Prata

Metal branco, muito compacto e abaixo do ouro o mais nobre, o mais pesado e o mais precioso dos metais. Pesa menos que o ouro porque é mais porosa, porque composta de uma matéria menos digesta, que é a razão porque mais facilmente se exala, de onde nasce que a prata fundida, na qual se misturou enxofre, tem alguma quebra e com o mesmo enxofre se queima. A prata a que chamam imperfeita é a que não chega à sua maior fineza, por ter em si liga de cobre e às vezes de latão que a faz declinar de sua perfeição natural. A prata perfeita é a que é pura, sem mescla alguma de metal estranho. Na sua mina as veias da prata se conhecem por um barro ora ruivo e ora cinzenta; dizem alguns que no dito barro se enxergam uns fiozinhos ou cabelinhos de prata. O que no ouro se chama quilate, na prata se chama dinheiro. E assim uma onça de prata muito fina tem 24 dinheiros ou 24 escrúpulos, que fazem 24 vezes 24 grãos. Esta onça de prata, quando se examina, não houvera de quebrar, mas chegando a quebrar um escrúpulo na copela, então tem a prata só 23 dinheiros e quebrando dois escrúpulos tem só 22 dinheiros; porém assim como se diz ouro de 24 quilates, não se diz prata de 24, mas de 12 dinheiros, é a mais fina e assim, segundo os graus de fineza, se diz que a prata tem mais ou menos dinheiros, v.g. prata que tem 11 dinheiros e meio, ou prata que tem onze dinheiros, em cada dinheiro se contam 24 grãos de prata por burilada, por toque e ensaio. Prata fina e falsa entre em todo o género de tecidos de seda em fitas, galões, franjas, passamanes, rendas, canotilho, etc. Há prata em barras para lavrar em conchinhas para iluminar em folhas para pratear em fio para engrazar, etc. Prata, argentum, i. Neut. Cic..

Bibliografia e Fontes

• Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo VI: Letra O-P. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1716.