Escola Industrial do Porto: diferenças entre revisões

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==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
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A primeira experiência de ensino industrial no Porto no século XIX concretizou-se com a criação da Escola Industrial Portuense pela Associação Industrial Portuense, cujo objectivo se centrava no aperfeiçoamento do sector industrial português através da instrução técnica e na capacidade de concorrência da indústria portuguesa face às nações europeias. O projecto escolar teve os estatutos aprovados em 31 de Outubro de 1852 e conheceu uma rápida adesão após a inauguração das aulas em 22 de Novembro de 1852<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 239-240.</ref><ref>Para uma síntese do currículo instituído na Escola Industrial Portuense da Associação Industrial Portuense e o número de alunos inscritos no ano lectivo de 1852-1853 vide Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 240 e Sousa, Fernando de, e Jorge Fernandes Alves. ''A Associação Industrial Portuense. Para a História do Associativismo Empresarial.'' Porto: A.I.P., 1996.</ref>. A iniciativa de natureza privada antecedeu e antecipou, assim, a criação do ensino industrial de iniciativa pública, que a integrou aquando da sua criação por decreto de 30 de Dezembro de 1852<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 88.</ref>.
A primeira experiência de ensino industrial no Porto no século XIX concretizou-se com a criação da Escola Industrial Portuense pela Associação Industrial Portuense, cujo objectivo se centrava no aperfeiçoamento do sector industrial português e da sua capacidade concorrencial através da instrução técnica. O projecto escolar teve os estatutos aprovados em 31 de Outubro de 1852 e conheceu uma rápida adesão após a inauguração das aulas em 22 de Novembro de 1852<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 239-240.</ref><ref>Para uma síntese do currículo instituído na Escola Industrial Portuense da Associação Industrial Portuense e o número de alunos inscritos no ano lectivo de 1852-1853 vide Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 240 e Sousa, Fernando de, e Jorge Fernandes Alves. ''A Associação Industrial Portuense. Para a História do Associativismo Empresarial.'' Porto: A.I.P., 1996.</ref>. A iniciativa de natureza privada antecedeu e antecipou, assim, a criação do ensino industrial de iniciativa pública, que a integrou aquando da sua criação por decreto de 30 de Dezembro de 1852<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 88.</ref>.


A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:379.</ref>, figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, no decreto fundador do ensino industrial público em Portugal, enquadra esta criação no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período inicial de vigência do movimento da Regeneração e, mais particularmente, do designado período do Fontismo. Na perspectiva dos regeneradores e de acordo com o modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português seria concretizado com base em duas condições essenciais, o desenvolvimento das vias de comunicação e a implementação do ensino técnico, que tomando uma natureza "''verdadeiramente experimental e adequado às necessidades fabris é o pré-requisito da criação de riqueza''"<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 91.</ref>.
A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:379.</ref>, figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, no decreto fundador do ensino industrial público em Portugal, enquadra esta criação no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período da Regeneração. Na perspectiva dos regeneradores e de acordo com o modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português seria concretizado com base em duas condições essenciais, o desenvolvimento das vias de comunicação e a implementação do ensino técnico, que tomando uma natureza "''verdadeiramente experimental e adequado às necessidades fabris é o pré-requisito da criação de riqueza''"<ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 91.</ref>.


A instrução industrial era organizada em três graus, elementar, secundário e complementar, baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>. Simultânea à criação da Escola Industrial, instituiu-se o Instituto Industrial de Lisboa<ref>Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório de ambas as instituições, datado de 1853, Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:106.</ref>.  
A instrução industrial era organizada em três graus, elementar, secundário e complementar, baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente<ref>Ribeiro, 7:347-348.</ref>. Na capital era instituído o [[Instituto Industrial de Lisboa]]<ref>Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório de ambas as instituições, datado de 1853, Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:106.</ref>.  


À criação do ensino industrial correspondeu uma tentativa de profissionalização do mercado de trabalho industrial, determinando que, passados três anos da criação, fosse exigido aos operários, em funções nas obras públicas, a apresentação de carta de curso, não podendo ser admitidos sem as mesmas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref><ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 116.</ref>. Segundo Silvestre Ribeiro, esta disposição não terá sido totalmente cumprida nas primeiras décadas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>, o que se explica pela lenta implementação do ensino industrial resultante quer do limitado financiamento disponível, quer da dificuldade na contratação dos primeiros quadros docentes e auxiliares, por exemplo, no Instituto Industrial de Lisboa<ref>Ribeiro, 7:352.</ref>.
À criação do ensino industrial correspondeu uma tentativa de profissionalização do mercado de trabalho industrial, determinando que, passados três anos da criação, fosse exigido aos operários, em funções nas obras públicas, a apresentação de carta de curso, não podendo ser admitidos sem as mesmas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref><ref>Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 116.</ref>. Segundo Silvestre Ribeiro, esta disposição não terá sido totalmente cumprida nas primeiras décadas<ref>Ribeiro, 7:381.</ref>, o que se explica pela lenta implementação do ensino industrial resultante quer do limitado financiamento disponível, quer da dificuldade na contratação dos primeiros quadros docentes e auxiliares, por exemplo, no Instituto Industrial de Lisboa<ref>Ribeiro, 7:352.</ref>.

Revisão das 16h44min de 14 de janeiro de 2024


Escola Industrial do Porto
(EIP, IIP, IICP)
Outras denominações Escola Industrial Portuense, Instituto Industrial do Porto, Instituto Industrial e Comercial do Porto
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 30 dezembro 1852
Data de extinção 5 dezembro 1918
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Palácio da Bolsa, Porto,-
Início: 1852
Fim: 1861

Localização Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos, Porto,-
Início: 1861
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Instituto Superior de Comércio do Porto


História

A primeira experiência de ensino industrial no Porto no século XIX concretizou-se com a criação da Escola Industrial Portuense pela Associação Industrial Portuense, cujo objectivo se centrava no aperfeiçoamento do sector industrial português e da sua capacidade concorrencial através da instrução técnica. O projecto escolar teve os estatutos aprovados em 31 de Outubro de 1852 e conheceu uma rápida adesão após a inauguração das aulas em 22 de Novembro de 1852[1][2]. A iniciativa de natureza privada antecedeu e antecipou, assim, a criação do ensino industrial de iniciativa pública, que a integrou aquando da sua criação por decreto de 30 de Dezembro de 1852[3].

A autoria de António Fontes Pereira de Melo, Rodrigo da Fonseca Magalhães e Jervis de Atouguia[4], figuras distintas que marcaram a segunda metade do século XIX português, no decreto fundador do ensino industrial público em Portugal, enquadra esta criação no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período da Regeneração. Na perspectiva dos regeneradores e de acordo com o modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português seria concretizado com base em duas condições essenciais, o desenvolvimento das vias de comunicação e a implementação do ensino técnico, que tomando uma natureza "verdadeiramente experimental e adequado às necessidades fabris é o pré-requisito da criação de riqueza"[5].

A instrução industrial era organizada em três graus, elementar, secundário e complementar, baseados num plano de estudos com nove cadeiras, respectivamente distribuídas pelos graus e cursos como assinalado à frente[6]. Na capital era instituído o Instituto Industrial de Lisboa[7].

À criação do ensino industrial correspondeu uma tentativa de profissionalização do mercado de trabalho industrial, determinando que, passados três anos da criação, fosse exigido aos operários, em funções nas obras públicas, a apresentação de carta de curso, não podendo ser admitidos sem as mesmas[8][9]. Segundo Silvestre Ribeiro, esta disposição não terá sido totalmente cumprida nas primeiras décadas[10], o que se explica pela lenta implementação do ensino industrial resultante quer do limitado financiamento disponível, quer da dificuldade na contratação dos primeiros quadros docentes e auxiliares, por exemplo, no Instituto Industrial de Lisboa[11].

A inauguração da Escola Industrial do Porto realizou-se na "aula de física da Academia Politécnica" em 27 de Março de 1854[12]. Uma vez serem necessárias intervenções no edifício daquela Academia para aí se instalarem as aulas da Escola, foi contratada a instalação temporária das aulas na sede da Associação Industrial do Porto, no Palácio da Bolsa, "a fim de que nas suas aulas se pudessem professar os cursos livres da escola"[12]. A mesma circunstância ditou que apenas fossem abertos cursos livres no ano lectivo de 1854-1855 como alternativa temporária aos cursos regulares, sendo os primeiros também instituídos no Instituto Industrial de Lisboa. Na Escola Industrial do Porto foram inaugurados em 1 de Março de 1854 com a duração de três meses, sendo os cursos regulares abertos no ano lectivo seguinte[13].

Uma vez instaladas as aulas da Escola no edifício da Academia Politécnica do Porto, em data não especificada por Silvestre Ribeiro, onde, igualmente, se encontrava o Colégio dos Meninos Órfãos, o diretor da Escola Industrial representou ao poder municipal no sentido de ser estabelecida a condição de internato para que aqueles jovens, frequentando as aulas da Escola, se habilitassem "para exercer profissões adequadas às suas peculiares circunstâncias". Em 1861, o Governador Civil do Porto era ordenado a reunir as condições para a concretização daquela proposta[14]. Adotamos esta data como certa para o estabelecimento da Escola Industrial no edifício da Academia Politécnica, apesar de José Silvestre Ribeiro mencionar a criação, em 1864, de uma comissão para um plano definitivo nas obras daquele edifício.

Conquanto, em 1855, a conclusão sobre o aproveitamento e utilidade da Escola fosse positiva, considerando que a instituição havia "produzido já mais vantagens do que poderia esperar-se em tão pouco tempo de existência", o diretor interino não deixava de instar junto dos poderes públicos sobre a necessidade de se reorganizar o seu ensino colocando fim ao "estado de organização incompleta". Em particular, mencionava-se um quadro de cadeiras incompleto e, por isso, incompatível com os cursos que legalmente a Escola podia ministrar, encontrando-se por instituir as aulas "de mecânica industrial, sem a qual um grande número de cursos industriais dos mais importantes ficavam incompletos"[15].

Uma primeira proposta para a reorganização do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto foi apresentada em 1861, sem que tenha conhecido aplicação prática[16]. A reforma do ensino técnico industrial era concretizada três anos depois, por decreto de 20 de Dezembro, em consequência da qual a Escola Industrial adotou a designação de Instituto Industrial do Porto[17]. O ensino ministrado nos dois institutos respeitava "ao ensino técnico geral", nos graus elementar e secundário, e à instrução para as "diversas profissões industriais, e habilitando também para diferentes empregos subalternos dos serviços públicos, de obras públicas, minas, telégrafos, faróis e outros"[18].

A reforma de 1869, datada de 30 de Dezembro, equiparou os planos de estudo de ambos os institutos, ainda que, no caso do portuense, na sétima cadeira, dedicada a "assuntos comerciais", fossem ministradas as disciplinas de "arte de minas, docimasia e metalurgia"[19].

A reforma de 30 de Dezembro de 1886 reorganizou o sistema de instrução industrial e comercial e alterou a designação da instituição para Instituto Industrial e Comercial do Porto, à semelhança da adotada pela instituição lisbonense[20]. A organização do ensino industrial, aplicável ao ensino comercial, manteve-se dividida em três graus, a saber, elementar, preparatório e especial (ou superior no caso do curso comercial), sendo todos ministrados pelos Institutos Industriais e Comerciais[21]. Em 3 de Fevereiro de 1888 era publicado o Regulamento respeitante aquela nova orgânica institucional[22].

Outras informações

Podiam admitir-se às matrículas alunos com uma idade mínima de 12 anos, e que obtivessem as faculdades de ler, escrever e contar, e boa saúde. A frequência das aulas podia ser realizada segundo três regimes, a saber, de aluno ordinário, que seguia o curso pela ordem estabelecida; de aluno voluntário, que não seguia o curso pela ordem estabelecida; e de aluno ouvinte registado, que frequentavam apenas determinadas cadeiras[23].

No ano letivo de 1854-1855, registaram-se 488 matrículas nos diferentes regimes de frequência dos alunos[24]. Entre a inauguração das suas aulas e o ano letivo de 1861-1862, verificou-se um aumento progressivo e estável quer do número de matrículas, quer a frequência das aulas, alcançando naquela última data 1151 matrículas e 718 alunos a frequentarem as aulas[25].

O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direção, composta de um diretor-lente e do conselho escolar[26]. O conselho escolar subdividia-se no conselho da escola, no conselho tecnológico e no conselho fiscal[27]. A direção geral do ensino, a determinação dos compêndios, os concursos e a polícia das escolas era cometida ao conselho Diretor do ensino industrial, presidido pelo ministro das Obras Públicas, tendo por vice-presidente o diretor geral da Direção do Comércio e Indústria colocado, e por vogais os diretores das escolas[28].

A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas, nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas.[29] Refere José Silvestre Ribeiro que estava proposto estabelecerem-se estas oficinas nos arsenais do estado[30]. Não sendo certo o seu estabelecimento efetivo, já haviam sido efetivamente organizadas "algumas oficinas" em 1854. Ainda assim, a sua concretização prática seria objeto de reclamação em 1855, sendo a situação agravada pela existência, à altura, de "alunos habilitados, segundo a lei, para nelas se empregarem e terem exercício"[31]. Independentemente das oficinas criadas, em 1860, o governo dava ordem de encerramento para todos esses estabelecimentos com excepção da oficina de instrumentos de precisão dado não haver estabelecimento semelhante no país[32]. O ensino prático podia ainda ser complementado com o trabalho dos alunos em oficinas de fábricas portuenses com as quais o governo poderia estabelecer contrato[33].

Segundo a reforma de 1886, junto dos Institutos Industriais e Comerciais deveriam achar-se estabelecidos uma biblioteca, um laboratório químico, um gabinete de física, um laboratório mecânico, um museu, e "uma escola prática de telegrafia e laboratório eletrotécnico"[34]. O plano de organização deixava também aberta a possibilidade de se constituírem "pequenas oficinas que a experiência demonstrar serem necessárias para o ensino prático dos alunos"[35].

Curricula

O plano de estudos inicial da Escola Industrial do Porto contemplava os dois primeiros níveis de instrução técnica industrial, acrescendo uma cadeira do "ensino complementar", a sétima, dedicada à disciplina de "química aplicada às artes"[36]. O ensino era ministrado em regime noturno[37]. Comparativamente ao Instituto Industrial de Lisboa este plano apresenta-se mais exímio encontrando-se omissas duas cadeiras, a oitava, relativa à "Economia e legislação industrial" e a nona cadeira de "Desenho de modelos e máquinas". Estas cadeiras eram conducentes aos cursos de diretor mecânico e diretor químico, cujas cartas de curso, em consequência, a Escola não podia passar, ao contrário do Instituto Industrial de Lisboa[38].

A Escola Industrial do Porto passava as cartas de curso, consoante a frequência nas seguintes cadeiras: "1.ª e 2.ª cadeiras, operário habilitado; 1.ª, 2ª e 5.ª cadeiras, oficial mecânico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, oficial químico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de forjar, oficial forjador; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de fundir e moldar, oficial fundidor; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de serrilharia e ajustamento, oficial serralheiro ajustador; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de tornear e moldar, oficial torneiro ajustador; 1.ª, 2.ª, 3.ª e 5.ª cadeiras, oficinas; 1.ª, 2.ª e 3.ª cadeiras, mestre mecânico; e 1.ª, 2.ª, 4.ª e 7.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, mestre químico"[39].

Pela reforma de 1869 os cursos ministrados no Instituto Industrial do Porto eram os mesmos que no de Lisboa, à excepção do curso especial de comércio, e dos cursos de condutor de minas e mestre mineiro, que faziam parte da oferta de ensino industrial portuense[40]. Os cursos afetos à área do comércio seriam integrados no plano de estudos do Instituto Industrial do Porto a partir de 1886, a saber, curso elementar ou preparatório, curso superior e cursos especiais de comércio[41]. A partir de então, equiparando-se a oferta curricular do Porto com a do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, o quadro de cadeiras passou a ser comum às duas instituições, com algumas excepções no caso da segunda, totalizando as 25 cadeiras no caso portuense.

Desta feita, a oferta de cursos era idêntica a ambas as instituições, compondo-se de cursos industriais elementares, para operários de diferentes ofícios e artes; cursos preparatórios para acesso aos cursos industriais especiais ou ao curso superior de comércio; os cursos especiais de "condutores de obras públicas; condutores de minas; desenhadores; diretores de fábricas; construtores de máquinas e de instrumentos de precisão; correios e telégrafos; e quaisquer outros que o governo julgue conveniente criar"[42] [43]. A estes acresciam ainda o curso superior de comércio, curso especial de verificadores de alfandega e o curso especial de cônsules[44].

Os alunos eram incumbidos de trabalhos físicos nas oficinas quando tivessem concluído as duas primeiras cadeiras respeitantes ao grau elementar da instrução industrial[45].

Plano de estudos de 1852.
Graus de ensino Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Ensino

Elementar

Primeira cadeira "Aritmética elementar; primeiras noções de álgebra; geometria elementar"[46].
Segunda

cadeira

"Desenho linear e de ornatos industriais"[46].
Ensino

Secundário

Terceira cadeira "Elementos de geometria descritiva aplicada às artes"[46].
Quarta

cadeira

"Noções elementares de física e química"[46]. Professor proprietário em 4 de Agosto de 1853: José de Parada e Silva Leitão[47].
Quinta

cadeira

"Desenho de modelos e máquinas. Primeira parte"[46].
Ensino Complementar Sexta

cadeira

"Mecânica industrial"[46].
Sétima

cadeira

"Química aplicada ás artes"[48]. Professor proprietário em 10 de Maio de 1853: Sebastião Betâmio de Almeida[49].
Plano de estudos de 1886.
Anos Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Primeira cadeira "Rudimentos de matemática"[50]
Segunda cadeira "Rudimentos de física, de química, e de eletrotecnia"[51].
Terceira cadeira "Rudimentos de mecânica"[51].
Quarta cadeira "Aritmética, álgebra e geometria sintética"[51].
Quinta cadeira "Geometria descritiva, estereotomia, e topografia"[51].
Sexta cadeira "Trigonometria plana, princípios de geometria analítica, de álgebra superior e de calculo infinitesimal"[51].
Sétima cadeira "Física geral e suas aplicações à indústria"[51].
Oitava cadeira "Eletrotecnia. Telegrafia e outras applicações da eletricidade"[51].
Nona cadeira "Química mineral e orgânica"[51].
Décima cadeira "Tecnologia química (cerâmica, tinturaria, estamparia e outras aplicações da química); matérias primas de origem mineral e suas transformações; caracteres físicos e químicos dessas mercadorias, seu valor comercial, suas falsificações e meios práticos de as reconhecer"[51].
Décima primeira cadeira "Zoologia e botânica elementares e higiene das industrias"[51].
Décima segunda cadeira "Mecânica geral e sua aplicação às máquinas"[51].
Décima terceira cadeira "Materiais de construção. Processos geraes de construção. Resistência de materiais e estabilidade de construções"[51].
Décima quarta cadeira "Estradas. Caminhos de ferro. Rios e canais. Portos"[51].
Décima quinta cadeira "Mineralogia e geologia"[51].
Décima sexta cadeira "Arte de minas e metalurgia"[51].
Décima sétima cadeira "Desenho linear, de figura, ornato, paisagem do natural e modelação"[51].
Décima oitava cadeira "Desenho de máquinas, construção de peças elementares e respectiva tecnologia"[51].
Décima nona cadeira "Desenho arquitetónico e topográfico. Cortes e plantas de minas"[52].
Vigésima cadeira "Geografia geral, historia elementar e geografia comercial"[52].
Vigésima primeira cadeira "Economia politica, princípios de direito administrativo e legislação industrial"[52].
Vigésima segunda cadeira "Contabilidade geral e operações comerciais"[52].
Vigésima terceira cadeira Língua francesa[52].
Vigésima quarta cadeira Língua inglesa[52].
Vigésima quinta cadeira Língua alemã[52].

Notas

  1. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 239-240.
  2. Para uma síntese do currículo instituído na Escola Industrial Portuense da Associação Industrial Portuense e o número de alunos inscritos no ano lectivo de 1852-1853 vide Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 240 e Sousa, Fernando de, e Jorge Fernandes Alves. A Associação Industrial Portuense. Para a História do Associativismo Empresarial. Porto: A.I.P., 1996.
  3. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 88.
  4. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:379.
  5. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 91.
  6. Ribeiro, 7:347-348.
  7. Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório de ambas as instituições, datado de 1853, Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:106.
  8. Ribeiro, 7:381.
  9. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 116.
  10. Ribeiro, 7:381.
  11. Ribeiro, 7:352.
  12. 12,0 12,1 Ribeiro, 12:168.
  13. Ribeiro, 12:169.
  14. Ribeiro, 12:171.
  15. Ribeiro, 12:170.
  16. Uma descrição sumária de algumas alterações pensadas na proposta de reforma de 1861 pode ser consultada em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:241-242.
  17. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:172.
  18. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:244.
  19. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:172.
  20. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:332.
  21. Ribeiro, 17:333.
  22. Ribeiro, 17:514.
  23. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:350.
  24. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:169.
  25. Ribeiro, 12:172.
  26. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:105.
  27. Ribeiro, 7:354.
  28. Ribeiro, 7:350.
  29. Ribeiro, 7:347.
  30. Ribeiro, 7:348-349.
  31. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:170.
  32. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:357.
  33. Ribeiro, 7:105.
  34. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:338.
  35. Ribeiro, 17:339.
  36. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:105.
  37. Ribeiro, 7:351.
  38. Ribeiro, 7:348.
  39. Ribeiro, 7:348.
  40. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:172.
  41. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:333.
  42. Ribeiro, 17:335.
  43. A distribuição das cadeiras pelos respectivos cursos a que estavam afetas pode ser consultada em Ribeiro, 17:402-411.
  44. Ribeiro, 17:336.
  45. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:350.
  46. 46,0 46,1 46,2 46,3 46,4 46,5 Ribeiro, 7:347.
  47. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:167.
  48. Ribeiro, 7:347.
  49. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:167.
  50. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:334.
  51. 51,00 51,01 51,02 51,03 51,04 51,05 51,06 51,07 51,08 51,09 51,10 51,11 51,12 51,13 51,14 51,15 51,16 Ribeiro, 17:334.
  52. 52,0 52,1 52,2 52,3 52,4 52,5 52,6 Ribeiro, 17:335.

Fontes

Bibliografia

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878. Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 12. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1884.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 13. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1885.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 17. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1892.

Ligações Internas

Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link: Categoria:Escola Industrial do Porto

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/5jaw-hxw0

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Escola Industrial do Porto", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 14/01/2024). Consultado a 03 de junho de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Escola_Industrial_do_Porto. DOI: https://doi.org/10.34619/5jaw-hxw0