António Correia Pinto

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António Correia Pinto
Nome completo António Correia Pinto
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte valor desconhecido
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Estremoz, Évora, Portugal
Data Início: 1666
Fim: 1668

Residência Setúbal, Setúbal, Portugal
Data Início: 1669
Fim: 1670

Residência Recife, Pernambuco, Brasil
Data Início: 1670
Fim: 1673
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 1663
Fim: 1666
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante
Data Início: 31 de maio de 1666
Fim: 15 de março de 1670
Arma Engenharia

Data Início: 15 de março de 1670
Fim: 03 de novembro de 1672
Arma Engenharia

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 1674
Cargos
Cargo Engenheiro
Data Início: 15 de dezembro de 1669
Actividade
Actividade Acompanhamento de obra
Local de Actividade Beja, Beja, Portugal

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1666
Fim: 1669
Local de Actividade Estremoz, Évora, Portugal

Actividade Acompanhamento de obra
Local de Actividade Forte de Santiago do Outão, Setúbal,-

Actividade Acompanhamento de obra
Local de Actividade Forte de São Filipe, Setúbal,-

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1671
Fim: 1674
Local de Actividade Recife, Pernambuco, Brasil


Biografia

Dados biográficos

Não se sabe o local ou a data de nascimento de António Correia Pinto. Fez a sua na formação na Aula de Fortificação de Lisboa entre 1663 e 1666,  juntamente com Tomé Pinheiro de Miranda, que diz que ele foi “discípulo da mesma Aula do Engenheiro-Mor que ainda que também praticou nas fortificações era mais moderno” (ou seja, mais novo)[1]. Este dado é significativo porque o coloca no contexto dos primeiros discípulos de Luís Serrão Pimentel que o engenheiro mor investiu na colocação em vários postos, afirmando que viriam a “ser muito bons engenheiros com o exercício” [1].  Com efeito, Luís Serrão Pimentel escreveu em 1668 uma carta indicando Correia Pinto em primeiro lugar para ir para o Brasil[2] e em petição feita em sua defesa confirma  “haver sido o seu mestre” [3].

Em Portugal serviu entre 1666 e 1669 no Alentejo e em Setúbal. Foi para Pernanbuco em 1670 e lá permaneceu até ao início de 1674, quando foi para a Bahia e de lá para São Vicente. Em 1675 estava em Santos, quando foi preso pelo ouvidor geral do Rio de Janeiro, Pedro de Unhão Castelo Branco, que o acusou de ter em sua posse ouro sem a marca real. É nesta circunstância que Luís Serrão Pimentel intercede a seu favor. A ordem régia que o manda soltar está datada de 22 de novembro de 1677[3]. Ainda voltou para Pernambuco mas não se sabe se depois terá permanecido no Brasil, nem a data e local da sua morte.

Carreira

Foi nomeado ajudante engenheiro das fortificações da província do Alentejo por carta patente de 31 de maio de 1666. A carta refere ao “préstimo que tem para servir na ocupação de ajudante de engenheiro de fortificações por se ter aplicado com diligencia no estudo e prática delas” [4]. Serviu no Alentejo, nas fortificações que se fizeram em Beja e Estremoz, assim como nas da vila de Setúbal e fortalezas de Outão e São Filipe. Na carta que escreveu indicando-o para ir para o Brasil, Luís Serrão Pimentel diz que: “em primeiro lugar António Correia que está em Estremoz de grande satisfação, tanta que tinha até agora à sua conta a fortificação da cidade de Beja, obra principalíssima” [2].

Por carta patente de 15 de dezembro de 1669 foi nomeado engenheiro da capitania de Pernanbuco[5]. Sentou praça de engenheiro  naquela capitania em 15 de março de 1670[6]. Entre 1670 e 1674 trabalhou, em Pernambuco, no desenho, construção e reedificação de várias fortalezas, entre as quais o forte do Brum, de que fez o desenho e começou a obra. Fez ainda desenhos para o forte do rio Doce, localizado na margem esquerda do rio Doce, próximo de Olinda, e em Recife, para a fortaleza das Cinco Pontas, e dois baluartes no corpo da Praça. Interveio ainda na reedificação de fortificações holandesas conquistadas pelos portugueses: o forte dos Afogados (Forte Príncipe Guilherme), o forte de Orange (Fortaleza de Santa Cruz de Itamaracá, na ilha de Itamaracá) e o forte da Barra de Nazaré (Forte do Pontal de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho). Em documento confirmando os seus trabalhos na capitania diz que não tinha quem o ajudasse nestas tarefas.

“António Correa Pinto, consta por fé dos ofícios e certidões que apresenta que indo por ordem de S. Alteza por engenheiro a Pernambuco, lhe fez S. Alteza promessa que vagando companhia naquela capitania, se teria respeito para o ser provido nela. Embarcando-se para a mesma capitania sentou nela praça de engenheiro em 15 de março de 1670 e serviu até 3 de setembro de 1672, em que fica continuando e no discurso de tempo, desenhou e começou o forte do Bru, tirando as plantas das fortificações daquelas capitanias; e desenhasse as que fossem necessárias;como foram um forte importante com sua linha no rio Doce, para defesa da marinha e paço dele; o forte no sítio das cinco pontas; dois baluartes no corpo da praça, as quais obras continuam, e as plantas dos fortes dos Afogados, Orange e Barra de Nazaret, a cujas reedificações também assiste, procedendo em tudo com zelo, satisfação e acerto e com grande trabalho por não ter pessoas práticas que o ajudem” [6].

Ao longo deste período serviu como engenheiro, sem posto militar. Em 1674 pede que lhe seja concedida a patente de capitão ad honorem, que lhe tinha sido prometida aquando da sua nomeação para a capitania. Na resposta do Conselho Ultramarino ao seu pedido diz-se que:

“Ao Conselho parece que que V.A. faça mercê ao engenheiro António Correia Pinto de lhe mandar passar patente ad honorem, para que com o soldo que tem de engenheiro, fique com o título de capitão, pois sendo com companhia efetiva, ou na Bahia, ou em Pernambuco, em razão do seu exercício, não poderá assitir no decapitão de infantaria, por haver de correr aquele Estado, para assistir  as suas fortificações; e com a patente ad honorem ficará com mais respeito, que é o que deve procurar este pretendente. Em Lisboa a 25 de Agosto de 1674.”[7]

No início de 1674 António Correia Pinto passara para a Bahia, a pedido do governador geral António de Souza Freire (1667-1671), que desde 1671 pedia a presença do engenheiro naquela capitania, contudo a ordem só foi passada em janeiro de 1674 [8]. No final do mesmo ano foi, a mando do então governador geral Afonso Furtado de Mendonça (1671-1675) para São Vicente. Daí passa para Paranaguá, em 1675, para examinar e mapear as minas, e de onde Afonso Furtado Rio de Mendonça lhe pede a planta da cidade[8].

Neste mesmo ano de 1675 é preso em Santos e conduzido ao Rio de Janeiro pelo ouvidor geral do Rio de Janeiro Pedro de Unhão Castelo Branco que o acusou não só de ter em sua posse ouro sem a marca real, como também de possuir armas em sua posse. Segundo a petição escrita por Luís Serrão Pimentel, a acusação seria movida por abuso de poder do ouvidor geral uma vez que o engenheiro estaria apenas transportando o ouro para o governador geral como “também não era crime, que alguém tenha em sua casa as pistolas com que serviu na guerra maiormente havendo no Brasil a provisão de V. A., pelas quais razões não devia o dito engenheiro estar preso, como o deixara o dito Pedro de Unhão, faltando a assistência às fortificações de Pernambuco que por este respeito ficaram paradas, em detrimento e risco do Estado”[3].

O engenheiro-mor conclui a sua defesa argumentando que “por haver sido seu mestre, e pelo haver apresentado por ordem deste conselho, quando fora despachado por Engenheiro para aquele Estado e por lhe incumbir por seu cargo de Engenheiro mor apontar as faltas e necessidades das fortificações, representa a V. A. que deve ser servido mandar consultar o meio que se deve tomar que o dito engenheiro seja solto, sem detrimento da justiça, e possa continuar com o seu exercício.” [3].

O parecer do Conselho Ultramarino vai mesmo sentido.  “Ao Conselho parece que considerando o tempo que já está prezo o engenheiro e a necessidade que dele se tem para as fortificações da Bahia e custo que faz a fazenda real de V. A, que tudo é em desserviço de V. A. e que esta omissão de  trazer o ouro sem marca, foi por não ter notícia das ordens de V. A. e haver dois anos que está prezo e ser de utilidade a pessoa deste sujeito para o serviço das fortificações daquelas partes, por tudo lhe deve V. A. perdoar mandando passar ordem para que seja solto e vá exercitar seu ofício tendo V. A. outrossim respeito ao que António Correia Pinto representa, sem embargo da resposta do procurador da fazenda. Lisboa 23 de setembro de 1677.” [3].

Em 1678 foi enviado para Pernanbuco para fazer medições no forte do Brum, em Recife [8] [9].

Outras informações

Obras

Em Portugal trabalha nas Fortificações de Estremoz, Beja e Setúbal (Fortalezas de Outão e São Filipe). No Brasil nas fortalezas de Pernambuco: Forte do Brum, Forte do Rio Doce, Fortaleza das Cinco Pontas, Forte dos Afogados, Fortaleza de Santa Cruz de Itamaracá, Forte do Pontal de Nazaré.

Notas

  1. 1,0 1,1 Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. CU_Brasil_Maranhão. 1671, Janeiro, 21.
  2. 2,0 2,1 AHU.Doc. 2265. Catálogo Luísa da Fonseca. CU_Brasil_Bahia. 1668, Junho, 2, Lisboa.
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 AHU. Doc. 2787-2789. Catálogo Luísa da Fonseca.  CU_Brasil_Bahia. 1677, setembro, 23, Lisboa.
  4. Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. História orgânica e política do exercito portuguez: provas. Vol. VIII. Lisboa Coimbra: Imprensa Nacional; Imprensa da Universidade, 1919, p. 409.
  5. Arquivo Nacional Torre do Tombo. PT/TT/RGM/A/001/0019/316524. 1669, Dezembro, 15.
  6. 6,0 6,1 AHU_ACL_CU_015, Cx. 10, D. 965. CU_Brasil_Pernambuco. (post.1672, setembro, 3, Lisboa).
  7. AHU_ACL_CU_015, cx. 10, D. 1013. CU_Brasil_Pernambuco. 1674, agosto, 25, Lisboa.
  8. 8,0 8,1 8,2 Oliveira, Mário Mendonça. Acenos sobre a contribuição da Engenharia Militar para a Cabeça do Brasil. Revista da Cultura. Fundação Cultural do Exército Brasileiro. Ano XX, nº 34, pp. 22-32.
  9. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 279-280

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. CU_Brasil_Maranhão. 1671, Janeiro, 21. Consulta do Conselho Ultramarino para o Príncipe regente D. Pedro, sobre o pedido do engenheiro Tomé Pinheiro de Miranda, que vai para o Maranhão e deseja uma ajuda de custo

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx. 10, D. 965. CU_Brasil_Pernambuco. (post.1672, setembro, 3, Lisboa). Informação do Conselho Ultramarino sobre os serviços de António Correia Pinto, desde 1670 até 1672, na praça de engenheiro na capitania de Pernambuco.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, cx. 10, D. 1013. CU_Brasil_Pernambuco. 1674, agosto, 25, Lisboa. Consulta do CU ao príncipe regente D. Pedro, sobre o requerimento do engenheiro da capitania de Pernambuco, Antonio Correia Pinto, pedindo patente de capitão ad honorem, e que vagando Companhia na Bahia ou em Pernambuco, seja provido nela com soldo de engenheiro.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_Catálogo Luísa da Fonseca_Doc. 2265. CU_Brasil_Bahia. 1668, Junho, 2, Lisboa. Carta de Luís Serrão Pimentel, tenente general de artilharia com exercício de engenheiro, lente da cadeira de fortificação e castrametração, para S. Majestade, propondo pessoas para engenheiros do Brasil.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_Catálogo Luísa da Fonseca_Doc. 2615. CU, Brasil, Bahia. 1674, Novembro, 12, Lisboa. . Consulta do Conselho Ultramarino sobre os engenheiros João Lucas Ferreira Simões, de Viana do Castelo, Manuel Barreto da Ponte, João Coutinho e Antonio Correia Pinto, que podem ir para os Estados da India e Brasil.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_Catálogo Luísa da Fonseca_Doc. 2787-2789. CU_Brasil_Bahia. 1677, setembro, 23, Lisboa. Consulta do Conselho Ultramarino sobre o que pede o engenheiro-mor Luís Serrão Pimentel, acerca da prisão do capitão engenheiro do Brasil, António Correia Pinto, por ordem do ouvidor do Rio de Janeiro, Pedro de Unhão Castelo Branco. Lisboa, 23 de Setembro de 1677. Anexo. Provisão para ser solto o capitão engenheiro António Correia Pinto. Lisboa, 22 de novembro de 1677. Anexo: carta do ouvidor Pedro de Unhão Castelo Branco para S.A., com as razões que teve para prender o engenheiro António Correia Pinto, que trazia oiro de Pernambuco (sic Paranaguá), sem a marca real. Lisboa, 18 de Março de 1677.

Arquivo Nacional Torre do Tombo. PT/TT/RGM/A/001/0019/316524. 1669, Dezembro, 15. Antonio Correia de Brito (sic). Carta Capitão engenheiro da capitania de Pernambuco. Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.19, f.256

Bibliografia

Oliveira, Mário Mendonça. Acenos sobre a contribuição da Engenharia Militar para a Cabeça do Brasil. Revista Da Cultura. Fundação Cultural do Exército Brasileiro. Ano XX, nº 34, pp. 22-32.

Sepúlveda, Cristóvão Aires de Magalhães. História orgânica e política do exercito portuguez: provas. Vol.VIII. Lisboa Coimbra: Imprensa Nacional; Imprensa da Universidade, 1919, pp. 409-410.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol II. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/lkz0-kvp8

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