Escudo

Fonte: eViterbo
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Arma defensiva com que os antigos cobriam o corpo e aparavam os golpes do inimigo. Clypeus, i. Masc. Cic. parma, ae. Fem. Tit. Liv. Scutum, i. Neut. Cic. Propriamente falando, estas três palavras significam três géneros de escudos, de que usavam os antigos. Clypeus era um broquel redondo e de ordinário de cobre, usava dele a gente de pé. Parma era um broquel também redondo mas mais pequeno e de couro muito forte. Scutum era um escudo de pau, mais comprido que largo. Porém (como advertiu Aldo Manucio, o moço) Scutum se diz de todos os géneros de broqueis e escudos.Clypeus é mais usado dos autores do que Scutum e Parma. Tito Lívio em dois lugares diz Clupea no plural, do género neutro. Serviu sobre o verso 708 do livro 9 das Eneidas, Dat tellus gemitum et clypeum super intonat ingens entende que Ingens é epíteto de Clypeum e que neste lugar é do género neutro. Vossio tem a mesma opinião, mas o P. Lacerda, sobre o mesmo verso tem para si que Ingens está no nominativo, e que se refere ao gigante Bicias. Clypeus no género masculino é mais usado e mais certo.

Escudo de que usavam as Amazonas e depois delas os persas, como também os da ilha de Creta (a que hoje chamam Candia) que tinha figura de uma folha de hera, conforme Xenofonte, ou de uma folha de figueira da Índia, conforme Plínio o Historiador, ou de uma maia lua, conforme Vergílio. Peta, ae. Fem.

Escudo de que usavam os antigos espanhóis e os africanos, semelhante na figura ao das Amazonas (como mostra Aldo Manucio com dois lugaresd de Tito Lívio). Cetra, ae. Fem.

Armado de escudo 'Scutatus, a, um. Cic. parmatus, a, um. Tit. Liv. Clypeatus, a, um. Plaut. Virgil. Peltatus, a, um e peltastes, ae. Masc. Cetratus, a, um. Tit. Liv.

Copoda do escudo no meio dele por fora. Umbo, onis. Masc. Tit. Liv.

Oficial qeu faz escudos. Clypeorum artifex ou saber. Masc. Scutavius, ii. Masc. Plaut.

Escudo pequeno. Scutulum, i. Neut. Cic. Parmula, ae. Fem. Horat. parvus clypeus.

Escudo de armas. Teve princípio de que os soldados traziam pintadas nos escudos suas empresas e façanhas e com o tempo os escudos chegaram a ser o campo das insígnias e divisas de nobreza. Antigamente se traziam os escudos deitados ou inclinados, mas começaram a pô-los direitos quando em cima deles puseram coroas. Antigamente, os escudos dos franceses eram triangulares, os dos espanhóis sempre foram redondos por baixo e os dos italianos quase sempre ovados. Hoje, no nosso uso do brasão, há três formas de escudo. O escudo comum, do qual usam os príncipes, títulos e todas as pessoas leigas, o escudo oval que usam somente os eclesiásticos, e o escudo em lisonja, do qual usam as infantas de Portugal, antes de casar. É a lisonja uma figura de quatro ângulos, forma-se com um ângulo para cima, outro para baixo, e partida em pala de ângulo a ângulo, fica composta para os lados de dois triângulos, no da parte esquerda se põem as armas do Reino, ajustadas à forma do campo, o da parte direita fica em branco, mostrando que a infanta está aparelhada para receber as armas do marido. Ao escudo se dão vários epítetos, segundo as suas diferentes divisões; v.g. Escudo enxaquetado, ou jaquelado, ou empequetado; escudo partido em pala, em faxa, em aspa; escudo esquartelado, franchado, etc. Scutum gentilicum ou Scutum gentilitia praeserens insignia. Escudos em que se conserva a memória dos princípios da nobreza. Corte na Aldeia, 309.

Escudo de enxerto. Bocado de casca de árvore com que se enxerta. Emplastrum, i. Neut. Vid. Enxertar.

(...)

Escudos em Castela se chamam os dobrões de dois pesos somente. Vid. pesos de Castela e pesos de escudos.

Escudo também é o nome de uma moeda de ouro que el-rei D. Duarte mandou bater. 54 escudos faziam um marco de prata. Na Crónica del-rei D. Afonso V, cap. 138, se diz que as nações estrangeiras tomavam mal estes escudos pela muita liga com que eram lavrados.

(...)[1].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo III: E), 233-234.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo III: Letra D-EYC. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1713.