Carlos Agostinho da Costa: diferenças entre revisões

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Serviu nas obras públicas de Angola como condutor de 3.ª classe entre 3 de Junho de 1878, data em que foi nomeado, até Outubro de 1879, altura em que regressou ao Reino, com autorização do Governador Geral de Angola<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 15 de Novembro de 1878.</ref><ref name=":1">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento, 14 de Janeiro de 1881.</ref>. No período em funções, foi encarregue do estudo, e posterior construção dos primeiros nove quilómetros da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, a qual executou com "''zelo e actividade'' (...) ''mostrando grande aptidão nos trabalhos desta ordem''", de acordo com o atestado do major [[Henrique Santos Rosa|Henrique dos Santos Rosa]], primeiro engenheiro da província de Angola<ref name=":0" />. Segundo Agostinho da Costa, o seu regresso ao Reino foi motivado pela falta de resposta favorável a dois requerimentos apresentados para que fosse promovido a outro lugar na Direcção das Obras Públicas de Angola<ref name=":1" />. Contudo um documento, datado de 1882, refere a realização de uma vistoria à construção da estrada do Alto Dombe e a descoberta do pagamento de quantias excessivas por Agostinho da Costa ao empreiteiro contratado. Esta circunstância não teve consequências uma vez que que se encontrava exonerado desde 6 de Dezembro de 1879, pelo que a mesma "''só vêm confirmar as que deram causa à exoneração''"<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 6 de Abril de 1882.</ref>.
 
Serviu na [[Direcção das Obras Públicas de Angola]] como condutor de 3.ª classe entre 3 de Junho de 1878, data em que foi nomeado, até Outubro de 1879, quando regressou ao Reino com autorização do Governador Geral de Angola<ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 15 de Novembro de 1878.</ref><ref name=":1">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento, 14 de Janeiro de 1881.</ref>. No período em funções, trabalhou nos dois primeiros lanços a cargo da 1.ª secção de estradas de Loanda ao Alto Dombe<ref name=":2">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Cópia do auto de vistoria de tarefas na estrada do Alto Dombe, 25 de Fevereiro de 1880.</ref> juntamente com [[Henrique Dias de Carvalho|Henrique de Carvalho]]<ref name=":3">Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 24 de Outubro de 1879.</ref>. Esteve encarregue do estudo, e posterior construção dos primeiros nove quilómetros da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, a qual executou com "''zelo e actividade'' (...) ''mostrando grande aptidão nos trabalhos desta ordem''", de acordo com o atestado do major [[Henrique Santos Rosa|Henrique dos Santos Rosa]], engenheiro de 1.ª classe da província<ref name=":0" />. Segundo Agostinho da Costa, a sua exoneração foi motivada pela falta de resposta favorável a dois requerimentos apresentados para que fosse promovido a outro lugar na Direcção das Obras Públicas de Angola<ref name=":1" />. Por documento, datado de 1882, conhece-se a realização de uma vistoria aos trabalhos realizados por Agostinho da Costa, ordenada por [[Manuel Rafael Gorjão]], engenheiro director da Direcção. A vistoria era motivada pela pouca confiança que o director tinha no condutor, bem como pela "''insistência em regressar ao reino estando eu ausente de Loanda''"<ref name=":2" />. Da análise aos documentos relativos à construção da estrada do Alto Dombe, a comissão nomeada constataria o processamento do pagamento de quantias excessivas por Agostinho da Costa ao empreiteiro contratado. Apesar desta circunstância não ter tido consequências, uma vez que o condutor já se encontrava exonerado desde 6 de Dezembro de 1879, ela acha-se referida no documento como vindo "''confirmar as que deram causa à exoneração''"<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 6 de Abril de 1882.</ref>, estabelecendo-se uma relação entre os dois factos.
 
O regresso repentino ao reino, autorizado sem o conhecimento de Manuel Gorjão, fora permitido, segundo o secretário-geral do Governador, pelas vantagens para a fazenda pública da saída, mas igualmente pela circunstância de Agostinho da Costa ter expresso "''o propósito deliberado de nada fazer quando pretendessem obrigá-lo a trabalhar''"<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício do Governo Geral da Província de Angola ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 22 de Outubro de 1879.</ref>. Segundo Manuel Gorjão, o condutor havia já manifestado a mesma postura perante o trabalho de que estava incumbido como reação à não promoção no quadro da Direcção de Obras Públicas: "''há tempo a esta parte mostrava nenhuma assiduidade no trabalho, constando-me que se lastimava muito por não ter sido promovido a condutor de 2.ª classe, e atribuindo a falta de promoção, a ter eu informado que, por equidade e conveniência do serviço, não podiam deixar de ser promovidos, quando ele o fosse, os condutores'' [Daniel Pinto Moraes] ''Sarmento e Carvalho''"<ref name=":3" />. A oposição do engenheiro director à saída de Agostinho da Costa devia-se à consequente redução do número, já exíguo na província, de técnicos qualificados para dirigirem obras públicas, entre as quais a estrada do Dombe, "''obra importante'' (...) ''com trabalhos a mais de 18 quilómetros de distância de Loanda, onde fica apenas um empregado, o condutor de 3.ª classe Henrique de Carvalho'' [e] ''que mesmo em Portugal exigiria pelo menos um empregado técnico''"<ref name=":3" />.


Condutor de trabalhos de 1.ª classe na Direcção dos estudos do Caminho de Ferro na "''Fronteira''" em 1881<ref name=":1" />.
Condutor de trabalhos de 1.ª classe na Direcção dos estudos do Caminho de Ferro na "''Fronteira''" em 1881<ref name=":1" />.
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Direcção das Obras Públicas de Angola


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Revisão das 14h51min de 27 de março de 2024


Carlos Agostinho da Costa
Nome completo Carlos Agostinho da Costa
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte valor desconhecido
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Formação
Formação Instrução básica
Cargos
Cargo Apontador
Data Início: 01 de junho de 1863

Cargo Condutor auxiliar
Data Início: 04 de outubro de 1865
Fim: 1878

Cargo Condutor de 3ª classe
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: outubro de 1879

Cargo Condutor de 1ª classe
Data Início: janeiro de 1881
Actividade
Actividade Desenho hidrográfico
Data Início: 1866
Fim: abril de 1868
Local de Actividade Lisboa, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1874
Fim: 1874
Local de Actividade Almada, Lisboa, Portugal

Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: julho de 1877
Fim: 1878
Local de Actividade Algarve, Portugal

Actividade Projeto de Infraestrutura
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: outubro de 1879
Local de Actividade Angola

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 03 de junho de 1878
Fim: novembro de 1879
Local de Actividade Angola


Biografia

Dados biográficos

Carreira

Foi nomeado, após realização de exame, condutor auxiliar do corpo de engenharia civil do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria por portaria de 4 de Outubro de 1865[1][2].

Entre Julho de 1877 e 1878, esteve contratado condutor de trabalhos na secção de estudos de variantes do Caminho-de-Ferro do Algarve, tendo participado no estudo da variante da Portela do Vale de Isca[3], em Odemira. Nesse período serviu sob as ordens do engenheiro Alexandre Maria Ortigão de Carvalho e, segundo este, com bom desempenho[4].


Serviu na Direcção das Obras Públicas de Angola como condutor de 3.ª classe entre 3 de Junho de 1878, data em que foi nomeado, até Outubro de 1879, quando regressou ao Reino com autorização do Governador Geral de Angola[5][6]. No período em funções, trabalhou nos dois primeiros lanços a cargo da 1.ª secção de estradas de Loanda ao Alto Dombe[7] juntamente com Henrique de Carvalho[8]. Esteve encarregue do estudo, e posterior construção dos primeiros nove quilómetros da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, a qual executou com "zelo e actividade (...) mostrando grande aptidão nos trabalhos desta ordem", de acordo com o atestado do major Henrique dos Santos Rosa, engenheiro de 1.ª classe da província[5]. Segundo Agostinho da Costa, a sua exoneração foi motivada pela falta de resposta favorável a dois requerimentos apresentados para que fosse promovido a outro lugar na Direcção das Obras Públicas de Angola[6]. Por documento, datado de 1882, conhece-se a realização de uma vistoria aos trabalhos realizados por Agostinho da Costa, ordenada por Manuel Rafael Gorjão, engenheiro director da Direcção. A vistoria era motivada pela pouca confiança que o director tinha no condutor, bem como pela "insistência em regressar ao reino estando eu ausente de Loanda"[7]. Da análise aos documentos relativos à construção da estrada do Alto Dombe, a comissão nomeada constataria o processamento do pagamento de quantias excessivas por Agostinho da Costa ao empreiteiro contratado. Apesar desta circunstância não ter tido consequências, uma vez que o condutor já se encontrava exonerado desde 6 de Dezembro de 1879, ela acha-se referida no documento como vindo "confirmar as que deram causa à exoneração"[9], estabelecendo-se uma relação entre os dois factos.

O regresso repentino ao reino, autorizado sem o conhecimento de Manuel Gorjão, fora permitido, segundo o secretário-geral do Governador, pelas vantagens para a fazenda pública da saída, mas igualmente pela circunstância de Agostinho da Costa ter expresso "o propósito deliberado de nada fazer quando pretendessem obrigá-lo a trabalhar"[10]. Segundo Manuel Gorjão, o condutor havia já manifestado a mesma postura perante o trabalho de que estava incumbido como reação à não promoção no quadro da Direcção de Obras Públicas: "há tempo a esta parte mostrava nenhuma assiduidade no trabalho, constando-me que se lastimava muito por não ter sido promovido a condutor de 2.ª classe, e atribuindo a falta de promoção, a ter eu informado que, por equidade e conveniência do serviço, não podiam deixar de ser promovidos, quando ele o fosse, os condutores [Daniel Pinto Moraes] Sarmento e Carvalho"[8]. A oposição do engenheiro director à saída de Agostinho da Costa devia-se à consequente redução do número, já exíguo na província, de técnicos qualificados para dirigirem obras públicas, entre as quais a estrada do Dombe, "obra importante (...) com trabalhos a mais de 18 quilómetros de distância de Loanda, onde fica apenas um empregado, o condutor de 3.ª classe Henrique de Carvalho [e] que mesmo em Portugal exigiria pelo menos um empregado técnico"[8].

Condutor de trabalhos de 1.ª classe na Direcção dos estudos do Caminho de Ferro na "Fronteira" em 1881[6].

Requer a sua colocação no quadro de obras públicas de Angola ou Moçambique em Janeiro de 1881[6].


Obras

Estudo e início de construção da estrada de ligação do Dombe ao Cuio, em Angola (1878).

Notas

  1. [s.n.], [s.d.], Diário do Governo, no. 289, 21 de Dezembro de 1865, 2930.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de certidão da portaria de 4 de Outubro de 1865, 1 de Maio de 1878.
  3. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de João Pedro Tavares Figueiredo a Carlos Agostinho da Costa, 28 de Janeiro de 1878.
  4. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 18 de Março de 1878.
  5. 5,0 5,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento de atestado de desempenho de funções, 15 de Novembro de 1878.
  6. 6,0 6,1 6,2 6,3 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Requerimento, 14 de Janeiro de 1881.
  7. 7,0 7,1 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Cópia do auto de vistoria de tarefas na estrada do Alto Dombe, 25 de Fevereiro de 1880.
  8. 8,0 8,1 8,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício de Manuel Rafael Gorjão ao Director Geral do Ultramar, 24 de Outubro de 1879.
  9. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício, 6 de Abril de 1882.
  10. Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2. Carlos Agostinho da Costa - Ofício do Governo Geral da Província de Angola ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 22 de Outubro de 1879.

Fontes

Aviso, Diário do Governo, no. 289, 21 de Dezembro de 1865, 2930.

Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Obras Públicas, Processos Individuais, cx. 769/2.

Sociedade de Geografia de Lisboa. Expedição scientifica á Serra da Estrela em 1881. Lisboa: Imprensa Nacional, 1883.

Bibliografia

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

Citar este artigo

Barata Almeida, João de. "Carlos Agostinho da Costa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 27/03/2024). Consultado a 14 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Carlos_Agostinho_da_Costa. DOI: []


Direcção das Obras Públicas de Angola