Diamante

Fonte: eViterbo
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A mais dura, a mais brilhante e de ordinário a mais estimada das pedras preciosas. Os árabes e mouros lhe chamam Almaz; os gentios de Bisnaga e Decan, Irá, os malaios Itam e os gregos lhe chamaram Adamas que quer dizer indómito ou indomável, por imaginarem que nem o ferro nem o fogo o podiam domar. Porém se é verdade (como alguns afirmam) que resiste ao fogo mais violento é certo que não resiste ao ferro e que com um martelo qualquer ourives quebrará quantos lhe quiserem pagar. Também é certo que não se abranda com sangue quente de bode, nem tira a virtude à pedra de cevar e no colóquio 43 afirma Garcia da Orta, contra o que escrevem autores graves, que os seus pós não são peçonha nem matam, picando os intestinos. Três coisas dão ao diamante estimação, o seu lustre, a sua grandeza e peso e a sua dureza. Enquanto à sua dureza já está dito até onde chega. O seu lustre não se manifesta senão depois de lavrado e facetado, posto ao sol lança tantos raios quantas são as facetas e todos de diferentes cores, a sua grandeza e peso lhe dão o valor, o peso se julga por quilates e cada quilate pesa quatro grãos. Os diamantes dos três principais lavores são três. Diamante de Chapa, ou tabla, diamante rosa e diamante fundo. Diamante chapa é aquele que lavrado chato tem cinco faces pela banda principal. Diamante rosa é aquele cujo lavor com a multidão das faces ou facetas arremeda as muitas folhas da flor de que tomou o nome. Diamante fundo é lavrado de ambas as bandas de sorte que tanto tem de vista pela parte inferior como pela superior e por isso se chama fundo. Também variam os nomes dos diamantes conforme o preço deles. Diamantes a que chamam fazenda são os minados e grossos de qualquer lavor que sejam, sendo cristalinos; vale a quinze mil reis o quilate em qualquer parte do mundo. Os diamantes a que chamam benefício tem o lugar do meio entre o bom e mau entre fazenda e refugo, que valem a dez ou onze mil reis conforme se tiram para pior ou melhor, são de um preto amarelo ou se são brancos são pouco brilhantes. Os diamantes a que chamam refugo valem a cinco, ou seis mil reis o quilate, conforme a cor, mais branca ou negra. Para conhecer a realidade do diamante é necessário prová-lo com lima, mas brandamente para que não estale, se a lima entrar ou fizer qualquer mossa na pedra não é diamante. Escreve Tavernier que o famoso diamante do Grão Mogol pesa 279 quilates e vale 11723278 libras francesas, 14 soldos e nove dinheiros (cada libra de França a faz 20 soldos da mesma moeda que são 200 réis da nossa). O célebre diamante do Grão-duque da Toscana é de 139 quilates e vale 2608335 libras da mesma moeda de França. A terra que produz diamantes é arenosa, nascem em minas ou em rios. Nas minas ou rocas há veias da largura de um deod, donde os mineiros tiram com um ferro a modo de gancho as arcas e com elas os diamantes. Diz Garcia da orta que em duas partes da Índia se acham estas minas em Bisnagá e no Decan na terra de um senhor gentio perto do Estado do Madre Moluco. Em Bisnagá há duas ou três rocas ou minas deles e no Decan uma que chamam a roca velha, cujos diamantes são melhores, posto que não tão grandes como os de bisnagá. Os rios de onde nascem são Govel no reino de Bengala e outros na ilha de Bornéu. Nestes últimos fala João de Barros na 4ª Década, p. 380, onde diz "Na Ilha de Borneo nacem pelas prayas do mar junto da Cidade de Tanjapura, Diamantes mais finos & demayor valia que os da India. A mina dos Diamantes foi achada casualmente por hum pastor, que dando com o pé em huma pedra, & vendo, que luzia, teve curiosidade de alevantar, & sem saber o que era, a vendeo por hum pouco de arroz. Amadas, antis. Masc. Virgil.

Diamante bruto - Ainda não lavrado nem polido. Escreve Roberto de Berquen que antigamento os diamantes se traziam brutos e que no ano de 1476 seu avô, Luís de Berquen, achara o modo de os lavrar e polir com pós de diamantes. Scaber ou asper ou impolitus adamas.

Diamante facetado ou com facetas. Vid. Faceta.

Fragmentos de diamante quando se lavra Crustae, arum. Fem. plur. Plin. lib. 37 cap. 4 Adamas (diz este autor) In tam parvas frangitur crustas, ut vix cerni possint.

De diamante Adamantinus, a, um. Horat. Adamantaeus, a, um. Ovid.[1].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo III: Letra D-EYC), 206-207.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo III: Letra D-EYC. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1713.