Instituto Industrial de Lisboa: diferenças entre revisões

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| colspan="5" |'''Plano de estudos de 1886 (Instituto Industrial e Comercial de Lisboa (1869 - 1911))'''
| colspan="5" |'''Plano de estudos de 1886 (Instituto Industrial e Comercial do Porto (1886 - 1918))'''
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|'''Anos'''
|'''Anos'''
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|Primeira cadeira
|Primeira cadeira
|"''Rudimentos de matemática''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 17:334.</ref>.
|Rudimentos de matemática.
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|Segunda cadeira
|Segunda cadeira
|"''Rudimentos de física, de química, e de eletrotecnia''"<ref name=":0">Ribeiro, 17:334.</ref>.
|Rudimentos de física, de química, e de eletrotecnia.
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|Terceira cadeira
|Terceira cadeira
|"''Rudimentos de mecânica''"<ref name=":0" />.
|Rudimentos de mecânica.
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|Quarta cadeira
|Quarta cadeira
|"''Aritmética, álgebra e geometria sintética''"<ref name=":0" />.
|Aritmética, álgebra e geometria sintética.
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|Quinta cadeira
|Quinta cadeira
|"''Geometria descritiva, estereotomia, e topografia''"<ref name=":0" />.
|Geometria descritiva, estereotomia, e topografia.
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|Sexta cadeira
|Sexta cadeira
|"''Trigonometria plana, princípios de geometria analítica, de álgebra superior e de calculo infinitesimal''"<ref name=":0" />.
|Trigonometria plana, princípios de geometria analítica, de álgebra superior e de calculo infinitesimal.
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|Sétima cadeira
|Sétima cadeira
|"''Física geral e suas aplicações à indústria''"<ref name=":0" />.
|Física geral e suas aplicações à indústria.
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|Oitava cadeira
|Oitava cadeira
|"''Eletrotecnia. Telegrafia e outras applicações da eletricidade''"<ref name=":0" />.
|Eletrotecnia. Telegrafia e outras applicações da eletricidade.
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|Nona cadeira
|Nona cadeira
|"''Química mineral e orgânica''"<ref name=":0" />.
|Química mineral e orgânica.
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|Décima cadeira
|Décima cadeira
|"''Tecnologia química (cerâmica, tinturaria, estamparia e outras aplicações da química); matérias primas de origem mineral e suas transformações; caracteres físicos e químicos dessas mercadorias, seu valor comercial, suas falsificações e meios práticos de as reconhecer''"<ref name=":0" />.
|Tecnologia química (cerâmica, tinturaria, estamparia e outras aplicações da química); matérias primas de origem mineral e suas transformações; caracteres físicos e químicos dessas mercadorias, seu valor comercial, suas falsificações e meios práticos de as reconhecer.
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|Décima primeira cadeira
|Décima primeira cadeira
|"''Zoologia e botânica elementares e higiene das industrias''"<ref name=":0" />.
|Zoologia e botânica elementares e higiene das industrias.
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|Décima segunda cadeira
|Décima segunda cadeira
|"''Mecânica geral e sua aplicação às máquinas''"<ref name=":0" />.
|Mecânica geral e sua aplicação às máquinas.
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|Décima terceira cadeira
|Décima terceira cadeira
|"''Materiais de construção. Processos geraes de construção. Resistência de materiais e estabilidade de construções''"<ref name=":0" />.
|Materiais de construção. Processos gerais de construção. Resistência de materiais e estabilidade de construções.
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|Décima quarta cadeira
|Décima quarta cadeira
|"''Estradas. Caminhos de ferro. Rios e canais. Portos''"<ref name=":0" />.
|Estradas. Caminhos de ferro. Rios e canais. Portos.
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|Décima quinta cadeira
|"''Mineralogia e geologia''"<ref name=":0" />.
|Mineralogia e geologia.
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|Décima sexta cadeira
|Décima sexta cadeira
|"''Arte de minas e metalurgia''"<ref name=":0" />.
|Arte de minas e metalurgia.
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|Décima sétima cadeira
|Décima sétima cadeira
|"''Desenho linear, de figura, ornato, paisagem do natural e modelação''"<ref name=":0" />.
|Desenho linear, de figura, ornato, paisagem do natural e modelação.
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|Décima oitava cadeira
|"''Desenho de máquinas, construção de peças elementares e respectiva tecnologia''"<ref name=":0" />.
|Desenho de máquinas, construção de peças elementares e respectiva tecnologia.
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|Décima nona cadeira
|"''Desenho arquitetónico e topográfico. Cortes e plantas de minas''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 17:335.</ref>.
|Desenho arquitetónico e topográfico. Cortes de plantas de minas.
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|Vigésima cadeira
|"''Geografia geral, historia elementar e geografia comercial''"<ref name=":1">Ribeiro, 17:335.</ref>.
|Geografia geral, historia elementar e geografia comercial.
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|Vigésima primeira cadeira
|Vigésima primeira cadeira
|"''Economia politica, princípios de direito administrativo e legislação industrial''"<ref name=":1" />.
|Economia politica, princípios de direito administrativo e legislação industrial.
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|Vigésima segunda cadeira
|Vigésima segunda cadeira
|"''Contabilidade geral e operações comerciais''"<ref name=":1" />.
|Contabilidade geral e operações comerciais.
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|Vigésima terceira cadeira
|Vigésima terceira cadeira
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|Língua francesa.
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|Vigésima quarta cadeira
|Vigésima quarta cadeira
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|Língua inglesa.
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|Vigésima quinta cadeira
|Vigésima quinta cadeira
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|Língua alemã.
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|Vigésima sexta cadeira
|"''Matérias primas de origem orgânica, suas transformações e respectiva tecnologia; caracteres físicos e químicos dessas mercadorias e seu valor comercial; falsificações e meios práticos de as reconhecer; classificação geral das mercadorias; legislação aduaneira''"<ref name=":1" />.
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|Vigésima sétima cadeira
|"''Direito comercial e marítimo, princípios de direito internacional e legislação consular''"<ref name=":1" />.
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|Vigésima oitava cadeira
|"''Operações financeiras''"<ref name=":1" />.
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Revisão das 20h38min de 20 de fevereiro de 2024


Instituto Industrial de Lisboa
(IIL, IICL)
Outras denominações Instituto Industrial e Comercial de Lisboa
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 30 dezembro 1852
Data de extinção 23 maio 1911
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Instituto Industrial de Lisboa, Lisboa,-
Início: 30 de dezembro de 1852
Fim: 1911
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Instituto Superior Técnico, Instituto Superior de Comércio


História

O Instituto Industrial de Lisboa foi uma instituição de ensino industrial criada por decreto de 30 de Dezembro de 1852. A criação do ensino industrial público em Portugal enquadrou-se no impulso dado à instrução técnica, nos domínios agrícola e industrial, durante o período da Regeneração (1851-1868). Na perspectiva de regeneradores e liberais, como António Fontes Pereira de Melo ou Rodrigo da Fonseca Magalhães, e de acordo com o modelo de desenvolvimento liberal, o processo de industrialização português seria concretizado com base em duas condições essenciais, o desenvolvimento das vias de comunicação e a implementação do ensino técnico, ou seja, a difusão do conhecimento técnico de base científica. Sendo este último "verdadeiramente experimental e adequado às necessidades fabris" configuraria "o pré-requisito da criação de riqueza"[1] uma vez que permitiria aperfeiçoar a produção e reduzir o seu custo, contribuindo para a capacidade concorrencial dos produtos industriais portugueses no mercado europeu.

Apesar da importância dada à implementação do ensino industrial, a sua constituição esteve condicionada "às dificuldades financeiras" nacionais, as quais configuraram um "mecanismo desculpabilizador da estrutura pouco ambiciosa" implementada nas décadas seguintes. Nomeadamente a concentração inicial em Lisboa e no Porto e a incapacidade de generalizar a rede de ensino pelo restante território nacional até à década de 80 do século XIX[2]. Apenas nessa década se verificou um primeiro desenvolvimento efectivo dessa rede com a fundação de escolas industriais e de desenho industrial, sendo exemplo das últimas as escolas criadas em Coimbra e em Braga.

Em 1852, o ensino industrial era organizado em três graus - elementar, secundário e complementar - e baseado num único plano de estudos com nove cadeiras[3] ministrado em Lisboa e no Porto, onde era criada uma Escola Industrial[4]. À criação do ensino industrial correspondeu uma tentativa de profissionalização do mercado de trabalho industrial. Após três anos da criação ensino seria exigido aos operários, em funções nas obras públicas, a apresentação de carta de curso, não podendo ser admitidos sem as mesmas[5][6]. Segundo Silvestre Ribeiro, esta disposição não terá sido totalmente cumprida nas primeiras décadas[7], o que se explica pela lenta implementação do ensino industrial resultante quer do limitado financiamento disponível, quer da dificuldade na contratação dos primeiros quadros docentes e auxiliares, por exemplo, no Instituto Industrial de Lisboa[8].

Em 1858, a constituição de uma comissão de inquérito ao funcionamento do Instituto permite obter uma primeira avaliação dos primeiros seis anos de ensino. Esta não foi positiva concluindo sobre a incapacidade da instituição para formar quadros qualificados para as indústrias ao não ter verificado ter-se "fornecido à indústria particular operário algum com todas as habilitações científicas". Ainda assim, reconhecia-se que "muitos operários tinham podido receber ali instrução, que nunca lhes fora facilitada antes de existir esta escola"[9]. No ano seguinte, foi constituída nova comissão de inquérito com o objectivo de, entre outros, estudar a organização de novos cursos "de habilitação para vários serviços públicos a cargo do ministério das obras públicas, comércio e indústria" a partir do ensino ministrado naquele Instituto e em outras escolas da capital -- verificou-se a constituição de novos cursos nas reformas seguintes? -- [10]. No mesmo ano, era aplicado ao Instituto Industrial novo Regulamento provisório[11].

Uma primeira proposta para a reorganização do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto foi apresentada em 1861, sem que tenha conhecido aplicação prática[12]. O Instituto Industrial de Lisboa seria reformado em 1864, por decreto de 20 de Dezembro, da autoria de João Crisóstomo de Abreu e Sousa, Ministro do M.O.P.C.I. A reforma reorganizou a rede de ensino industrial reformulando as atribuições dos Institutos. Com a criação, apenas teórica, de escolas industriais fora de Lisboa e do Porto e em relação a estas, os Institutos passariam também a garantir a "formação complementar" para os alunos saídos daquelas escolas e a formação de professores para as mesmas[13]. O currículo apresentado, semelhante ao agora Instituto Industrial do Porto, compreendia o "ensino técnico geral" no 1.º e 2.º graus e instruía para as "diversas profissões industriais, (...) habilitando também para diferentes empregos subalternos dos serviços públicos, de obras públicas, minas, telégrafos, faróis e outros"[14]. Ou seja, instituía-se um currículo disciplinar focado nas "profissões que exigiam uma atenção especial e os sectores de actividade que se encontravam em expansão"[15]

No contexto da crise financeira de 1869, o ensino industrial foi novamente reorganizado sendo abandonada a designação de graus e instituídas duas tipologias de ensino: a "instrução industrial comum a todas as artes, ofícios e profissões industriais" e o "ensino especial para determinadas artes e ofícios"[16]. Esta reforma não alterou significativamente a oferta disciplinar existente no Instituto face à apresentada em 1864. No entanto, o plano de estudos seria reformulado para incorporar o ensino comercial, até então ministrado na escola, ou secção comercial, anexa ao Liceu Nacional de Lisboa. Em consequência, a designação da instituição foi alterada para Instituto para Instituto Industrial e Comercial de Lisboa[17]. Em função desta reforma, o Instituto foi dotado de Regulamento por decreto de 20 de Novembro de 1872[18].

Entre 1870 e 1884, o quadro de cadeiras e a oferta de cursos do Instituto foi objecto de reorganização pontual com a criação de novas cadeiras relativas aos cursos de comércio, de correios e telégrafos e de condutores de minas.

A reforma de 30 de Dezembro de 1886, de Emídio Júlio Navarro, reorganizou o sistema de instrução industrial e comercial, sendo perceptível "a adequação da diversidade de conteúdos às diferentes instituições educativas, criando mesmo uma relação hierárquica de especialização entre elas"[19], ou seja, entre as escolas industriais, as escolas de desenho industrial e os institutos industriais e comerciais. A organização do ensino industrial, aplicável também ao ensino comercial, dividia-se em três graus, a saber, elementar, preparatório e especial (ou superior no caso do curso comercial), sendo todos ministrados pelos Institutos Industriais e Comerciais[20]. Em 3 de Fevereiro de 1888 era publicado o respectivo Regulamento do Instituto[21].

Entre esta última reforma e a primeira década do século XX, o ensino industrial português foi objecto de várias reformas, que traduziram nas instituições o impacto do difícil contexto financeiro vivido à época que reduziu o investimento realizado com o ensino. No geral, as reformas enfatizaram a necessidade de se rentabilizarem os investimentos concretizando o "sentido prático, útil e oficinal" que a instrução industrial devia adoptar e reorganizaram as escolas e institutos procurando implementar uma articulação mais aperfeiçoada entre as diversas instituições que compunham o sistema, assegurando a "complementariedade e especialização desejável nas funções a desempenhar por escolas e institutos, sem subalternidades desnecessárias"[22]. Essa duplicação curricular seria objecto de reforma em 1891 por João Franco, Ministro do M.O.P.C.I.. Uma vez instituídas de facto as escolas industriais em 1884[23], os cursos elementares industriais e comerciais foram suprimidos dos planos de estudo dos institutos industriais e comerciais, juntamente com os respectivos lugares de professores. Foram igualmente suprimidos os cursos superiores industriais e comerciais, que se consideravam insuficientes[24], cabendo aos Institutos Industriais e Comerciais ministrar apenas o ensino médio industrial e comercial[25]. Em 1892, o Conselho Escolar apresentava um plano de reorganização do Instituto de acordo com as supressões financeiras aplicadas pela reforma de 1891, que considerava não representar a organização devida da instituição. Em particular, regista-se a oposição do professor Alfredo Bensaúde àquela nova organização e a apresentação de proposta própria para a reformulação do ensino do Instituto[26].

Após a implantação da República, o ensino industrial e comercial em Lisboa foi reformulado conquanto as elites republicanas estivessem cientes de que o ensino até então professado no Instituto não correspondia às necessidades efectivas da indústria portuguesa[27]. Por decreto de 1911, e sob a responsabilidade do professor Alfredo Bensaúde, as secções industrial e comercial do Instituto foram autonomizadas, passando a constituir o Instituto Superior Técnico, de que aquele professor foi o primeiro director, e o Instituto Superior do Comércio, respectivamente[28]. Com a reorganização do Instituto Industrial e Comercial do Porto e a criação da Universidade do Porto, em 1911, e da Faculdade Técnica do Porto em 1915, o Instituto Superior Técnico permaneceu como única instituição de ensino superior industrial[29].

Outras informações

O órgão de gestão da Escola recaía sobre a direção composta de um diretor-lente e do Conselho escolar[30]. O conselho escolar subdividia-se no Conselho da Escola e no Conselho Tecnológico. Acrescia ainda o Conselho Fiscal[31]. A direção geral do ensino, a determinação dos compêndios, os concursos e a polícia das escolas era cometida ao Conselho Diretor do ensino industrial, presidido pelo ministro das Obras Públicas, estando o diretor geral da Direção do Comércio e Indústria colocado no lugar de vice-presidente, e tendo por vogais os diretores das escolas[32]. O lugar de primeiro diretor do Instituto Industrial de Lisboa recaiu no professor e engenheiro José Victorino Damásio cuja nomeação em 4 de Agosto de 1853[33] se deverá à sua participação na constituição da Escola Industrial Portuense. Victorino Damásio permaneceu neste lugar até 6 de Outubro de 1859[34].

A vertente prática do ensino ministrado no Instituto Industrial era assegurada por oficinas anexas[35], nomeadamente, de forjar; de fundir e moldar; de serrilharia e ajustamento; de tornear e modelar; e de manipulações químicas, as quais deveriam estabelecer-se nos arsenais do estado[36]. Não sendo certo o seu estabelecimento prático, José Silvestre Ribeiro refere que, em 1853, já haviam sido efetivamente organizadas "algumas oficinas"[37]. A constituição destas oficinas seria objeto de oposição de "vários proprietários e diretores de estabelecimentos de ferro" que contra elas representaram aos poderes públicos[38]. Em consequência foi criada uma comissão de inquérito, em 1858, para avaliar a concorrência que as oficinas do Instituto possivelmente representariam para os produtos das indústrias privadas, apesar de ser definido que as oficinas auxiliariam as próprias indústrias[39]. A conclusão da comissão seria negativa quanto ao impacto das oficinas do Instituto na indústria uma vez que "seria necessário dar à fabricação nas oficinas um desenvolvimento muito mais vasto, e esquecer inteiramente os preceitos dos regulamentos, no cálculo dos preços, para que com alguma razão se pudessem entoar altas queixas contra a ditadura fabril deste estabelecimento"[40]. A concretização da instrução prática no Instituto era criticada pela mesma comissão, que a considerava "irregular, anormal e desviada do caminho que a lei quis traçar"[41]. No ano seguinte, era constituída nova comissão com o objectivo de estudar a necessidade de "estabelecer definitivamente oficinas próprias" no Instituto, entre as quais a oficina de instrumentos de precisão[10]. Esta oficina seria criada em 1864 com um duplo propósito, o da formação dos alunos do Instituto e o de "fornecer este tipo de instrumentos a muitas instituições e repartições científicas, que de outro modo teriam que recorrer ao estrangeiro para adquirir os instrumentos (...) ou reparar aqueles com que trabalhavam". O desenvolvimento da oficina no seio do IIL resultou da acção do professor Francisco da Fonseca Benevides responsável pela cadeira de Física[42].

Os estabelecimentos anexos estabelecidos em 1852 compreendiam ainda um museu industrial[43], uma biblioteca industrial[44] e um laboratório afeto à disciplina de química[45]. O museu industrial era organizado em duas secções, a saber, um depósito de máquinas, e, uma secção de colecções tecnológicas e comerciais[46]. Encontrava-se localizado na Real Casa Pia, próxima do Mosteiro dos Jerónimos[47]. O guarnecimento científico do museu foi transferido do Conservatório de Artes e Ofícios de Lisboa, criado em 1836[48]. Não obstante, em 1858, a descrição crítica deixada pela comissão de inquérito, referida anteriormente, sobre a situação do museu não era abonatória acusando a falta de espaço e a ausência de colecções, para as quais os instrumentos existentes no Conservatório de Artes e Ofícios não haviam contribuído dado o seu "diminuto valor, e de tão duvidosa utilidade"[49]. Pela reforma de 1864, a designação do museu alterou-se para museu tecnológico[50], sendo que, segundo José Silvestre Ribeiro e atendendo às diminutas condições de que dispôs, apenas terá sido inaugurado em 1867[51]. Em 1872, segundo a descritiva de Fradesso da Silveira, a situação material do museu não teria conhecido melhorias, obstando à sua utilização por aqueles a quem se dirigiam as suas colecções: "faltam às galarias as condições necessárias para a exposição permanente e eficaz (...) Modestamente dotado no princípio, e agora quase em penúria, desde que a dotação destinada a novas aquisições para gabinetes de física e geologia, colecções tecnológicas, e laboratório de química, desceu a 1:7005000 reis, o museu da indústria, anexo ao instituto industrial e comercial de Lisboa, tem tido desenvolvimento muito superior ao que se poderia esperar dos seus pequenos recursos. Deve-se, em grande parte, o estado atual do museu aos cuidados, ao zelo, à incessante vigilância, à discreta direção, com que tem contribuído para a organização, arranjo e conservação das colecções os diretores do instituto, os seus professores e os seus empregados"[52]. Tendo sido objecto de diversas organizações e regulamentações, os Museus Industriais e Comerciais, designação adoptada a partir de 1884, foram extintos por decreto de 23 de Dezembro de 1899 e substituídos por uma comissão superior de exposições[53].

Segundo Silvestre Ribeiro, as oficinas do Instituto foram encerradas em 1860, à semelhança do que ocorrera com as da Escola Industrial do Porto, exceptuando-se a oficina de instrumentos de precisão dado não haver estabelecimento semelhante no país[54]. Pela reforma de 1864 determinava-se que existissem no Instituto uma biblioteca, um laboratório, um gabinete de física e o referido museu tecnológico. Esta reforma determinava que a vertente prática do ensino fosse concretizada em oficinas e fábricas particulares e em estabelecimentos do estado, procurando dessa forma "incentivar a ligação entre o ensino e a indústria"[42]. Em 1879, foi determinada a criação de "coleções de exemplares, modelos e desenhos necessários para o ensino, junto das cadeiras 7.ª, 8.ª e 9.ª", sendo também afeto orçamento próprio para a sua constituição[55].

Segundo a reforma de 1886, junto dos Institutos Industriais e Comerciais deveriam achar-se estabelecidos uma biblioteca, um laboratório químico, um gabinete de física, um laboratório mecânico, um museu, e "uma escola prática de telegrafia e laboratório eletrotécnico"[56]. No caso do Instituto lisbonense os estabelecimentos anexos eram completados com a oficina de instrumentos de precisão, já existente[57]. O plano de organização deixava também aberta a possibilidade de se constituírem "pequenas oficinas que a experiência demonstrar serem necessárias para o ensino prático dos alunos"[58].

O Instituto Industrial de Lisboa conheceu uma primeira localização na "zona da Boavista", onde, desde 1840, se havia constituído uma área industrial considerável[59]. A localização próxima entre a instituição e uma das principais zonas industriais da cidade era demonstrativa da sinergia que se pretendia entre a instrução e o sector.

Curricula

O plano de estudos do Instituto Industrial de Lisboa de 1852 compreendia nove cadeiras respeitantes aos três graus de instrução industrial, a saber, elementar, secundário e complementar[3]: no ensino elementar, a primeira, "Aritmética elementar; primeiras noções de álgebra; geometria elementar", e a segunda, "Desenho linear e de ornatos industriais", cadeiras; no ensino secundário, a terceira, "Elementos de geometria descritiva aplicada às artes", a quarta, "Noções elementares de física e química", e a quinta, "Desenho de modelos e máquinas. Primeira parte", cadeiras; e no ensino complementar, a segunda parte da quinta cadeira e a sexta, "Mecânica industrial", a sétima, "Química aplicada às artes", e a oitava, "Economia e legislação industrial" cadeira. O ensino era ministrado em regime nocturno[60]. Nos primeiros anos de funcionamento do Instituto Industrial de Lisboa os alunos terão frequentado cursos livres em alternativa aos regulares, sendo esta medida adotada igualmente no Porto[61].

Em comparação com a Escola Industrial do Porto, o curso complementar do Instituto era mais completo acrescendo a segunda parte da quinta cadeira e a oitava cadeira. Em consequência, o Instituto Industrial de Lisboa estava capacitado a passar cartas dos cursos de diretor mecânico e diretor químico, que não existiam na Escola do Porto[62]. O Instituto Industrial de Lisboa passava as cartas de curso segundo a frequência das cadeiras respectivas: "1.ª e 2.ª cadeiras, operário habilitado; 1.ª, 2ª e 5.ª cadeiras, oficial mecânico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, oficial químico; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de forjar, oficial forjador; 1.ª, 2.ª e 4.ª cadeiras com oficina de fundir e moldar, oficial fundidor; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de serrilharia e ajustamento, oficial serralheiro ajustador; 1.ª, 2.ª e 5.ª cadeiras com oficina de tornear e moldar, oficial torneiro ajustador; 1.ª, 2.ª, 3.ª e 5.ª cadeiras, oficinas; 1.ª, 2.ª e 3.ª cadeiras, mestre mecânico; 1.ª, 2.ª, 4.ª e 7.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, mestre químico; 1.ª, 2.ª, 3.ª, 4.ª, 5.ª, 6.ª e 8.ª cadeiras com as oficinas de forjar, fundir e moldar, serrilharia e ajustamento, e, tornear e moldar, diretor mecânico; 1.ª, 2.ª, 4.ª, 5.ª, 6.ª e 8.ª cadeiras com oficina de manipulações químicas, diretor químico"[63]. Dois anos após a fundação do Instituto não se encontravam concluídas a maioria das oficinas e, em consequência, por proposta do seu diretor, o Instituto Industrial ministrou cursos livres de algumas disciplinas, cujo ensino não dependia materialmente daqueles estabelecimentos[64].

Em 1856, era estabelecido um Curso Especial de Telegrafistas com o objectivo de "dar resposta ao desenvolvimento progressivo das ligações telegráficas", ao qual correspondeu a criação de uma nova cadeira, "Física e suas aplicações às artes, à telegrafia elétrica e aos faróis". Não obstante, à falta de um maior desenvolvimento das matérias específicas do curso e da inexistência de um tirocínio organizado, o curso demonstrar-se-ia insuficiente para concretizar essa formação específica[65].

A partir de 1864, a oferta curricular do Instituto Industrial de Lisboa concentrou-se em dois graus com a seguinte distribuição de disciplinas: no 1.º grau, a primeira, "Aritmética, álgebra e geometria elementar e desenho linear", a segunda, "Princípios de química e física e noções de mecânica", e a terceira, "Tecnologia elementar e desenho geométrico", cadeiras; no 2.º grau, a primeira cadeira descrita atrás, e a segunda, "Geometria descritiva aplicada à indústria, topografia e levantamento de plantas, e desenho de modelos e de máquinas", a terceira "Física e suas aplicações às artes, e à telegrafia e faróis", a quarta, "Química aplicada às artes, à tinturaria e estamparia", a quinta, "Mecânica industrial e sua aplicação à construção de máquinas, especialmente às de vapor, e mecânica aplicada às construções", a sexta, "Construções civis e tecnologia geral", a sétima, "Artes de minas, docimasia e metalurgia", a oitava, "Desenho arquitectónico e de ornatos", a nona, "Contabilidade, princípios de economia industrial, noções de direito comercial e administrativo e de estatística", e a décima, "Línguas francesa e inglesa", cadeiras[66].

Ao contrário da reforma de 1852, que determinava as disciplinas que constituíam cada curso, a reforma de 1864 deixou essa determinação ao critério dos directores e dos conselhos escolares dos institutos. A oferta de cursos apresentada pelo Instituto Industrial de Lisboa era a seguinte: "de directores de fábricas e oficinas industriais, mestres e contra-mestres", "de conductores de obras públicas", "de conductores de minas", "de conductores de máquinas e de fogueiros", "de telegrafistas", "de mestres de obras", "de faroleiros", "de mestres químicos e tintureiros", e "de constructores de instrumentos de precisão"[66].

Pela reforma de 1869, a oferta disciplinar manteve-se praticamente inalterada, correspondendo à oferta de 2.º grau estabelecida em 1864 com a alteração da designação de algumas cadeiras: "1.ª Aritmética, álgebra, geometria e trigonometria", "2.ª Geometria descritiva, aplicada à indústria, desenho de modelos e máquinas, estereotomia, topografia e levantamento de plantas", "3.ª Física e suas aplicações às artes, à telegrafia elétrica e aos faróis", "4.ª Química aplicada às artes e à indústria", "8.ª Desenho linear, arquitectónico, de ornatos e modelação" e "9.ª Princípios de economia política e industrial, noções de direito comercial e fiscal, estatística e história geral do comércio"[67]. Em consequência da transferência da secção de comércio do Liceu Nacional de Lisboa para o Instituto Industrial em 1869, passou a constar no plano de estudos a sétima cadeira dedicada ao ensino comercial, "Escrituração e contabilidade industrial e comercial, seguros, câmbios, letras, exercícios práticos comerciais e geografia comercial"[67].

A oferta de cursos em 1869 era composta pelos cursos "de instrução geral para operários", "de directores de fábricas, ou oficinas industriais, mestres e contra-mestres", "de conductores de obras públicas", "de conductores de máquinas e de fogueiros", "de telegrafistas", "de mestres de obras", "de faroleiros", "de mestres químicos e tintureiros", e "de construtores de instrumentos de precisão" e pelo "curso comercial"[67]. À semelhança da reforma de 1864, a distribuição das disciplinas ficava a cargo dos órgãos de gestão escolar. Da evolução da oferta de cursos entre 1864 e 1869, observa-se que "a especificidade profissional vai aumentando de acordo com as novas profissões do capitalismo industrial e com o nível de atenção e autonomia dos profissionais dos diferentes institutos"[68].

Em 1870, a sétima cadeira do curso comercial foi desdobrada em duas unidades: uma primeira cadeira composta pelas disciplinas de "contabilidade comercial teórica e prática, escrituração e correspondência comercial nas línguas portuguesa, francesa e inglesa, exercícios práticos sobre arbítrios de câmbios, seguros, letras e facturas, usos das principais praças de comércio"; e uma segunda cadeira composta pelas disciplinas de "geografia e história comercial, elementos de direito comercial e marítimo, estatística comercial, conhecimento prático dos principais produtos naturais e manufacturados empregados no comércio, prática de manipulação no laboratório de química industrial". Esta alteração permitiu que o Instituto ministrasse os dois cursos de que se compunha o ensino comercial, o curso elementar e o curso completo[69].

Com o objectivo de suprir as necessidades de quadros por parte das empresas mineiras[65], demonstrando a actualização do ensino face às necessidades industriais, em 1879, foram criadas três novas cadeiras correspondentes ao curso de condutores de minas igualmente instituído: "Mineralogia e geologia aplicadas, e elementos de geografia física", "Arte de minas, metalurgia e princípios de legislação mineira portuguesa" e "Princípios de química e física e introdução à história natural dos três reinos"[70]. Os alunos aprovados no curso eram considerados directores técnicos de minas. Com o acréscimo destas três cadeiras a oferta do Instituto totalizou as 14 cadeiras, como descrito abaixo.

Em 1880 e em 1884, o curso de comércio foi objecto de reorganização sendo dividido entre o curso elementar e o curso superior de comércio, com a duração de um e quatro anos, respectivamente[71]. Ainda no ano de 1880, face à insuficiência do curso de telegrafia, foi criado um novo curso, o "Curso Prático de Correios e Telégrafos", a cargo da Direcção Geral dos Telégrafos, composto por disciplinas leccionadas aí e no Instituto Industrial. Ainda assim, mantiveram-se "grandes deficiências na formação de funcionários telegrafistas"[65].

Em 1886, o plano de estudos do Instituto totalizava as 28 cadeiras, que apenas se apresentam nos quadros síntese devido à sua extensão, sendo idêntico ao do Instituto Industrial e Comercial do Porto com excepção das últimas três cadeiras que lhe eram específicas[72]. A oferta de ambos os Institutos Industriais e Comerciais compunha-se de cursos industriais elementares, para operários de diferentes ofícios e artes; cursos preparatórios para acesso aos cursos industriais especiais ou ao curso superior de comércio; os cursos especiais de "condutores de obras públicas; condutores de minas; desenhadores; diretores de fábricas; construtores de máquinas e de instrumentos de precisão; correios e telégrafos; e quaisquer outros que o governo julgue conveniente criar"[73][74]. A estes acresciam o curso superior de comércio, o curso especial de verificadores de alfandega e o curso especial de cônsules[75]. Pela mesma reforma o curso prático de correios e telégrafos recebeu um maior desenvolvimento com a criação da Escola Prática de Telegrafia e do laboratório de eletrotécnico, como referido acima[65].

Plano de estudos de 1852 (Instituto Industrial de Lisboa (1852 - 1869))
Graus de ensino Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Ensino

Elementar

Primeira cadeira Aritmética elementar; primeiras noções de álgebra; geometria elementar.
Segunda cadeira Desenho linear e de ornatos industriais.
Ensino

Secundário

Terceira cadeira Elementos de geometria descritiva aplicada às artes.
Quarta cadeira Noções elementares de física e química.
Quinta cadeira Desenho de modelos e máquinas. Primeira parte.
Ensino Complementar Quinta cadeira Desenho de modelos e máquinas. Segunda parte.
Sexta cadeira Mecânica industrial
Sétima cadeira Química aplicada ás artes.
Oitava cadeira Economia e legislação industrial.
Física e suas aplicações às artes, à telegrafia elétrica e aos faróis (1856)
Plano de estudos de 1864, 1869 e 1870 (Instituto Industrial de Lisboa (1852 - 1869))
Graus de ensino Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
1.º grau (1864) Primeira cadeira Aritmética, álgebra e geometria elementar e desenho linear. (Suprimida em 1869).
Segunda

cadeira

Princípios de química e física e noções de mecânica. (Suprimida em 1869).
Terceira cadeira Tecnologia elementar e desenho geométrico. (Suprimida em 1869).
2.º grau (1864) Primeira cadeira Aritmética, álgebra e geometria elementar e desenho linear. (Designação alterada em 1869).
Segunda

cadeira

Geometria descritiva aplicada à indústria, topografia e levantamento de plantas, e desenho de modelos e de máquinas. (Designação alterada em 1869).
Terceira

cadeira

Física e suas aplicações às artes, e à telegrafia e faróis. (Designação alterada em 1869).
Quarta cadeira Química aplicada às artes, à tinturaria e estamparia. (Designação alterada em 1869).
Quinta cadeira Mecânica industrial e sua aplicação à construção de máquinas, especialmente às de vapor, e mecânica aplicada às construções.
Sexta cadeira Construções civis e tecnologia geral.
Sétima cadeira Artes de minas, docimasia e metalurgia / Escrituração e contabilidade industrial e comercial, seguros, câmbios, letras, exercícios práticos comerciais e geografia comercial (1869-1870).
Oitava cadeira Desenho arquitectónico e de ornatos. (Designação alterada em 1869).
Nona cadeira Contabilidade, princípios de economia industrial, noções de direito comercial e administrativo e de estatística. (Designação alterada em 1869).
Décima cadeira Línguas francesa e inglesa.
Cadeiras dos cursos de comércio (1870) Primeira cadeira Contabilidade comercial teórica e prática, escrituração e correspondência comercial nas línguas portuguesa, francesa e inglesa, exercícios práticos sobre arbítrios de câmbios, seguros, letras e facturas, usos das principais praças de comércio.
Segunda cadeira Geografia e história comercial, elementos de direito comercial e marítimo, estatística comercial, conhecimento prático dos principais produtos naturais e manufacturados empregados no comércio, prática de manipulação no laboratório de química industrial.


Plano de estudos de 1879 (Instituto Industrial e Comercial de Lisboa (1869 - 1911))
Graus de ensino Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Primeira cadeira Aritmética, álgebra, geometria e trigonometria.
Segunda

cadeira

Geometria descritiva aplicada à indústria, desenho de modelos e máquinas, estereometria, topografia e levantamento de plantas.
Terceira cadeira Física e suas aplicações às artes, à telegrafia eléctrica e aos faróis.
Quarta

cadeira

Química aplicada às artes e à indústria.
Quinta

cadeira

Mecânica industrial e sua aplicação à construção de máquinas, especialemente às de vapor, e mecânica aplicada às construções.
Sexta

cadeira

Construções civis e tecnologia geral.
Sétima

cadeira

Princípios de química e física e de introdução à história natural dos três reinos.
Oitava cadeira Mineralogia e geologia aplicadas e elementos de geografia física.
Nona cadeira Artes de minas e de metalurgia e princípios de legislação mineira portuguesa.
Décima cadeira Desenho linear, arquitectónico de ornatos e modelação.
Décima primeira cadeira Princípios de economia política e industrial, noções de direito comercial e fiscal, estatística e história geral do comércio.
Décima segunda cadeira Línguas francesa e inglesa.
Décima terceira cadeira (1.ª cadeira de comércio) Contabilidade comercial teórica e prática, escrituração e correspondência comercial nas línguas portuguesa, francesa e inglesa, exercícios práticos sobre arbítrios de câmbios, seguros, letras e facturas, usos das principais praças de comércio.
Décima quarta cadeira (2.ª cadeira de comércio) Geografia e história comercial, elementos de direito comercial e marítimo, estatística comercial, conhecimento prático dos principais productos naturais e manufacturados empregados no comércio, prática de manipulação no laboratório de química industrial.
Plano de estudos de 1886 (Instituto Industrial e Comercial do Porto (1886 - 1918))
Anos Nome da Cadeira Matérias Livros Professores
Primeira cadeira Rudimentos de matemática.
Segunda cadeira Rudimentos de física, de química, e de eletrotecnia.
Terceira cadeira Rudimentos de mecânica.
Quarta cadeira Aritmética, álgebra e geometria sintética.
Quinta cadeira Geometria descritiva, estereotomia, e topografia.
Sexta cadeira Trigonometria plana, princípios de geometria analítica, de álgebra superior e de calculo infinitesimal.
Sétima cadeira Física geral e suas aplicações à indústria.
Oitava cadeira Eletrotecnia. Telegrafia e outras applicações da eletricidade.
Nona cadeira Química mineral e orgânica.
Décima cadeira Tecnologia química (cerâmica, tinturaria, estamparia e outras aplicações da química); matérias primas de origem mineral e suas transformações; caracteres físicos e químicos dessas mercadorias, seu valor comercial, suas falsificações e meios práticos de as reconhecer.
Décima primeira cadeira Zoologia e botânica elementares e higiene das industrias.
Décima segunda cadeira Mecânica geral e sua aplicação às máquinas.
Décima terceira cadeira Materiais de construção. Processos gerais de construção. Resistência de materiais e estabilidade de construções.
Décima quarta cadeira Estradas. Caminhos de ferro. Rios e canais. Portos.
Décima quinta cadeira Mineralogia e geologia.
Décima sexta cadeira Arte de minas e metalurgia.
Décima sétima cadeira Desenho linear, de figura, ornato, paisagem do natural e modelação.
Décima oitava cadeira Desenho de máquinas, construção de peças elementares e respectiva tecnologia.
Décima nona cadeira Desenho arquitetónico e topográfico. Cortes de plantas de minas.
Vigésima cadeira Geografia geral, historia elementar e geografia comercial.
Vigésima primeira cadeira Economia politica, princípios de direito administrativo e legislação industrial.
Vigésima segunda cadeira Contabilidade geral e operações comerciais.
Vigésima terceira cadeira Língua francesa.
Vigésima quarta cadeira Língua inglesa.
Vigésima quinta cadeira Língua alemã.

Notas

  1. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 91.
  2. Alves, 92-93.
  3. 3,0 3,1 Decreto de 30 de Dezembro de 1852, Diário do Governo, no. 1, 1 de Janeiro de 1853, 5.
  4. Veja-se para a relação entre a Escola Industrial do Porto e o Instituto Industrial de Lisboa preconizada no Regulamento provisório de ambas as instituições, datado de 1853, Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:106.
  5. Ribeiro, 7:381.
  6. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 116.
  7. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:381.
  8. Ribeiro, 7:352.
  9. Ribeiro, 13:236.
  10. 10,0 10,1 Ribeiro, 13:238.
  11. Ribeiro, 13:239-241.
  12. Uma descrição sumária de algumas alterações pensadas na proposta de reforma de 1861 pode ser consultada em Ribeiro, 13:241-242.
  13. Alves, "ISEP: Identidade de uma Escola", 60.
  14. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:244.
  15. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 101.
  16. Decreto de 30 de Dezembro de 1869, Diário do Governo, no. 1, 3 de Janeiro de 1870, 9.
  17. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:358; 13:244.
  18. Ribeiro, 13:245.
  19. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 137.
  20. Decreto de 30 de Dezembro de 1886, Diário do Governo, no. 34, 14 de Fevereiro de 1887, 361.
  21. Ribeiro, 17:514.
  22. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 163-166.
  23. Alves, 107.
  24. Matos, "Dos institutos industriais", 58.
  25. Decreto de 8 de Outubro de 1891, Diário do Governo, no. 227, 9 de Outubro de 1891, 2407.
  26. Matos, "Dos institutos industriais", 59-61.
  27. Matos, "Dos institutos industriais", 66.
  28. Matos, "Dos institutos industriais", 67.
  29. Alves, "ISEP: Identidade de uma Escola", 64-65.
  30. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:105.
  31. Ribeiro, 7:354.
  32. Ribeiro, 7:350.
  33. Matos, "Dos institutos industriais", 54.
  34. Ribeiro, 7:351.
  35. Uma descrição mais aprofundada sobre as operações realizáveis pelos alunos em cada uma das oficinas pode ser consultada em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:227.
  36. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:347-349.
  37. Ribeiro, 7:357.
  38. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:234.
  39. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:228.
  40. Ribeiro, 13:235.
  41. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:236.
  42. 42,0 42,1 Matos, "Dos institutos industriais", 56.
  43. Relativamente ao museu do Instituto Industrial de Lisboa e o surgimento das primeiras propostas na década de 30 do século XIX, para o desenvolvimento de uma instituição desse tipo, designada Conservatório das Artes e Ofícios de Lisboa, vide Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:376-382.
  44. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:348.
  45. Ribeiro, 7:356.
  46. Sobre a constituição e evolução deste Museu vide Matos, "Dos institutos industriais", 61-66.
  47. Matos, "Dos institutos industriais", 63.
  48. Sobre esta instituição José Silvestre Ribeiro deu alargada notícia, tendo igualmente desenvolvido as propostas existentes para a fundação de uma instituição do género, publicadas durante a primeira década do século XIX. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:376-379.
  49. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 13:235.
  50. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:380.
  51. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:357.
  52. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:380.
  53. Matos, "Dos institutos industriais", 66.
  54. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:357.
  55. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 16:483.
  56. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:338.
  57. Ribeiro, 17:339.
  58. Ribeiro, 17:339.
  59. Matos, "Dos institutos industriais", 53.
  60. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:351.
  61. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:168.
  62. Ribeiro, 7:348.
  63. Ribeiro, 7:348.
  64. Ribeiro, 7:356.
  65. 65,0 65,1 65,2 65,3 Matos, "Dos institutos industriais", 57.
  66. 66,0 66,1 Decreto de 20 de Dezembro de 1864, Diário do Governo, no. 1, 2 de Janeiro de 1865, 6.
  67. 67,0 67,1 67,2 Decreto de 30 de Dezembro de 1869, Diário do Governo, no. 1, 3 de Janeiro de 1870, 9.
  68. Alves, "Contributos para o estudo do ensino industrial", 106.
  69. Decreto de 5 de Agosto de 1870, Diário do Governo, no. 187, 23 de Agosto de 1870, 1145.
  70. Decreto de 30 de Setembro de 1879, Diário do Governo, no. 222, 1 de Outubro de 1879, 2297.
  71. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:16; 211;213.
  72. Decreto de 30 de Dezembro de 1886, Diário do Governo, no. 34, 14 de Fevereiro de 1887, 361-362.
  73. Decreto de 30 de Dezembro de 1886, Diário do Governo, no. 34, 14 de Fevereiro de 1887, 362.
  74. A distribuição das cadeiras pelos respectivos cursos a que estavam afetas pode ser consultada em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 17:402-411.
  75. Ribeiro, 17:336.

Fontes

Decreto de 5 de Agosto de 1870, Diário do Governo, no. 187, 23 de Agosto de 1870, 1145. Decreto de 20 de Dezembro de 1864, Diário do Governo, no. 1, 2 de Janeiro de 1865, 5-7. Decreto de 30 de Dezembro de 1852, Diário do Governo, no. 1, 1 de Janeiro de 1853, 5.

Decreto de 30 de Dezembro de 1869, Diário do Governo, no. 1, 3 de Janeiro de 1870, 8-10.

Decreto de 30 de Setembro de 1879, Diário do Governo, no. 222, 1 de Outubro de 1879, 2297.

Bibliografia

Alves, Luís Alberto Marques. "Contributos para o estudo do ensino industrial em Portugal (1851-1910)". Tese de Doutoramento, Universidade do Porto, 1998.

Alves, Luís Alberto Marques. "ISEP: Identidade de uma Escola com Raízes Oitocentistas". Sísifo. Revista de Ciências da Educação, no. 1 (Setembro/Dezembro 2006): 57-69.

Matos, Ana Cardoso de. "Dos institutos industriais à criação do Instituto Superior Técnico e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto". Em Ciência, Tecnologia e Medicina na Construção de Portugal, 4: 54-72. Lisboa: Tinta-da-China, 2021.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 13. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1885.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 16. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1889.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 17. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1892.

Ligações Internas

Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:Categoria:Instituto Industrial de Lisboa

Ligações Externas

Matos, Ana Cardoso de. «From the Instituto Industrial de Lisboa to the Instituto Superior Técnico: places for the teaching of electricity in Portugal». Em 24th International Congress of History of Science, Technology and Medicine. Manhester, 2013.

Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/8xux-p8nz

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Instituto Industrial de Lisboa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 20/02/2024). Consultado a 14 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Instituto_Industrial_de_Lisboa. DOI: https://doi.org/10.34619/8xux-p8nz