Rei de Armas

Fonte: eViterbo
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É o primeiro dos três oficiais de armaria e, em certo modo, responde ao que os antigos romanos chamavam fecialis ou caduceator e os gregos eirinophylax que vale o mesmo que conservador da paz. Dizem que o imperador Carlos Magno fora o primeiro que instituíra os reis de armas, na Alemanha, e sucessivamente foram instituídos em vários reinos da Europa com muitos privilégios e prerrogativas de sua dignidade e ofício, que consistia em reconhecer a linhagem, nobreza e honra dos vassalos e as insígnias e armas dos príncipes. Como os reis de armas eram obrigados a saber as acções ilustres e baixas de todos os homens de conta, logravam no norte, e particularmente em França, tantas isenções e privilégios que não estavam menos seguros em tempo de guerra que em tempo de paz. Os príncipes, como discípulos seus, estavam sujeitos à sua censura forte, que publicamente eram repreendidos por eles quando faziam coisa alheia e indigna da sua nobreza e por isso como censores de reis foram chamados reis de armas.

Em Portugal, pelo que se argue da Crónica del-rei D. João I escrita por Fernão Lopes, part. 2, cap. 39, não houve este ofício até ao tempo da batalha de Aljubarrota, no dia da dita batalha, vendo el-rei D. João I as bandeiras dos aventureiros cheias de várias armas e insígnias, que a muitos não competiam para remediar esta desordem, muito prejudicial à nobreza do seu reino, vendo-se em pacífico posse dos seus Estados, movido do exemplo dos reis de Inglaterra, com quem estava aparentado introduziu em Portugal o ofício dos reis de armas, e porque este ofício ainda não estava em sua perfeição, el-rei D. Manuel mandou António Rodrigues, seu rei de armas, às cortes de vários príncipes da Cristandade, a tomar informações do método que se usava na distinção e conservação dos brasões da nobreza e armas da família. Nos reinos de Portugal há três reis de armas: rei de armas Portugal, rei de Armas Algarve e rei de armas Índia. Segundo o regimento del-rei D. Manuel, as principais obrigações do reid e armas são escrever num livro as famíias nobres e fidalgas da sua província, apontando os casamentos e filhos que deles procedem explicar e declarar as coisas concernetes às armas de cada família, pôr em lembrança os feitos de armas que em suas províncias passarem, passar e assinar cartas de armas que se pedirem de novo, assistir nas coroações dos reis, nos actos das cortes, nas entradas solenes das cidades e nos exércitos quando os príncipes se acham neles, levar as mensagense e recados de que for encarregado pelo seu príncipe, dizer fielmente e sem engano as acções que observar nas justas, torneios e escaramuças, etc (...)[1].

Notas

  1. Bluteau, Vocabulario Portuguez e latino (Tomo VII: R), 209-210.

Bibliografia e Fontes

  • Bluteau, Rafael. Vocabulario portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos... Tomo VII: Letra Q-S. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1716-1728.