Associação dos Engenheiros Civis Portugueses: diferenças entre revisões

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==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses recebe aprovação dos seus Estatutos em 12 de Abril de 1869, fixando sede em Lisboa. A fundação da Associação foi impulsionada pelo desenvolvimento industrial português decorrido na segunda metade do século XIX e a ampla participação que os engenheiros assumiram, então, em vários setores, que alavancou a necessidade de definir uma identidade profissional própria, um espaço de intervenção próprio na sociedade, e a "''consagração do estatuto social dos engenheiros como profissionais altamente qualificados''"<ref>Rollo, "Há 140 anos", 90.</ref>.  
A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses recebeu aprovação dos seus Estatutos em 12 de Abril de 1869, após reuniões preparatórias realizadas nos finais da década de 50<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 10:186.</ref>. Com sede em Lisboa, a criação da Associação deu-se num ambiente favorável ao desenvolvimento industrial português, decorrido na segunda metade do século XIX, e à ampla participação dos engenheiros civis nas obras públicas. Nesse contexto foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria (MOPCI) e do Corpo de Engenharia, ambos em 1852. Nesta última instituição participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, sendo os últimos predominantes devido à facilidade na fixação nos quadros da instituição<ref name=":0" />.  


No contexto português oitocentista de industrialização foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso dado à época à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria e do Corpo de Engenharia, em 1852. Nesta última estrutura participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, estes últimos em maioria e com fácil acesso aos quadros do M.O.P.C.I. Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares procurando autonomizar o ramo civil da engenharia. Não obstante, o Corpo de Engenharia Civil era extinto em 1868 e determinava-se que as funções de engenharia civil fossem asseguradas pelo Corpo de Engenharia, contexto que impulsionou a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde<ref>Rollo, "Há 140 anos", 90.</ref>.
O avolumar da actividade profissional alavancou a necessidade da definição de uma identidade profissional e espaço de intervenção próprios na sociedade portuguesa, e, consequentemente, a "''consagração do estatuto social dos engenheiros como profissionais altamente qualificados''"<ref name=":0" />. Parte desse processo de definição concretizar-se-ia através da autonomização da engenharia civil do âmbito da tradicional engenharia militar, entendida como civil em tempo de paz. A distinção entre a prática civil e militar da engenharia aconteceu através da prática profissional, em particular no âmbito da construção da ferrovia nas décadas de 50 e 60 do século XIX<ref>Diogo, "Portuguese engineers", 68.</ref>, e não pela autonomização dos estudos de engenharia civil, uma vez que o ensino de engenharia manteve-se na esfera da instrução militar até à primeira década do século XX. Foi pela sua intervenção na construção da ferrovia nacional e o contacto com comunidades socioprofissionais estrangeiras que os engenheiros civis identificaram competências profissionais próprias e se observaram como grupo profissional<ref name=":2">Macedo, ''Projectar e Construir a Nação''; Diogo, 74-75.</ref>. De igual forma, essa participação dotou os engenheiros civis de relevância social perante uma sociedade que entendida o caminho-de-ferro como a principal estratégia de modernização do país e uma infraestrutura associada ao bem comum<ref name=":2" /><ref>Vejam-se igualmente os estudos de Pereira, "Quando Portugal acreditou", "Instituições e Caminhos-de-ferro" e "Fronteiras e caminhos-de-ferro"; e de Marçal, ''Um império projectado.''</ref>.  


Nos primeiros Estatutos a Associação estabelece como seus propósitos o esclarecimento sobre "''as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil''", o desenvolvimento dessas ciências, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "''estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública''" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contactos com "''sociedades análogas existentes em países estrangeiros''"<ref>Ribeiro, "História dos Estabelecimentos", 328-329.</ref>. Não obstante, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses através do associativismo profissional saldou-se por diversas vezes gorada pela realidade política e financeira portuguesa fragmentada que impedia a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer com após a implantação do regime republicano.
Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares, que reconhecia a importância dos engenheiros civis e procurava autonomizar o ramo civil da engenharia militar. Contudo, o Corpo conheceu uma curta duração, sendo extinto em 1868. As suas funções transferidas para o Corpo de Engenharia, o que impulsionaria a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde<ref name=":0">Rollo, "Há 140 anos", 90.</ref>.


No que concerne à difusão de informação entre associados e à visibilidade pública da Associação achavam-se assegurados pela publicação de órgão periódico próprio sob o título ''Revista de Obras Públicas e Minas'', publicado entre 1870 e 1926, e que foi sucedido pela ''Revista da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses'', publicada entre 1927 e 1936.  
Os primeiros Estatutos da Associação foram aprovados em 1869 e estabeleciam como seu principal propósito o esclarecimento sobre "''as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil''", o que correspondia à delimitação da área profissional. Acresciam ainda outros objectivos como o desenvolvimento daquelas áreas científicas, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "''estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública''" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contatos com "''sociedades análogas existentes em países estrangeiros''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 11:328-329.</ref>. O primeiro presidente da Associação foi João Crisóstomo de Abreu e Sousa, antigo Ministro do M.O.P.C.I.. A sua escolha traduziu a ligação entre a engenharia civil, os caminhos-de-ferro, nos quais teve ampla participação, e a modernidade que se almejava para o país<ref>Diogo, "Portuguese engineers", 77.</ref>.  


Em 24 de Novembro de 1936 a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo, criando-se a Ordem dos Engenheiros, instituição para a qual transitaram os sócios da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, a qual manteve atividade até à sua extinção oficial em 1956<ref>Rollo, "Da Associação", 108.</ref>.
Até ao século XX a actividade dos engenheiros civis permaneceu intimamente ligada às obras públicas<ref>Diogo, 80-81.</ref>, ainda que a Associação tenha procurado estabelecer a relação causal entre a acção do engenheiro civil e o desenvolvimento da indústria moderna no país. Em 1898, as propostas apresentadas pela Associação traduziam justamente essa relação de dependência, a par da necessidade de reformular a formação técnica no campo da engenharia<ref>Diogo, 79.</ref>, ainda assegurada pelas escolas militares, como a [[Escola do Exército]] ou a [[Escola Politécnica de Lisboa]].


===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
A actividade da Associação foi igualmente direccionada para o contexto internacional enquanto estratégia de legitimação e pertença a uma cultura de engenharia civil autonomizada do ramo militar, desenvolvida no espaço europeu. Assim, observa-se a participação dos seus membros nas exposições mundiais e em encontros e revistas estrangeiras de especialidade, bem como pela formação técnica em escolas estrangeiras<ref>Diogo, 81-82.</ref>.
Sócios inscritos na Associação dos Engenheiros Civis Portugueses (1869-1936)<ref>Rollo, "Da Associação", 108</ref>


Ano  Sócios      Ano  Sócios      Ano    Sócios
No cômputo geral, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses permaneceu intimamente ligada à concretização de obras públicas face ao lento e diminuto desenvolvimento das indústrias nacionais. Nesse contexto, a actividade associativa foi por diversas vezes gorada por uma realidade política e financeira turbulenta que impediu a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer durante a Primeira República<ref name=":1" />.


1869    102        1892    254        1915    489
Em 24 de Novembro de 1936, a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo, sendo criada a Ordem dos Engenheiros. A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses manteve atividade até à sua extinção oficial em 1956<ref name=":1">Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>.


1870    177        1893    270        1916    507
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
O número de sócios que, à data da fundação, em 1869, totalizava os 102, conheceu um aumento exponencial atingindo os 1097 sócios em 1936, tendo posteriormente transitado para a Ordem dos Engenheiros<ref>A evolução anual do número de sócios entre 1869 e 1936 está disponível em Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.</ref>.


1871    189        1894    272        1917    392
No que concerne à difusão de informação entre associados e à visibilidade pública da Associação achavam-se assegurados pela publicação de órgão periódico próprio sob o título ''Revista de Obras Públicas e Minas'', publicado entre 1870 e 1926, e que foi sucedido pela ''Revista da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses'', publicada entre 1927 e 1936.


1872    199        1895    274        1918    431
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography-->
<references />
==Bibliografia==<!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Diogo, Maria Paula. "Portuguese engineers, public works, and professional identity. The Portuguese Association of Civil Engineers (1869-1937)". ''Journal of History of Science and Technology'' 7, (Primavera 2013): 67-84[https://johost.eu/vol7_spring_2013/Host_Spring_2013_4_67_84.pdf .]


1873    ---        1896    280        1919    504
Macedo, Marta. ''Projectar e Construir a Nação: Engenheiros, Ciência e Território em Portugal no Século XIX''. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2012.


1874    196        1897    290        1920    563
Marçal, Bruno José Navarro. ''Um império projectado pelo «silvo da locomotiva». O papel da engenharia portuguesa na apropriação do espaço colonial africano. Angola e Moçambique (1869-1930)''. Lisboa: Colibri, 2018.


1875    200        1898    297        1921    584
Maria Fernanda Rollo, "Há 140 anos: a criação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses". ''Ingenium'', no. 114 (Novembro/Dezembro 2009): 90-92[https://www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/publicacoes/revista-ingenium/revista-ingenium-n-o-114-novembro-dezembro-de-2009/ .]


1876    204        1899    311        1922    617
Maria Fernanda Rollo, "Da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses à Ordem dos Engenheiros". ''Ingenium'', no. 116 (Março/Abril 2010): 106-108[https://www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/publicacoes/revista-ingenium/revista-ingenium-n-o-116-marco-abril-de-2010/ .]
 
1877    222        1900    317        1923    647
 
1878    230        1901    351        1924    649
 
1879    239        1902    349        1925    698
 
1880    239        1903    360        1926    ---
 
1881    241        1904    367        1927    ---
 
1882    254        1905    387        1928    782
 
1883    270        1906    395        1929    819
 
1884    272        1907    401        1930    845
 
1885    274        1908    ---         1931    868
 
1886    280        1909    423        1932    928
 
1887    290        1910    425        1933    1006
 
1888    297        1911    424        1934    1052
 
1889    311        1912    ---           1935    1067
 
1890    317        1913    447        1936    1097


1891    241        1914    482
Pereira, Hugo Silveira. "Fronteiras e caminhos-de-ferro: da quimera saint-simoniana ao desencanto tecnodiplomático (c. 1850-c. 1900)". ''Revista de História das Ideias'', no. 35 (2017): 227–59[https://doi.org/10.14195/2183-8925_35_9 .]


==Professores== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
Pereira, Hugo Silveira. "Instituições e Caminhos-de-ferro Ministério das Obras Públicas, Parlamento e Associação dos Engenheiros Civis Portugueses: (1852-1899)". ''CEM Cultura, Espaço & Memória'', no. 5 (2014): 291-309[https://ojs.letras.up.pt/index.php/CITCEM/article/view/4797/4479 .]
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography-->
<references />
==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->


==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Pereira, Hugo Silveira. "Quando Portugal acreditou no progresso". ''Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra'' 31, no. 2 (26 Dezembro 2018): 105-127[http://hdl.handle.net/10362/158033 .]
Maria Fernanda Rollo, "Há 140 anos: a criação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses". ''Ingenium'', no. 114 (Novembro/Dezembro 2009): 90-92[https://www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/publicacoes/revista-ingenium/revista-ingenium-n-o-114-novembro-dezembro-de-2009/ .]


Maria Fernanda Rollo, "Da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses à Ordem dos Engenheiros". ''Ingenium'', no. 116 (Março/Abril 2010): 106-108[https://www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/publicacoes/revista-ingenium/revista-ingenium-n-o-116-marco-abril-de-2010/ .]
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 10. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1882[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/viewer/70034/?medianame=hg-7146-v_0000_capa-capa_t24-C-R0150_&o=volume#page=1&viewer=thumb&o=volume&n=0&q= .]


Ribeiro, José Silvestre. <nowiki>''</nowiki>Historia dos estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia<nowiki>''</nowiki>. Vol. 11. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1883, 328-329[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/viewer/70034/?medianame=hg-7146-v_0000_capa-capa_t24-C-R0150_&o=volume#page=1&viewer=thumb&o=volume&n=0&q= .]
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 11. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1883[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/viewer/70034/?medianame=hg-7146-v_0000_capa-capa_t24-C-R0150_&o=volume#page=1&viewer=thumb&o=volume&n=0&q= .]


==Ligações Internas==
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==Autor(es) do artigo==
João de Almeida Barata


==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia -->
https://orcid.org/0000-0001-9048-0447
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->==Autor(es) do artigo==
João de Almeida Barata


==Financiamento==
==Financiamento==
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
 
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==DOI==
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Associação dos Engenheiros Civis Portugueses
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Profissional
Data de fundação 12 abril 1869
Data de extinção 1956
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Lisboa, Portugal
Início: 1869
Fim: 1956
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Ordem dos Engenheiros


História

A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses recebeu aprovação dos seus Estatutos em 12 de Abril de 1869, após reuniões preparatórias realizadas nos finais da década de 50[1]. Com sede em Lisboa, a criação da Associação deu-se num ambiente favorável ao desenvolvimento industrial português, decorrido na segunda metade do século XIX, e à ampla participação dos engenheiros civis nas obras públicas. Nesse contexto foram criadas organizações estatais encarregues de dirigirem o impulso à criação de infraestruturas, sendo disso representativas a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria (MOPCI) e do Corpo de Engenharia, ambos em 1852. Nesta última instituição participaram tanto engenheiros civis, como engenheiros militares, sendo os últimos predominantes devido à facilidade na fixação nos quadros da instituição[2].

O avolumar da actividade profissional alavancou a necessidade da definição de uma identidade profissional e espaço de intervenção próprios na sociedade portuguesa, e, consequentemente, a "consagração do estatuto social dos engenheiros como profissionais altamente qualificados"[2]. Parte desse processo de definição concretizar-se-ia através da autonomização da engenharia civil do âmbito da tradicional engenharia militar, entendida como civil em tempo de paz. A distinção entre a prática civil e militar da engenharia aconteceu através da prática profissional, em particular no âmbito da construção da ferrovia nas décadas de 50 e 60 do século XIX[3], e não pela autonomização dos estudos de engenharia civil, uma vez que o ensino de engenharia manteve-se na esfera da instrução militar até à primeira década do século XX. Foi pela sua intervenção na construção da ferrovia nacional e o contacto com comunidades socioprofissionais estrangeiras que os engenheiros civis identificaram competências profissionais próprias e se observaram como grupo profissional[4]. De igual forma, essa participação dotou os engenheiros civis de relevância social perante uma sociedade que entendida o caminho-de-ferro como a principal estratégia de modernização do país e uma infraestrutura associada ao bem comum[4][5].

Em 1864, foi criado o Corpo de Engenharia Civil e dos seus Auxiliares, que reconhecia a importância dos engenheiros civis e procurava autonomizar o ramo civil da engenharia militar. Contudo, o Corpo conheceu uma curta duração, sendo extinto em 1868. As suas funções transferidas para o Corpo de Engenharia, o que impulsionaria a fundação da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um ano mais tarde[2].

Os primeiros Estatutos da Associação foram aprovados em 1869 e estabeleciam como seu principal propósito o esclarecimento sobre "as questões de ciência e arte relativas à engenharia civil", o que correspondia à delimitação da área profissional. Acresciam ainda outros objectivos como o desenvolvimento daquelas áreas científicas, a promoção do ensino profissional junto de operários e chefes de oficina, o "estudo das questões de economia política e industrial, de administração e utilidade pública" com fim de desenvolver a riqueza nacional, a partilha de posições e empregos vagos entre os associados, e o estabelecimento de contatos com "sociedades análogas existentes em países estrangeiros"[6]. O primeiro presidente da Associação foi João Crisóstomo de Abreu e Sousa, antigo Ministro do M.O.P.C.I.. A sua escolha traduziu a ligação entre a engenharia civil, os caminhos-de-ferro, nos quais teve ampla participação, e a modernidade que se almejava para o país[7].

Até ao século XX a actividade dos engenheiros civis permaneceu intimamente ligada às obras públicas[8], ainda que a Associação tenha procurado estabelecer a relação causal entre a acção do engenheiro civil e o desenvolvimento da indústria moderna no país. Em 1898, as propostas apresentadas pela Associação traduziam justamente essa relação de dependência, a par da necessidade de reformular a formação técnica no campo da engenharia[9], ainda assegurada pelas escolas militares, como a Escola do Exército ou a Escola Politécnica de Lisboa.

A actividade da Associação foi igualmente direccionada para o contexto internacional enquanto estratégia de legitimação e pertença a uma cultura de engenharia civil autonomizada do ramo militar, desenvolvida no espaço europeu. Assim, observa-se a participação dos seus membros nas exposições mundiais e em encontros e revistas estrangeiras de especialidade, bem como pela formação técnica em escolas estrangeiras[10].

No cômputo geral, a atividade e iniciativa dos engenheiros civis portugueses permaneceu intimamente ligada à concretização de obras públicas face ao lento e diminuto desenvolvimento das indústrias nacionais. Nesse contexto, a actividade associativa foi por diversas vezes gorada por uma realidade política e financeira turbulenta que impediu a concretização de estratégias de desenvolvimento nacional quer durante o regime monárquico constitucional português, quer durante a Primeira República[11].

Em 24 de Novembro de 1936, a organização das profissões foi revista pelo regime do Estado Novo, sendo criada a Ordem dos Engenheiros. A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses manteve atividade até à sua extinção oficial em 1956[11].

Outras informações

O número de sócios que, à data da fundação, em 1869, totalizava os 102, conheceu um aumento exponencial atingindo os 1097 sócios em 1936, tendo posteriormente transitado para a Ordem dos Engenheiros[12].

No que concerne à difusão de informação entre associados e à visibilidade pública da Associação achavam-se assegurados pela publicação de órgão periódico próprio sob o título Revista de Obras Públicas e Minas, publicado entre 1870 e 1926, e que foi sucedido pela Revista da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, publicada entre 1927 e 1936.

Notas

  1. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 10:186.
  2. 2,0 2,1 2,2 Rollo, "Há 140 anos", 90.
  3. Diogo, "Portuguese engineers", 68.
  4. 4,0 4,1 Macedo, Projectar e Construir a Nação; Diogo, 74-75.
  5. Vejam-se igualmente os estudos de Pereira, "Quando Portugal acreditou", "Instituições e Caminhos-de-ferro" e "Fronteiras e caminhos-de-ferro"; e de Marçal, Um império projectado.
  6. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 11:328-329.
  7. Diogo, "Portuguese engineers", 77.
  8. Diogo, 80-81.
  9. Diogo, 79.
  10. Diogo, 81-82.
  11. 11,0 11,1 Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.
  12. A evolução anual do número de sócios entre 1869 e 1936 está disponível em Rollo, "Da Associação dos Engenheiros", 108.

Bibliografia

Diogo, Maria Paula. "Portuguese engineers, public works, and professional identity. The Portuguese Association of Civil Engineers (1869-1937)". Journal of History of Science and Technology 7, (Primavera 2013): 67-84.

Macedo, Marta. Projectar e Construir a Nação: Engenheiros, Ciência e Território em Portugal no Século XIX. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2012.

Marçal, Bruno José Navarro. Um império projectado pelo «silvo da locomotiva». O papel da engenharia portuguesa na apropriação do espaço colonial africano. Angola e Moçambique (1869-1930). Lisboa: Colibri, 2018.

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Categoria: Associação dos Engenheiros Civis Portugueses

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/tmig-hfa4

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Associação dos Engenheiros Civis Portugueses", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 14/02/2024). Consultado a 13 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_dos_Engenheiros_Civis_Portugueses. DOI: https://doi.org/10.34619/tmig-hfa4