Adriano Gavila: diferenças entre revisões

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===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
Adriano Gavila nasceu em Xativa, Valencia, Espanha<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Diligência de Habitação para a Ordem de Santiago de Don Adriano Gavilla, 16/7/1721. IAN/TT, PT/TT/MCO/A-C/003-001/0006/00001.</ref>. Era filho do engenheiro [[Filipe António Gavila]] e de Isabel Maria Rerengues Lanz<ref>Sobre Isabel Maria Rerengues Lanz ver a secção Ligações Externas desta entrada.</ref>, sendo descrito como nobre valenciano em publicações de 1746<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Na qual se dá notícia da viagem...,'' Lisboa, 1746, p. 4.</ref> e de 1755<ref>Sousa, Antonio Caetano de, ''Memorias Historicas, e Genealogicas dos Grandes de Portugal...'', Lisboa, Na Regia Officina Sylviana, 1755, p. 140.</ref>. Foi casado com Teresa Bárbara Gavila<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.
Adriano Gavila nasceu em Xàtiva, Valência, Espanha<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Diligência de Habitação para a Ordem de Santiago de Don Adriano Gavilla, 16/7/1721. IAN/TT, PT/TT/MCO/A-C/003-001/0006/00001.</ref>, filho do engenheiro [[Filipe António Gavila]] e de Isabel Maria Rerengues Lanz<ref>Sobre Isabel Maria Rerengues Lanz ver a secção Ligações Externas desta entrada.</ref>. Foi casado com Teresa Bárbara Gavila<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>, sendo descrito como nobre valenciano em publicações datadas de 1746<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Na qual se dá notícia da viagem...,'' Lisboa, 1746, p. 4.</ref> e de 1755<ref>Sousa, Antonio Caetano de, ''Memorias Historicas, e Genealogicas dos Grandes de Portugal...'', Lisboa, Na Regia Officina Sylviana, 1755, p. 140.</ref>.


===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
Adriano Gavila frequentou a [[Academia Militar da Corte]], provavelmente em Lisboa, em data incerta antes de 1730, mostrando "''boa suficiência''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Conjuntamente com o pai, Gavila trabalhou nas obras do Palácio de Mafra, onde se distinguiu em obras hidráulicas.  
Adriano Gavila frequentou a [[Academia Militar da Corte]] em data incerta, ainda que, certamente, antes de 1730, mostrando "''boa suficiência''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Juntamente com o pai, Gavila trabalhou nas obras do Palácio de Mafra, onde se distinguiu nas obras hidráulicas realizadas.  


Por carta patente de 27 de Agosto de 1730, Gavila foi provido no posto de ajudante de Infantaria com exercicio de engenheiro, recomendando que servisse e exercitasse com o engenheiro mor do Reino<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Por carta patente de 19 de Agosto de 1732, foi promovido ao posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, tendo em conta que "''ele tinha feito o descobrimento das águas das obras de Mafra, e condução delas, assim para o Convento, frontaria, e mais partes convenientes com o maior zelo e cuidado''". O salário consistia em dez mil reis de soldo por mês<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.
Por carta patente de 27 de Agosto de 1730, Adriano Gavila foi provido no posto de ajudante de infantaria com exercício de engenheiro, sendo recomendado que se exercitasse e servisse sob as ordens do engenheiro-mor do reino<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Por carta patente de '''19 de Agosto de 1732''', foi promovido ao posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, tendo em conta que "''ele tinha feito o descobrimento das águas das obras de Mafra, e condução delas, assim para o Convento, frontaria, e mais partes convenientes com o maior zelo e cuidado''". O salário consistia em dez mil reis de soldo por mês<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.


Por provisão de 10 de Setembro de 1735, o rei concedeu a Adriano Gavila "''o soldo dobrado de Capitão Engenheiro''", em virtude de lhe "''faltar o soldo do seu Pai''" - que provavelmente falecera naquele ano - e por o ter "''concedido a todos os mais estrangeiros''". O salário consistia assim em trinta e dois mil reis por mês. Nesta mesma altura, Gavila preparava-se para "''passar logo ao Alentejo''".
Por provisão de 10 de Setembro de 1735, o rei concedeu a Adriano Gavila "''o soldo dobrado de Capitão Engenheiro''", em virtude de lhe "''faltar o soldo do seu Pai''" - que provavelmente falecera naquele ano -, e por o ter "''concedido a todos os mais estrangeiros''". O salário consistia assim em trinta e dois mil reis por mês. Nesta mesma altura, Gavila preparava-se para "''passar logo ao Alentejo''".


A 25 de Abril de 1738, foi promovido ao posto de tenente de mestre de campo general com exercício de engenheiro e enviado para servir na Índia<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>, onde chegou, provavelmente, em Setembro ou Outubro<ref>Assento do Senado de Damão datado de 13 de Abril de 1738, ''citado em'' Moniz, António Francisco, ''Notícias e Documentos para a História de Damão''. Vol. 2. Lisboa, Associação Damão-Diu, 2000, 17; 18. </ref>. Em Novembro do mesmo ano, o vice-rei Pedro de Mascarenhas, conde de Sandomil, comunicava ao general da Província do Norte, Pedro de Melo, que o "''novo engenheiro Dom Adriano Gavila'' (...) ''que veio do Reino, o têm reputado, e que o senhor conde de Ericeira me escreveu que sendo a Praça de Arronches uma das piores que tinhamos, ele em breve tempo com poucos meios a reformara de modo que ficou muito capaz''"<ref>Carta de Pedro de Mascarenhas, 7/11/1738, ''Livro de Baçaim nº 7'', fl. 118v, Historical Archive of Goa.</ref>.  
A 25 de Abril de 1738, foi promovido ao posto de tenente de mestre de campo general com exercício de engenheiro e enviado para servir na Índia<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>, onde chegou, provavelmente, em Setembro ou Outubro desse ano<ref>Assento do Senado de Damão datado de 13 de Abril de 1738, ''citado em'' Moniz, António Francisco, ''Notícias e Documentos para a História de Damão''. Vol. 2. Lisboa, Associação Damão-Diu, 2000, 17; 18. </ref>. Em Novembro de 1738, o vice-rei Pedro de Mascarenhas, conde de Sandomil, comunicava ao general da Província do Norte, Pedro de Melo, que o "''novo engenheiro Dom Adriano Gavila'' (...) ''que veio do Reino, o têm reputado, e que o senhor conde de Ericeira me escreveu que sendo a Praça de Arronches uma das piores que tínhamos, ele em breve tempo com poucos meios a reformara de modo que ficou muito capaz''"<ref>Carta de Pedro de Mascarenhas, 7/11/1738, ''Livro de Baçaim nº 7'', fl. 118v, Historical Archive of Goa.</ref>.  


Gavila participou no cerco de Baçaim entre Novembro de 1738 e Maio de 1739, tendo coordenado as operações de contra-minagem nesse último ano<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 3:335</ref><ref>Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 12 (1932) p. 85.</ref>. Participou também na malograda tentativa de reconquistar a fortificação de Reis Magos, perto de Taná, a 7 de Dezembro de 1738, da qual resultou a morte do recém-empossado general da Província do Norte, Pedro de Melo<ref>Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 10 (1931), p. 29.</ref>. Gavila é referido várias vezes na correspondência entre Baçaim e Goa durante esse período, "''recebendo três feridas'' (...) ''sendo duas de duas balas''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Pelo seu serviço e ferimentos, Gavila foi promovido pelo vice-rei Pedro de Mascarenhas ao posto de mestre de campo de Infantaria com exercício de engenheiro<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. O seu nome consta como o terceiro signatário do instrumento de rendição de Baçaim, de 16 de Maio 1739 (a seguir ao do general da Província do Norte e do capitão da praça).
Adriano Gavila participou no cerco de Baçaim entre Novembro de 1738 e Maio de 1739, tendo coordenado as operações de contra-minagem nesse último ano<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos</i>, 3:335</ref><ref>Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 12 (1932) p. 85.</ref>. Participou também na malograda tentativa de reconquistar a fortificação de Reis Magos, perto de Taná, a 7 de Dezembro de 1738, da qual resultou a morte do recém-empossado general da Província do Norte, Pedro de Melo<ref>Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 10 (1931), p. 29.</ref>. Gavila é referido várias vezes na correspondência entre Baçaim e Goa durante esse período, sabendo-se que terá sofrido ferimentos, nomeadamente, "''recebendo três feridas'' (...) ''sendo duas de duas balas''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Pelo seu serviço, e ferimentos, Gavila foi promovido pelo vice-rei Pedro de Mascarenhas ao posto de mestre de campo de infantaria com exercício de engenheiro<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. O seu nome consta como o terceiro signatário do instrumento de rendição de Baçaim, de 16 de Maio 1739 - a seguir ao do general da Província do Norte e do capitão da praça.


Entre Maio e inícios de Outubro de 1739, esteve em Bombaim, tendo chegado à barra de Aguada, Goa, a 8 de Outubro desse ano. Participou na malograda tentativa de reconquista de Bardez, marchando com a força do general Manoel Soares Velho em Novembro de 1739, desde a aldeia de Sinquerim até os muros de Tivim (cerca de 22km), tendo aí participado na tomada do forte de Colvale. A força recuou volvidos pouco dias para a fortificação de Aguada<ref>Pissurlencar, Panduronga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 13 (1932), p. 54.</ref>.
Entre Maio e inícios de Outubro de 1739, esteve em Bombaim, tendo chegado à barra de Aguada, em Goa, a 8 de Outubro desse ano. Participou na malograda tentativa de reconquista de Bardez, marchando com a força do general Manoel Soares Velho em Novembro de 1739, desde a aldeia de Sinquerim até aos muros de Tivim - um percurso de cerca de 22 km -, tendo, , participado na tomada do forte de Colvale. A força recuou volvidos pouco dias para a fortificação de Aguada<ref>Pissurlencar, Panduronga, "Portugueses e Maratas", ''Boletim do Instituto Vasco da Gama'', nº 13 (1932), p. 54.</ref>.


Em Junho de 1741, Gavila acompanhou novamente Manoel Soares Velho em novo ataque à província de Bradez, desta feita reconquistando-se aquela província para o Estado da Índia. Conjuntamente com o capitão [[Cristóvão de Saint-Martin]], Gavila comandou um destacamento de artilharia munido das peças de tiro rápido inventadas por Frederico [[Frederico Jacob Weinholtz|Jacob Weinholtz]], oficial dinamarquês ao serviço de D. João V. Gavila participou na conquista das fortificações da Ilha de Corjuém e de Colvale<ref>Carta do vice-rei Luís Xavier de Meneses, 20/09/1741, pub. in Joaquim Pedro Celestino Soares, ''Documentos Comprovativos do Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente,'' tomo III, pp. 13-14.</ref>.
Novamente, em Junho de 1741, acompanhou Manoel Soares Velho num ataque à província de Bradez, desta feita reconquistando-se aquela província para o Estado da Índia. Conjuntamente com o capitão [[Cristóvão de Saint-Martin]], Gavila comandou um destacamento de artilharia, munido das peças de tiro rápido inventadas por Frederico [[Frederico Jacob Weinholtz|Jacob Weinholtz]], oficial dinamarquês ao serviço de D. João V. Participou, igualmente, na conquista das fortificações da Ilha de Corjuém e de Colvale<ref>Carta do vice-rei Luís Xavier de Meneses, 20/09/1741, pub. in Joaquim Pedro Celestino Soares, ''Documentos Comprovativos do Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente,'' tomo III, pp. 13-14.</ref>. Por carta patente de 12 de Agosto de 1741, determinava-se que Adriano Gavila fosse despachado ao posto de tenente coronel de infantaria com exercício de engenheiro, aquando do seu regresso a Portugal, uma vez findos os oito anos de serviço no Estado da Índia<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.


Por carta patente da corte de 12 de Agosto de 1741, Gavila ficava despachado com o posto de tenente coronel de infantaria com exercício de engenheiro quando regressasse a Portugal, uma vez findos os oito anos de serviço no Estado da Índia<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.  
No ano seguinte, no mês de Junho, toma parte, na qualidade de tenente coronel engenheiro, em ataque contra as fortificações de Sanguém e Pondá, em Goa, chefiado pelo general Manuel Soares Velho; encontrando-se, ambas, ocupadas por forças maratas, que, em Maio desse ano, tinham também invadido Salcete, ameaçando a fortificação de Rachol. De acordo com uma fonte coeva, ambas as fortificações foram "''arrasadas''"<ref>"Noticias da Índia, Junho de 1742", ''Papéis vários'', Códice nº 677, fl. 412, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, citado em  Pandurang Pissurlencar (ed.), ''Assentos do Conselho de Estad''o. Vol. 5 (1696-1750). Bastorá: Tipografia Rangel, 1957, 639-640.</ref>.


Em Junho de 1742, o tenente coronel engenheiro Gavila tomou parte no ataque, que o general Manuel Soares Velho chefiou, contra as fortificações de Sanguém e Pondá, em Goa, ambas ocupadas por forças maratas, que em Maio desse ano tinham também invadido Salcete, ameaçando a fortificação de Rachol. De acordo com uma fonte coeva, ambas as fortificações foram "''arrasadas''"<ref>"Noticias da Índia, Junho de 1742", ''Papéis vários'', Códice nº 677, fl. 412, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, citado em  Pandurang Pissurlencar (ed.), ''Assentos do Conselho de Estad''o. Vol. 5 (1696-1750). Bastorá: Tipografia Rangel, 1957, 639-640.</ref>.
Segundo o autor da ''Epanaphora Indica (''1746), José Mascarenhas, Gavila foi o "''autor daquelas gloriosas acções''", algo que não fora reconhecido num livro publicado anteriormente, em 1742<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, pp. 3-11.</ref>. O engenheiro "''justificou judicialmente em Goa''" o seu papel nas operações militares através de depoimentos de vários oficiais que o acompanharam<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 3.</ref>. Na publicação mais tardia, elucida-se que Gavila comandara, efectivamente, a força que, partindo de Rachol, conquistou Sanguém, a cerca de 30km para sudeste ao longo do Rio Zuari, a 8 de Junho de 1742: "''marchou D. Adriano sobre esta fortaleza, e escalando-a com três companhias de granadeiros, a tomou com toda a sua artilharia, munições, e apetrechos; passando a sua guarnição à espada; e perdoando só a mulheres, a crianças, e a 40 pessoas, às quais por comiseração concedeu quartel, deixando-as prisioneiras de guerra''"<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 10.</ref>. Após esta batalha, Gavila marchou em direcção a Pondá com as mesmas companhias de granadeiros, tendo ocupado a sua fortificação no dia 11 Junho, após debandada da sua guarnição marata<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 10.</ref>.  


Segundo o autor da ''Epanaphora Indica'' (1746), Gavila foi o "''autor daquelas gloriosas acções''", algo que não fora reconhecido num livro publicado em 1742<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, pp. 3-11.</ref>. O engenheiro "''justificou judicialmente em Goa''" o seu papel nas operações militares através de depoimentos de vários oficiais que o acompanharam<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 3.</ref>. Na publicação mais tardia, elucida-se que Gavila comandara efectivamente a força que, partindo de Rachol, conquistou Sanguém, a c. de 30km para sudeste ao longo do Rio Zuari, a 8 de Junho de 1742:
Tendo servido quase oito anos no Estado da Índia, Adriano Gavila embarcou a 27 de Janeiro de 1746 na nau Vitória, sob o comando do capitão de mar Francisco Pinheiro dos Santos, com destino a Portugal, por via dos portos do sul da Índia e do Cabo Comorim<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Parte IV,'' Lisboa, 1748, pp. 59-60.</ref>. A carga da nau incluía um importante volume de diamantes para a corte. A viagem foi atribulada, tendo o mau tempo causado inundações e estragos na nau. Esta veio a fundear no porto de Saint Paul na Ilha de Réunion a 25 de Março de 1747, carecendo de reparações urgentes. Os diamantes destinado à corte Portuguesa foram, então, reenviados para Goa sob escolta de naus francesas. A nau, depois de uma tormenta ter quebrado suas amarras, naufragou no dia 6 de Abril à vista de Saint Paul, salvando-se a maior parte da sua marinhagem, sendo que o capitão de mar e os tripulantes, incluindo, presumivelmente, Gavila, estavam em terra. Os portugueses e a fazenda resgatada da nau foram transportados para a Ilha Maurice, onde chegaram a 5 de Janeiro de 1747<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Parte IV,'' Lisboa, 1748, pp. 59-67.</ref>. Desconhece-se quando, e como, Adriano Gavila chegou a Portugal, mas uma tença concedida por D. João V em Setembro de 1748 é um indício seguro do seu regresso à metrópole nessa altura<ref>D. Adriano Gavila, 1/9/1748, Registo Gerais de Mercês, IAN/TT, http://digitarq.arquivos.pt/details?id=1909937</ref>.     
 
"''marchou D. Adriano sobre esta fortaleza, e escalando-a com três companhias de granadeiros, a tomou com toda a sua artilharia, munições, e apetrechos; passando a sua guarnição à espada; e perdoando só a mulheres, a crianças, e a 40 pessoas, às quais por comiseração concedeu quartel, deixando-as prisioneiras de guerra''"<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 10.</ref>. Após esta batalha, Gavila, com as mesmas companhias de granadeiros, marchou em direcção a Pondá, tendo ocupado a sua fortificação no dia 11 Junho, após debandada da sua guarnição marata<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem...''.Lisboa, 1746, p. 10.</ref>.
 
Tendo servido quase oito anos no Estado da Índia, Gavila embarcou a 27 de Janeiro de 1746 na nau Vitória, sob o comando do capitão de mar Francisco Pinheiro dos Santos, com destino a Portugal, por via dos portos do sul da Índia e do Cabo Comorim<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Parte IV,'' Lisboa, 1748, pp. 59-60.</ref>. A carga da nau incluia importante volume de diamantes para a corte. A viagem foi atribulada, tendo o mau tempo causado inundações e estragos na nau. Esta veio a fundear no porto de Saint Paul na Ilha de Réunion a 25 de Março de 1747, carecendo de reparações urgentes. Os diamantes destinado à corte Portuguesa foram então reenviados para Goa sob escolta de naus francesas. A nau, depois de uma tormenta ter quebrado suas amarras, naufragou no dia 6 de Abril à vista de Saint Paul, salvando-se a maior parte da sua marinhagem, sendo que o capitão de mar e os tripulantes, incluindo, presumivelmente, Gavila, estavam em terra. Os portugueses e a fazenda resgatada da nau foram transportados para a Ilha Maurice, onde chegaram a 5 de Janeiro de 1747<ref>Mascarenhas, José Monterroyo, ''Epanaphora Indica, Parte IV,'' Lisboa, 1748, pp. 59-67.</ref>. Desconhece-se quando, e como, Gavila chegou a Portugal, mas uma tença concedida por D. João V em Setembro de 1748 é um indício seguro do seu regresso à metrópole nessa altura<ref>D. Adriano Gavila, 1/9/1748, Registo Gerais de Mercês, IAN/TT, http://digitarq.arquivos.pt/details?id=1909937</ref>.     
 
Por carta patente de 10 de Novembro de 1750, Gavila foi promovido ao posto de coronel de infantaria com exercicio de engenheiro<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>.
 
Gavila faleceu no terramoto de 1 de Novembro de 1755 em Lisboa, na sua residencia no "''Largo do Lagar do Cebo''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Segundo documento referindo os seus serviços, Gavila "''servio'' (...) ''a Vossa Magestade por espaço de 25 annos, dois de Ajudante Engenheiro, quatro de Capitão Engenheiro, catorze de Thenente Coronel, e cinco de Coronel, começando'' (...) ''no ano de 1730, e falecendo no de 1755''."<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref> 


Por carta patente de 10 de Novembro de 1750, Gavila foi promovido ao posto de coronel de infantaria com exercício de engenheiro<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Faleceu vitimado pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755 em Lisboa, na sua residência no "''Largo do Lagar do Cebo''"<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>. Segundo documento referindo os seus serviços, Gavila "''servio'' (...) ''a Vossa Magestade por espaço de 25 annos, dois de Ajudante Engenheiro, quatro de Capitão Engenheiro, catorze de Thenente Coronel, e cinco de Coronel, começando'' (...) ''no ano de 1730, e falecendo no de 1755''."<ref>Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, ''Ministério do Reino'', IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282</ref>
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==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
Adriano Gavila trabalhou nas obras do Convento de Mafra, e nas reforma setecentista da fortificação de Arronches.
Adriano Gavila trabalhou nas obras do Convento de Mafra, e nas reforma setecentista da fortificação de Arronches. Esteve encarregue das


Foi o responsável pelas operações de contra-minagem em Baçaim em 1739, durante os últimos meses do cerco marata àquela fortificação.
Foi o responsável pelas operações de contra-minagem em Baçaim em 1739, durante os últimos meses do cerco marata àquela fortificação.
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Revisão das 18h54min de 31 de maio de 2023


Adriano Gavila
Nome completo Adriano Gavila
Outras Grafias D. Adriano Gávila, Adriano Gavilá
Pai Filipe António Gavila
Mãe Isabel Maria Rerengues Lanz
Cônjuge Teresa Bárbara Gavila
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) Mariano Gavila
Nascimento valor desconhecido
Xàtiva, Valência, Espanha
Morte 1 novembro 1755
Lisboa, Lisboa, Portugal
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1730
Fim: 10 de setembro de 1735
Formação
Data Fim: 1730
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Data Início: 12 de agosto de 1741
Fim: 10 de novembro de 1750
Arma Infantaria

Posto Ajudante com exercício de Engenheiro
Data Início: 27 de agosto de 1730
Fim: 19 de agosto de 1732
Arma Infantaria

Data Início: 19 de agosto de 1732
Fim: 25 de abril de 1738
Arma Infantaria
Actividade
Actividade Acompanhamento de obra
Local de Actividade Convento de Mafra, Mafra,-

Actividade Campanha militar
Data Início: 1739
Local de Actividade Baçaim, Índia


Biografia

Dados biográficos

Adriano Gavila nasceu em Xàtiva, Valência, Espanha[1], filho do engenheiro Filipe António Gavila e de Isabel Maria Rerengues Lanz[2]. Foi casado com Teresa Bárbara Gavila[3], sendo descrito como nobre valenciano em publicações datadas de 1746[4] e de 1755[5].

Carreira

Adriano Gavila frequentou a Academia Militar da Corte em data incerta, ainda que, certamente, antes de 1730, mostrando "boa suficiência"[6]. Juntamente com o pai, Gavila trabalhou nas obras do Palácio de Mafra, onde se distinguiu nas obras hidráulicas realizadas.

Por carta patente de 27 de Agosto de 1730, Adriano Gavila foi provido no posto de ajudante de infantaria com exercício de engenheiro, sendo recomendado que se exercitasse e servisse sob as ordens do engenheiro-mor do reino[7]. Por carta patente de 19 de Agosto de 1732, foi promovido ao posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, tendo em conta que "ele tinha feito o descobrimento das águas das obras de Mafra, e condução delas, assim para o Convento, frontaria, e mais partes convenientes com o maior zelo e cuidado". O salário consistia em dez mil reis de soldo por mês[8].

Por provisão de 10 de Setembro de 1735, o rei concedeu a Adriano Gavila "o soldo dobrado de Capitão Engenheiro", em virtude de lhe "faltar o soldo do seu Pai" - que provavelmente falecera naquele ano -, e por o ter "concedido a todos os mais estrangeiros". O salário consistia assim em trinta e dois mil reis por mês. Nesta mesma altura, Gavila preparava-se para "passar logo ao Alentejo".

A 25 de Abril de 1738, foi promovido ao posto de tenente de mestre de campo general com exercício de engenheiro e enviado para servir na Índia[9], onde chegou, provavelmente, em Setembro ou Outubro desse ano[10]. Em Novembro de 1738, o vice-rei Pedro de Mascarenhas, conde de Sandomil, comunicava ao general da Província do Norte, Pedro de Melo, que o "novo engenheiro Dom Adriano Gavila (...) que veio do Reino, o têm reputado, e que o senhor conde de Ericeira me escreveu que sendo a Praça de Arronches uma das piores que tínhamos, ele em breve tempo com poucos meios a reformara de modo que ficou muito capaz"[11].

Adriano Gavila participou no cerco de Baçaim entre Novembro de 1738 e Maio de 1739, tendo coordenado as operações de contra-minagem nesse último ano[12][13]. Participou também na malograda tentativa de reconquistar a fortificação de Reis Magos, perto de Taná, a 7 de Dezembro de 1738, da qual resultou a morte do recém-empossado general da Província do Norte, Pedro de Melo[14]. Gavila é referido várias vezes na correspondência entre Baçaim e Goa durante esse período, sabendo-se que terá sofrido ferimentos, nomeadamente, "recebendo três feridas (...) sendo duas de duas balas"[15]. Pelo seu serviço, e ferimentos, Gavila foi promovido pelo vice-rei Pedro de Mascarenhas ao posto de mestre de campo de infantaria com exercício de engenheiro[16]. O seu nome consta como o terceiro signatário do instrumento de rendição de Baçaim, de 16 de Maio 1739 - a seguir ao do general da Província do Norte e do capitão da praça.

Entre Maio e inícios de Outubro de 1739, esteve em Bombaim, tendo chegado à barra de Aguada, em Goa, a 8 de Outubro desse ano. Participou na malograda tentativa de reconquista de Bardez, marchando com a força do general Manoel Soares Velho em Novembro de 1739, desde a aldeia de Sinquerim até aos muros de Tivim - um percurso de cerca de 22 km -, tendo, aí, participado na tomada do forte de Colvale. A força recuou volvidos pouco dias para a fortificação de Aguada[17].

Novamente, em Junho de 1741, acompanhou Manoel Soares Velho num ataque à província de Bradez, desta feita reconquistando-se aquela província para o Estado da Índia. Conjuntamente com o capitão Cristóvão de Saint-Martin, Gavila comandou um destacamento de artilharia, munido das peças de tiro rápido inventadas por Frederico Jacob Weinholtz, oficial dinamarquês ao serviço de D. João V. Participou, igualmente, na conquista das fortificações da Ilha de Corjuém e de Colvale[18]. Por carta patente de 12 de Agosto de 1741, determinava-se que Adriano Gavila fosse despachado ao posto de tenente coronel de infantaria com exercício de engenheiro, aquando do seu regresso a Portugal, uma vez findos os oito anos de serviço no Estado da Índia[19].

No ano seguinte, no mês de Junho, toma parte, na qualidade de tenente coronel engenheiro, em ataque contra as fortificações de Sanguém e Pondá, em Goa, chefiado pelo general Manuel Soares Velho; encontrando-se, ambas, ocupadas por forças maratas, que, em Maio desse ano, tinham também invadido Salcete, ameaçando a fortificação de Rachol. De acordo com uma fonte coeva, ambas as fortificações foram "arrasadas"[20].

Segundo o autor da Epanaphora Indica (1746), José Mascarenhas, Gavila foi o "autor daquelas gloriosas acções", algo que não fora reconhecido num livro publicado anteriormente, em 1742[21]. O engenheiro "justificou judicialmente em Goa" o seu papel nas operações militares através de depoimentos de vários oficiais que o acompanharam[22]. Na publicação mais tardia, elucida-se que Gavila comandara, efectivamente, a força que, partindo de Rachol, conquistou Sanguém, a cerca de 30km para sudeste ao longo do Rio Zuari, a 8 de Junho de 1742: "marchou D. Adriano sobre esta fortaleza, e escalando-a com três companhias de granadeiros, a tomou com toda a sua artilharia, munições, e apetrechos; passando a sua guarnição à espada; e perdoando só a mulheres, a crianças, e a 40 pessoas, às quais por comiseração concedeu quartel, deixando-as prisioneiras de guerra"[23]. Após esta batalha, Gavila marchou em direcção a Pondá com as mesmas companhias de granadeiros, tendo ocupado a sua fortificação no dia 11 Junho, após debandada da sua guarnição marata[24].

Tendo servido quase oito anos no Estado da Índia, Adriano Gavila embarcou a 27 de Janeiro de 1746 na nau Vitória, sob o comando do capitão de mar Francisco Pinheiro dos Santos, com destino a Portugal, por via dos portos do sul da Índia e do Cabo Comorim[25]. A carga da nau incluía um importante volume de diamantes para a corte. A viagem foi atribulada, tendo o mau tempo causado inundações e estragos na nau. Esta veio a fundear no porto de Saint Paul na Ilha de Réunion a 25 de Março de 1747, carecendo de reparações urgentes. Os diamantes destinado à corte Portuguesa foram, então, reenviados para Goa sob escolta de naus francesas. A nau, depois de uma tormenta ter quebrado suas amarras, naufragou no dia 6 de Abril à vista de Saint Paul, salvando-se a maior parte da sua marinhagem, sendo que o capitão de mar e os tripulantes, incluindo, presumivelmente, Gavila, estavam em terra. Os portugueses e a fazenda resgatada da nau foram transportados para a Ilha Maurice, onde chegaram a 5 de Janeiro de 1747[26]. Desconhece-se quando, e como, Adriano Gavila chegou a Portugal, mas uma tença concedida por D. João V em Setembro de 1748 é um indício seguro do seu regresso à metrópole nessa altura[27].

Por carta patente de 10 de Novembro de 1750, Gavila foi promovido ao posto de coronel de infantaria com exercício de engenheiro[28]. Faleceu vitimado pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755 em Lisboa, na sua residência no "Largo do Lagar do Cebo"[29]. Segundo documento referindo os seus serviços, Gavila "servio (...) a Vossa Magestade por espaço de 25 annos, dois de Ajudante Engenheiro, quatro de Capitão Engenheiro, catorze de Thenente Coronel, e cinco de Coronel, começando (...) no ano de 1730, e falecendo no de 1755."[30]

Outras informações

Obras

Adriano Gavila trabalhou nas obras do Convento de Mafra, e nas reforma setecentista da fortificação de Arronches. Esteve encarregue das

Foi o responsável pelas operações de contra-minagem em Baçaim em 1739, durante os últimos meses do cerco marata àquela fortificação.

Foi o responsável pelas demolições das fortificações de Sanguém e Pondá em 1742, ambas nos territórios das Novas Conquistas, Goa.

Notas

  1. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Diligência de Habitação para a Ordem de Santiago de Don Adriano Gavilla, 16/7/1721. IAN/TT, PT/TT/MCO/A-C/003-001/0006/00001.
  2. Sobre Isabel Maria Rerengues Lanz ver a secção Ligações Externas desta entrada.
  3. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  4. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica, Na qual se dá notícia da viagem..., Lisboa, 1746, p. 4.
  5. Sousa, Antonio Caetano de, Memorias Historicas, e Genealogicas dos Grandes de Portugal..., Lisboa, Na Regia Officina Sylviana, 1755, p. 140.
  6. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  7. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  8. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  9. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  10. Assento do Senado de Damão datado de 13 de Abril de 1738, citado em Moniz, António Francisco, Notícias e Documentos para a História de Damão. Vol. 2. Lisboa, Associação Damão-Diu, 2000, 17; 18.
  11. Carta de Pedro de Mascarenhas, 7/11/1738, Livro de Baçaim nº 7, fl. 118v, Historical Archive of Goa.
  12. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 3:335
  13. Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", Boletim do Instituto Vasco da Gama, nº 12 (1932) p. 85.
  14. Pissurlencar, Panduranga, "Portugueses e Maratas", Boletim do Instituto Vasco da Gama, nº 10 (1931), p. 29.
  15. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  16. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  17. Pissurlencar, Panduronga, "Portugueses e Maratas", Boletim do Instituto Vasco da Gama, nº 13 (1932), p. 54.
  18. Carta do vice-rei Luís Xavier de Meneses, 20/09/1741, pub. in Joaquim Pedro Celestino Soares, Documentos Comprovativos do Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente, tomo III, pp. 13-14.
  19. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  20. "Noticias da Índia, Junho de 1742", Papéis vários, Códice nº 677, fl. 412, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, citado em Pandurang Pissurlencar (ed.), Assentos do Conselho de Estado. Vol. 5 (1696-1750). Bastorá: Tipografia Rangel, 1957, 639-640.
  21. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem....Lisboa, 1746, pp. 3-11.
  22. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem....Lisboa, 1746, p. 3.
  23. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem....Lisboa, 1746, p. 10.
  24. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica Na qual se dá notícia da viagem....Lisboa, 1746, p. 10.
  25. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica, Parte IV, Lisboa, 1748, pp. 59-60.
  26. Mascarenhas, José Monterroyo, Epanaphora Indica, Parte IV, Lisboa, 1748, pp. 59-67.
  27. D. Adriano Gavila, 1/9/1748, Registo Gerais de Mercês, IAN/TT, http://digitarq.arquivos.pt/details?id=1909937
  28. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  29. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282
  30. Requerimento de D. Teresa Bárbara Gavila, viúva do Coronel Engenheiro D. Adriano Gavila..., 1756, Ministério do Reino, IAN/TT, https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=8069282

Fontes

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V liv. 29, fol. 205.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Diligência de Habitação para a Ordem de Santiago de Don Adriano Gavilla, 16/7/1721. IAN/TT, PT/TT/MCO/A-C/003-001/0006/00001.

"Noticias da Índia, Junho de 1742", Papéis vários, Códice nº 677, fl. 412, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, citado em Pandurang Pissurlencar (ed.), Assentos do Conselho de Estado. Vol. 5 (1696-1750). Bastorá: Tipografia Rangel, 1957, 639-640.

Bibliografia

Assento do Senado de Damão datado de 13 de Abril de 1738, citado em Moniz, António Francisco, Notícias e Documentos para a História de Damão. Vol. 2. Lisboa, Associação Damão-Diu, 2000, 17; 18.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 3. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.

Ligações Externas

Página online sobre Isabel Maria Rerengues Lanz na plataforma genealógica Geni.

Autor(es) do artigo

Sidh Losa Mendiratta

CES - Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra

https://orcid.org/0000-0003-2960-8100

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/7a9n-g3yk

Citar este artigo

Mendiratta, Sidh Losa. "Adriano Gavila", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 31/05/2023). Consultado a 14 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Adriano_Gavila. DOI: https://doi.org/10.34619/7a9n-g3yk