António Carlos Andreis: diferenças entre revisões

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=== Dados biográficos ===
=== Dados biográficos ===
António Carlos Andreis era casado.
António Carlos Andreis é filho do sargento-mor António Carlos Andreas, a quem se atribuí o projeto da reconstrução do antigo Paço Real de Estremoz, requalificado para abrigar os Armazéns de Guerra (1736)<ref>CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.284.</ref>
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===Carreira===
===Carreira===
Começa a carreira como aprendiz de arquitectura nos Paços da Ribeira (lugar que vaga por morte de [[Pedro Ramalho]]) tendo-se notabilizado pela qualidade do seu desenho. Foi ajudante de [[Eugénio dos Santos]] e de [[Carlos Mardel]] na reconstrução de Lisboa. A partir de 1750 é capitão de infantaria e engenheiro.
Em 1750 foi provido por D. João V a aprendiz da arquitetura da Aula de Fortificação nos Paços da Ribeira.  Quando terminou os estudos regressou a Estremoz para trabalhar na construção das obras antes dirigidas pelo seu pai, que entretanto falecera. Em 1755, logo após o terramoto, foi chamado por Manuel da Maia Começa para ocupar o lugar que vagou por morte de [[Pedro Ramalho]], onde se notabilizou pela qualidade do seu desenho. Foi ajudante de [[Eugénio dos Santos]] e de [[Carlos Mardel]] na reconstrução de Lisboa.<ref>“''Ao Capitão Eugenio dos Santos de Carvalho, acompanhado do Ajudante Antonio Carlos Andreas, entreguey outra planta da parte de Lisboa baixa destruida, para que sobre o terreno que occupara formasse outra nova planta com toda a liberdade inteiramente, e sem sogeição nem preceito algum mais que a conservação dos Templos, Ermidas e Freguezias: o que vay executado na planta nº 3''.”. Dissertação de Manuel da Maya – III Parte, in FRANÇA, José Augusto, “Lisboa Pombalina e o Iluminismo”, p. 321.</ref>    Em maio de 1762 foi promovido a capitão de infantaria com exercício de engenheiro e destacado para servir em Almeida e substituir o Marechal de Campo João Alexandre Chermont, engenheiro francês que trabalhava nas fortificações portuguesas desde 1723, como responsável da direção das obras desta praça, que entretanto fora dispensado por se ter incompatibilizado com o governador Alexandre Palhares de Brito<ref>CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90</ref>.
 
Em plena guerra agudizou-se o conflito entre os técnicos engenheiros e o governador, o qual redundou na prisão de alguns técnicos, entre eles o capitão Andreis<ref>CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90</ref>.
 
Em 1765 o engenheiro António Carlos Andreis, foi libertado e destacado para servir com o posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, nas ilhas de Cabo Verde. Nesse mesmo ano, foi integrado na expedição que saía de Lisboa para Bissau para a construção do  [http://ieeta-eviterbo.web.ua.pt/index.php/Categoria:Forte_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_da_Amura forte de S. José na Guiné Bissau], comandada pelo sargento-mor Manuel Germano da Mata.  O engenheiro desentendeu-se com o seu superior, e em causa estava, segundo Andreis, a má gestão do sargento-mor das obras na fortaleza de S. José de Bissau. Em consequência deste desentendimento, o engenheiro foi degredado para a ilha de Santiago, em 1766, perdendo o seu posto e o soldo<ref>VITERBO, F. Sousa, ''Dicionário Histórico dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses,'' Vol. II Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988. p. 28-30.</ref>.
 
Em 1779, em virtude do trabalho desenvolvido em Cabo Verde, onde permaneceu cerca de 12 anos, nunca deixou de trabalhar. Nesse período dirigiu algumas obras de fortificação, levantou e desenhou várias plantas e mapas tanto das fortificações, quanto das próprias ilhas e das povoações. Por essa razão, foi-lhe concedido o indulto,  recuperando assim, o posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, e o respetivo soldo.
 
Em 1780, encontrava-se em Lisboa, quando lhe foi solicitado pelo então secretário de Estado da Marinha e do Ultramar, Martinho de Mello e Castro, as repostas a um inquérito sobre as possibilidades da extensão do povoamento às ilhas desertas em Cabo Verde, isto é, S. Vicente, Santa Luzia e S. Nicolau. As respostas ao inquérito não foram animadoras, pelas reservas levantadas pelo engenheiro para o aumento da população das respetivas ilhas. Apesar dos avisos de Andreis, as autoridades prosseguiram com o processo de povoamento que, mais tarde, redundaria na criação da vila do Mindelo na ilha de São Vicente.
----[1] “''Ao Capitão Eugenio dos Santos de Carvalho, acompanhado do Ajudante Antonio Carlos Andreas, entreguey outra planta da parte de Lisboa baixa destruida, para que sobre o terreno que occupara formasse outra nova planta com toda a liberdade inteiramente, e sem sogeição nem preceito algum mais que a conservação dos Templos, Ermidas e Freguezias: o que vay executado na planta nº 3''.”. Dissertação de Manuel da Maya – III Parte, in FRANÇA, José Augusto, “Lisboa Pombalina e o Iluminismo”, p. 321.
 
[2] CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90
 
[3] Idem
 
[4] VITERBO, F. Sousa, ''Dicionário Histórico dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses,'' Vol. II Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988. p. 28-30.
 
. A partir de 1750 é capitão de infantaria e engenheiro.
Segundo Cirilo Volkmar Machado um Carlos Andrea foi mandado em 1762 para Almeida durante as campanhas da guerra com a Espanha e nessa ocasião terá desobedecido as ordens régias. Em 1762 é preso em Almeida e mandado para o Limoeiro de onde saiu em 1765 para servir nas ilhas de Cabo Verde <ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto01vite Vol I], 28-30</ref>. Integra-se nesse ano na expedição que sai de Lisboa para Bissau para a construção do  [http://ieeta-eviterbo.web.ua.pt/index.php/Categoria:Forte_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_da_Amura forte de S. José na Guiné Bissau], comandada pelo sargento-mor Manuel Germano da Mata, com quem Andreas virá a se desentender também.
Segundo Cirilo Volkmar Machado um Carlos Andrea foi mandado em 1762 para Almeida durante as campanhas da guerra com a Espanha e nessa ocasião terá desobedecido as ordens régias. Em 1762 é preso em Almeida e mandado para o Limoeiro de onde saiu em 1765 para servir nas ilhas de Cabo Verde <ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto01vite Vol I], 28-30</ref>. Integra-se nesse ano na expedição que sai de Lisboa para Bissau para a construção do  [http://ieeta-eviterbo.web.ua.pt/index.php/Categoria:Forte_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_da_Amura forte de S. José na Guiné Bissau], comandada pelo sargento-mor Manuel Germano da Mata, com quem Andreas virá a se desentender também.


Em 1766, é então degredado para  a Ilha de Santiago de Cabo Verde. Permanecerá ali segundo o seu próprio relato por mais de 12 anos. Durante este período vai dirigir algumas obras de fortificação, levantar e desenhar várias plantas e mapas tanto das fortificações quanto das próprias ilhas e das povoações.
Em 1766, é então degredado para  a Ilha de Santiago de Cabo Verde.  


===Outras informações===
===Outras informações===

Revisão das 18h29min de 9 de janeiro de 2023


António Carlos Andreis
Nome completo António Carlos Andreis
Outras Grafias António Carlos Andrea
Pai António Carlos Andreis
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte valor desconhecido
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido


Biografia

Dados biográficos

António Carlos Andreis é filho do sargento-mor António Carlos Andreas, a quem se atribuí o projeto da reconstrução do antigo Paço Real de Estremoz, requalificado para abrigar os Armazéns de Guerra (1736)[1]


Carreira

Em 1750 foi provido por D. João V a aprendiz da arquitetura da Aula de Fortificação nos Paços da Ribeira. Quando terminou os estudos regressou a Estremoz para trabalhar na construção das obras antes dirigidas pelo seu pai, que entretanto falecera. Em 1755, logo após o terramoto, foi chamado por Manuel da Maia Começa para ocupar o lugar que vagou por morte de Pedro Ramalho, onde se notabilizou pela qualidade do seu desenho. Foi ajudante de Eugénio dos Santos e de Carlos Mardel na reconstrução de Lisboa.[2] Em maio de 1762 foi promovido a capitão de infantaria com exercício de engenheiro e destacado para servir em Almeida e substituir o Marechal de Campo João Alexandre Chermont, engenheiro francês que trabalhava nas fortificações portuguesas desde 1723, como responsável da direção das obras desta praça, que entretanto fora dispensado por se ter incompatibilizado com o governador Alexandre Palhares de Brito[3].

Em plena guerra agudizou-se o conflito entre os técnicos engenheiros e o governador, o qual redundou na prisão de alguns técnicos, entre eles o capitão Andreis[4].

Em 1765 o engenheiro António Carlos Andreis, foi libertado e destacado para servir com o posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, nas ilhas de Cabo Verde. Nesse mesmo ano, foi integrado na expedição que saía de Lisboa para Bissau para a construção do forte de S. José na Guiné Bissau, comandada pelo sargento-mor Manuel Germano da Mata. O engenheiro desentendeu-se com o seu superior, e em causa estava, segundo Andreis, a má gestão do sargento-mor das obras na fortaleza de S. José de Bissau. Em consequência deste desentendimento, o engenheiro foi degredado para a ilha de Santiago, em 1766, perdendo o seu posto e o soldo[5].

Em 1779, em virtude do trabalho desenvolvido em Cabo Verde, onde permaneceu cerca de 12 anos, nunca deixou de trabalhar. Nesse período dirigiu algumas obras de fortificação, levantou e desenhou várias plantas e mapas tanto das fortificações, quanto das próprias ilhas e das povoações. Por essa razão, foi-lhe concedido o indulto, recuperando assim, o posto de capitão de infantaria com exercício de engenheiro, e o respetivo soldo.

Em 1780, encontrava-se em Lisboa, quando lhe foi solicitado pelo então secretário de Estado da Marinha e do Ultramar, Martinho de Mello e Castro, as repostas a um inquérito sobre as possibilidades da extensão do povoamento às ilhas desertas em Cabo Verde, isto é, S. Vicente, Santa Luzia e S. Nicolau. As respostas ao inquérito não foram animadoras, pelas reservas levantadas pelo engenheiro para o aumento da população das respetivas ilhas. Apesar dos avisos de Andreis, as autoridades prosseguiram com o processo de povoamento que, mais tarde, redundaria na criação da vila do Mindelo na ilha de São Vicente.


[1] “Ao Capitão Eugenio dos Santos de Carvalho, acompanhado do Ajudante Antonio Carlos Andreas, entreguey outra planta da parte de Lisboa baixa destruida, para que sobre o terreno que occupara formasse outra nova planta com toda a liberdade inteiramente, e sem sogeição nem preceito algum mais que a conservação dos Templos, Ermidas e Freguezias: o que vay executado na planta nº 3.”. Dissertação de Manuel da Maya – III Parte, in FRANÇA, José Augusto, “Lisboa Pombalina e o Iluminismo”, p. 321.

[2] CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90

[3] Idem

[4] VITERBO, F. Sousa, Dicionário Histórico dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, Vol. II Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988. p. 28-30.

. A partir de 1750 é capitão de infantaria e engenheiro. Segundo Cirilo Volkmar Machado um Carlos Andrea foi mandado em 1762 para Almeida durante as campanhas da guerra com a Espanha e nessa ocasião terá desobedecido as ordens régias. Em 1762 é preso em Almeida e mandado para o Limoeiro de onde saiu em 1765 para servir nas ilhas de Cabo Verde [6]. Integra-se nesse ano na expedição que sai de Lisboa para Bissau para a construção do forte de S. José na Guiné Bissau, comandada pelo sargento-mor Manuel Germano da Mata, com quem Andreas virá a se desentender também.

Em 1766, é então degredado para a Ilha de Santiago de Cabo Verde.

Outras informações

Obras

Notas

  1. CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.284.
  2. Ao Capitão Eugenio dos Santos de Carvalho, acompanhado do Ajudante Antonio Carlos Andreas, entreguey outra planta da parte de Lisboa baixa destruida, para que sobre o terreno que occupara formasse outra nova planta com toda a liberdade inteiramente, e sem sogeição nem preceito algum mais que a conservação dos Templos, Ermidas e Freguezias: o que vay executado na planta nº 3.”. Dissertação de Manuel da Maya – III Parte, in FRANÇA, José Augusto, “Lisboa Pombalina e o Iluminismo”, p. 321.
  3. CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90
  4. CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI-XVIII). Lisboa, Livros Horizonte, 2002, p.90
  5. VITERBO, F. Sousa, Dicionário Histórico dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, Vol. II Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988. p. 28-30.
  6. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol I, 28-30

Fontes

Bibliografia

Soares, Maria João. "Um projecto de (re)conhecimento do território em Cabo Verde: o relatório do engenherio António Carlos Andréis de 1780" In Actas do Colóquio Internacional Cabo Verde e Guiné-Bissau: Percursos do Saber e da Ciência. Lisboa: IICT/ISCSP-UTL, 2012.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol I. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.


Ligações Externas

Forte de São Lourenço da Ribeira Grande In Fortalezas.org

https://www.hpip.org/pt/heritage/details/1707

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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