Diogo da Silveira Veloso: diferenças entre revisões

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Diogo da Silveira Veloso<ref>Sobre Diogo da Sylveyra Velloso ver VELLOSO (2005), Viterbo (1988); Jucá Neto (2012).</ref> nasceu na Freguesia de São Mamede, Lisboa – Portugal, em data anterior a 1 de maio de 1679<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem</nowiki> General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Esta data é referente ao batismo.</ref>. Morreu em Recife, Pernambuco – Brasil, em 1750<ref>CARTA (2<sup>a</sup> via) do [Governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes de Paz, para o posto de tenente-general da Artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. 5962 – 1750, agosto, 23, Recife. AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, d. 5962. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>. Era filho de Marcos Veloso Pederneira<ref>Entre as atestações apresentadas qualificando Diogo da Silveira Veloso em seu pedido de mercê de três Hábitos de Cristo para três de suas filhas, o nome do pai do engenheiro aparece como Marcos Vellozo da Silveira. Ver: REQUERIMENTO do sargento-mor e engenheiro da capitania de Pernambuco, Diogo da Silveira Veloso, o rei [D. João V], pedindo mercê de três Hábitos de Cristo, para três de suas filhas, com cinquenta mil reis de tença cada uma. 3644 – [ant, 1730, junho, 11, Lisboa]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 40, D. 3644. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>, nascido na Freguesia de São Julião de Lisboa em 5 de maio de 1615, e de Leonor Maria da Silveira, nascida na freguesia de São Mamede em 26 de janeiro de 1620. Casou-se com Teodora Maria Teresa da Silva, nascida em 22 de maio de 1697 na Freguesia de São Vicente, antiga Freguesia de Santa Engrácia. Deste matrimônio nasceram Ana Maria Antônia da Silveira, Antônio Veloso da Silveira - alferes, Francisco Veloso da Silveira, Josefa Maria Antonia da Silveira - freira, Margarida Ignacia da Silveira - freira e Maria Antonia da Silveira - freira<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem</nowiki> General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Em 1761, D. José I concede mercê à Ignacia Maria da Silveira, Maria Antonia Silveira e Josefa Maria da Silveira - filhas do Tenente General Diogo da Silveira Velozo e naturais e moradoras no Recife, capitania de Pernambuco – Brasil, para se deslocarem à Corte com o intuito de se fazerem religiosas. Justificam o pedido alegando serem pobres, que não haviam recebido bens após a morte dos pais. Ver: REQUERIMENTO DE Inácia Margarida da Silveira, Maria Antonia da Silveira e Josefa Antonia da Silveira, filhas do tenente de Artilharia, Diogo da Silveira Veloso, ao rei [D. José I], pedindo licença para se transportarem à Corte para serem religiosas. 7586 – [ant. 1761, outubro, 6, Recife]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 97. D. 7586. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>.
Diogo da Silveira Veloso<ref>Sobre Diogo da Sylveyra Velloso ver VELLOSO (2005), Viterbo (1988); Jucá Neto (2012).</ref> nasceu na Freguesia de São Mamede, Lisboa – Portugal, em data anterior a 1 de maio de 1679<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem</nowiki> General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Esta data é referente ao batismo.</ref>. Morreu em Recife, Pernambuco – Brasil, em 1750<ref>CARTA (2<sup>a</sup> via) do [Governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes de Paz, para o posto de tenente-general da Artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. 5962 – 1750, agosto, 23, Recife. AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, d. 5962. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>. Era filho de Marcos Veloso Pederneira<ref>Entre as atestações apresentadas qualificando Diogo da Silveira Veloso em seu pedido de mercê de três Hábitos de Cristo para três de suas filhas, o nome do pai do engenheiro aparece como Marcos Vellozo da Silveira. Ver: REQUERIMENTO do sargento-mor e engenheiro da capitania de Pernambuco, Diogo da Silveira Veloso, o rei [D. João V], pedindo mercê de três Hábitos de Cristo, para três de suas filhas, com cinquenta mil reis de tença cada uma. 3644 – [ant, 1730, junho, 11, Lisboa]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 40, D. 3644. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>, nascido na Freguesia de São Julião de Lisboa em 5 de maio de 1615, e de Leonor Maria da Silveira, nascida na freguesia de São Mamede em 26 de janeiro de 1620. Casou-se com Teodora Maria Teresa da Silva, nascida em 22 de maio de 1697 na Freguesia de São Vicente, antiga Freguesia de Santa Engrácia. Deste matrimônio nasceram Ana Maria Antônia da Silveira, Antônio Veloso da Silveira - alferes, Francisco Veloso da Silveira, Josefa Maria Antonia da Silveira - freira, Margarida Ignacia da Silveira - freira e Maria Antonia da Silveira - freira<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem</nowiki> General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Em 1761, D. José I concede mercê à Ignacia Maria da Silveira, Maria Antonia Silveira e Josefa Maria da Silveira - filhas do Tenente General Diogo da Silveira Velozo e naturais e moradoras no Recife, capitania de Pernambuco – Brasil, para se deslocarem à Corte com o intuito de se fazerem religiosas. Justificam o pedido alegando serem pobres, que não haviam recebido bens após a morte dos pais. Ver: REQUERIMENTO DE Inácia Margarida da Silveira, Maria Antonia da Silveira e Josefa Antonia da Silveira, filhas do tenente de Artilharia, Diogo da Silveira Veloso, ao rei [D. José I], pedindo licença para se transportarem à Corte para serem religiosas. 7586 – [ant. 1761, outubro, 6, Recife]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 97. D. 7586. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>.


Silveira Veloso estudou nas Aulas de ''Fortificação e Arquitectura Militar'' em Lisboa. Foi aluno de Francisco Pimentel, filho de Luís Serrão Pimentel<ref>Ver Ribeiro (2009, p. 169).</ref>. Serviu como Ajudante de Engenheiro em Portugal<ref>Vellozo (2005).</ref>. Em 22 de fevereiro de 1702 foi nomeado Capitão Engenheiro da colônia de Montevideo, encarregado de “desenhar e delinear a fortaleza que se há de fazer”<ref>O documento encontra-se transcrito por Viterbo (1988, p. 132).</ref>. No ano de 1706 fora enviado à capitania de Pernambuco, nordeste do Brasil, com o cargo de Capitão Engenheiro da capitania<ref>CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João V, sobre o requerimento do Capitão engenheiro Diogo da Silveira Veloso, pedindo ajuda de custo. 1707, janeiro, 27, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 22, D. 2030. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>.  Em 1720, recebeu a patente do posto de Sargento-mor Engenheiro, ad honorem, ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro de Pernambuco<ref>CARTA PATENTE do posto de Sargento-mor Engenheiro, ''ad honorem'', ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro na capitania de Pernambuco. 11 de Setembro de 1720. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 58, fl. 80. Diogo da Silveira Veloso.</ref>. É de 5 de maio de 1730 a carta patente de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro também na Praça de Pernambuco<ref>CARTA PATENTE do posto de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro da Praça de Pernambuco. 5 de Maio de 1730. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 76, fl. 357. ID DOC: 3882755. CÓDIGO DE REF: PT/TT/CHR/T/001/0076. Diogo da Silveira Veloso (Índice L110). Arquivo Torre do Tombo.</ref>. Em 7 de março de 1735, o Conselho Ultramarino apresenta parecer favorável a nomeação de Diogo da Silveira Veloso ao posto de Tenente-general de Artilharia da capitania pernambucana, vago em decorrência do falecimento do Tenente-general e engenheiro João de Macedo Corte Real<ref>PARECER do Conselho Ultramarino sobre a nomeação de Diogo da Silveira Veloso para o posto de tenente-general de Artilharia, vago por falecimento de João de Macedo Corte Real. 1735, março, 7, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 48, D. 4289. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>. Diogo da Silveira Veloso passou a exercer ambos os postos junto ao cargo de engenheiro na capitania pernambucana.
Silveira Veloso estudou nas Aulas de ''Fortificação e Arquitectura Militar'' em Lisboa. Foi aluno de Francisco Pimentel, filho de [[Luís Serrão Pimentel]]<ref>Ver Ribeiro (2009, p. 169).</ref>. Serviu como Ajudante de Engenheiro em Portugal<ref>Vellozo (2005).</ref>. Em 22 de fevereiro de 1702 foi nomeado Capitão Engenheiro da colônia de Montevideo, encarregado de “desenhar e delinear a fortaleza que se há de fazer”<ref>O documento encontra-se transcrito por Viterbo (1988, p. 132).</ref>. No ano de 1706 fora enviado à capitania de Pernambuco, nordeste do Brasil, com o cargo de Capitão Engenheiro da capitania<ref>CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João V, sobre o requerimento do Capitão engenheiro Diogo da Silveira Veloso, pedindo ajuda de custo. 1707, janeiro, 27, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 22, D. 2030. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>.  Em 1720, recebeu a patente do posto de Sargento-mor Engenheiro, ad honorem, ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro de Pernambuco<ref>CARTA PATENTE do posto de Sargento-mor Engenheiro, ''ad honorem'', ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro na capitania de Pernambuco. 11 de Setembro de 1720. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 58, fl. 80. Diogo da Silveira Veloso.</ref>. É de 5 de maio de 1730 a carta patente de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro também na Praça de Pernambuco<ref>CARTA PATENTE do posto de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro da Praça de Pernambuco. 5 de Maio de 1730. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 76, fl. 357. ID DOC: 3882755. CÓDIGO DE REF: PT/TT/CHR/T/001/0076. Diogo da Silveira Veloso (Índice L110). Arquivo Torre do Tombo.</ref>. Em 7 de março de 1735, o Conselho Ultramarino apresenta parecer favorável a nomeação de Diogo da Silveira Veloso ao posto de Tenente-general de Artilharia da capitania pernambucana, vago em decorrência do falecimento do Tenente-general e engenheiro João de Macedo Corte Real<ref>PARECER do Conselho Ultramarino sobre a nomeação de Diogo da Silveira Veloso para o posto de tenente-general de Artilharia, vago por falecimento de João de Macedo Corte Real. 1735, março, 7, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 48, D. 4289. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>. Diogo da Silveira Veloso passou a exercer ambos os postos junto ao cargo de engenheiro na capitania pernambucana.


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Revisão das 22h00min de 21 de janeiro de 2021


Diogo da Silveira Veloso
Nome completo Diogo da Silveira Veloso
Outras Grafias Diogo da Sylveyra Velloso
Pai Marcos Veloso Pederneira
Mãe Leonor Maria da Silveira
Cônjuge Teodora Maria Teresa da Silva
Filho(s) António Veloso da Silveira, Ana Maria Antónia da Silveira, Josefa Maria Antónia da Silveira, Francisco Veloso da Silveira, Margarida Ignacia da Silveira, Maria Antónia da Silveira
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Lisboa, Lisboa, Portugal
Morte 1750
Recife, Pernambuco, Brasil
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Fim: 1702

Residência Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Data Início: 1702
Fim: 1706

Residência Recife, Pernambuco, Brasil
Data Início: 1706
Fim: julho de 1710
Formação
Formação Engenharia Militar

Data Início: julho de 1710
Fim: outubro de 1711
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Soldado

Posto Ajudante
Data Fim: 22 de fevereiro de 1702

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 22 de fevereiro de 1702
Fim: 1720
Cargos
Cargo Professor
Actividade
Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1709
Fim: 1709
Local de Actividade Ceará, Brasil

Actividade Missão
Data Início: março de 1728
Local de Actividade Recife, Pernambuco, Brasil

Actividade Missão
Data Início: 1729
Local de Actividade Lisboa, Lisboa, Portugal

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1738
Fim: 1740
Local de Actividade Brasil


Biografia

Dados biográficos

Diogo da Silveira Veloso[1] nasceu na Freguesia de São Mamede, Lisboa – Portugal, em data anterior a 1 de maio de 1679[2]. Morreu em Recife, Pernambuco – Brasil, em 1750[3]. Era filho de Marcos Veloso Pederneira[4], nascido na Freguesia de São Julião de Lisboa em 5 de maio de 1615, e de Leonor Maria da Silveira, nascida na freguesia de São Mamede em 26 de janeiro de 1620. Casou-se com Teodora Maria Teresa da Silva, nascida em 22 de maio de 1697 na Freguesia de São Vicente, antiga Freguesia de Santa Engrácia. Deste matrimônio nasceram Ana Maria Antônia da Silveira, Antônio Veloso da Silveira - alferes, Francisco Veloso da Silveira, Josefa Maria Antonia da Silveira - freira, Margarida Ignacia da Silveira - freira e Maria Antonia da Silveira - freira[5].

Silveira Veloso estudou nas Aulas de Fortificação e Arquitectura Militar em Lisboa. Foi aluno de Francisco Pimentel, filho de Luís Serrão Pimentel[6]. Serviu como Ajudante de Engenheiro em Portugal[7]. Em 22 de fevereiro de 1702 foi nomeado Capitão Engenheiro da colônia de Montevideo, encarregado de “desenhar e delinear a fortaleza que se há de fazer”[8]. No ano de 1706 fora enviado à capitania de Pernambuco, nordeste do Brasil, com o cargo de Capitão Engenheiro da capitania[9].  Em 1720, recebeu a patente do posto de Sargento-mor Engenheiro, ad honorem, ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro de Pernambuco[10]. É de 5 de maio de 1730 a carta patente de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro também na Praça de Pernambuco[11]. Em 7 de março de 1735, o Conselho Ultramarino apresenta parecer favorável a nomeação de Diogo da Silveira Veloso ao posto de Tenente-general de Artilharia da capitania pernambucana, vago em decorrência do falecimento do Tenente-general e engenheiro João de Macedo Corte Real[12]. Diogo da Silveira Veloso passou a exercer ambos os postos junto ao cargo de engenheiro na capitania pernambucana.



Carreira

Diogo da Silveira Veloso chegou ao Brasil entre 1702 e 1703. Como capitão engenheiro fixou residência no Rio de Janeiro durante três anos e meio. Não fora enviado à Montevideo. Em 1707 foi nomeado para ocupar o posto de capitão engenheiro de Pernambuco, que vagou por falecimento do engenheiro Luis Francisco Pimentel ocorrido no ano de1705. O Cosmógrafo-Mor do Reino, Manoel Pimentel, justifica a indicação de Diogo da Silveira Veloso para o cargo, “porque como hoje se desamparou a Colonia do Rio da Prata parecem escusados quatro Engenheiros no Rio de Jan.o que tantos são com o Diogo da Silveira Veloso”.

No traslado para capitania pernambucana naufragou na enseada do rio Vaza-Barris, tudo perdendo. Chegando em Recife pediu ajuda de custo, dentre outras razões, “para que se lhe compre alguns livros para estudo da architetura militar” e instrumentos. Justificou que seriam necessários para um engenheiro ter aula e ensinar fortificação. A observação sugeriu sua intenção de lecionar arquitetura militar em Recife. Em 27 de janeiro de 1707, o Conselho Ultramarino apresenta Consulta ao rei D. João V, sobre requerimento de ajuda de custo de Diogo da Silveira Veloso.

Os volumes requeridos revelam largo conhecimento da literatura especializada. Silveira Veloso solicitou “Hum livro de Senos, Tangentes e Secantes”; uma dúzia do “Methodo Lusitanico” para mandar à “Bahia, Pernambuco e Angola”; “Hum tomo de Zepeda em Castelhano também de Fortificação”; as obras de “Sebastião Frz [Fernandez] de Medrano em língua Castelhana”; um livro da “Escola de Pallas”; um “tomo de artilharia de Julio Cesar Firrufino em língua Castelhana” e, na falta deste, outro da mesma matéria composto por S. F. de Gamboa também na língua Castelhana”; e, dois tomos, em castelhano, de “Arte y Uso de Arquitetura por Fr. Laurencio de S. Nicolas”. Caso não fossem encontrados, serviriam os de “Sebastião Serlio de Architectura, traduzido de Italiano em Castelhano”. Também solicitou um livro de “milícia em Português composto por Luiz Mendes de Vasconcelos”. Em língua francesa, requereu as obras de Ozanam. Como instrumentos, solicitou “Hú compasso, húa régua do tamanho de meyo pé repartida em três p.tes iguaes, hú pantometro ou compasso de proporção com várias linhas riscadas nelle” e “hú semicírculo repartido em 180 graos”. Segundo Veloso, eram feitos em Paris por “hú oficial que se chama Buterfield insigne artífice”. Mas também poderiam ser encontrados na Inglaterra ou na Holanda. Os compassos de “meyo palmo e três quarteis de palmo” eram executados com “g.de perfeição em Inglaterra e em Holanda, e valem baratos”. Dentre os lugares possíveis de aquisição dos livros e instrumentos, a propriedade com que Diogo da Silveira Veloso se refere aos locais de compra e valores das publicações na Holanda e Bélgica, sugere que o engenheiro esteve pessoalmente em ambos os países.

Diogo da Silveira Veloso foi lente da aula militar de Pernambuco. É de sua autoria Arquitectura Militar ou Fortificação Moderna; Geometria prática Tomo I, dividido em tres tratados escritos por Diogo da Sylveyra Vellozo – Ten. de Mestre de Campo G.al com exercício de engenheyro na praça de Pernambuco – 1669; e, Opúsculos geométricos recopilados no presente volume por Diogo da Silveyra Vellozo Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheyro na Praça de Pernambuco, anno 173.

Em 1709, Diogo da Silveira Veloso fora mandado à capitania do Ceará para examinar e desenhar suas fortificações. Em outubro do mesmo ano, o governador da capitania de Pernambuco Sebastião de Castro e Caldas enviou planta da fortificação para ser analisada em Lisboa, pelo lente da Aula de Fortificação Domingos Vieira e pelo tenente general engenheiro Miguel Pereira da Costa. O parecer do Concelho Ultramarino, apoiado nas considerações de ambos os profissionais, declarou “pouca capacidade do capitão engenheiro [...] nos erros que notão na planta”, indicando a remoção do seu cargo e retorno “para este Reino”, onde teria “mais fácil emenda os seus erros e fazer-se mais hábil”.  Silveira Veloso passa um ano em Lisboa, entre julho de 1710 e outubro de 1711.

Diogo da Silveira Veloso escreveu, em 1713, com visão técnico-científica de engenheiro militar, dois manuscritos sobre a vistoria de fortificações e “reductos” na capitania de Pernambuco e suas anexas: a Relação dos fortes e Reductos que se achão feytos na Cappitania de Pernambuco, estado em que estão e o que lhe faltava para se porem em sua ultima perfeição (1712) e a Relação dos fortes e Reductos que se achão feytos e se vão continuando nesta costa de Pernambuco e suas utilidades (1713). Os relatórios iluminam o trânsito do profissional nas Capitanias do Norte do Brasil, expondo suas obrigações e intervenções nas fortalezas do litoral. Em linhas gerais, descreviam a arquitetura, o programa, o estado das fortificações, apontava algum material usado nas construções, os problemas construtivos existentes e os relativos à implantação no sítio que pudessem comprometer a defesa da costa.

As vistorias de Silveira Veloso reafirmam a importância das fortificações como estruturas de defesa da Coroa nas capitanias do Norte do Brasil. Expõem largo panorama de suas atividades de campo como engenheiro, transparecendo amplo conhecimento de arquitetura militar e técnicas construtivas. Além de descrever os fortes e os redutos e informar sobre o estado das construções, os relatos assumem caráter propositivo, indicando soluções para os problemas de implantação e construtivos. Algumas das fortificações atendiam ao “Metodo Lusitanico”.

Entre os anos de 1728 e 1729, Diogo da Silveira de Veloso ocupou o ofício de “cordeador e aruador” da cidade de Recife, capital da capitania de Pernambuco. No mês de março de 1728, compôs junta com o Tenente General engenheiro João de Macedo Corte Real e o Capitão de Artilharia engenheiro Francisco Mendes Paz, avaliando desenho da planta da Igreja de São Pedro dos Clérigos em Recife, capital da Capitania de Pernambuco, elaborado pelo mestre pedreiro Manoel Pereira Jacome. Em 1729, foi enviado à Lisboa para participar de Junta composta pelo Engenheiro Mor do R.no Manoel de Azevedo Fortes, o Brigadeiro João Massé e o Coronel Jose da Silva Costa Paz, com intuito de discutir sobre o estado das fortificações do Recife.

Em carta de 5 de maio de 1735, quando o Rei de Portugal lhe outorgou o posto de Tenente General de Infantaria com o exercício de Engenheiro, fora apresentada, em linhas gerais, sua agenda de trabalho. Àquela altura, Silveira Veloso já servira a Coroa por “quase trinta e hum anos”, considerando-se o período entre Portugal, Rio de Janeiro e Pernambuco. Em Recife, nos vinte e três anos que trabalhara “com grande zello e atividade”, realizara “m.tas e repetidas jornadas” pelas capitanias do Norte. Fora ao Ceará duas vezes, “huma delas no descobrim.to de huas Minas de Ouro que se Suppunha haver no Certão dos Icos mil e cincoenta Legoas por mar e terra com excessivo trabalho e discomodo”. Serviu na Capitania do Rio Grande uma vez. Também uma vez na Capitania do Pará, “antes de nella haver Capitam Engenheiro”.  Deslocou-se “cinco vezes a fortaleza de Tamandare q dista da praça do Recife Vinte e Cinco Legoas”. Visitou algumas vezes à “fortaleza da barra de Itamaracá”, cinquenta e três vezes o “Forte do Pau Amarelo”, dezessete vezes o de “Nossa Senhora da Nazaré”, onze vezes o “Cabo de Santo Agostinho”, três vezes a “barra de Catuama” e o “Forte de Pitimbu”. Às vilas de Goiana e Igarassu e aos povoados de Taquera, Ipojuca e Moribeca, deslocou-se com a incumbência de vistoriar e determinar obras de pontes e das capelas-mores das Igrejas Matrizes. O documento revela, ainda, que o engenheiro realizou serviços no Rio de Janeiro, foi à Vila de São Paulo uma vez, duas vezes a Santos e outra à “Ilha Grande em tempo que se achava invadida por huns piratas Francezes”.

Em 1738, Silveira Veloso foi nomeado para construir fortificações na Ilha de Fernando de Noronha, após a expulsão dos franceses e indicado pelo engenheiro mor do Reino, Manoel de Azevedo Fortes, para delinear a Fortificação de Cabedelo na “Cidade da Paraíba”. Em 1740, deslocou-se três vezes à “Cidade da Parahiba”, mandado “pelo Governador de Pernambuco” com o intuito de desenhar “huma nova cidadela” para sua defesa. Na ocasião fora empreendida intensa discursão sobre as razões da construção, o lugar de sua implantação, desenho, técnicas construtivas e materiais a serem utilizados. O acirrado debate envolveu na capitania da Paraíba e de Pernambuco, o capitão-mor da Paraíba Pedro Monteiro de Macedo, o Tenente General de Infantaria e engenheiro Diogo da Silveira Veloso, o Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Pernambuco com o exercício de engenheiro Luiz Xavier Bernardo e, em Lisboa, o Brigadeiro de Infantaria Manoel da Maia e o engenheiro-mor do Reino Manoel de Azevedo Fortes.

Em 1750, o governador da capitania de Pernambuco, Luís José Correia de Sá, envia carta ao rei D. José I, indicando o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes de Paz, para o posto de tenente-general da Artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso.

Invariavelmente, a documentação real portuguesa relativas à Capitania de Pernambuco do Arquivo Histórico Ultramarino expõe repetidas e longas jornadas por terra do engenheiro Diogo da Silveira Veloso, movimentando-se intensamente entre as capitanias do Norte, conectando lugares remotos, difundindo e assimilando conhecimento, desempenhando funções diversas que iam desde vistorias, intervenções e elaboração de projetos de Fortificações no litoral do nordeste do Brasil, à execução de pontes e obras em capelas mores de igrejas matrizes em núcleos urbanos do litoral pernambucano e paraibano; além de averiguar a existência de minas de ouro nos sertões dos Icós, capitania do Ceará.


Outras informações

Obras

No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, consta o seguinte mapa que lhe faz referência:

Cópia da segunda planta delineada pelo sargento mor e hoje tenente general da artilharia, Diogo da Silveira Velloso para se fortificar o bairro de Santo Antonio a qual vai segundo o original que me deu o Illmo e Exmo Sr. Governador e Capitão General Henrique Luis Pereira Freire Resende. 28 de Outubro de 1739. Assinada Luiz Xavier Bernardo. Copiado pelo Capitão D. de Araújo e Silva em 1869. Colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com escala, papel canson, 108cm x 51,5cm. (AHE 04.21.0110)

Outras referências:

  • 1699 - Geometria pratica. Tomo I. Dividido em tres tractados, escrita por Diogo da Sylveyra Vellozo Tenente de Mestre de Campo General com exercicio de Engenheyro na praça de Pernambuco. Biblioteca da Ajuda.
  • 1739 - Copea da primeira planta dilineada pelo Sargento Mor e hoje Tenente General da arthelharia Diogo da Sylveira Vellozo para se fortificar a Villa do Recife a qual vay 2º o original que me deu o Illmo. e Exmo. Sñor. Governador e Cappm. Gnal. Henrique Luís Preira Fre. Recife 28 de outubro de 1739. Luis Xavier Bernardo.
  • 1743 - Architectura militar ou Fortificação moderna. Dividida em duas partes, a primeira Ignografica, a segunda Orthographica. Escrita por Diogo da Sylveyra Velloso. Tenente general da artelharia na praça de Pernambuco. Anno Salutis 1743. Biblioteca das Necessidades.


Referências bibliográficas


  1. Sobre Diogo da Sylveyra Velloso ver VELLOSO (2005), Viterbo (1988); Jucá Neto (2012).
  2. https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Esta data é referente ao batismo.
  3. CARTA (2a via) do [Governador da capitania de Pernambuco], Luís José Correia de Sá, ao rei [D. José I], propondo o capitão de Artilharia, Jerônimo Mendes de Paz, para o posto de tenente-general da Artilharia, vago por morte de Diogo da Silveira Veloso. 5962 – 1750, agosto, 23, Recife. AHU_ACL_CU_015, Cx. 71, d. 5962. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.
  4. Entre as atestações apresentadas qualificando Diogo da Silveira Veloso em seu pedido de mercê de três Hábitos de Cristo para três de suas filhas, o nome do pai do engenheiro aparece como Marcos Vellozo da Silveira. Ver: REQUERIMENTO do sargento-mor e engenheiro da capitania de Pernambuco, Diogo da Silveira Veloso, o rei [D. João V], pedindo mercê de três Hábitos de Cristo, para três de suas filhas, com cinquenta mil reis de tença cada uma. 3644 – [ant, 1730, junho, 11, Lisboa]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 40, D. 3644. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.
  5. https://www.geni.com/people/Diogo-da-Silveira-Veloso-I-Tem General/6000000145287685834 . Acesso: 25/11/20. Em 1761, D. José I concede mercê à Ignacia Maria da Silveira, Maria Antonia Silveira e Josefa Maria da Silveira - filhas do Tenente General Diogo da Silveira Velozo e naturais e moradoras no Recife, capitania de Pernambuco – Brasil, para se deslocarem à Corte com o intuito de se fazerem religiosas. Justificam o pedido alegando serem pobres, que não haviam recebido bens após a morte dos pais. Ver: REQUERIMENTO DE Inácia Margarida da Silveira, Maria Antonia da Silveira e Josefa Antonia da Silveira, filhas do tenente de Artilharia, Diogo da Silveira Veloso, ao rei [D. José I], pedindo licença para se transportarem à Corte para serem religiosas. 7586 – [ant. 1761, outubro, 6, Recife]. AHU_ACL_CU_015, Cx. 97. D. 7586. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.
  6. Ver Ribeiro (2009, p. 169).
  7. Vellozo (2005).
  8. O documento encontra-se transcrito por Viterbo (1988, p. 132).
  9. CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João V, sobre o requerimento do Capitão engenheiro Diogo da Silveira Veloso, pedindo ajuda de custo. 1707, janeiro, 27, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 22, D. 2030. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.
  10. CARTA PATENTE do posto de Sargento-mor Engenheiro, ad honorem, ficando com a mesma incumbência de Capitão Engenheiro na capitania de Pernambuco. 11 de Setembro de 1720. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 58, fl. 80. Diogo da Silveira Veloso.
  11. CARTA PATENTE do posto de Tenente General de Infantaria com exercício de Engenheiro da Praça de Pernambuco. 5 de Maio de 1730. Cota: Chancelaria de D. João V, liv. 76, fl. 357. ID DOC: 3882755. CÓDIGO DE REF: PT/TT/CHR/T/001/0076. Diogo da Silveira Veloso (Índice L110). Arquivo Torre do Tombo.
  12. PARECER do Conselho Ultramarino sobre a nomeação de Diogo da Silveira Veloso para o posto de tenente-general de Artilharia, vago por falecimento de João de Macedo Corte Real. 1735, março, 7, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 48, D. 4289. Arquivo Histórico Ultramarino. Projeto Resgate. Documentos Avulsos de Pernambuco.

Fontes

Bibliografia

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RIBEIRO, Dulcyene Maria. A formação dos engenheiros militares: Azevedo Fortes, Matemática e ensino da Engenharia Militar no século XVIII em Portugal e no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo: s.n., 2009.

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VITERBO, Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Constructores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Reprodução em fac-símile do exemplar com data de 1922 da Biblioteca da INCM. Volume III – S / Z. Imprensa

VITERBO, Souza. Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil. Coordenação, aditamentos e introdução de Jorge Faro. 1 Vol. Edições Panorama. Lisboa. Portugal. 1962.

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