Beca

Fonte: eViterbo
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Definição

Insígnia de colegiais e "porcionistas". É uma espécie de estola que trazem no ombro sobre a opa. A beca dos colegiais não tem mangas, a dos desembargadores tem umas mangas curtas e é sempre de cor negra. Antigamente, em Hespanha, a beca era vestidura de clérigos, constituídos em dignidade e em pinturas e tapeçarias antigas se vê que a beca era ornamento de pessoas nobres e ilustres.

Algumas vezes beca se toma pela pessoa do mesmo ministro que a traz, como quando se diz: hoje deu el-rei audiência a muitos Becas. Outras se toma pela mesma dignidade: deu el-rei a beca a fulano, etc.

A beca dos desembargadores se chama mais particularmente Garnacha. El-rei D. Filipe II, depois de passado da cidade do Porto à petição das cortes de Tomar, ano de 1583, ordenou que os desembargadores trouxessem as becas que hoje usam. Nobiliarch. Portugu. p. 140. Beca de Desembargador. Vestis forenses. Vid. Garnacha.

Também há becas de confrarias.

Vestidos nos paramentos sagrados e nas becas das confrarias. Castrioto Lusit. pag. 41[1].

Capa que se aperta no pescoço e vai quais aos pés; vestimenta de magistrado ou toga; veste, túnica preta apertada com um cinto, usada pelos magistrados judiciais. (Cf. Portas Adentro).

Originalmente correspondia a uma tira de pano longa e estreita; posteriormente, torna-se uma insígnia que magistrados e médicos punham sobre o ombro, chegando mesmo a designar o fato dos magistrados.[2]

Referências documentais

"No Auto da Barca do Inferno, e mais especificamente na edição de Madrid, a beca (...) está associada a um magistrado, o Procurador."[2].

"(...) o Judeu da Barca do Inferno injuria o Diabo, dizendo: Par el Deu que te sacuda / coa beca nos focinhos!"[2].

Outras informações

Notas

  1. Bluteau, Vocabulário Português e Latino, letra B: 82.
  2. 2,0 2,1 2,2 Palla, Do essencial e do Supérfluo, 49 - 50.

Fontes

Bibliografia

Bluteau, Rafael. Vocabulário Português e Latino… Vol. 2. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.

Palla, Maria José. Do essencial e do Supérfluo. Estudo lexical do traje e adornos em Gil Vicente. Lisboa: Editorial Estampa, 1992.

Ligações Externas

Glossário Portas Adentro, ICS-uMinho

Autor(es) do artigo

  • André Filipe Neto e Maria Teresa Oliveira (bolseiros de iniciação à investigação)

Projeto eViterbo, CHAM - Centro de Humanidades NOVA FCSH, 2017-18;

  • Andreia Fontenete Louro (bolseira de iniciação à investigação)

Projeto DRESS, 2019;

  • Inês Amaral Canhão (bolseira de iniciação à investigação)

Projeto Verão com Ciência, 2022;

Financiamento

VESTE _ Vestir a corte: traje, género e identidade(s), Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito da Norma Transitória - DL 57/2016/CP1453/CT0069.

DRESS _ Desenhar a moda das fontes quinhentistas, Fundação Calouste Gulbenkian, Projetos de Investigação em Língua e Cultura Portuguesa 2018, Ref.: 227751.

Verão com Ciência FCT, 2022.

DOI

Citar este artigo

  • Beca (última modificação: 29/08/2022). eViterbo. Visitado em