterbo,1998), ou no ''Expedições Científicos-Militares enviadas ao Brasil'' (Viterbo, 1962). Tampouco encontramos menção à Mendes da Paz em Sepulveda.  Ver STUDART, Barão (1923), STUDART (1892) e  Jucá Neto (2012) </ref> (neto) nasceu e morreu em Recife, Capitania de Pernambuco - Brasil. De acordo com Borges da Fonseca, em ''Nobiliarquia Pernambucana'' (1935, pp. 256 – 257) era filho de [[Francisco Mendes de Paz]] e B. Brites de Sobral. Teve como avós paternos Isabel Peres de Almeida e Jerônimo Mendes de Paz (avô), de quem herdou o nome. Deste matrimônio nasceram oito filhos; dentre os quais, [[c:Category:José_Pinhão_de_Matos|José Pinhão de Matos]] e Francisco Mendes de Paz, pai de Jerônimo Mendes de Paz (neto).  
Jerónimo Mendes de Paz<ref>Não há qualquer referência sobre Jerónimo Mendes de Paz em Viterbo, ''Diccionario Historico e Documental dos Arquitectos''; ou em Viterbo, ''Expedições Científicos-Militares enviadas ao Brasil.'' Tampouco encontramos menção à Mendes da Paz em Sepúlveda, ''Historia organica e politica do Exercito Português''. Ver Studart, "Geografia do Ceará"; Studart, ''Notas para a História do Ceará'', 9-60; e Jucá Neto, ''Primórdios da Urbanização no Ceará.'' </ref> (neto) nasceu e morreu em Recife, capitania de Pernambuco, no Brasil, em datas desconhecidas. De acordo com Borges da Fonseca, em "Nobiliarquia Pernambucana" era filho de Francisco Mendes de Paz e B. Brites de Sobral<ref>Fonseca, "Nobiliarquica Pernambucana", 47:256-257.</ref>. Teve como avós paternos Isabel Peres de Almeida e Jerônimo Mendes de Paz (avô), de quem herdou o nome. Deste matrimônio nasceram oito filhos, dentre os quais, José Pinhão de Matos e Francisco Mendes de Paz, pai de Jerônimo Mendes de Paz (neto).
 
===Carreira===
===Carreira===
Em 1740, o engenheiro pernambucano Jerônimo Mendes de Paz recebeu carta patente de Capitão de Artilharia da Capitania de Pernambuco<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 4973. [ant. 1742, setembro, 20]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. Ver também Chancelaria D. João V, Livro 98, p. 307v. Arquivo da Torre do Tombo.</ref>.    Em 1750, por ocasião da morte doTenente Coronel e engenheiro português [[Diogo da Silveira Veloso]], o então governador da capitania de Pernambuco Luís José Correia de Sá, enviou carta ao Rei, indicando Jerônimo Mendes de Paz para o posto de Tenente General da Artilharia da Praça do Recife<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, D. 5962. 1750, agosto, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. No ano de 1755, recebeu a patente de Sargento-Mor da Artilharia das praças de Olinda e Recife<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 79, D. 6618. 1755, agosto, 26 [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. 
Jerônimo Mendes de Paz desenvolveu carreira e atividade militar, tendo recebido carta patente de capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742]. Ver também, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 307v..</ref> em 1740. Posteriormente, em 1750, por ocasião da morte do tenente coronel e engenheiro português [[Diogo da Silveira Veloso]], o, então, governador da capitania de Pernambuco, Luís José Correia de Sá, enviou carta ao Rei, indicando Jerônimo Mendes de Paz para o posto de tenente general da Artilharia da Praça do Recife<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. Carta (2<sup>a</sup> via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750. </ref>. Cinco anos depois, recebeu a patente de sargento-mor de Artilharia das praças de Olinda e Recife<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755. </ref>.
 
Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, solicitando patente de tenente-coronel<ref name=":1">AHU_ACL_CU_015, Cx. 82, D. 6790. 1756, Outubro, 13, [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>. Em linhas gerais, o documento expos sua agenda de trabalho. O profissional achava-se “empregado no Real Serviço” a “quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias”, ocupando os postos de “soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia”, Capitão de Artilharia<ref>Chancelaria D. João V. Liv. 98. P. 317 v.</ref> e Sargento-Mor do Reino.  


O engenheiro fora enviado por "força do Real Serviço p.<sup>a</sup> a Capitania do Ryo Grande, para Comnandante da Ilha de Fernando de Noronha, para o Cabrobó, o Ryo. S. Francisco"<ref name=":1" />e para Capitania do Ceará. O engenheiro portugûes Diogo da Sylveira Veloso certificou, em 1741, que Jeronimo Mendes de Paz entrava e saía da “guarda com sua companhia no corpo da guarda principal”, visitando presídios na capitania do Rio Grande do Norte. Na ocasião, Sylveira Veloso informou que Mendes de Paz guarnecia a dita Fortaleza, "que dista desta praça [Pernambuco] sessenta e cinco Legoas”.<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 5021. 1743, fevereiro, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco.</ref> No ano 1742, foi a Lisboa tratar de "vários negócios".<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 4973. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos de Pernambuco.</ref> Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará como Intendente das Minas dos Cariris Novos<ref>Ver Studart, Barão. (1923, p. 296 – 297).</ref>.  
Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, D. Estevão de Meneses, que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco solicitando patente de tenente-coronel<ref name=":1">Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756. </ref>. Em linhas gerais, o documento expôs a agenda de trabalho de Jerónimo Mendes de Paz: achando-se “''empregado no Real Serviço''” há “''quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias''”, havia ocupado os postos de “''soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia''”, capitão de Artilharia<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.</ref> e sargento-mor do Reino.  


Em maio de 1756, Jerônimo Mendes de Paz apresentou ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento pontuou o pouco proveito das minas. O engenheiro afirmou que nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe<ref>O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.</ref>. Entre eles o Rio Salgado. Acrescentou que o ouro aparecia em “manchas”, pintando o solo. Contudo, em nenhuma das minas, o engenheiro encontrou “Lucro do q’ nas outras Minas Se Custuma chamar grandeza”.  Em alguns lugares o achado não pagava nem mesmo o serviço dos trabalhadores; noutros encontrou “mostras de alguã mayor ventagem”. Escreveu que deixou de examinar vários riachos por estarem sem água devido o “rigor do verão”. Muitos encontravam-se totalmente secos, impróprios para as “lavages”. Também se fazia insuperável a “falta de trabalhadores e pessoas”. Era impossível evitar os “descaminhos”, com os extensos “Lugares pellos q’ andão espalhados esses pocos trabalhadores”. Muitas vezes ocultavam-se “huns dos outros, afim de q’ so eles se [aproveitassem] de alguã mancha mais Rica”. Por fim, o engenheiro advertiu sobre a “repugnância q’ mostravão alguns Senhores de fazendas e de terras de q’ nelas Se descobrissem Minas”. As minas encontravam-se nos riachos, por entre os pastos da pecuária, comprometendo a atividade do criatório. Em síntese, concluiu que em decorrência das grandes distâncias, da resistência dos fazendeiros à atividade mineradora que ocupava os pastos da pecuária, do baixo rendimento do garimpo e da falta de trabalhadores, acreditava que as jazidas não promoveriam processo de urbanização na região<ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 81, D. 6727. 1756, maio, 15, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. </ref>.
Relativamente à actividade que desenvolveu, Jerônimo Mendes de Paz foi enviado por "''força do Real Serviço p.<sup>a</sup> a Capitania do Rio Grande, para Comandante da Ilha de Fernando de Noronha, para o Cabrobó, o Rio. S. Francisco''"<ref name=":1" />, bem como para a capitania do Ceará. O engenheiro português Diogo da Sylveira Veloso certificou, em 1741, que Jeronimo Mendes de Paz entrava e saía da “''guarda com sua companhia no corpo da guarda principal''”, visitando presídios na capitania do rio Grande do Norte. Na ocasião, Sylveira Veloso informou que Mendes de Paz guarnecia a dita Fortaleza, "''que dista desta praça'' [de Pernambuco] ''sessenta e cinco Léguas''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743.</ref>. No ano 1742, foi a Lisboa tratar de "''vários negócios''"<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742].</ref>.


Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em deligencia para Araroba, Pajau e Cabrabó [capitania de Pernambuco] e Rio São Francisco. No Rio São Francisco, teve como obrigação "reduzir Índios e criminosos a levantados, e formar as novas povoações em q’ deviam ficar por evitar o prejuízo". De acordo com o documento, tais índios viviam em "diminutas e dispersas malocas".<ref name=":1" />
Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará na qualidade de Intendente das Minas dos Cariris Novos<ref>Ver Studart, "Geografia do Ceará", 296-297.</ref>. Dessa incumbência resultou em maio de 1756, a redação e apresentação ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, de uma memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento, Jerónimo Mendes de Paz pontuou o pouco proveito das minas, informando que, nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe<ref>O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.</ref>; entre estes o rio Salgado. Acrescentou que o ouro aparecia em “''manchas''”, pintando o solo. Contudo, em nenhuma das minas, o engenheiro encontrou “''Lucro do q’ nas outras Minas Se Costuma chamar grandeza''”. Em alguns lugares, o achado não pagava nem mesmo o serviço dos trabalhadores; noutros encontrou “''mostras de alguma maior vantagem''”. Escreveu que deixou de examinar vários riachos por estarem sem água devido ao “''rigor do verão''”. Muitos encontravam-se totalmente secos, impróprios para as “''lavages''”. Também se fazia insuperável a “''falta de trabalhadores e pessoas''”, sendo impossível evitar os “''descaminhos''” devido aos extensos “''Lugares pelos q’ andam espalhados esses poucos trabalhadores''”. Muitas vezes ocultavam-se “''uns dos outros, afim de q’ so eles se'' [aproveitassem] ''de alguma mancha mais Rica''”. Por fim, o engenheiro advertia sobre a “''repugnância q’ mostravam alguns Senhores de fazendas e de terras de q’ nelas Se descobrissem Minas''”'','' uma vez que estas se encontravam nos riachos, por entre os pastos da pecuária, e comprometiam a atividade do criatório. Em síntese, concluiu que, em decorrência das grandes distâncias, da resistência dos fazendeiros à atividade mineradora, do baixo rendimento do garimpo e da falta de trabalhadores, as jazidas não promoveriam um processo de urbanização na região<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1<sup>a</sup> via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756. </ref>.


Jeronimo Mendes de Paz elaborou um ''Mappa do interior do Ceará'' <ref>Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart (1923).</ref>''.'' De acordo com Studart, o desenho esboçava a região das Minas; uma “área de 40 legoas de comprimento que tantas tinha o rio Salgado a contar das nascenças até a barra, e 40 de largura desde as nascenças do rio Kariu até o rio das Antas”<ref name=":0">Cf. Studart (1923, p. 348)</ref>. Mendes de Paz declarou ter elaborado o mapa “como lhe foy possível faltando-lhe aprefeyção Geográfica não só o tempo mas os instromentos e gente que soubesse ajudallo nas exactas medições”<ref name=":0" />.
Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em diligência para as localidades de Araroba, Pajau e Cabrabó, na capitania de Pernambuco, e para o rio São Francisco. Neste último, teve como obrigação "''reduzir Índios e criminosos a levantados, e formar as novas povoações em q’ deviam ficar por evitar o prejuízo''". De acordo com o documento, tais índios viviam em "''diminutas e dispersas malocas''"<ref name=":1" />.
===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->


==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
Jeronimo Mendes de Paz elaborou um ''Mappa do interior do Ceará''<ref>Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart, "Geografia do Ceará".</ref>, o qual, de acordo com o Barão de Studart, esboçava a região das Minas, numa “''área de 40 léguas de comprimento que tantas tinha o rio Salgado a contar das nascenças até a barra, e 40 de largura desde as nascenças do rio Kariu até o rio das Antas''”<ref name=":0">Studart, "Geografia do Ceará", 348.</ref>. Mendes de Paz declarou ter elaborado o mapa “''como lhe foi possível faltando-lhe a perfeição Geográfica não só o tempo mas os instrumentos e gente que soubesse ajudá-lo nas exactas medições''”<ref name=":0" />.


==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography-->
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography-->
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==Fontes==
==Fontes==
AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 4973. [ant. 1742, setembro, 20]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco REQUERIMENTO do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. joão V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742].
 
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743.  


AHU_ACL_CU_015, Cx. 79, D. 6618. 1755, agosto, 26 [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. DECRETO do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. Carta (2<sup>a</sup> via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750.


AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, D. 5962. 1750, agosto, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco CARTA (2<sup>a</sup> via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755.


AHU_ACL_CU_015, Cx. 82, D. 6790. 1756, Outubro, 13, [Lisboa]. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. AVISO do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1<sup>a</sup> via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756.  


AHU_ACL_CU_015, Cx. 58. D. 5021. 1743, fevereiro, 23, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. CARTA do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est.
Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756.


AHU_ACL_CU_015, Cx. 81, D. 6727. 1756, maio, 15, Recife. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Manuscrito Pernambuco. OFÍCIO (1<sup>a</sup> via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 307v..


Chancelaria D. João V. Liv. 98. P. 317 v. Arquivo Torre do Tombo. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.


==Bibliografia==
==Bibliografia==
JUCÁ NETO, Clovis Ramiro. ''Primórdios da Urbanização no Ceará''. Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil. Fortaleza - Ceará. 2012.
Jucá Neto, Clovis Ramiro. ''Primórdios da Urbanização no Ceará''. Fortaleza - Ceará, Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil, 2012.


FONSECA, Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana.  IN:  ''Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro''. Volume XLVII. Rio de Janeiro. Biblioteca Nacional. 1935.
Fonseca, Antonio José Victoriano Borges da. "Nobiliarchia Pernambucana". Em ''Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro'', Vol. 47. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935.


SEPULVEDA, Chistovam Ayres de Magalhães. ''História Organica e Política do Exército Português. Provas.'' Volume VII / VIII. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1913. 1919.
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. ''Historia organica e politica do Exercito Português.'' Vol. 7. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1913[https://purl.pt/24869/4/ .]


STUDART, Barão. Geografia do Ceará. In: ''Revista do Instituto do Ceará.'' ANNO XXXVII. 1923. PP. 296 – 297
Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. ''Historia organica e politica do Exercito Português.'' Vol. 8. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919[https://purl.pt/24869/4/ .]


STUDART, Guilherme (Dr.). ''Notas para a História do Ceará (Segunda metade do século XVIII).'' Typographia do Recreio. Lisboa. 1892. PP. 9 – 60.
Studart, Barão de. "Geografia do Ceará". ''Revista do Instituto do Ceará'' 37, (1923).


VITERBO, Sousa. ''Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Constructores Portuguezes ou a serviço de Portugal.'' Reprodução em fac-símile do exemplar com data de 1922 da Biblioteca da INCM. Volume I/II/III – S / Z. Imprensa. 1988.
Studart, Guilherme. ''Notas para a História do Ceará (Segunda metade do século XVIII).'' Lisboa: Typographia do Recreio, 1892.


VITERBO, Souza. ''Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil.'' Coordenação, aditamentos e introdução de Jorge Faro. 1 Vol. Edições Panorama. Lisboa. Portugal. 1962
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal.'' Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899[https://archive.org/details/diccionariohisto01vite .]
 
Viterbo, Francisco de Sousa. <i>Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>. Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904[https://archive.org/details/diccionariohisto02vite .]
 
Viterbo, Francisco de Sousa. <i>Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>. Vol. 3. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922[https://archive.org/details/diccionariohisto03vite .]
 
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil'', coordenação, aditamentos e introdução por Jorge Faro. Vol. 1. Lisboa: Edições Panorama, 1962.
==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->


Wikimedia Commons, "José Pinhão de Matos[[c:Category:José_Pinhão_de_Matos|".]]
==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
Clovis Ramiro Jucá Neto
Clovis Ramiro Jucá Neto
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==DOI==
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https://doi.org/10.34619/m0nn-nimq  


==Citar este artigo==
==Citar este artigo==


*{{FULLPAGENAME}} (última modificação: {{REVISIONDAY2}}/{{REVISIONMONTH}}/{{REVISIONYEAR}}). ''{{SITENAME}}''. Visitado em {{CURRENTDAY2}} de {{CURRENTMONTHNAME}} de {{CURRENTYEAR}}, em {{fullurl:{{FULLPAGENAME}}}}
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Jerónimo Mendes de Paz
Nome completo Jerónimo Mendes de Paz
Outras Grafias Jerônimo Mendes de Paz
Pai Francisco Mendes de Paz
Mãe B. Brites de Sobral
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Recife, Pernambuco, Brasil
Morte valor desconhecido
Recife, Pernambuco, Brasil
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Postos
Posto Capitão
Data Início: 1740
Fim: 1750
Arma Artilharia

Posto Tenente-General
Data Início: 1750
Fim: 1755
Arma Artilharia

Posto Sargento-mor
Data Início: 1755
Arma Artilharia
Cargos
Data Início: 1741
Fim: 1742

Cargo valor desconhecido
Data Início: 1752
Fim: 1760
Actividade
Actividade Autoria de texto
Data Início: maio de 1756
Fim: maio de 1756
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Campanha militar
Data Início: 20 de janeiro de 1760
Local de Actividade Pernambuco, Brasil

Actividade Desenho urbano
Data Início: 20 de janeiro de 1760
Local de Actividade Pernambuco, Brasil

Actividade Autoria de texto
Local de Actividade Ceará, Brasil


Biografia

Dados biográficos

Jerónimo Mendes de Paz[1] (neto) nasceu e morreu em Recife, capitania de Pernambuco, no Brasil, em datas desconhecidas. De acordo com Borges da Fonseca, em "Nobiliarquia Pernambucana" era filho de Francisco Mendes de Paz e B. Brites de Sobral[2]. Teve como avós paternos Isabel Peres de Almeida e Jerônimo Mendes de Paz (avô), de quem herdou o nome. Deste matrimônio nasceram oito filhos, dentre os quais, José Pinhão de Matos e Francisco Mendes de Paz, pai de Jerônimo Mendes de Paz (neto).

Carreira

Jerônimo Mendes de Paz desenvolveu carreira e atividade militar, tendo recebido carta patente de capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco[3] em 1740. Posteriormente, em 1750, por ocasião da morte do tenente coronel e engenheiro português Diogo da Silveira Veloso, o, então, governador da capitania de Pernambuco, Luís José Correia de Sá, enviou carta ao Rei, indicando Jerônimo Mendes de Paz para o posto de tenente general da Artilharia da Praça do Recife[4]. Cinco anos depois, recebeu a patente de sargento-mor de Artilharia das praças de Olinda e Recife[5].

Em 13 de outubro de 1756, o secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ordenou ao presidente do Conselho Ultramarino, marquês de Penalva, D. Estevão de Meneses, que analisasse o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco solicitando patente de tenente-coronel[6]. Em linhas gerais, o documento expôs a agenda de trabalho de Jerónimo Mendes de Paz: achando-se “empregado no Real Serviço” há “quarenta e cinco anos dois meses e vinte cinco dias”, havia ocupado os postos de “soldado, mestre Granadeiro, Ajudante das Fortificações e da Artilharia”, capitão de Artilharia[7] e sargento-mor do Reino.

Relativamente à actividade que desenvolveu, Jerônimo Mendes de Paz foi enviado por "força do Real Serviço p.a a Capitania do Rio Grande, para Comandante da Ilha de Fernando de Noronha, para o Cabrobó, o Rio. S. Francisco"[6], bem como para a capitania do Ceará. O engenheiro português Diogo da Sylveira Veloso certificou, em 1741, que Jeronimo Mendes de Paz entrava e saía da “guarda com sua companhia no corpo da guarda principal”, visitando presídios na capitania do rio Grande do Norte. Na ocasião, Sylveira Veloso informou que Mendes de Paz guarnecia a dita Fortaleza, "que dista desta praça [de Pernambuco] sessenta e cinco Léguas[8]. No ano 1742, foi a Lisboa tratar de "vários negócios"[9].

Em 1752, foi enviado à capitania do Ceará na qualidade de Intendente das Minas dos Cariris Novos[10]. Dessa incumbência resultou em maio de 1756, a redação e apresentação ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Furtado, de uma memória histórico-social e política das Minas dos Cariris Novos. No documento, Jerónimo Mendes de Paz pontuou o pouco proveito das minas, informando que, nos Cariris Novos, encontrava-se ouro nas áreas de pastos, em áreas molhadas dos riachos, que compunham as zonas de influência dos afluentes do Jaguaribe[11]; entre estes o rio Salgado. Acrescentou que o ouro aparecia em “manchas”, pintando o solo. Contudo, em nenhuma das minas, o engenheiro encontrou “Lucro do q’ nas outras Minas Se Costuma chamar grandeza”. Em alguns lugares, o achado não pagava nem mesmo o serviço dos trabalhadores; noutros encontrou “mostras de alguma maior vantagem”. Escreveu que deixou de examinar vários riachos por estarem sem água devido ao “rigor do verão”. Muitos encontravam-se totalmente secos, impróprios para as “lavages”. Também se fazia insuperável a “falta de trabalhadores e pessoas”, sendo impossível evitar os “descaminhos” devido aos extensos “Lugares pelos q’ andam espalhados esses poucos trabalhadores”. Muitas vezes ocultavam-se “uns dos outros, afim de q’ so eles se [aproveitassem] de alguma mancha mais Rica”. Por fim, o engenheiro advertia sobre a “repugnância q’ mostravam alguns Senhores de fazendas e de terras de q’ nelas Se descobrissem Minas, uma vez que estas se encontravam nos riachos, por entre os pastos da pecuária, e comprometiam a atividade do criatório. Em síntese, concluiu que, em decorrência das grandes distâncias, da resistência dos fazendeiros à atividade mineradora, do baixo rendimento do garimpo e da falta de trabalhadores, as jazidas não promoveriam um processo de urbanização na região[12].

Em 20 de janeiro de 1760, seguiu em diligência para as localidades de Araroba, Pajau e Cabrabó, na capitania de Pernambuco, e para o rio São Francisco. Neste último, teve como obrigação "reduzir Índios e criminosos a levantados, e formar as novas povoações em q’ deviam ficar por evitar o prejuízo". De acordo com o documento, tais índios viviam em "diminutas e dispersas malocas"[6].

Jeronimo Mendes de Paz elaborou um Mappa do interior do Ceará[13], o qual, de acordo com o Barão de Studart, esboçava a região das Minas, numa “área de 40 léguas de comprimento que tantas tinha o rio Salgado a contar das nascenças até a barra, e 40 de largura desde as nascenças do rio Kariu até o rio das Antas[14]. Mendes de Paz declarou ter elaborado o mapa “como lhe foi possível faltando-lhe a perfeição Geográfica não só o tempo mas os instrumentos e gente que soubesse ajudá-lo nas exactas medições[14].

Notas

  1. Não há qualquer referência sobre Jerónimo Mendes de Paz em Viterbo, Diccionario Historico e Documental dos Arquitectos; ou em Viterbo, Expedições Científicos-Militares enviadas ao Brasil. Tampouco encontramos menção à Mendes da Paz em Sepúlveda, Historia organica e politica do Exercito Português. Ver Studart, "Geografia do Ceará"; Studart, Notas para a História do Ceará, 9-60; e Jucá Neto, Primórdios da Urbanização no Ceará.
  2. Fonseca, "Nobiliarquica Pernambucana", 47:256-257.
  3. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742]. Ver também, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 307v..
  4. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. Carta (2a via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755.
  6. 6,0 6,1 6,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756.
  7. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.
  8. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743.
  9. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742].
  10. Ver Studart, "Geografia do Ceará", 296-297.
  11. O Rio Jaguaribe banha dois terços do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil.
  12. Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1a via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756.
  13. Mapa número 20 da coleção de Barão de Studart. Sobre a coleção ver Studart, "Geografia do Ceará".
  14. 14,0 14,1 Studart, "Geografia do Ceará", 348.

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 4973. Requerimento do capitão de Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes da Paz, ao rei [D. João V], pedindo licença para ir ao Reino. Anexo. 1 doc. [[ant. 20 de Setembro de 1742].

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 58. d. 5021. Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Henrique Luis Pereira Freire de Andrada, ao rei [D. João V], sobre petição do capitão de Artilharia da dita capitania, Jerônimo Mendes da Paz, pedindo o mesmo soldo dos demais capitães de Infantaria da Bahia e Rio de Janeiro. Anexos: 6 docs. Obs: m. est. Recife, 23 de fevereiro de 1743.

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 71, d. 5962. Carta (2a via) do [governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes Paz, para o posto de tenente-general da artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. Recife, 23 de agosto de 1750.

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 79, d. 6618. Decreto do rei D. José concedendo ao intendente das minas dos Cariris Novos Jerônimo Mendes da Paz, o posto de sargento-mor da Artilharia convencimento de soldo. [Lisboa], 26 de agosto de 1755.

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 81, d. 6727. Ofício (1a via) do [intendente das Minas de São José dos Cariris Novos], Jerônimo Mendes de Paz, ao [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Diogo de Mendonça Corte Real, relatando uma memória histórica-social-política das minas de São José dos Cariris Novos. Recife, 15 de maio de 1756.

Arquivo Histórico Ultramarino, Projeto Resgate, Documentos Manuscrito Pernambuco, ACL_CU_015, cx. 82, d. 6790. Aviso do [secretário de Estado da Marinha e Ultramar], Tomé Joaquim da Costa Corte Real, ao [presidente do Conselho Ultramarino], marquês de Penalva, [D. Estevão de Meneses], ordenando se consulte o requerimento do sargento-mor e comandante da Artilharia da capitania de Pernambuco, Jerônimo Mendes de Paz, em que pede a graduação da patente de tenente-coronel da mesma. Anexos: 3 docs. [Lisboa], 13 de outubro de 1756.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 307v..

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. João V, liv. 98, 317v.. Carta Patente de Capitão de Artilharia de Pernambuco. 6 de novembro de 1740.

Bibliografia

Jucá Neto, Clovis Ramiro. Primórdios da Urbanização no Ceará. Fortaleza - Ceará, Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil, 2012.

Fonseca, Antonio José Victoriano Borges da. "Nobiliarchia Pernambucana". Em Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Vol. 47. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935.

Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. Historia organica e politica do Exercito Português. Vol. 7. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1913.

Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. Historia organica e politica do Exercito Português. Vol. 8. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919.

Studart, Barão de. "Geografia do Ceará". Revista do Instituto do Ceará 37, (1923).

Studart, Guilherme. Notas para a História do Ceará (Segunda metade do século XVIII). Lisboa: Typographia do Recreio, 1892.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 3. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.

Viterbo, Francisco de Sousa. Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil, coordenação, aditamentos e introdução por Jorge Faro. Vol. 1. Lisboa: Edições Panorama, 1962.

Ligações Externas

Wikimedia Commons, "José Pinhão de Matos".

Autor(es) do artigo

Clovis Ramiro Jucá Neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design. Universidade Federal do Ceará - Brasil.

https://orcid.org/0000-0002-8424-1527

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/m0nn-nimq

Citar este artigo

Jucá Neto, Clovis Ramiro. "Jerónimo Mendes de Paz", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 26/07/2023). Consultado a 21 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jer%C3%B3nimo_Mendes_de_Paz. DOI: https://doi.org/10.34619/m0nn-nimq