Luís Gonçalves Sena: diferenças entre revisões

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Luís Gonçalves Sena, filho de Manoel Gonçalves e de António Gomes, nasce em Santarém em 1713, formando-se sob orientação de artista local:  
Luís Gonçalves Sena, filho de Manoel Gonçalves e de António Gomes, nasce em Santarém em 1713, formando-se sob orientação de artista local:  


<i>“(…) condescendem seus Pais, com estes ardentes, e naturaes desejos de seu filho, procurando-lhe hum mestre, se não perfeito na faculdade, ao menos o melhor, que na terra havia. Finalizado o abalizado tempo desta instrucçaõ, e recolhe-se ao domicilio paterno, com aquellas pequenas luzes, que hum Mestre ignorante he capaz de comunicar” </i><ref>Joaquim Duarte Benedicto. <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i> (Lisboa: Officina patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1791), 5.</ref>.  
<i>“</i>(…) <i>condescendem seus Pais, com estes ardentes, e naturais desejos de seu filho, procurando-lhe hum mestre, se não perfeito na faculdade, ao menos o melhor, que na terra havia. Finalizado o abalizado tempo desta instrucção, e recolhe-se ao domicilio paterno, com aquelas pequenas luzes, que hum Mestre ignorante é capaz de comunicar”</i><ref>Benedicto, <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i>, 5.</ref>.  


Não existindo referência inequívoca ao mestre de Sena, Serrão avançou com a possibilidade de [[Inácio Xavier]] (bolseiro de D. João V em Roma, discípulo de Benedetto Lutti e Paolo Mattei, celebrizado no regresso à vila pela obra de Santa Rita na Igreja de Graça)<ref>Victor Serrão. “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII (1978)”, <i>Estudos de pintura Maneirista e Barroca </i>(Lisboa: Editorial Caminho, 1989), 265. </ref>. Contudo, dos possíveis mestres apontados por Serrão, o seu percurso parece contraditório à ideia de ''hum Mestre ignorante'' referido por Benedicto no elogio fúnebre de Sena.
Não existindo referência inequívoca ao mestre de Sena, Serrão avançou com a possibilidade de Inácio Xavier - bolseiro de D. João V em Roma, discípulo de Benedetto Lutti e Paolo Mattei, celebrizado no regresso à vila pela obra de Santa Rita na Igreja de Graça<ref>Serrão, “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII", 265. </ref>. Contudo, dos possíveis mestres apontados por Serrão, o seu percurso parece contraditório à ideia de ''hum Mestre ignorante'' referido por Benedicto no elogio fúnebre de Sena.


===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
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Além da encomenda local, por particulares, irmandades e colégios da vila, são dirigidas ao pintor solicitações a partir de Lisboa, enquanto retratista nos conventos de Jesus e de S. Francisco em Xabregas, ou como quadraturista na reconstrução da igreja do [[Colégio Real dos Nobres]].
Além da encomenda local, por particulares, irmandades e colégios da vila, são dirigidas ao pintor solicitações a partir de Lisboa, enquanto retratista nos conventos de Jesus e de S. Francisco em Xabregas, ou como quadraturista na reconstrução da igreja do [[Colégio Real dos Nobres]].
   
   
A sua obra maior corresponde à pintura do intradorso da abóbada da capela-mor do Colégio Jesuíta de Santarém, na qual Sena expressa a suas capacidades no domínio da composição arquitetónica e destreza perspética, permitindo-lhe o elogio de: “(…) ''quem duvidará de ser este ingénuo Pintor hum grande Architecto, ou Perspectivo, vendo a Capella mór da magnifica Igreja'', (…) ''Aonde elle com a maior nobreza mostrou em perspectiva todos os poderes da Arte''”<ref>Joaquim Duarte Benedicto. <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i>, 11.</ref>.  
A sua obra maior corresponde à pintura do intradorso da abóbada da capela-mor do Colégio Jesuíta de Santarém, na qual Sena expressa a suas capacidades no domínio da composição arquitetónica e destreza perspética, permitindo-lhe o elogio de: “(…) ''quem duvidará de ser este ingénuo Pintor hum grande Arquiteto, ou Perspectivo, vendo a Capela mor da magnifica Igreja'', (…) ''Aonde ele com a maior nobreza mostrou em perspectiva todos os poderes da Arte''”<ref>Benedicto, <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i>, 11.</ref>.  


À sua obra Serrão (1978, 270) atribui-lhe ainda, por afinidades perspéticas e estilísticas com o teto do seminário de Santarém, o teto a fresco da capela-mor da igreja do Convento de Santo António (Gaeiras)<ref>Victor Serrão. Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII (1978), 270.</ref>.
À sua obra Serrão (1978, 270) atribui-lhe ainda, por afinidades perspéticas e estilísticas com o teto do seminário de Santarém, o teto a fresco da capela-mor da igreja do Convento de Santo António (Gaeiras)<ref>Serrão, "Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII", 270.</ref>.


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1742 – Pinta: painel do “Senhor do Pé de Escada”, igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.
1742 – Pinta: painel do “Senhor do Pé de Escada”, igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.  
1748 – Pinta o teto: sacristia da Misericórdia, Santarém.
 
c. 1750 – Pinta o teto: Subcoro do convento de S. Domingos dos Frades, Santarém (obra desaparecida).
1748 – Pinta o teto: sacristia da Misericórdia, Santarém.  
c. 1750 – Pinta o teto: capela-mor e nave da Igreja de S. Martinho, Santarém.
 
c.1750 – Pinta: tela “Almas do purgatório” em Capela do Convento de S. Francisco, Santarém (desaparecida),
c. 1750 – Pinta o teto: Subcoro do convento de S. Domingos dos Frades, Santarém (obra desaparecida).  
c.1750 – Pinta: tela “Última Ceia” para a Igreja de S. Martinho, Santarém (a obra que poderá, segundo Serrão 1984, 274, corresponder à tela na capela anexa à igreja do Hospital de Jesus Cristo  
 
1750 - Pinta o teto: nave da Igreja do Salvador, Santarém.
c. 1750 – Pinta o teto: capela-mor e nave da Igreja de S. Martinho, Santarém.  
1752 – Pinta: painel do “Repouso da Sagrada família no Egipto” e douramento das grades para a Capela de Nossa Senhora do Repouso da igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.
 
1754 – Pinta o teto: capela-mor da igreja do Colégio Jesuíta, Santarém, 1754.
c.1750 – Pinta: tela “Almas do purgatório” em Capela do Convento de S. Francisco, Santarém (desaparecida).
1755/59 - Pinta o teto: Casa do Noviciado de Nossa Senhora da Assunção da Cotovia (Real colégio dos Nobres), Lisboa (obra desaparecida).
 
1783 – Pinta: painel da bandeira da procissão da Indoenças (1783, s.l.);
c.1750 – Pinta: tela “Última Ceia” para a Igreja de S. Martinho, Santarém (a obra que poderá, segundo Serrão 1984, 274, corresponder à tela na capela anexa à igreja do Hospital de Jesus Cristo.
17-- - Pinta: série de quadros com iconografia dominicana para o coro do convento de S. Domingos, Santarém (desaparecidos)
 
1750 - Pinta o teto: nave da Igreja do Salvador, Santarém.  
 
1752 – Pinta: painel do “Repouso da Sagrada família no Egipto” e douramento das grades para a Capela de Nossa Senhora do Repouso da igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.  
 
1754 – Pinta o teto: capela-mor da igreja do Colégio Jesuíta, Santarém, 1754.  
 
1755/59 - Pinta o teto: Casa do Noviciado de Nossa Senhora da Assunção da Cotovia (Real colégio dos Nobres), Lisboa (obra desaparecida).  
 
1783 – Pinta: painel da bandeira da procissão da Indoenças, 1783, (s.l.).
 
17-- - Pinta: série de quadros com iconografia dominicana para o coro do convento de S. Domingos, Santarém (desaparecidos).
 
17-- - Pinta: sete telas com episódios da paixão de Cristo para a Sacristia da Igreja da Misericórdia, Santarém.  
17-- - Pinta: sete telas com episódios da paixão de Cristo para a Sacristia da Igreja da Misericórdia, Santarém.  


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Benedicto, Joaquim Duarte. <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i>. Lisboa: Officina patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1791.
Benedicto, Joaquim Duarte. <i>Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna</i>. Lisboa: Officina patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1791.


Taborda, José da Cunha. <i>[https://purl.pt/6251 Regras da arte da pintura]</i>. Lisboa: Impressão Régia, 1815.
Taborda, José da Cunha. <i>Regras da arte da pintura</i>. Lisboa: Impressão Régia, 1815[https://purl.pt/6251 .]


Raczynski, Atanazy. <i>[https://purl.pt/6391 Dictionnaire historico-artistique du Portugal] pour faire suite à lªouvrage ayant pour titre: Les arts en Portugal, lettres adressées à la Société artistique et scientifique de Berlin et accompagnées de documents / par Le Comte A. Raczynski</i>. Paris: Jules Renouard et Cie, Libraires-Éditeurs, 1847.
Raczynski, Atanazy. <i>Dictionnaire historico-artistique du Portugal pour faire suite à lªouvrage ayant pour titre: Les arts en Portugal, lettres adressées à la Société artistique et scientifique de Berlin et accompagnées de documents / par Le Comte A. Raczynski</i>. Paris: Jules Renouard et Cie, Libraires-Éditeurs, 1847[https://purl.pt/6391 .]


==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->


Almada, Carmen; Figueira, Luís Tovar. “Conservação e Restauro da Igreja do Seminário de Santarém”, <i> Monumentos </i>, vol. 4 (1996): 66-72.  
Carmen Almada e Luís Tovar Figueira, “Conservação e Restauro da Igreja do Seminário de Santarém.” <i>Monumentos </i>4, (1996): 66-72.  


Cabeleira, João. “Experiencing Architecture through Baroque Image: Gonçalves Sena, Painted Architecture as Architectural Space”, <i> The International Journal of the Image </i>, vol. 2 (2011): 119-213.  
João Cabeleira, “Experiencing Architecture through Baroque Image: Gonçalves Sena, Painted Architecture as Architectural Space.” <i>The International Journal of the Image</i> 2, (2011): 119-213.  


Cabeleira, João. “Arquitecturas Imaginárias. Espaço real e ilusório no Barroco português.” PhD thesis., Universidade do Minho, 2015.  
Cabeleira, João. “Arquitecturas Imaginárias. Espaço real e ilusório no Barroco português.” PhD thesis., Universidade do Minho, 2015.  


Cabeleira, João. “Deconstructing the imaginary space of a Quadratura”, <i> Nexus Network Journal, Architecture and Mathematics </i>, vol. 22, 2 (2019): 25-44.
João Cabeleira, “Deconstructing the imaginary space of a Quadratura.” <i>Nexus Network Journal, Architecture and Mathematics </i>22, 2 (2019): 25-44.  
 
Cabeleira, João. “Realidade e Ilusão. A dimensão arquitetónica na Quadratura de Gonçalves Sena”, in Neves, Eva Raquel; Ganhão, Joaquim (coord.), <i>Catedral e Museu Diocesano de Santarém. </i>Santarém: Museu Diocesano de Santarém, 2021, 26-43.
 
Mello, Magno. <i> A pintura de tectos em perspectiva no Portugal de D. João V </i>, Lisboa: Estampa, 1998.


Mello, Magno. <i>Os tectos pintados em Santarém durante a fase barroca </i>, Santarém: Câmara Municipal, 2001.
Cabeleira, João. “Realidade e Ilusão. A dimensão arquitetónica na Quadratura de Gonçalves Sena.” Em Neves, Eva Raquel e Ganhão, Joaquim (coord.) <i>Catedral e Museu Diocesano de Santarém</i>, 26-43<i>. </i>Santarém: Museu Diocesano de Santarém, 2021.


Mello, Magno. “O modelo pozziano na pintura de falsa arquitetura na obra do pintor-decorador Luís Gonçalves de Sena (1713-1790)”, in <i> Actas do IV Encontro de História da Arte – IFCH/UNICAMP </i>, Campinas: Unicamp, 2008, 388-407.  
Mello, Magno. <i>A pintura de tectos em perspectiva no Portugal de D. João V. </i>Lisboa: Estampa, 1998.


Serrão, Victor. “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII (1978)”, in <i> Estudos de pintura Maneirista e Barroca </i>, Lisboa: Editorial Caminho, 1989, 263-270.
Mello, Magno. <i>Os tectos pintados em Santarém durante a fase barroca. </i>Santarém: Câmara Municipal, 2001.


Serrão, Victor. “Os tectos pintados da Igreja do Antigo Colégio Jesuítico de Santarém e os seus autores”, <i> Monumentos </i>, vol. 4 (1996): 73.  
Mello, Magno. “O modelo pozziano na pintura de falsa arquitetura na obra do pintor-decorador Luís Gonçalves de Sena (1713-1790).” Em<i> Actas do IV Encontro de História da Arte – IFCH/UNICAMP</i>, 388-407. Campinas: Unicamp, 2008.  


Serrão, Victor. “O tecto da Igreja do Seminário de Santarém e os seus presumíveis autores (1975)”, in <i> Estudos de pintura Maneirista e Barroca </i>, Lisboa: Editorial Caminho, 1989, 253-261.
Serrão, Victor. “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII (1978).Em <i>Estudos de pintura Maneirista e Barroca</i>, 263-270. Lisboa: Editorial Caminho, 1989.
==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->


<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
Victor Serrão, “Os tectos pintados da Igreja do Antigo Colégio Jesuítico de Santarém e os seus autores.”<i> Monumentos </i>4, (1996): 73.


Serrão, Victor. “O tecto da Igreja do Seminário de Santarém e os seus presumíveis autores (1975).” Em<i> Estudos de pintura Maneirista e Barroca, </i>253-261. Lisboa: Editorial Caminho, 1989.
==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==



Revisão das 11h47min de 16 de maio de 2023


Luís Gonçalves Sena
Nome completo Luís Gonçalves Sena
Outras Grafias valor desconhecido
Pai Manoel Gonçalves
Mãe Antónia Gomes
Cônjuge Feliciana Rosa
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1713
Santarém, Santarém, Portugal
Morte 1790
Santarém, Santarém, Portugal
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Formação
Formação Instrução básica
Local de Formação Santarém, Santarém, Portugal


Biografia

Dados biográficos

Luís Gonçalves Sena, filho de Manoel Gonçalves e de António Gomes, nasce em Santarém em 1713, formando-se sob orientação de artista local:

(…) condescendem seus Pais, com estes ardentes, e naturais desejos de seu filho, procurando-lhe hum mestre, se não perfeito na faculdade, ao menos o melhor, que na terra havia. Finalizado o abalizado tempo desta instrucção, e recolhe-se ao domicilio paterno, com aquelas pequenas luzes, que hum Mestre ignorante é capaz de comunicar”[1].

Não existindo referência inequívoca ao mestre de Sena, Serrão avançou com a possibilidade de Inácio Xavier - bolseiro de D. João V em Roma, discípulo de Benedetto Lutti e Paolo Mattei, celebrizado no regresso à vila pela obra de Santa Rita na Igreja de Graça[2]. Contudo, dos possíveis mestres apontados por Serrão, o seu percurso parece contraditório à ideia de hum Mestre ignorante referido por Benedicto no elogio fúnebre de Sena.

Carreira

Orientado por um espírito autodidata, Luís Gonçalves de Sena recorre à tratadística coeva tratando, reunindo em seu redor as obras que o informam na arte da pintura. É certo o acesso de Sena ao tratado de Andrea Pozzo, por via tradução produzida localmente e atribuída a Inácio Piedade Vasconcelos, bem como ao modelo iconográfico de Cesare Ripa, o qual orientou o mesmo Inácio Piedade Vasconcelos na redação dos seus Artefactos Simmetriacos, e Geometricos (1733).

Além da encomenda local, por particulares, irmandades e colégios da vila, são dirigidas ao pintor solicitações a partir de Lisboa, enquanto retratista nos conventos de Jesus e de S. Francisco em Xabregas, ou como quadraturista na reconstrução da igreja do Colégio Real dos Nobres.

A sua obra maior corresponde à pintura do intradorso da abóbada da capela-mor do Colégio Jesuíta de Santarém, na qual Sena expressa a suas capacidades no domínio da composição arquitetónica e destreza perspética, permitindo-lhe o elogio de: “(…) quem duvidará de ser este ingénuo Pintor hum grande Arquiteto, ou Perspectivo, vendo a Capela mor da magnifica Igreja, (…) Aonde ele com a maior nobreza mostrou em perspectiva todos os poderes da Arte[3].

À sua obra Serrão (1978, 270) atribui-lhe ainda, por afinidades perspéticas e estilísticas com o teto do seminário de Santarém, o teto a fresco da capela-mor da igreja do Convento de Santo António (Gaeiras)[4].

Outras informações

Obras

1742 – Pinta: painel do “Senhor do Pé de Escada”, igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.

1748 – Pinta o teto: sacristia da Misericórdia, Santarém.

c. 1750 – Pinta o teto: Subcoro do convento de S. Domingos dos Frades, Santarém (obra desaparecida).

c. 1750 – Pinta o teto: capela-mor e nave da Igreja de S. Martinho, Santarém.

c.1750 – Pinta: tela “Almas do purgatório” em Capela do Convento de S. Francisco, Santarém (desaparecida).

c.1750 – Pinta: tela “Última Ceia” para a Igreja de S. Martinho, Santarém (a obra que poderá, segundo Serrão 1984, 274, corresponder à tela na capela anexa à igreja do Hospital de Jesus Cristo.

1750 - Pinta o teto: nave da Igreja do Salvador, Santarém.

1752 – Pinta: painel do “Repouso da Sagrada família no Egipto” e douramento das grades para a Capela de Nossa Senhora do Repouso da igreja do Hospital de Jesus Cristo, Santarém.

1754 – Pinta o teto: capela-mor da igreja do Colégio Jesuíta, Santarém, 1754.

1755/59 - Pinta o teto: Casa do Noviciado de Nossa Senhora da Assunção da Cotovia (Real colégio dos Nobres), Lisboa (obra desaparecida).

1783 – Pinta: painel da bandeira da procissão da Indoenças, 1783, (s.l.).

17-- - Pinta: série de quadros com iconografia dominicana para o coro do convento de S. Domingos, Santarém (desaparecidos).

17-- - Pinta: sete telas com episódios da paixão de Cristo para a Sacristia da Igreja da Misericórdia, Santarém.

Notas

  1. Benedicto, Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna, 5.
  2. Serrão, “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII", 265.
  3. Benedicto, Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna, 11.
  4. Serrão, "Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII", 270.

Fontes

Benedicto, Joaquim Duarte. Elogio do grande apelles portuguez, Luiz Gonçalves de Senna. Lisboa: Officina patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1791.

Taborda, José da Cunha. Regras da arte da pintura. Lisboa: Impressão Régia, 1815.

Raczynski, Atanazy. Dictionnaire historico-artistique du Portugal pour faire suite à lªouvrage ayant pour titre: Les arts en Portugal, lettres adressées à la Société artistique et scientifique de Berlin et accompagnées de documents / par Le Comte A. Raczynski. Paris: Jules Renouard et Cie, Libraires-Éditeurs, 1847.

Bibliografia

Carmen Almada e Luís Tovar Figueira, “Conservação e Restauro da Igreja do Seminário de Santarém.” Monumentos 4, (1996): 66-72.

João Cabeleira, “Experiencing Architecture through Baroque Image: Gonçalves Sena, Painted Architecture as Architectural Space.” The International Journal of the Image 2, (2011): 119-213.

Cabeleira, João. “Arquitecturas Imaginárias. Espaço real e ilusório no Barroco português.” PhD thesis., Universidade do Minho, 2015.

João Cabeleira, “Deconstructing the imaginary space of a Quadratura.” Nexus Network Journal, Architecture and Mathematics 22, 2 (2019): 25-44.

Cabeleira, João. “Realidade e Ilusão. A dimensão arquitetónica na Quadratura de Gonçalves Sena.” Em Neves, Eva Raquel e Ganhão, Joaquim (coord.) Catedral e Museu Diocesano de Santarém, 26-43. Santarém: Museu Diocesano de Santarém, 2021.

Mello, Magno. A pintura de tectos em perspectiva no Portugal de D. João V. Lisboa: Estampa, 1998.

Mello, Magno. Os tectos pintados em Santarém durante a fase barroca. Santarém: Câmara Municipal, 2001.

Mello, Magno. “O modelo pozziano na pintura de falsa arquitetura na obra do pintor-decorador Luís Gonçalves de Sena (1713-1790).” Em Actas do IV Encontro de História da Arte – IFCH/UNICAMP, 388-407. Campinas: Unicamp, 2008.

Serrão, Victor. “Luís Gonçalves da Sena, pintor de Santarém no século XVIII (1978).” Em Estudos de pintura Maneirista e Barroca, 263-270. Lisboa: Editorial Caminho, 1989.

Victor Serrão, “Os tectos pintados da Igreja do Antigo Colégio Jesuítico de Santarém e os seus autores.” Monumentos 4, (1996): 73.

Serrão, Victor. “O tecto da Igreja do Seminário de Santarém e os seus presumíveis autores (1975).” Em Estudos de pintura Maneirista e Barroca, 253-261. Lisboa: Editorial Caminho, 1989.

Autor(es) do artigo

João Cabeleira

Lab2PT - Universidade do Minho

http://orcid.org/0000-0002-6800-8557

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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