Carlos Agostinho da Costa

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Carlos Agostinho da Costa
Nome completo Carlos Agostinho da Costa
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte valor desconhecido
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Formação
Formação Instrução básica
Cargos
Cargo Apontador
Data Início: 01 de junho de 1863

Cargo Condutor auxiliar
Data Início: 04 de outubro de 1865
Fim: 1878

Cargo Condutor de 3ª classe
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: outubro de 1879

Cargo Condutor de 1ª classe
Data Início: janeiro de 1881
Actividade
Actividade Desenho hidrográfico
Data Início: 1866
Fim: abril de 1868
Local de Actividade Lisboa, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1874
Fim: 1874
Local de Actividade Almada, Lisboa, Portugal

Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: julho de 1877
Fim: 1878
Local de Actividade Algarve, Portugal

Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: outubro de 1879
Local de Actividade Angola

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: novembro de 1879
Local de Actividade Angola


Biografia

Dados biográficos

Desconhece-se, até ao momento, os dados biográficos de Carlos Agostinho da Costa.

Carreira

Foi nomeado, após realização de exame, condutor auxiliar do corpo de engenharia civil do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria por portaria de 4 de Outubro de 1865[1][2].

Em 1874, dirigiu as obras de construção do novo chafariz de Cacilhas, da iniciativa da Câmara Municipal de Almada, presidida por Bernardo Francisco da Costa. O projecto foi apresentado em 3 de Junho, tendo sido iniciada a obra em 10 de Agosto e inaugurada em 1 de Novembro daquele ano[3].

Entre Julho de 1877 e 1878, esteve contratado condutor de trabalhos na secção de estudos de variantes do Caminho-de-Ferro do Algarve, tendo participado no estudo da variante da Portela do Vale de Isca[4], em Odemira. Nesse período serviu sob as ordens do engenheiro Alexandre Maria Ortigão de Carvalho e, segundo este, com bom desempenho[5].

Serviu na Direcção das Obras Públicas de Angola como condutor de 3.ª classe entre 3 de Junho de 1878, data em que foi nomeado, até Outubro de 1879, quando regressou ao Reino com autorização do Governador Geral de Angola[6][7]. No período em funções, trabalhou nos dois primeiros lanços a cargo da 1.ª secção de estradas de Loanda ao Alto Dombe[8] juntamente com Henrique de Carvalho[9]. Esteve encarregue do estudo dos primeiros nove quilómetros da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, e posterior construção, a qual executou com "zelo e actividade (...) mostrando grande aptidão nos trabalhos desta ordem", de acordo com o atestado do major Henrique dos Santos Rosa, engenheiro de 1.ª classe da província[6]. Participou na construção da estrada de Luanda ao Cacuaco e nos estudos da variante de ligação dessa localidade ao Bengo[10]. Segundo Agostinho da Costa, a sua exoneração foi motivada pela falta de resposta favorável a dois requerimentos apresentados, em 1879, para que fosse promovido a outro lugar na Direcção das Obras Públicas de Angola[7]. Por documento, datado de 1882, conhece-se a realização de uma vistoria aos trabalhos realizados por Agostinho da Costa, ordenada por Manuel Rafael Gorjão, engenheiro director da Direcção. A vistoria era motivada pela pouca confiança que o director tinha no condutor, bem como pela "insistência em regressar ao reino estando eu ausente de Loanda"[8]. Da análise aos documentos relativos à construção da estrada do Alto Dombe, a comissão nomeada constataria o processamento do pagamento de quantias excessivas por Agostinho da Costa ao empreiteiro contratado, "ou por ignorância ou por má fé". Apesar desta circunstância não ter tido consequências, uma vez que o condutor já se encontrava exonerado desde 6 de Dezembro de 1879, ela acha-se referida no documento como vindo "confirmar as que deram causa à exoneração"[11], estabelecendo-se uma relação entre os dois factos.

O regresso repentino ao reino, autorizado sem o conhecimento de Manuel Gorjão, fora permitido, segundo o secretário-geral do Governador, pelas vantagens para a fazenda pública da saída, mas igualmente pela circunstância de Agostinho da Costa ter expresso "o propósito deliberado de nada fazer quando pretendessem obrigá-lo a trabalhar"[12]. Segundo Manuel Gorjão, o condutor havia já manifestado a mesma postura perante o trabalho de que estava incumbido como reação à sua não promoção no quadro da Direcção de Obras Públicas: "há tempo a esta parte mostrava nenhuma assiduidade no trabalho, constando-me que se lastimava muito por não ter sido promovido a condutor de 2.ª classe, e atribuindo a falta de promoção, a ter eu informado que, por equidade e conveniência do serviço, não podiam deixar de ser promovidos, quando ele o fosse, os condutores [Daniel Pinto Moraes] Sarmento e Carvalho"[9]. Segundo parecer de Manuel Gorjão ao Director Geral do Ultramar, este não se opusera à promoção de Agostinho da Costa, que achava ser "de justiça o deferimento da sua pretensão" dada a sua "prática de trabalhos de obras públicas", mas tão somente que fosse promovido na condição de os condutores em igualdade ou melhor circunstância também o serem[13]. A oposição do engenheiro director à saída de Agostinho da Costa devia-se à consequente redução do número, já exíguo na província, de técnicos qualificados para dirigirem obras públicas, entre as quais a estrada do Dombe, "obra importante (...) com trabalhos a mais de 18 quilómetros de distância de Loanda, onde fica apenas um empregado, o condutor de 3.ª classe Henrique de Carvalho [e] que mesmo em Portugal exigiria pelo menos um empregado técnico"[9].

Em Janeiro de 1881, enquanto condutor de trabalhos de 1.ª classe na Direcção dos estudos do Caminho-de-Ferro na "Fronteira", possivelmente em exercício no Algarve, requereu a sua colocação no quadro da Direcção das Obras Públicas de Angola ou Moçambique[7]. Nesse ano, no mês de Agosto, participou na expedição científica à Serra da Estrela organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa a pedido do governo português. Esteve afecto, na qualidade de condutor e chefe de secção, à secção auxiliar de topografia liderada por António Xavier de Almeida Pinheiro[14]. Igualmente sob a direcção de António Almeida Pinheiro, encontrava-se, em 1886, na qualidade de sub-chefe da Companhia Nacional de Caminhos de Ferro[15].

Apesar não termos notícia da sua efectiva colocação nas províncias do Império nas décadas de 80 e 90 do século XIX, em 1908, encontrava-se nomeado no lugar de condutor de 1.ª classe da 2.ª divisão de serviços de construção e exploração da Direcção dos Caminhos-de-Ferro de Luanda[16]. Em Outubro de 1910, mantinha esse lugar[17], estando, no final desse ano, encarregue de trabalhos na construção do caminho-de-ferro de Malange[18], juntamente com Aníbel Coelho Montalvão, sob a direcção do engenheiro Pedro António Álvares[19]. Em Maio de 1911, mantinha o lugar na Direcção dos Caminhos-de-Ferro de Luanda[20].

Obras

Estudo e início de construção da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, em Angola (1878).

Construção da estrada de Luanda ao Cacuaco, em Angola (1878).

Estudo da variante de ligação entre Cacuaco ao Bengo, em Angola (1878).

Notas

  1. Aviso, Diário do Governo, no. 289, 21 de Dezembro de 1865, 2930.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de certidão da portaria de 4 de Outubro de 1865, 1 de Maio de 1878.
  3. "Chafariz de Cacilhas", [1].
  4. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de João Pedro Tavares Figueiredo a Carlos Agostinho da Costa, 28 de Janeiro de 1878.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 18 de Março de 1878.
  6. 6,0 6,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 15 de Novembro de 1878.
  7. 7,0 7,1 7,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento, 14 de Janeiro de 1881.
  8. 8,0 8,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Cópia do auto de vistoria de tarefas na estrada do Alto Dombe, 25 de Fevereiro de 1880.
  9. 9,0 9,1 9,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 24 de Outubro de 1879.
  10. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 23 de Outubro de 1879.
  11. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 6 de Abril de 1882.
  12. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício do Governo Geral da Província de Angola ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 22 de Outubro de 1879.
  13. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 23 de Abril de 1879.
  14. Sociedade de Geografia de Lisboa, Expedição scientifica á Serra da Estrela em 1881, III.
  15. Campos, Almanach Commercial de Lisboa, 102.
  16. Portaria de 21 de Abril de 1908, Diário do Governo, no. 91, 24 de Abril de 1908, 1199.
  17. Portaria de 1 de Outubro de 1910, Diário do Governo, no. 221, 4 de Outubro de 1910, 3367.
  18. Anúncio 26, Diário do Governo, no. 64, 20 de Dezembro de 1910, 839-840.
  19. Direcção dos Caminhos de Ferro de Loanda, Monographia do Caminho de Ferro de Malange, 37.
  20. Portaria de 29 de Abril de 1911, Diário do Governo, no. 104, 5 de Maio de 1911, 1836.

Fontes

Anúncio 26, Diário do Governo, no. 64, 20 de Dezembro de 1910, 839-840.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Cópia do auto de vistoria de tarefas na estrada do Alto Dombe, 25 de Fevereiro de 1880.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 6 de Abril de 1882.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 23 de Outubro de 1879.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de João Pedro Tavares Figueiredo a Carlos Agostinho da Costa, 28 de Janeiro de 1878.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício do Governo Geral da Província de Angola ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 22 de Outubro de 1879.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 23 de Abril de 1879.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 24 de Outubro de 1879.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento, 14 de Janeiro de 1881.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 15 de Novembro de 1878.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 18 de Março de 1878.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de certidão da portaria de 4 de Outubro de 1865, 1 de Maio de 1878.

Aviso, Diário do Governo, no. 289, 21 de Dezembro de 1865, 2930.

"Chafariz de Cacilhas". Diario Illustrado 3, no. 754 (Novembro 1874): [1].

Campos, Carlos Augusto da Silva. Almanach Commercial de Lisboa por Carlos Augusto da Silva Campos para 1887. Lisboa: Companhia Typographica, 1886.

Direcção dos Caminhos de Ferro de Loanda. Monographia do Caminho de Ferro de Malange. Luanda: Imprensa Nacional, 1909.

Portaria de 1 de Outubro de 1910, Diário do Governo, no. 221, 4 de Outubro de 1910, 3367.

Portaria de 21 de Abril de 1908, Diário do Governo, no. 91, 24 de Abril de 1908, 1199.

Portaria de 29 de Abril de 1911, Diário do Governo, no. 104, 5 de Maio de 1911, 1836.

Sociedade de Geografia de Lisboa. Expedição scientifica á Serra da Estrela em 1881. Lisboa: Imprensa Nacional, 1883.

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Bolsa de investigação no CHAM - Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a referência UIDB/04666/2020, financiado por fundos nacionais da FCT/MCTES (PIDDAC) para o desenvolvimento de trabalho de investigação na plataforma eViterbo

DOI

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Carlos Agostinho da Costa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 28/03/2024). Consultado a 27 de abril de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Carlos_Agostinho_da_Costa. DOI: []