Galilé

Fonte: eViterbo
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(Termo dos antigos mosteiros da Ordem de S. Bento em Portugal). Nos mosteiros mais graves da dita ordem, havia de fronte da porta principal da igreja um sítio com suas paredes e arcos levantados em que os defuntos nobres se enterravam. A este sítio (a que hoje respondem os alpendres das igrejas ordinárias) chamavam galilé ou galileia. E a razão da imposição deste nome dá o abade Ruperto dizendo que todos os Domingos se fazia procissão pela claustra, descansando em cada lanço dela por um breve espaço em memória da Ressurreição de Cristo, e das vezes que apareceu ressuscitado a seus discípulos, consolando-os com uma breve vista sua. E assim como a última vez que lhe apareceu antes do dia da sua gloriosa Ascensão foi no monte de Galileia, onde lhes mandou que fossem pregar o Evangelho pelo mundo todo, e baptizar os que cressem, cumprindo nisto o que lhe tinha prometido, Postquam resurrexero praecedam vos in Galilaeam assim a última parte, em que a dita procissão descansava e fazia pausa, era aquele lugar que estava defronte da porta da igreja e por este respeito se chamava galilé. Na quinta parte da Mon. Lusit. fol. 156, col. 4, diz seu autor que esta palavra galilé foi introduzida desde a primitiva igreja para se protestar o mistério da Ressurreição, porquanto Galileia quer dizer Transmigração, que vale tanto como dizer passagem de um lugar a outro ou transmutação de um a outro estado, do estado passível e mortal ao estado glorioso, e impassível e que assim com o próprio nome da sepultura, em que os cristãos se depositavam mortos, testemunhavam a esperança que tinham de se melhorarem gloriosos. Na galilé de S. Tirso achamos enterrada grande parte da nobreza antiga de Portugal. Benedictina Lusit. Tom. 2, fol. 44, col. I. Defronte desta porta estava uma galilé de três naves, toda de abóbada, etc. Corograph. Portug. Tom. I, 125. Ouço dizer que em outras partes do Minho lhe chamam cabido[1].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo IV: G), 18.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo IV: Letra F-J. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1713.