Real

Fonte: eViterbo
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Moeda baixa que em Portugal foi batida em diferentes tempos, composta de diferentes metais e teve diferentes preços. Chama-se real por ter as armas reais, já em muitos deles a gastou o tempo; ou chamam-lhe reais porque ainda que de pouco valor e de baixo metal como são os de cobre, tem autoridade real para correr. El-rei D. Duarte mandou lavrar os reais brancos, eram de cobre com liga de estanho ou outro metal que os fazia mais brancos do que são os nosso reais de cobre, e por isso se chamaram brancos. Depois houve segundos, terceiros e quartos reais brancos, cada vez em menor peso, mas sempre na valia primeira dos del-Rei D. Duarte, até que no ano de 1472 se lhe baixou o preço a todos, respectivamente ao peso que tinham, como se colhe da Ordenação Velha, liv. 4, tit. 5, § 16. Mandou este mesmo rei bater uns reais pretos, dez dos quais valiam um real branco, porque neles não havia mistura de estanho, e há opinião que de reais pretos houve outras tantas diferenças como de reais brancos. Antes dos reais de cobre, houve em Portugal reais de prata. Real de prata, de lei de nove dinheiros, de que 72 faziam um marco, mandou lavrar el-rei D. João I, sendo ainda defensor do reino, e depois mandou lavrar outros de lei de seis dinheiros e finalmente outros de cinco, ficando sempre na mesma valia dos primeiros (..). El-rei D. João III fez os reais de prata portugueses a que vulgarmente chamamos moedas de dois vinténs, têm de uma parte uma coroa com o seu nome nesta cifra, Jo. III e por baixo xxxx que é a nota de 40 réis que valem, e à roda destas letras Rex Port. Alg. e da outra uma cruz de S. Jorge com as letras In hoc signo vinces. Real, moeda de cobre hoje corrente entre nós, e que val seis seitis. El-rei D. João II parece que foi o primeiro que os lavrou, por tirar embaraço e miudeza dos reais pretos. Lavrou-os assim mesmo el-rei D. Manuel e seu filho e sucessor el-rei D. João III, tem de uma face um R com uma coroa por cima, e da outra um escudo das armas do reino com estas letras: Eman. Rex Port. Alg. Dns Guin. Também é moeda de Portugal meio real e real e meio. Fez el-rei D. João II meios reais de prata de lei de onze dinheiros, a que depois chamaram vinténs, por valerem vinte réis. El-rei D. Sebastão mandou lavrar os meios reais de cobre, os quais têm um R. de uma parte com uma coroa em cima e da outra estas letras Sebastianus. Outros meios reais têm de uma parte um S. grande debaixo de uma coroa e da outra estas letras, R. Sebastianus I. Real e meio, moeda de cobre, lavrou el-rei D. João III, tem de uma parte um V que significa o preço que de princípio se lhe deu que são cinco réis, que este número vale na conta latina a letra V. El-rei D. Sebastião mandou que não valesse mais que nove seitis, que é real e meio, daqui tomou o nome[1].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo VII: R), 129-130.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo VII: Letra Q-S. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1716-1728.